— Está ocupada hoje? — Ele perguntou assim que ela atendeu ao telefone.

— Definitivamente não. — Ela arregalou levemente seus olhos, mesmo que ele não pudesse ver, embora do outro lado da linha ele imaginasse que ela estaria fazendo aquilo. — Está congelando. Parece que o inverno chegou mais cedo.

— Ótimo, esteja pronta às oito. Nós vamos sair com uns amigos.

A respiração dela falhou por um segundo. Ele a apresentaria aos amigos?

Por mais que seu relacionamento estivesse mais sério que nunca nos últimos três meses, com direito a uma gaveta de coisas dela no apartamento dele e coisas dele e de Lily no apartamento dela, as únicas pessoas que sabiam sobre seu namoro eram as melhores amigas dela e Bertha.

— Para onde vamos?

— Você verá. — Ele garantiu. — Passo para te buscar as oito.

— Espere... Edward! — Ela chamou para a linha desligada.

Edward virou-se para sua filha sentada no chão de sua sala de estar, cercada por seus brinquedos, quando terminou a ligação.

— Ela vai enlouquecer, luz do sol. — Comentou divertido. — Eu devia dizer a ela que estamos indo ao aniversário de tia Ness, mas ela já vai ficar nervosa o suficiente sem saber para onde vamos.

Lily balbuciou coisas aleatórias, como se realmente entendesse o que o papai estava falando.

Ainda eram seis da tarde quando Isabella saiu de seu banheiro com o cabelo preso no alto em um coque firme, botas pantufas de pelúcia pretas esquentando seus pés, vestindo sua lingerie preta e o robe Agent Provocateur combinando aberto por cima da minúscula calcinha de cetim e renda e do sutiã do mesmo tecido. Uma das únicas coisas que aprendera com Renée e que levava para a vida era que uma mulher deveria usar lingerie sexy para si mesma, não com o intuito de alguma outra pessoa ver.

Uma lingerie sexy faz com que você se sinta sexy e, se você sentir-se sexy, outras pessoas a acharão sexy, era o que sua mãe dizia. Uma das únicas frases que a jovem Swan concordava. A confiança que um conjunto de lingerie sexy trazia era inegável.

Parada em frente a um dos compartimentos de seu closet claro, Bella imaginava o que vestiria. Totalmente no escuro como estava, ela não tinha ideia do que poderia vestir. Não queria parecer mal arrumada, e muito menos arrumada demais.

No Upper East Side, Edward tinha sua luz do sol na banheira para um banho morno e rápido. Lily batia palminhas e gritava de felicidade para a baleia de brinquedo que piscava enquanto esguichava água boiando na banheira.

— Vamos lá, luz do sol, está na hora de sair do banho. — Ele chamou, e a menina fez beicinho enquanto Edward a tirava da água. — Não podemos ficar mais, baby. Hoje é aniversário da tia Nessie, lembra?

O beicinho se tornou um choro sentido, com lágrimas escorrendo pelos cantos dos olhinhos de Lily, quando Edward deixou o banheiro da suíte, sua luz do sol enrolada em uma toalha com capuz.

— Shh, shh. — Ele a balançou delicadamente. — Nós vamos ver tia Nessie e tia Esme, luz do sol. Você não quer vê-las? E também tem tio Jake e tio Carlisle. — O choro não cessou. Edward viu sua luz do sol coçar seus olhinhos, soltando um bocejo. — Estamos com sono, certo? Tudo bem, papai vai vesti-la e colocá-la para dormir. Vamos ser rápidos.

Ele vestiu as fraldas, os jeans e o suéter branco antes de pegar sua luz do sol e fazê-la dormir, cantarolando.

— You are my sunshine, my only sunshine. You make me happy when skies are grey. You’ll never know dear, how much I love you. Please don’t take my sunshine away.

Edward colocou Lily em seu berço quando ela adormeceu e agarrou o monitor de bebê antes de correr para um banho rápido.

Com um rosnado de frustração, Bella decidiu fazer sua maquiagem e arrumar seu cabelo antes de escolher uma roupa. Sombra dourada nos olhos, batom cor-de-boca nos lábios, e blush cor de pêssego nas bochechas. Soltou o coque do alto de sua cabeça, e as madeixas pretas caíram cacheadas em suas costas.

