S.C.M escrita por lagrimas estelares


Capítulo 1
Contador de histórias, proteção, sobretudo.


Notas iniciais do capítulo

Resumo básico da história: Dean é um enfermeiro que usa uma coroa de flores pra contar histórias aos pacientes, mas que tem uma simpatia por Castiel por que ele sofreu muito na infância também. Sam está sim na história, mas ele vai aparecer tão pouco e vai servir pra dar conselhos ao Dean, então vai basicamente parecer que é a consciência dele.Boa leitura ♥



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❝Scars make us who we are. Hearts and homes are broken.

Os olhos azuis observavam sem descanso o rosto do homem bonito que usava uma coroa de flores na cabeça e que contava histórias no meio da sala.

– Oh, eu te suplico: não morras! Acreditava ter por ti só uma grande estima, mas como sofro, percebo que te amo.

Os cabelos loiros se entrelaçavam com as pétalas bonitas e até agora ele buscava um vislumbre dos olhos que chutava serem verdes. O contador de histórias estava concentrado demais lendo e talvez Castiel estivesse concentrado ouvindo se não fosse pelos lábios rosas que chamavam sua atenção.

Castiel gostava da cor rosa.

Assim como as pétalas de flores.

Assim como o ursinho em suas meias.

Assim como a boca do homem estranho que estava lendo.

O pequeno homem estava afastado dos outros, receoso do que poderia acontecer. Angustiado por não saber organizar os pensamentos direito, se encolheu ainda mais contra a parede e recomeçou o processo de empilhar oito cubos exatamente, um sobre o outro. Aquela era a sua segurança de que tudo ficaria bem, um dia.

Ele gostava do número oito.

Ele, dividido por dois, dava quatro.

Ele, dividido por quatro, dava dois.

Dois era um número tão legal quanto o oito.

Algumas garotas começaram a brigar do outro lado da clínica, e o som o fez se assustar. Seus lábios se partiram e ele começou a respirar ofegante; o início desesperador de um ataque de pânico.

Ele não gostava de barulhos.

Barulhos incomodavam seus ouvidos.

Barulhos eram moscas em seus ouvidos.

E Castiel odiava moscas.

O pequeno homem agarrou as coxas e desejou sumir dentro do moletom. Mas então, a ideia de ser engolido pelo mesmo o apavorou, então o arrancou em um movimento súbito e jogou-o de lado, colocando a cabeça entre os joelhos e balançando para frente e para trás, afim de se embalar em algum sono já perdido.

Algumas vezes, Castiel gostava de dormir ao contrário na cama.

Outras vezes, Castiel gostava de se cobrir até o pescoço e deixava a mão esquerda para fora.

Entre muitas outras, ele gostava de se encolher contra o travesseiro.

E isso lhe trazia paz.

Então, Cass queria dormir.

– Hey babe, você não está com frio?

Castiel sentiu os olhos cheios de lágrimas. Ele iria batê-lo? Machucá-lo? Falar ou gritar como as meninas que brigavam?

Vagarosamente Cass levantou a cabeça e sem querer seus olhos azuis se chocaram com intensidade nos verdes como a grama do jardim de inverno que costumava vagar. O homem com nome de anjo, então, entrou em desespero. Ele tinha olhado nos olhos do homem bonito, loiro, com uma coroa de flores e que contava histórias.

Castiel era friorento.

Castiel, muitas vezes, vestia três camadas de roupas.

Castiel, muitas vezes, achava que elas a sufocariam até a morte.

Por isso Castiel não costumava usar seus moletons.

– E-e... e-le v-v-ai... – incapaz de formular uma frase, o pequeno apontou para o moletom e sussurrou a tentativa de algumas palavras.

O homem de olhos azuis escutava a palavra medo sendo sussurrada em seus ouvidos por seu irmão, Lúcifer. Mas ele já havia morrido.

Cass ainda não parecia ter percebido isso. Seu irmão era seu único apoio, agora Castiel estava desolado. Ele empilhava oito blocos por dia e costumava jogar “Sorry” sozinho. Ele também tinha que encostar oito vezes na parede esquerda do seu quarto ou Lúficer brigaria com ele.

– Não, anjo, ele não vai te machucar – o homem contador de histórias sorriu – Tudo bem? Eu posso... espere um minuto.

O homem de olhos verdes se levantou e estendeu um dedo, pedindo um minuto. Ele não podia se atrasar.

Então Castiel contou.

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Quando o pequeno homem contou o último número, o contador de histórias passou pela porta segurando o que parecia ser um sobretudo. Era cor de creme e parecia quente.

– Está vendo? – o loiro arfou – Está protegido contra monstros. Não vai te engolir. Você... quer experimentar?

Castiel observou o objeto desconfiado, mas então o pegou com cuidado dos dedos do outro, vestindo-o rapidamente – ainda sentado.

Castiel não gostava de perfume.

Ele tinha alergia a perfume.

Fazia seu nariz coçar.

Mas o perfume no sobretudo era gostoso, como o cheiro do contador de histórias.

O de olhos azuis puxou a gola para cima e espirrou baixinho quando fungou o cheiro do homem à sua frente na roupa.

– Oh, eu posso lavá-lo, se quiser – o de olhos verdes disse.

– A pr-o-proteção... vai s-s-sair – olhou de soslaio para o contador de histórias.

– Tudo bem, então. Você quer jogar alguma coisa, anjo? – perguntou o mais velho, e o de olhos azuis assentiu, levantando-se e caminhando acanhado na direção da sala de jogos, vazia.

Suas palmas da mão viravam-se para cima e para baixo, os dedos estavam inquietos, cada movimento ao seu redor estava sendo ignorado. Ele queria chegar até a mesa de jogos. Castiel queria chegar até a mesa de jogos. Mesa de jogos. Mesa de jogos.

Mesa de jogos.

Quando chegaram, o contador de histórias sentou-se à frente dele e sorriu, quando Castiel pegou a caixa de “Sorry” e segurou entre os dedos.


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Notas finais do capítulo

Ele estava contando a história da Bela e a Fera. Reviews? *-*



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