Por você mil vezes - Se não fosse amor escrita por Suy


Capítulo 28
Meu inferno particular.


Notas iniciais do capítulo

Posso confessar? Chorei escrevendo esse capítulo, não tenho emocional pra isso gente :( hahahaha Mas, eu espero que vocês gostem. Beijo grande!!!!



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Acordei antes de Matthew, o observei dormir por uns instantes e depois levantei com cuidado para ir tomar banho. Quando terminei, escolhi um vestido azul escuro justo, penteei meu cabelo e me maquiei. Saí do banheiro e quando voltei para o quarto ele estava ainda deitado mexendo no celular com a testa franzida.

“Não vai levantar preguiçoso?” Sentei ao seu lado e beijei seu rosto.

“Não e nem você.” Ele largou o celular e me puxou para cima da cama, me fazendo ficar deitada em cima dele e começou a fazer cócegas em mim.

“Para Matt!” Disse gargalhando, ele finalmente parou e eu respirei fundo, sem fôlego de tanto rir. “Eu preciso ir logo pro escritório, saber como está essa história de fotos.”

“Eu queria ir com você logo, mas ainda preciso passar em casa para pegar uma roupa limpa.” Ele disse alisando meus cabelos.

“Você devia trazer algumas roupas para cá...” Falei.

“Sério?” Ele me olhou surpreso.

“Sério. Seria muito mais prático de manhã.” Sorri e o beijei rapidamente. “Eu já vou indo, a gente se vê no escritório.”

“Certo, chego lá o mais rápido possível.” Ele beijou minha testa e levantamos. Parei de frente á ele e o abracei com força. “Vai ficar tudo bem...” Ele me soltou e colocou as mãos em meu rosto.

“Só estou um pouco tensa sobre tudo isso, não sei... Um mau pressentimento sabe?”

“Isso deve ser fome, não mau pressentimento.” Ele esboçou um sorriso. “Antes que você perceba minha falta, eu vou estar lá e seja o que acontecer, passamos juntos, está bem?”

“Está bem.” Suspirei.

Matthew foi se vestir e eu sai em direção a porta. Dirigi até a empresa e entrei pelos fundos, para desviar dos olhares dos funcionários. Subi pelas escadas, cheguei em meu andar quase morrendo, mas não queria pegar o elevador sozinha e ficar ouvindo os sussurros a meu respeito. Emily já estava em sua mesa, falando ao telefone, ao celular e digitando algo no computador. Passei por ela e sorri para que ela visse que eu entendia que não poderia falar comigo no momento e ela sorriu sem graça. Entrei em minha sala e não quis ligar meu computador para ver meus e-mails, com medo do que poderia surgir.

Alguns minutos se passaram, Emily ainda estava ao telefone e eu impaciente. Ouvi meu celular tocando, corri para pegá-lo, deveria ser Matthew. Para meu descontentamento, era Richard. Respirei fundo e atendi.

“Alô.” Falei secamente.

“Em 20 minutos estou ai.” Ele disse e desligou. Simples assim.

Em 20 minutos estará aqui? Como assim? Saí praticamente correndo da minha sala e fui até a sala de Matthew, quando abri, ainda estava vazia. Cadê ele? Já deveria ter chegado aqui! Peguei meu celular e comecei a ligar para ele, a ligação chamava que caia. Depois de um tempo começou a ir para a caixa postal e eu comecei a ficar preocupada. Será que aconteceu algo com Matt? Ele não iria sumir assim, principalmente hoje e com Richard vindo... Eu precisava de alguém para me apoiar, para me acalmar. Cadê Matthew?

“Emily.” Falei e ela tirou o telefone do ouvido.

“Senhorita eu já estou acabando aqui, preciso lhe falar que...”.

“Depois você me fala Emily.” A interrompi. “Tem noticias de Matthew?” Perguntei nervosa.

“Não senhorita...” Ela franziu a testa. “Ele não chegou ainda.”

“Que droga...” Bufei. “Richard está vindo para cá, estou uma pilha de nervos e estou sozinha.”

“Tente ficar tranquila senhorita, vai acabar tudo bem, eu tenho boas noticias. Eu só preciso terminar esses telefonemas para confirmar. Fique calma.” Ela falou calmamente e tentou sorrir para mim. Assenti e voltei para minha sala.

