Classe dos Guerreiros - Ascensão da Noite escrita por Milady Sara


Capítulo 7
Corrida


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, aqui vai um capítulo novo pra vocês!



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Derek queria ter vencido sua luta com menos esforço, porque agora viria a parte final. Para serem graduados eles teriam que fazer o que os mestres gostavam de chamar de “especialização”, e o garoto tinha certeza que fazer isso cansado não era uma boa ideia. Só teve tempo de tomar um generoso copo d’agua e foram para o jardim.

Seth e Marin conduziram os aprendizes para alguns lugares específicos do jardim, onde cada um receberia uma tarefa específica para mostrar o nível de seus dons naturais. Como Hunter era o mais novo e o que estava sendo treinado há menos tempo, Seth queria que sua tarefa fosse a última para poder lhe ensinar mais sobre os dons dos demais aprendizes.

Primeiro, pararam em frente a uma mesa com uma barra de ferro em cima.

– Aqui são os testes da Mia. – explicou Seth enquanto Marin conduzia a aluna e dizia o que ela teria que fazer. – O dom dela é muito complexo e capaz de muita coisa, Marin espera que com o tempo ela consiga tirar água do ar ou de seres vivos, além de coisas infinitamente mais complicadas como controlar algo que não seja feito diretamente dos elementos básico só sentindo suas raízes com a natureza. Por isso o primeiro teste dela é aquecer essa barra de ferro sem usar fogo, somente agitando a própria barra.

– O senhor disse testesssssssssss? – perguntou Hunter puxando o ‘s’. – Tipo, no plural?

– Sim, alguns de vocês vão ter mais de um teste.

– Que ótimo. – resmungou Derek.

– Relaxa garoto, você vai se sair bem como na luta. – confortou o adulto.

Depois de ouvir as orientações de Marin, Mia sentou-se no chão e posicionou suas mãos acima da barra e a olhou fixamente. Os outros então se reuniram ao redor de um livro distante alguns metros dali.

– Aqui são os do Hunter. – continuou Seth. – Achamos que um dia ele possa se transformar completamente em um animal, assim como uma quimera. Mas por enquanto ele só consegue se transformar parcialmente então o teste é ele se transformar em um animal que nunca viu pessoalmente. – Derek imaginou que não era fácil, já que Hunter parecia indignado enquanto sentava no chão segurando o livro aberto.

– Que merda... – sussurrou o aprendiz enquanto os demais se afastavam.

– Este é o do Caleb. – havia um vidro com um gafanhoto dentro. – Marin espera que um dia ele não precise tocar nas coisas para absorvê-las, que possa memorizar as texturas e se tornar o que quiser sozinho. Mas por hora, ela só quer que ele consiga absorver um ser vivo. - deixando Caleb sentado com o inseto em suas mãos, foram até onde estava uma cadeira. – Este o da Lena. Acreditamos que ela possa fazer todo tipo de coisa incluindo mudanças de forma que sejam mais complicadas se ela aprender a rearranjar moléculas, mas por enquanto o primeiro teste é transformar a grama sem ter nem que seja um contato indireto com ela.

Lena não parecia feliz enquanto olhava fixamente para a grama fazendo questão de não deixarem seus pés tocarem-na, e Derek imaginou qual seria o seu teste afinal. Finalmente, foram para debaixo de uma árvore, onde um passarinho morto estava.

– É nojento, eu sei. – disse Seth vendo o rosto do aprendiz. – Mas Drica é a grande aposta de Marin. Pensamos que um dia ela pode fazer coisas incríveis transferindo e absorvendo energia, talvez até retardar envelhecimento. Mas por hora, queremos que ela cure esse passarinho esmagado, faça o coração dele voltar a bater e consiga reativar as sinapses do cérebro.

– Vocês querem que ela ressuscite o pássaro?!

– Mais ou menos... Não é como se estivesse morto há anos, só alguns minutos. Considere como uma cura difícil. - Drica sentou de pernas cruzadas e fechou os olhos, com a pequena ave em suas mãos enquanto os três restantes foram até um banco com uma lata à sua frente. – E esse é o seu primeiro teste. Sinceramente eu acredito que um dia você possa sentir energia ao seu redor perfeitamente e transportar até mesmo odores. Já sabemos que você pode levar coisas e pessoas com você, mas agora quero que você teletransporte a lata para o banco sem tocar nela. Tente sentir a energia ao seu redor e ao redor da lata, ok?

