E lá estava ele!

Vestido realmente como um príncipe, encantador por sinal. Ficamos nos encarando enquanto o mundo parecia parar a nossa volta.

Todos desapareceram e só restavam nós dois, perdidos nos olhos um do outro. Cinza no Verde. Verde no Cinza. E isso durou até que um homem ao seu lado, que com certeza seria o conselheiro do rei, o cutucou para que ele se apresentasse á uma das moças, ela era ruiva, e seus cabelos estavam soltos, seu vestido era branco e estava cheio de rendas, com certeza era caro.

Perseu não prestava atenção em muitas das moças que se apresentavam a ele.

Sempre ficava olhando para mim com um sorriso travesso e tímido no rosto, enquanto eu estava escorada em uma das colunas do salão, bebendo um copo de alguma coisa, que eu não identifiquei o que era. Logo que ele já estava quase dormindo de tanto tédio, eu andei até ele, para cumprimentá-lo como as outras.

Perseu estava virado para trás conversando com um servo, quando eu pigarrei, e ele virou para frente e abriu um sorriso de orelha a orelha que faria qualquer uma derreter nos pés dele, mas mesmo que eu estivesse com vontade de fazer isso, me mante firme na frente dele e sorri, um sorriso travesso, sem timidez.

–Annabeth Chase, Alteza - fiz uma reverência e ele sorriu

–Bonito nome - pegou minha mão e dei um beijo na mesma.

Eu me virei e sai, e mesmo de costas podia ouvir Perseu discutir com o conselheiro sobre...... mim?

Logo eu já estava na mesma coluna, só que um pouco escondida atrás, pois eu já sabia onde isso ia dar. Mas minhas esperanças desapareceram quando vi ele conversando com aquela ruiva que o cumprimentou alguns minutos antes, os dois estavam sorrindo e conversando, não sei por que meus olhos se encheram de lágrimas.

Eu estava com..... ciúmes?

Não, não podia ser.

Ou será que podia?

Isso não interessava agora, como eu sempre era medrosa e fugia de tudo, sai correndo, não importava para onde, eu só queria respirar e... descansar. Foi quando cheguei aos estábulos reparei que as lágrimas já escorriam, como eu era fraca, chorava por coisas bobas. Se bem, eu não era uma adolescente bobinha confusa com o coração. Eu estava apaixonada por Perseu, isso era claro, mas como eu sou idiota, afinal, eu não podia me apaixonar por um príncipe, podia?

As coisas só pioraram quando surgiram mais lágrimas, elas caiam no lindo vestido que usava.

Eu queria tanto ser mais forte!

Me abaixei e sentei atrás de uma pilha de fenos quadriláteros e amontoados uns em cima dos outros. Assim ninguém podia ver a minha pouca vergonha de chorar por um motivo fútil.

–Annabeth!! Annabeth volte!! - ouvi a voz dele ecoar por todo lugar.

Quando escutei seus passos pelo estábulo me encolhi atrás dos fenos, mas ele era mais esperto que isso.

–Eu sei que você está ai atrás Annabeth - falou calmo - Não me faça ter de tirar você daí!

Nem morta eu levantaria, afinal, eu também nem tinha de onde tirar forças. Aqueles sapatos também não ajudaram.

–Annabeth - ele disse quase como um sussurro e foi caminhando lentamente até onde eu estava. O lugar era apertado, não tinha quase nada de espaço mas mesmo assim ele se sentou do meu lado e se virou de frente para mim.

–O que aconteceu? Por que saiu correndo? - ele limpou uma lágrima - E por que está chorando?

–E-e-eu.... eu v-v-vi voc-c-cê c-com... - eu não conseguia falar nada, estava tudo entalado na minha garganta. Mas como ele é imprevisível, Perseu somente me puxou para cima e foi me arrastando pela mão até o palácio.

Estávamos subindo as escadas, e eu já estava tremendo de nervoso. Ele me levou para um cômodo que eu imaginei ser seu quarto. Mas o que me impressionou foi ele me levar até a grande varanda que tinha lá, e entrelaçar seu braço direito em minha cintura.

–Por que estamos aqui? - perguntei logo que as lágrimas acabaram

–Por que eu adoro ficar aqui de noite, mas eu sempre fico sozinho. Acho que agora eu tenho uma companhia não é? - ele sorriu

–Claro que tem! - respondi animada.

Nós ficamos olhando para o nada, não sei por quanto tempo, mas isso não importava nem um pouco. Eu estava feliz! Estava tudo bem. Até que ele se virou para mim, e pegou minha mão distraidamente e a apertou. Me virei para ele e ficamos nos encarando até ele se aproximar e dizer:

–Bem, eu sei que você preferia estar dançando em um salão cheio de decorações e todo chique, mas mesmo que aqui também não tenha música, me daria a honra de conceder uma dança?

–Sim - sussurrei e logo ele colocou as mãos na minha cintura e eu em seu pescoço, estávamos sorrindo um para o outro e aquilo começou a ficar meio estranho então, apoiei minha cabeça na curva do seu pescoço e continuamos dançando e dançando.....

–Ei.... - me retirei da minha posição - Essa é a nossa primeira dança juntos, e eu gostaria de ver o seu rosto - sorri e delicadamente abaixou minha máscara e passou a mão pelo meu rosto - Assim está bem melhor!

Nós dançávamos como se fosse nosso último desejo na vida, e por um segundo para mim era mesmo, e senti que para ele também era. Olhávamos nos olhos um do outro como se fossem a coisa mais bonita do mundo. Nos aproximamos lentamente e fechei os olhos sentindo a maravilhosa sensação de poder finalmente acabar com a distância que não nos permitira um beijo antes.