Elsa estava trancada em seu quarto, chorando. A neve havia tomado o ambiente e o frio era admirável, apesar do clima de verão do lado de fora. Anna veio ao quarto da irmã por uma segunda vez naquele dia, estava acompanhada de Olaf. Ela ouvira os boatos sobre a identidade de Victor e soube que Elsa precisaria dela e Olaf também quis ajudar. O boneco podia não entender de muitas coisas, mas sabia como aquecer o coração de alguém. Anna bateu à porta de sua irmã.

– Estou ocupada.

– Sou eu, Elsa – disse Anna.

– Eu também estou aqui – disse Olaf.

– Agora não, por favor.

– Elsa, eu sou sua irmã, me deixa entrar. Você prometeu que não trancaria mais a porta para mim.

Elsa limpou as lágrimas e abriu um pouco a porta, ficando no vão e impedindo Anna e Olaf de entrar.

– E então, o que querem?

– Quero te ajudar. Já soube sobre Hans.

– Anna, não quero falar sobre isso – Elsa estava fechando a porta, mas a irmã a impediu.

– Vamos lá, deixa de ser teimosa! Eu sou sua irmã – Anna forçava a entrada e conseguiu entrar no quarto, caindo no chão e levando Elsa junto. Olaf também entrou, pulando nas duas e entrando no quarto congelado.

– Wow!!! Está tão lindo aqui dentro! Parece aquele seu castelo, Elsa. Eu nem preciso da minha nevasca - Olaf se jogou na neve que se acumulava no chão e começou a fazer anjinhos. Não que tenha conseguido, mas ele se divertia muito.

– O que aconteceu aqui? Elsa, você não deveria sofrer sozinha! – disse Anna, se levantando.

– Eu não estou sofrendo! Estou apenas decepcionada.

– Elsa, eu te conheço, e essa neve também, e seus olhos vermelhos, nem se fala. Mas a culpa foi minha. Eu não deveria ter falado e insistido. Mas ele me enganou de novo. Quem iria dizer que o Victor era o Hans na verdade, bom, não o Hans que a gente conheceu, mas ainda assim, e ele vinha se vingar de nós? É meio confuso.

– Mas eu tinha desconfiado, Anna. Eu sabia que tinha algo estranho nele e me deixei enganar.

– Eu sei que Hans pode ser muito sedutor quando quer, e muito cruel também...

– Como eu fui me iludir e me apaixonar por um homem que não existe?

– Eu também passei por isso, mas percebi que havia alguém lá fora que merecia muito mais o meu amor. Você também vai encontrar alguém assim, nem que eu tenha que congelar toda Arendelle, construir um castelo de gelo no meio das montanhas e criar outro boneco de neve falante. Só não sei como vou fazer isso, talvez tenha que pedir para Kristoff me arranjar bastante gelo e... bom eu vou precisar de muito gelo mesmo...

– Anna, você não entende... Viu, você é doce, linda, prestativa e sempre vê o melhor nas pessoas. Já eu, não tenho nada a oferecer. A única forma de alguém me amar é se estiver tentando roubar meu trono.

– Eu te amo Elsa – disse Olaf, que já havia percebido a seriedade da discussão e queria ajudar – Foi você que me criou e me deu minha geada, e eu não quero roubar seu trono. Olaf sorriu e abraçou Elsa.

Ela o retribuiu e nada mais disse, sabia que era amada pela sua família, mas depois de se apaixonar por Hans, será que isso bastava?

*

Anna foi à cela de Hans logo após deixar a irmã. Olaf a acompanhou, preocupado.

– O que você vai fazer? – perguntou o boneco de neve.

– Preciso ensinar àquele monstro uma boa lição.

– Abra a cela, por favor - disse a princesa a um dos guardas.

– Desculpe, princesa Anna, mas sua irmã me proibiu de...

– Elsa que me mandou falar com o prisioneiro.

– A Rainha?

– Está questionando as ordens da minha irmã, ou acha que estou mentindo?

– Eu? Não, Alteza, me perdoe pela intromissão.

– Está perdoado.

– Anna, você mentiu? – cochichou o bonequinho.

– Eu só falei porque ela precisa que eu faça por ela, não é bem uma mentira - Anna não aguentou e teve que confessar baixinho para Olaf - É uma mentira, mas a Elsa não ia me deixar, e é para o bem dela.

Os dois entraram na cela e Hans, que estava sentado no bloco de concreto que servia de cama, levantou sua cabeça para olhá-los, surpreso.

– Anna? O que faz aqui?

Anna deu um forte soco no nariz do rapaz e ele se desiquilibrou.

– O que você tem com socos? - ele perguntou, um pouco desorientado.

– Qual é seu problema? Por que você não nos deixa em paz?

– Anna, sua irmã sabe que você veio aqui?

A garota vacilou em sua postura, até então firme.

– Isso não é da sua conta! O que você quer Hans?

– Quer mesmo saber? Quer mesmo me ouvir, por que até agora ninguém deu a mínima atenção para o que eu falo.

– E você se admira...

– Eu vim a procura de vingança, sim, queria matar sua irmã. Mas eu a conheci melhor e... quando percebi não tinha mais ódio. Eu não queria matá-la mais, ao contrário. Ela não saia da minha cabeça, nem ela nem o momento em que quase a decapitei com minha espada e eu queria apagar tudo isso e protegê-la. Queria voltar no tempo e não ter enganado ninguém. Queria amá-la...

Anna se surpreendeu com a declaração de Hans. Havia esperado xingamentos e ameaças, mas jamais pensou que ele falaria de amor. Será que ele continuava em sua farsa doentia ou ele realmente amava sua irmã?

– Não sei se posso acreditar em você? O que me garante que você não está mentindo para fazer com que eu te una a Elsa novamente.

– Eu não estou mentindo quando digo que a amo, mas quero sua ajuda para voltar a falar com ela, pelo menos.

– Preciso ir, Hans.

Anna agarrou o braço de Olaf e saiu às pressas da cela.

– O que você vai fazer? – perguntou o bonequinho.

– Eu não sei.

– E se ele estiver falando a verdade e realmente amar Elsa?

Anna engoliu em seco.

*

– Não, Anna. Como você pôde fazer isso? – gritou Kristoff.

– Eu não fiz nada demais. Eu queria socar aquele... idiota, mas ele disse que estava arrependido e amava Elsa e...

– E você acreditou nele? É obvio que ele quer te enganar! Esse Hans, ele já tentou te seduzir uma vez, ele é perigoso e...

– Ei, eu sei me cuidar.

– Elsa sabia disso?

– Por que todo mundo me pergunta a mesma coisa?

– Anna, você não pode chegar perto desse homem. E nem confiar nele. Você é boa, vê o lado bom nas pessoas, sabe perdoar, e ele sabe disso e vai querer te usar de novo.

– Mas e se ele estiver falando a verdade?

– Ele não está, esqueça isso.

Kristoff se deitou na cama e virou para o lado. Anna, que ainda estava de pé, bufou e deitou ao lado dele.

– Não pense mais nisso, Anna. E não deixe sua irmã saber, ela vai ficar chateada com você.

Ele a abraçou e logo dormiu. Mas Anna não teve a mesma sorte, ela não conseguia tirar Hans da cabeça. E se Hans estava realmente arrependido por causa do amor que tinha por Elsa?