Não era pra eu estar sozinha agora, mas agora eu estou e tenho que encarar o próprio anti-cristo em pessoa. Você consegue Sophie, Emily disse que tem boas noticias, mantenha sua calma, você consegue. Liguei para Luke, afim de saber noticias de Matthew, mas o que ele sabia era que Matthew já tinha saído de casa faz tempo. Aparentemente ele desapareceu. Tudo bem, eu lido com isso depois, tenho coisas mais importantes para resolver.

Sentei em minha cadeira e tentei ao máximo ficar tranquila, eu sabia que eu era inocente nessa história das fotos e o que quer que eu tenha feito, foi para provar isso.

“Quer me explicar o que é isso?” Richard entrou em minha sala de uma vez, me fazendo quase cair da cadeira com o susto.

“Isso o quê?” Perguntei receosa.

“Essa merda.” Ele jogou uma folha impressa com a minha foto de costas que pedi para Marcus tirar.

“Isso é a prova de que eu estava falando a verdade, não tirei foto pelada alguma.” Falei tentando manter um tom de confiança em minha voz.

“E para provar isso você precisa ficar semi-nua e mostrando essa coisa ridícula que você tem nas costas?”

“Era a única forma que eu tinha.” Fiquei de pé.

“Quando você fez essa idiotice?”

“Aos 18.”

“Aos 18?” Ele riu irônico. “Não achou que eu, seu pai, responsável legal por você, deveria autorizar você se riscar igual uma delinquente?”

“Eu iria adorar informar ao meu pai que eu fiz uma tatuagem, pena que eu nunca tive um.” Sorri. “E francamente, já sou maior de idade e a tatuagem é permanente, não adianta ficar reclamando, não tem volta.”

“Isso vai acabar de vez com nossa imagem. Você não tem noção alguma dos seus atos é uma inconsequente!” Ele gritou.

“Com licença!” Emily disse abrindo um pouco a porta. “Eu sinto muito mesmo em interromper, mas eu preciso mostrar isso aos dois.” Ela esticou a mão com o tablet e me entregou. “A popularidade da Trammers Enterprises aumentou em 80%.” Ela falou animada.

“Como isso é possível?” Falei incrédula e abaixei a tela lendo as noticias relacionadas a mim.

“Bom, com todo esse escândalo de fotos falsas, a senhorita virou noticia internacional. Várias pessoas se sensibilizaram, principalmente depois de ser provado que não era a senhorita nas fotos. Os próprios sites que divulgaram postaram uma nota se desculpando publicamente e devo dizer que os seus pássaros...” Ela sorriu mais abertamente. “Foi um sucesso. Atraiu a atenção do público mais jovem, o público feminino apoiou a sua atitude, tiveram blogueiras que a colocou como ícone e exemplo a ser seguido, disseram que a senhorita representa a mulher do século 21 e o público masculino... Bem, nem preciso dizer o quanto a senhorita ficou popular nessa parte.”

“Impossível.” Richard tomou o tablet da minha mão e começou a ler as noticias. Eu senti como se tivessem tirado um peso de 1000 toneladas das minhas costas, eu não estava acreditando que tudo realmente tinha dado certo e meu mal pressentimento, no fim das contas, não passava de fome mesmo.

“É bem possível Sr. Trammer. Desde cedo recebo ligações de investidores novos, da imprensa, vários veículos querem fazer matérias com a senhorita.” Ela olhou para mim. “A senhorita teve convites até para fazer ensaios fotográficos para grandes marcas do mundo da moda.” Uou...

“Pura sorte.” Ele me olhou com desdém.

“O que você chama de sorte, eu chamo de talento.” Sorri vitoriosa.

“Eu vou deixá-los a sós.” Emily piscou para mim e saiu, sorri para ela em resposta.

“Você insiste em subestimar a minha capacidade pai... E em todas as vezes que faz isso, eu que sempre acabo saindo por cima. Já reparou?” Falei sarcástica.

“O que está esperando? Que eu me ajoelhe e peça desculpas?” Ele cruzou os braços.

“Já que sugeriu...”.

“Você preste bastante atenção na forma de falar comigo, eu ainda sou o seu...”.

“Meu pai?” O interrompi. “Engraçado que você usa essa frase como forma de punição para mim. Acha que eu não sei o castigo que é ter nascido sua filha? Eu tenha plena convicção disso.”