– Tudo bem. – disse o garoto sentando de frente para a lata e a encarando como se fosse um inimigo perigoso.

– Acha que algum vai tentar trapacear? – perguntou Marin quando ela e o amigo se afastaram um pouco para que pudessem observar todos.

– Duvido. – respondeu convicto. – Muito mais do que nos provar, eles querem provar para si mesmos que conseguem completar os testes.

– Acho que tem razão. – falou ela suspirando. – Vou trazer alguma coisa para bebermos enquanto esperamos. – e entrou na Casa.

Seth realmente esperava que Derek terminasse seu teste primeiro, queria provar que a Classe Giebra ainda podia ajudar, além de mostrar que era capaz de fazer um bom trabalho, já que provavelmente não treinaria um terceiro aprendiz.

Marin voltou logo com dois copos com absinto. Quando o mestre ouviu a amiga falar, não achou que seria beber naquele sentido, mas não recusou a bebida. Alguns minutos depois o primeiro aprendiz concluiu o teste.

– CONSEGUI! – gritou Caleb vitorioso. Os mestres correram até ele enquanto os outros jovens voltavam a se concentrar em seus próprios testes. Com Seth e Marin perto, Caleb colocou o gafanhoto entre suas mãos e em alguns segundos sua pele se tornou verde e resistente como o exoesqueleto do inseto.

– Ótimo. – disse Marin orgulhosa. – Esse era seu único desafio então pode ir para dentro e aproveitar que é um Guerreiro graduado. - com uma mesura, o jovem soltou o inseto em um arbusto e correu para dentro, precisava urgentemente de um banho.

Seth quase não conseguiu esconder sua frustração, mas com outros testes sendo concluídos Marin não percebeu seus sentimentos.

Hunter os chamou orgulhoso quando conseguiu transformar a cabeça em uma igual ao do musaranho em seu livro, mas tornou a ficar frustrado quando Marin chamou Jane, sua coruja gigante que vivia no terraço e disse para o garoto aprender a reproduzir o ruído que ela fazia, dizendo que era um absurdo ele pudesse entender animais, porém ainda não conseguir fazer aquilo. O piado de Jane ensinando Hunter desconcentrava os restantes, que desejavam que o rapaz aprendesse logo a fazer aquele som.

– Mestra! – gritou Lena depois de os mestres esvaziarem seus copos. Ela mostrou sorridente como podia fazer uma folha de grama se tornar uma raiz ou assumir um tamanho maior do que o original.

– Perfeito. – elogiou Seth. - Mas seu próximo desafio é mais complicado. – ele tirou uma orbe do bolso e colocou nas mãos da garota. – Você já sabe que um usuário de magia pode com um esforço de algumas horas moldar sua magia pra criar uma orbe repleta desse poder e que consegue produzir mais, como o fogo de uma vela quando mergulha na cera ou simplesmente possa armazená-lo. Mas o seu último teste é usar a magia que eu guardei ai pra fazer uma orbe nova. Não moldá-la, mas transformar, assim como você fez com esse pedaço de grama.

– Tudo bem... – disse a garota pondo a esfera transparente com substância cinza dentro na frente de seu rosto.

– Se puder fazer isso, está muito bem encaminhada. – finalizou Marin, no mesmo segundo em que Drica os chamou. O passarinho parecia confuso e com os músculos rígidos, mas se movia normalmente e estava perfeitamente restaurado. – Certo, agora dê um jeito de remover o veneno de dentro dele.

– O que?! – perguntou confusa a ruiva.

– Injetamos um veneno nele depois que morreu, é melhor tirar logo antes que acabe tendo que restaurá-lo outra vez. – explicou o mestre da Classe Giebra enquanto a aluna resmungava.

Alguns minutos depois, Caleb, já de banho tomado, postou-se alguns passos atrás dos mestres, pouco antes de Derek chamá-los, para a alegria de Seth. O mais jovem os mostrou orgulhoso como fazia a lata desaparecer e reaparecer em cima do banco.