Ele vestiu os jeans pretos, a camisa azul com gola e punhos brancos e o suéter azul marinho por cima da camisa, calçou os tênis pretos, e foi tentar domar seus cabelos que nunca ajudavam. E, mesmo sem sucesso desde sempre, ele continuava a tentar até se frustrar e desistir por aquele dia.

Depois de pronto, Edward foi pegar sua filha.

Com cuidado para não acordá-la, ele colocou o casaco vermelho, o gorro branco de raposa e as luvas também brancas. Pegou sua bolsa de bebê, e vestiu seu casaco azul marinho e suas luvas de couro pretas antes de sair do apartamento.

Bella bufou impaciente, decidida a esperar Edward chegar para pegar alguma dica do que vestir. Enrolou o robe de seda em volta do corpo e jogou-se em sua cama king size, folheando seu exemplar da revista de sua família. Observando o editorial do qual participara, ela percebeu o quanto gostava de estar tanto em frente quanto por trás das câmeras, e o quanto adoraria fazer aquilo mais vezes.

— Boa noite, senhor Edward. — Bertha cumprimentou alegremente quando ele passou pelo portal do hall. — Como vai, Little-Lily?

— Boa noite, Bertha. — Edward sorriu torto, aceitando que a governanta pegasse sua luz do sol em seus braços. — Bella...

— Está em seu quarto. Vá até lá.

Isabella estava de volta ao seu closet, o robe aberto novamente, andando de um lado para o outro entre os compartimentos abertos, mastigando o lábio inferior insistentemente enquanto ponderava sobre cada peça pendurada nos cabides.

— Não está pronta ainda?

A Swan soltou um grito agudo de susto, virando-se imediatamente para a porta de seu closet. Edward engoliu em seco para a visão que teve.

Não que não tivesse tido o privilégio de ver sua garota bonita de lingerie várias vezes. A imagem de seu corpo de curvas perfeitas sem exagero sempre enviaria vibrações pelo corpo até sua virilha, não importava quantas vezes ele tivesse visto o que suas roupas escondiam.

Bella corou sob o olhar cobiçoso do namorado.

— Eu... Hm... Não sei o que vestir. — Admitiu, desconcertada e afetada pela luxuria explicita nos olhos verde-azulados de Edward, os olhos não parando em seu rosto.

Olhos exatamente tão enevoados avaliaram o recém-chegado, e um suspiro saiu de lábios rosados. Ninguém nunca pareceria tão bem em suéter, camisa e jeans de tons escuros como ele.

Ela balançou a cabeça para dispersar seus pensamentos. Eles tinham um lugar para ir afinal de contas.

— Aonde nós vamos?

Ele pigarreou para achar sua voz.

— Vamos ao apartamento de... Ness.

Os olhos verdes saltaram das órbitas com a última palavra. E então a data lhe atingiu.

— É aniversário dela. — Ela lembrou em um sussurro.

— Yeah. — Ele assentiu lentamente, observando com cuidado a reação da namorada.

— E você está me levando para a casa dela, onde ela, seus pais e Esme estarão? Sua família, ou melhor, suas irmãs superprotetoras que provavelmente me odeiam agora?

Edward deu dois passos largos até poder passar os braços em volta da cintura de Bella, por dentro do robe. A respiração dela falhou com a sensação.

— Garota bonita, se há alguém que minhas irmãs odeiam, definitivamente não é você. — Ele explicou, os lábios movendo-se perigosamente perto dos dela.

— Tem certeza? — Bella descansou seus braços nos ombros de Edward, as mãos despenteando seus cabelos.

— Absoluta. Agora vá se vestir. Nós estamos atrasados. — Ele pressionou seus lábios nos dela rapidamente antes de se afastar, dando um tapinha em sua bunda.

— Mas...

Ele apenas riu de sua expressão perplexa, e fechou a porta do closet atrás de si.

Isabella balançou a cabeça, e virou-se para as portas abertas dos compartimentos de seu closet, decidindo rapidamente o que vestir.

Edward apreciava a vista do terraço através das portas de vidro fechadas quando ouviu a movimentação de sua garota bonita pelo quarto.

Suas belas pernas estavam cobertas por meias-calças de aparência quente. A saia de paetês azul-marinho discretos abraçava seu quadril perfeitamente desde a cintura até o meio das coxas. E para completar, uma camisa branca de botões com uma fita preta imitando uma gravata amarrada em um laço.