“Você é igual a sua mãe. Duas burras. O único castigado nessa história sou eu, por ter tido que suportar ela e agora você.” Ele cerrou a mandíbula.

“Lava sua boca imunda antes de falar da minha mãe.” Coloquei o dedo em sua cara e ele gargalhou.

“Quem você acha que era sua mãe? Algum tipo de super mulher? Ela não passava de uma fraca, uma mulherzinha qualquer.”

“Como você ousa falar assim da mulher com quem foi casado por anos? Se você não se respeita ou me respeita, respeite ao menos a memória dela.”

“E por que você insiste em defendê-la? Olha o quão patética você é! Ela te abandonou Sophie, quando você era um bebê. Se não fosse eu te acolher, você estaria agora na rua pedindo uns trocados para conseguir sobreviver. Ela não queria você, por que essa é a sua realidade. Ninguém nunca vai querer você. Aqueles pesos mortos que você chama de ‘amigos’, vão viver a vida deles e te largar e você vai morrer sozinha nesse mundo.” Ele falou com desprezo e eu senti um nó em minha garganta se formando. Respirei fundo.

“Se ela me abandonou, é por que teve seus motivos. Ou você acha que é fácil viver ao lado de um homem igual a você?” Falei tentando manter minha voz firme.

“Um homem igual a mim?” Ele falou debochando. “Eu casei de novo e tenho um casamento estável e feliz. O problema não estava em mim Sophie, o problema era a sua mãe. Quem sabe quando você começar a aceitar o fato de que a razão para ela ter ido embora foi você, você comece a enxergar o mundo como ele é e para de viver uma mentira.” Ele se virou para sair. Andei até ele e parei em sua frente.

“Escuta bem o que eu vou falar. Você pode ter razão em tudo que disse, posso estar rodeada de ‘pesos mortos’ como você chama, posso até morrer sozinha, mas você não ache que é muito melhor que eu, por que você não é.” Ele franziu a testa e eu continuei falando de uma vez só. “Sabe por que você tem um casamento estável? Por que como toda vadia interesseira, a Amy só está preocupada com boa vida que você dá para ela. Ou você acha que alguma mulher iria ficar ao seu lado se não fosse para sugar o dinheiro que você tem? No fim das contas Richard, eu ainda sou um ser humano melhor que você, sabe por quê? Por que eu posso ter errado muito, mas tento todos os dias compensar meus erros e me tornar alguém melhor. Enquanto à você, vai morrer sendo esse monstro podre, com uma alma podre... Você vai ter sorte se quando morrer, tiver um lugar no inferno reservado para você. A minha vida começou a se destruir no momento em que a minha mãe escolheu você como marido e ela, com certeza, deve se revirar em seu túmulo todos os dias em arrependimento por não ter casado com um homem que fosse bem melhor que você.”

Eu mal terminei minha frase, Richard levantou a mão e acertou meu rosto em cheio. Emily abriu a porta bem na hora e ficou paralisada ao ver a cena. Cobri meu rosto com a mão, estava formigando e ardendo. Olhei para ele em choque e ele estava com uma expressão de raiva no rosto.

“Viu o que você me obriga a fazer?” Ele gritou comigo e eu dei um passo para trás, sem disfarçar o meu medo por ele naquele momento.

“Essa foi a primeira e a última vez que você encostou um dedo em mim.” Disse cerrando os dentes. “E se você não sair daqui agora, eu vou espalhar para os quatro cantos que você agrediu a sua própria filha. Ai você vai ver o que é uma reputação ser destruída.” Falei tirando forças que nem eu sei de onde consegui, ele praticamente me matou com os olhos e saiu batendo a porta. Quando ele finalmente foi embora, eu consegui respirar direito e sentei em meu sofá.

“Meu Deus Sophie!” Emily disse ficando de frente a mim. “Quer dizer, Srta. Trammer.” Ela falou nervosa. “Como você está?” Ela pegou minha mão. “Está gelada e tremendo.” Ela levantou meu rosto e tirou o meu cabelo da frente, o colocando atrás da orelha. “E sangrando.” Ela falou em pânico. “Eu vou chamar alguém para vir lhe ajudar...” Ela se levantou, mas eu a puxei de volta.