– Eu disse que seria fácil. – comentou Seth, tirando um lenço do bolso. – Hora de dificultar as coisas. – e usou o lenço para vendar Derek completamente. – Agora sem ver, traga a lata de volta para o chão.

– Okay... – murmurou o garoto, sem confiança alguma.

Pouco depois, Lena os chamou e mostrou como havia conseguido transportar a magia dentro da orbe para fora e transformá-la em uma orbe nova. Marin deu leves palmas e a mandou para dentro, mas a aprendiza preferia esperar que todos terminassem, então foi para o lado de Caleb e os dois começaram a debater sobre seus desafios.

O próximo fora Hunter, que conseguiu reproduzir fielmente o piado de Jane, o que o fez receber um leve carinho da grande coruja antes dela voltar para o terraço da Casa Principal. O garoto foi para junto dos outros dois amigos, mas preferia prestar atenção nos que ainda faziam seus testes do que conversar.

Derek foi o seguinte. Os mestres foram até ele assim que viram a lata se transportar. O brilho nos olhos de cores diferentes do aprendiz era grande quando tirou a venda.

– Ainda falta mais um, segura a onda garoto. – falou Seth pegando a lata e pondo-a na mão do aprendiz. – Transporte para aquela árvore. – e segurou a cabeça do menino antes que este olhasse para onde ele apontava. – Sem olhar. Uma pequena variação do seu último teste, se pode fazer sem ver pode fazer sem saber onde é sentindo a energia.

Sem falar nada, o garoto cerrou os lábios e mais rápido do que ele mesmo esperava, cumpriu seu objetivo. Seu mestre o abraçou forte antes de dispensá-lo, e o jovem correu e sentou-se aos pés de Hunter esperando Drica e Mia terminarem seus testes. Quase uma hora depois, Drica os chamou e mostrou em uma mão com o passarinho e a outra apontando para o chão onde uma substância rosada estava.

– Foi fácil fazer o organismo não absorver o veneno, difícil foi expeli-lo. – comentou a ruiva ficando de pé com a pequena ave em sua mão no mesmo momento em que Mia chamou os mestres.

– Muito bom. – disse Marin pegando o pássaro e o prendendo em suas mãos. – Vá ficar com os outros. – dito isso, foi até Mia e após constatar que a barra de ferro tinha aquecido sem fogo, pôs a ave nas mãos da cigana, ainda sentada no chão.

– Por que isso? – perguntou a garota fazendo um leve carinho no animal.

– Controle-o. – disse a mestra firmemente.

– O QUE?!

– Você me ouviu. Tem água em cada centímetro dele, faça-o se mover conforme você quer.

Mia pareceu horrorizada, mas fitou a criatura em suas mãos fixamente. Marin e Seth permaneceram ali á frente da garota e os outros aprendizes também observavam a cena, mesmo que de longe.

O passarinho aparentou sentir dor em alguns momentos, e isso fazia Mia parar e franzir o cenho. Queria concluir seu teste sem machucar a ave, mas parecia ser praticamente impossível. Porém felizmente, algum tempo depois ela descobriu como atingir seu objetivo. Fez a ave descrever alguns movimentos que dizia em voz alta para que os mestres não duvidassem de sua habilidade.

Foi parabenizada pelos mestres e amigos, assim como tinham feito com cada um que concluía a tarefa e foram para dentro, já que a maioria, como Marin descreveu, estava fedendo além do aceitável e precisava se higienizar logo.

– É uma sensação estranha não é? – divagou Marin enquanto ela e o amigo recolhiam o material do jardim.

– Como assim? – indagou Seth.

– De dever cumprido.

– Meu dever só vai estar cumprido quando eu treinar meu terceiro aprendiz. – esclareceu enquanto entravam na Casa. – Se eu puder fazer isso um dia.

Depois disso, Marin ficou calada. Sabia que Seth não quebraria a tradição da Classe Giebra, mas era impossível saber do futuro deles dali para frente. Eduardo fora claro quanto às linhas de tempo confusas.

~*~

Li estava concentrada enquanto lia páginas de três livros ao mesmo tempo, além do que estava traduzindo. Conforme desvendava as expressões, as escrevia em uma folha de papel ao seu lado.