Bella arfou ao sentir as mãos de Edward em seu quadril, colando seus corpos o máximo possível, e virou-se para passar os braços por seus ombros.

— Senti sua falta. — Ela admitiu, e o som de sua voz era como música para os ouvidos dele.

— Senti sua falta também. — Ele escovou os lábios dela com os seus, recebendo um suspiro fundo em troca. — Algo me diz que nós sempre podemos deixar Lily com Bertha e ficar aqui dentro.

Sua proposta foi seguida por um beijo quente, como que para provar seu ponto. Línguas, lábios e dentes trabalhavam em conjunto, demonstrando toda a saudade sentida nos dois dias sem se ver. Cullen e Swan nunca teriam suficiente um do outro.

— Sua proposta é tentadora. — Ela puxou uma respiração profunda ao afastar-se para pegar as luvas cinza, o casaco vermelho e sua bolsa de mão azul royal. — Mas é aniversário da sua irmã. Temos que passar por isso. E, se eu passar por isso viva, nós podemos seguir com seus planos.

Por mais que Edward dissesse que ela não era o alvo do ódio de suas irmãs, Bella sabia melhor o quanto elas eram como ursos protegendo suas crias. Ela convivera com Renesmee durante todo o tempo em que estudaram juntas, e com Esme durante o ano em que estivera com Edward, cinco anos antes.

Edward apenas balançou a cabeça com um meio sorriso para a observação dela antes de puxá-la para fora do quarto e escada abaixo no penthouse duplex.

Pegaram Lily com Bertha, despediram-se da governanta e fizeram seu caminho para fora da cobertura.

— Táxi? — Ela arqueou as sobrancelhas quando ele lhe entregou sua pequena luz do sol e se afastou para fazer sinal para um dos típicos táxis amarelos da cidade de Nova Iorque.

Edward era um bom andarilho. Seu carro esportivo de luxo praticamente criava poeira na garagem subterrânea de seu condomínio, e eram raras as ocasiões em que ele tomava um táxi. Bella havia se acostumado com as caminhadas, e aprendido a apreciá-las.

— Não vamos andar no frio, garota bonita. — Ele sorriu para ela, enquanto segurava a porta de trás do veículo amarelo para Bella passar.

— Boa noite. — O taxista, um senhor calvo com uma barba grisalha por fazer, cumprimentou amigavelmente.

— Boa noite. — O jovem casal sorriu para ele.

— Para onde?

Edward murmurou o endereço de sua irmã, e no segundo seguinte o táxi estava em movimento pelas ruas de Greenwich Village em direção a Tribeca. Isabella encostou-se ao lado do namorado, que rodeou sua filha e ela com os braços, parcialmente distraído pela música no rádio. A letra parecia ter sido escrita exatamente para ele sobre sua garota bonita, e ele se viu cantarolando trechos recém decorados da canção.

— She’s got these big green eyes and they’re as wide as the moon, they can take you to bed without you leaving the room…

— Tem certeza que suas irmãs não me odeiam? — Ela perguntou enquanto eles subiam no elevador até a cobertura onde Renesmee morava.

— Fique calma, elas amam você.

Ela abriu um sorriso nervoso para o namorado, e o bebê em seu colo lhe agarrou o pescoço com seus minúsculos bracinhos, como se soubesse exatamente que a “mamãe” precisava de algo para se acalmar.

— Ora, ora, se não é Bruce Wayne de saia!

Foi a recepção da Swan. Todos no grande penthouse viraram para encarar a jovem de cabelos negros e grandes olhos verdes arregalados no momento seguinte à exclamação de Jacob Black.

Isabella parecia um filhote assustado, encarando todos os rostos conhecidos, esperando que os gritos começassem.

Eles não chegaram, porém. Renesmee abriu um enorme sorriso, o rosto de coração iluminado como luzes de natal, enquanto aproximava-se como que para confirmar se seus olhos azuis como o céu não lhe enganavam.

— Bella? Isabella Swan?

— Feliz aniversário, Renesmee. — Bella sussurrou encabulada, ainda esperando por uma explosão. — Desculpe não ter trazido um presente, eu não sabia para onde estava indo até seu irmão me buscar.