“Não Emily, por favor, não conte a ninguém. Por favor, eu te imploro. Isso é vergonhoso demais para mim e humilhante. Eu... Eu vou ficar bem, eu só preciso de um pouco de água.” Ela assentiu e se levantou correndo para pegar a água. Ela pôs um pouco em um copo e me entregou, quando o peguei percebi o quanto estava tremendo.

“Beba devagar, com cuidado. O seu lábio está cortado.” Ela sentou ao meu lado e alisou meu braço. Eu bebi um pouco e gemi com a dor, o corte em contato com a água fez o machucado doer mais do que estava doendo. “Calma, beba devagar. Eu tenho um kit de primeiros socorros, eu vou buscar e trazer uns analgésicos. Tudo bem ficar sozinha por um instante?” Ela disse visivelmente preocupada e eu assenti. Ela se levantou rapidamente e saiu.

Levantei e fui até meu closet, olhei-me no espelho e fiquei completamente chocada quando vi meu rosto. Minha bochecha esquerda estava muito vermelha e meu lábio cortado e sangrando. Meu Deus, o que aquele homem fez comigo?! Engoli o choro, por que me recusava a chorar por causa de Richard, abri a gaveta onde eu guardava algumas maquiagens, tirei uma base e corretivo para tentar amenizar a situação atual do meu rosto. Ouvi um barulho em minha sala, devia ser Emily. A porta do closet abriu e vi pelo reflexo do espelho Matthew parado me encarando.

“O que aconteceu com você?” Ele disse vindo rapidamente até mim e me virou em sua direção.

“Onde você estava?” Perguntei sentindo raiva dele e alivio ao mesmo tempo por ele ter chegado.

“Eu... Eu tive que resolver um problema. O que aconteceu com você?” Ele colocou as mãos em meus braços e me olhava com os olhos arregalados.

“Richard.” Sussurrei desviando o olhar do seu, por pura vergonha de admitir que meu próprio pai havia me machucado daquela forma.

“Filho da puta!” Ele gritou, deu um soco na parede e saiu andando.

“Aonde você vai?” Sai correndo atrás dele.

“Aonde você acha que eu vou?” Ele parou e olhou para mim. “Olha o que ele fez a você!” Ele gritou.

“E você vai fazer o que? Ir atrás dele e o espancar? Vai me deixar sozinha aqui de novo?” Falei com raiva. “Matthew, aonde você estava?” Perguntei praticamente o implorando por uma resposta. Ele respirou pesado e veio até mim, me puxando para si e me abraçou.

“Não importa, eu estou aqui agora. Não vou deixar nada de ruim de acontecer. De novo.” Ele beijou meus cabelos e eu o abracei forte.

“Desculpem.” Emily disse envergonhada. Matthew e eu nos separamos. “Vem, eu cuido de você.” Ela estendeu a mão para e mim e eu a segurei, andamos até o banheiro, Matthew veio atrás de nós. “Sente-se no vaso.” Fiz como ela pediu e sentei. “Isso pode arder um pouco, mas eu preciso limpar o seu corte.” Ela colocou um pouco de um liquido em um pedaço de gases e o pressionou levemente sobre o corte em meu lábio.

“Ai...” Gemi por conta da dor, Matthew andou até mim, se abaixou e segurou minha mão.

“Você precisa tomar alguma atitude em relação ao Richard.” Ele falou observando o serviço de Emily.

“Para quê? Só vou ter mais aborrecimentos.” Falei.

“Eu concordo com a senhorita.” Emily disse e Matthew a olhou feio. “Divulgar o que aconteceu aqui só vai fazer as coisas ficarem piores para ela. O Sr. Trammer não iria pensar duas vezes em fazer algo que destruísse a imagem dela publicamente.”

“Isso mesmo.” Disse.

“Se a senhorita quiser que ninguém saiba o que aconteceu aqui, eu lhe garanto que não irei contar a ninguém, tem a minha palavra.” Emily me olhou séria.

“Eu sei Emily. Não tenho como agradecer o que você está fazendo por mim.”

“Verdade Emily, muito obrigado. Como podemos retribuir?” Matthew pôs a mão em seu ombro.

“Vão para casa, os dois. A poeira já abaixou sobre essa história de fotos nuas, a senhorita precisa descansar e tomar um remédio para dor ou vai estar muito pior mais tarde.”