Era um trabalho árduo, já que depois disso tudo ela ainda lançava um feitiço para que a tradução aparecesse em cada página do livro ao ser tocada.

Porém, aquilo lhe ajudava a pensar, algo que geralmente evitava. As lembranças de tempos mais antigos vinham a cada palavra que lia, como se devessem significar algo que ela havia esquecido.

Sempre esperava que a próxima expressão desbloqueasse algum conhecimento que Solaris a tinha feito guardar. Ele sempre falava sobre como ela seria em diversos momentos um último recurso para proteger os aprendizes, caso fosse necessário.

A deixava nervosa saber que havia coisas em sua mente protegidas não só dela, mas de qualquer pessoa que olhasse ali. Era como um cofre que não sabia a própria combinação. Mas se esses segredos tinham que ser guardados, era uma honra para ela ter sido escolhida para isso.

~*~

– SENHORAS, SENHORAS! – berrava uma fada do tamanho de uma borboleta e asas de libélula entrando na sala onde Nina e Joy discutiam estratégias de batalha.

– O que foi Bay? – perguntou Joy, alçando voo de cima da mesa onde estava.

– Estão chegando mais!

– Não pode ser... – murmurou Nina levando as mãos ao rosto. – Mesmo que esses reforços frequentes não sejam bem treinados eles ainda nos cansam! Vamos morrer desse jeito!

– Tem razão... – sussurrou a contragosto a líder das fadas observando a armadura de cristal da ninfa. Não estava quebrada, mas as rachaduras e arranhões faziam parecer que a armadura havia sido enfeitada por uma aranha. Nina estava lutando bravamente havia dias. – Devemos evacuar. – disse por fim.

– O que? – indagou Nina. – Não! Não vamos fazer como Magali fez! Não vamos reunir as nossas e fugir, tem que haver outro jeito!

– Não vamos fugir Nina, vamos para Solomon-Elsa! Soube que Odrey e Aaron estão lá há dias. Juntos seremos mais fortes! – tentou convencer a outra enquanto voava a centímetros de seu olho, que tinha um horrível tom de roxo.

Nina ponderou por vários segundos antes de finalmente dizer:

– Bay, - disse para a fada que estava ali esperando por suas próximas ordens. - mande Liz e Carly voltarem e levarem todas as orbes para o campo de batalha, diga que façam o maior e mais forte muro de espinhos que consigam.

– Isso! – interrompeu Joy entendendo o plano. – Depois todas devem voltar e organizar tudo para que possamos partir o mais rápido possível. Agora vá, voe mais rápido que já voou, não podemos perder tempo!

– Sim, senhoras. – a fada fez uma mesura e foi rapidamente pela direção em que tinha vindo, com os cabelos vermelhos balançando ao vento, enquanto as líderes começavam a se preparar para a viagem.

~*~

Mia afundou devagar na água quente assim como Drica e Lena. Estavam exaustas e sujas, mas felizes, afinal, estavam graduadas.

Para a cigana, seu teste tinha sido extremamente esclarecedor. Passara muito tempo tendo a mente invadida por pensamentos envolvendo Caleb e os Videntes, até tinha se desconcentrado ao vê-lo conversando com Lena, mas conseguiu finalmente chegar ás suas conclusões e esperava poder seguir em frente sem se preocupar com tudo aquilo.

Era apaixonada por Caleb. Não tinha começado a desenvolver esse sentimento há pouco tempo, fazia muito tempo que sentia aquilo, apenas não havia se permitido sentir. Olhando para trás lembrava-se de como tinha certas sensações e sentimentos por Caleb, especialmente quando falava de Lena, mas pensava que aquilo era apenas coisa de amigos. Mas não era.

Aquilo se encaixava no que Eduardo dissera, e era bom finalmente aceitar isso, mas ela não havia se permitido sentir aquilo antes, agora não seria diferente. Tinha outras coisas com as quais se preocupar. E afundando a cabeça na água, lembrou-se das palavras do líder dos Videntes.

Você morrerá pelas mãos daquele que ama...


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Notas finais do capítulo

Acho que deixei alguns curiosos XD COMENTEM SEU LINDOS!!!
Mais tarde vem mais um!