— Acho que, mesmo depois de todo esse tempo, você deve saber que eu odeio que me chamem pelo nome inteiro, e que eu pouco me importo com presentes de aniversário. — A loira de cabelos invejavelmente cacheados lembrou com diversão antes de abraçar a jovem Swan. — Nós sabemos a história, não precisa se preocupar. Fico feliz que tenha vindo. Senti sua falta, B.

Senti sua falta, B.

Isabella abriu um sorriso grande e genuíno para a declaração sussurrada em seu ouvido. Renesmee fizera parte de seu “exército” durante o tempo em que estudara em Léman Manhattan Preparatory School, e ambas eram grudadas como gêmeas siamesas. O afastamento fora algo forçado e Bella, antes de saber o outro lado da história, perguntava-se por que a loira nunca lhe procurou.

Rostos conhecidos lhe receberam com sorrisos e curiosidade. Nessie havia mantido contato com todos os antigos colegas de escola. Aqueles que Bella nunca mais pudera falar enquanto cumpria prisão domiciliar, e que duvidara que se lembrassem dela depois.

Edward permanecera ao seu lado, conversando com cada grupo de convidados no apartamento espaçoso, Lily em seus braços, nunca no chão ou no carrinho inútil.

— Estamos tão felizes que vocês tenham se acertado. — Esme abriu um grande sorriso, sentada no colo do noivo. — Meu irmão foi um grande pedaço de merda durante os últimos anos. Sua vida social foi reduzida a zero.

Isabella desviou o olhar, mordendo o lábio inferior, sentindo-se extremamente culpada.

— Muito obrigado, Es. — Edward ironizou.

— Está tudo bem, Edward. — Bella o tranquilizou.

— Não é culpa sua, Bella. — Carlisle lembrou. — Não precisa sentir-se culpada.

— B também não foi algo de se orgulhar, Es. — A voz de Tanya fez-se presente, fazendo Isabella arregalar os olhos. — Olá, B. — Ela cumprimentou antes de voltar-se para Esme. — Não posso reclamar da vida social, mas ela simplesmente existia. Acordava às três, saía às nove, e dormia às cinco. Acordar, “festejar” e repetir.

— O que você está fazendo aqui, T? — Bella não tinha ideia que Tanya e Nessie continuaram amigas.

— O mesmo que você. — Tanya respondeu.

Mais tarde naquela noite, Elizabeth Cullen aproximou-se da Swan quando ela estava sozinha.

— Olá, senhora Cullen. — Isabella cumprimentou. — Eu gostaria de me desculpar...

— Desculpe? — A elegante mulher de cabelos loiros franziu o cenho. — Você não tem que se desculpar. Foi tão vítima quanto meu Edward.

— Eu tenho tanta vergonha de dizer que sou uma Swan agora... Quer dizer, como eu posso conviver comigo mesma sabendo que meus pais eram monstros que mal se importavam com a minha felicidade? Que fizeram alguém sofrer por pura vaidade?

— Não se pode esperar que todos tenham nossas qualidades, querida. — Elizabeth murmurou. — Estou feliz que meu Edward e Lily tenham você.

Isabella sorriu.

— Não foi tão ruim, foi? — Ele perguntou enquanto livrava-se de seu casaco no hall de seu penthouse.

— Foi ótimo, na verdade. — Ela sorriu, apoiando-se à parede para tirar suas botas de franjas. — Obrigada, Edward.

— Não foi nada. — Ele sorriu. — Vou colocá-la na cama.

Levou pouco tempo até que ambos estavam deitados na cama king size de Edward, abraçados, as pernas entrelaçadas.

— Obrigado. — Ele sussurrou acima da cabeça dela.

— Pelo que? — Ela estava confusa.

— Por ter me aceitado de volta. E por ser tão amável com minha filha.

Bella moveu-se até estar deitada por cima dele. Edward lhe segurou a cintura.

— Eu amo você, Edward Cullen. Sempre amei, e sempre amarei. Eu nunca pensei que fosse possível amar alguém tanto assim, mas é.

Em um surto de pura emoção e luxúria, ele tomou impulso para estar por cima dela, e a beijou lascivamente, tentando demonstrar todo o amor e desejo que sentia por ela.

Fora naquela noite de inverno, em meio a gemidos sussurrados, lábios movendo-se entre corpos e juras de amor eterno que ambos decidiram que não podiam viver sem o outro.