“Emily tem razão, vamos, eu te levo em casa.” Matthew se levantou e me pôs de pé também. “Só vou pegar meu computador na sala, já volto.” Ele beijou meu rosto e saiu. Emily o acompanhou com os olhos, com uma expressão estranha no rosto.

“Emily? Aconteceu algo?” A perguntei.

“Nada senhorita. Só estou preocupada com você, como está se sentindo?” Ela desconversou, mas eu sabia que tinha alguma coisa errada.

“Emily... Melhor dizer logo o que houve.” Cruzei os braços.

“Senhorita, por favor, amanhã falamos.” Ela disse saindo e eu a segurei pelo braço.

“Emily eu que peço, por favor, o que está acontecendo?”

“É que... Bem...” Ela desviou o olhar do meu. “Eu não quero que pense que eu estou fazendo fofoca, eu não estou, eu só acho que deveria saber. Só acho que hoje não, devido a tudo o que aconteceu e...”

“Emily... Resume a história.” Falei já impaciente.

“As meninas da recepção lá embaixo comentaram que ontem, um pouco depois que vocês saíram, a Srta. Willians veio procurar pelo Sr. Davis.” O quê? Como assim? A demônia? Impossível...

“Você tem certeza? A Lindsay demônia já voltou para a Califórnia faz tempo!”

“Eu não tenho certeza senhorita, só estou lhe contando o que eu ouvi, por que se isso for verdade, a senhorita merece saber.”

“Tudo bem, não se preocupe, provavelmente era só alguém parecida com ela.” Tentei sorrir, mas minha bochecha doía demais para isso.

“Sim, com certeza, deve ter sido isso.” Ela esboçou um sorriso e saímos do banheiro.

“Pronta?” Matthew falou da porta.

Assenti, peguei minha bolsa e saí da minha sala. Emily sentou em sua mesa, como de costume. Antes de chegar ao elevador, eu voltei, andei até ela e a abracei.

“Obrigada. De verdade.” Falei e a soltei, ela me olhou surpresa e sorriu.

“Cuide bem dela.” Ela disse para Matthew, mais com um tom de ameaça do que de pedido.

“Eu irei.” Ele respondeu assentindo.

Saímos pelos fundos, fomos para casa no carro de Matthew, o caminho todo em silêncio. Eu não sei no que ele estava pensando, mas eu só pensava no que Emily me disse. Será que era verdade que Lindsay está aqui na cidade? Peguei meu celular e digitei uma mensagem para Black.

Sophie: Você está no escritório?

Black: Estou...

Sophie: Preciso de um favor.

Black: O que quiser!

Sophie: Chegou a conhecer a ex noiva do Matthew?

Black: A educada moça que fez uma cena na recepção na última vez que esteve aqui?

Sophie: Essa mesmo. Preciso que verifique nas câmeras de segurança se ela esteve ai ontem, no fim da tarde.

Black: Ok, vou verificar agora mesmo. Algum motivo em especial?

Sophie: Pura curiosidade feminina...

Black: Entendo. Te retorno em alguns minutos.

“Como está se sentindo?” Matthew pôs a mão em minha perna.

“Não sei ao certo... Só espero que não tenha ninguém em casa, não quero ter que explicar agora esse machucado em meu rosto.”

“Eu ainda não acredito que ele teve coragem de fazer isso com você... Além de filha você é mulher, ele não podia ter feito isso.” Ele cerrou a mandíbula.

“Ninguém nunca tinha me batido.” Disse em voz alta, mas mais como um pensamento.

“E ninguém nunca mais vai.” Ele segurou minha mão. “Torça pra eu não encontrar com ele pessoalmente, vou ter muito prazer em retribuir o que ele fez a você.”

Não falei mais nada. Eu estava me sentindo péssima, não só pela confusão em mim, mas me senti tão fragilizada e impotente. Todas as coisas que Richard disse para mim, ficaram repassando em minha cabeça como em um replay.

Coloquei meu cabelo na frente do meu rosto e andei o caminho todo até meu apartamento de cabeça baixa, quando entrei em casa estava tudo em silencio. Nem Baby estava lá, Luke e Kenny deveriam ter levado ele para correr com eles, ainda bem, um pouco de sossego e silêncio era tudo o que eu precisava.

“Eu vou ao banheiro.” Matthew beijou minha testa e saiu, ouvi meu celular tocando e o tirei de dentro da bolsa.

“Oi Black.”

“Aquela informação que queria procede, ela esteve aqui por volta de 18h30min ontem.” Você só pode estar brincando.

“Sabe o que ela queria?” Perguntei receosa.

“Segundo as recepcionistas, queria entregar algo que o Sr. Davis esqueceu com ela.” Então isso quer dizer que Matthew sabe que ela está aqui.

“Certo Black, muito obrigada.”

“Tente não matá-lo...” Black falou. Que bom, até Black sabia que nós dois estávamos juntos.

“Não prometo nada.” Disse e desliguei. Respirei fundo, mas a raiva já havia subido em minha cabeça.

“O que vai querer que eu compre para o almoço?” Matthew veio do banheiro e sentou no banco da cozinha.

“Quando ia me contar?” O olhei séria e ele franziu a testa.

“Contar o quê?” Ele disse confuso.

“Que Lindsay está aqui.” Cruzei os braços e ele arregalou os olhos.

“Como você sabe disso?” Ele suspirou.

“Achou que ela iria na minha empresa e eu não ia descobrir?” Sorri irônica. “Vamos ao que interessa, o que ela quer aqui?”

“Eu... Eu não faço idéia.” Ele desviou os olhos de mim.

“Se vai continuar mentindo, sugiro que melhore nisso. Eu não vou te deixar em paz até que me diga a verdade e para seu azar, eu tirei o dia de folga, tenho muito tempo.” Aproximei-me dele. “O que ela quer aqui?”

“Sophie, você teve um dia no mínimo muito cheio. Vem, vamos deitar e depois conversamos sobre isso.” Ele levantou e segurou em meu braço.

“Não quero conversar depois, quero conversar agora.” Soltei meu braço dele. “O que está acontecendo que eu não sei?” Ele me olhou por uns segundos e percebeu que eu não iria ceder. Eu merecia uma explicação.

“Se eu te contar, você vai me odiar.” Ele sentou de novo e apoiou a cabeça na mão.

“Eu nunca vou te odiar.” Disse sinceramente e ele abriu a boca, mas hesitou.

“A minha mãe... Ela convidou a Lindsay para passar o natal com a gente.” Ele falou e me olhou esperando uma reação minha.

“Só? Quero dizer... Eu estou um pouco brava que tenham se visto, mas... Bom se foi só isso. Mas, espera...” Parei um pouco para pensar. “Então o que ela está fazendo aqui?”

“Ela meio que quer voltar comigo.”

“E você quer?” Perguntei receosa, ele não me respondeu só me olhou. “Matthew?”

“Tem uma coisa que você precisa saber. Eu já queria ter contado, mas... Não tive coragem. Mas, também não posso ficar mentindo pra você.”

“O que foi?” Disse morrendo de medo do que eu ia ouvir.

“Naquele dia que tivemos aquele pequeno desentendimento, na véspera de natal, eu fiquei realmente chateado por você ter deixado aquele cara passar o natal aqui com você. Eu bebi um pouco além da conta e Lindsay, se aproveitou disso para se aproximar de mim...” Ele respirou fundo e me encarou. “Eu sinto muito, muito mesmo. Quando eu acordei eu me senti péssimo e a primeira coisa que fiz foi te ligar, mas eu não consegui contar por que eu sabia, eu sei, que você não vai mais querer olhar pra mim e...”.

“Espera ai!” O interrompi. “Você não fez isso. Isso é completamente impossível de ter acontecido.” Sorri. “Você é o Matthew, é o bonzinho de nós dois. Você nunca iria para a cama com a Lindsay de novo. Né?” Ele cobriu o rosto com as mãos. “Matthew...” Ele não disse nada, quando olhou para mim vi seus olhos cheios de lágrimas. “Como você pôde?” Gritei e ele levantou se aproximando de mim.

“Eu sei, eu sei, eu estou completamente errado Sophie, mas completamente arrependido.”

“E de que adianta você se arrepender?” Sorri sarcástica. “É por isso que a Megan não quis vir com você?”

“Ela me ouviu conversando com Marissa sobre isso e estava brava demais para conseguir passar horas em um vôo comigo.”

“Meu Deus...” Sentei no sofá. “Era Lindsay te ligando quando você chegou de viagem não era? Não era nenhum Charles, era ela!” O olhei.

“Ela veio para cá, chegou umas horas depois do meu vôo.”

“Por que você não me contou?”

“Por que eu sabia que iria reagir exatamente assim.”

“E achou melhor me esconder tudo isso?” Levantei e fiquei de frente á ele. “Matthew você dormiu com a Lindsay. E eu achei que essa história de vocês estava resolvida...”.

“E está. Está muito resolvida.” Ele deu um passo em minha frente e eu não recuei.

“Eu estou vendo.” Cerrei os olhos. “Eu não acredito que isso está acontecendo comigo de novo, não pode ser...” Andei de um lado para o outro nervosa.

“Como assim de novo? Você não pode me comparar com aquele tal de Connor, são situações completamente diferentes!”

“Tem certeza?” O olhei com a sobrancelha levantada. “Os dois mentiram para mim, os dois me traíram, os dois me fizeram de besta!” Gritei e ouvi a porta abrindo, mas nem me importei em ver quem estava entrando. “Acontece que agora eu não vou cometer os mesmos erros que cometi antes.”

“Sophie, tenta me entender, você melhor do que ninguém sabe como é isso. Você mesma me disse que todo mundo tem um ex!”

“Ah, claro, com a diferença de que eu não fui pra cama com o eu!” Gritei mais alto e quando virei vi Ethan e Kenny parados na porta perplexos. Maravilha, uma platéia.

“Vamos para o meu apartamento, lá a gente termina de conversar...” Matthew pegou no meu braço e eu o puxei.

“Eu não vou a lugar nenhum com você.” O encarei. “Depois de tudo o que eu fiz, de tudo o que eu falei... De que valeu Matthew? Você jogou tudo para o ar por causa de uma noite e ainda com a Lindsay!”

“Vem comigo e a gente conversa e se resolve.” Ele insistiu.

“Eu não vou com você nem até a esquina, entenda isso.” Cobri meu rosto com as mãos e senti meus olhos se enxerem de lágrimas. “Todos os dias em que você esteve fora, eu fiquei pensando em nós dois... Pensando em você. Por que você não pensou em mim também?”

“Você sabe que não foi assim!” Ele gritou e se aproximou de mim. “Por favor, não desiste de nós dois.”

“Eu não quero mais ficar com você!” Disse e ele me olhou em pânico.

“Por causa de um erro meu? Eu não sou perfeito Sophie, eu vou errar e errar muito, eu só estou pedindo que me dê uma chance de consertar o meu erro, por favor...”.

“Não dá Matthew... Você estragou tudo.” Engoli meu choro em seco, faziam anos que eu não chorava e não iria abrir o berreiro agora.

“Me diz o que você que eu faça que eu faço, qualquer coisa, você sabe que eu faço é só você pedir.” Ele pôs as mãos em meus braços.

“No momento eu só quero que você vá embora.” Me afastei.

“Eu não vou te deixar aqui sozinha, depois de tudo o que aconteceu...”.

“Ela mandou você ir embora.” Ethan disse o interrompendo, Matthew e eu olhamos em sua direção e Ken o olhou com reprovação.

“Nunca te ensinaram que não se mete em briga de casal?” Matthew disse com os punhos fechados e eu sabia que ele estava se esforçando o bastante para não partir para cima de Ethan.

“Casal?” Sorri amargamente. “Nunca fomos um casal Matthew. E nunca vamos ser um.” Ele olhou para mim de novo e eu me controlei para não correr e abraçá-lo, eu só queria que ele dissesse que era tudo mentira. “Tenha a decência de sair daqui, agora.” Virei e sai andando em direção ao meu quarto.

“Sophie...” Ele veio andando em minha direção, eu virei o rosto e o olhei feio.

“Chega Matthew. Já fez o suficiente.” Entrei em meu quarto e fechei a porta.

Eu não vou chorar, não vou. Não vou derramar uma lágrima sequer por você Matthew, não vou ser fraca como fui com Connor. Eu sou uma mulher forte e eu vou passar por cima de tudo. Sentei de frente ao espelho e olhei meu reflexo... Até quando eu iria aguentar ser machucada e me manter em pé? Meu rosto doía, minha boca doía... Mas, meu coração doía muito mais. Quantas coisas tinham me acontecido nas últimas horas. Será que eu nunca vou conseguir ter paz na minha vida?


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