Dreaming Again escrita por Sra Manu Schreave


Capítulo 12
Capitulo 11 - I Won't Give


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores,
Farei umas notas curtinhas, pq a meta é postar hoje ainda, ou seja, antes de meia noite. HAHAHA...
Então, não deu para responder os comentários, perdão, mas vou responder todinhos. Desculpem a demora para postar, mas aqui está, espero que gostem!
FELIZ DIA DOS AMIGOS!
Beijos,
Manu Schreave



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Não quero ser alguém que vai embora facilmente

Estou aqui para ficar e fazer a diferença que posso fazer

Nossas diferenças, elas fazem muito nos ensinando a usar

As ferramentas e os dons que temos, sim, há muito em jogo

E no fim, você ainda é minha amiga

— O Haymitch ou a Effie lhe falaram mais algo sobre a peça? — questiono sussurrante ao loiro à meu lado.

— Nada, apenas falaram que devemos escolher os supostos atores como se estivéssemos escolhendo Romeu e Julieta. — sussurra no mesmo tom que o meu, ciente de que se falar alto, Haymitch e Effie lhe passarão uma bronca.

— Bem que poderíamos escolher outros Romeu e Julieta mesmo. — resmungo sem a mínima vontade de ser Julieta.

Estamos no auditório da escola, organizados numa mesa respectivamente Haymitch, Effie, Peeta e eu, hoje é o dia da seleção de ‘atores’ para a peça da escola. Não bastando obrigar-nos a atuar, fazer parte dessa chatice melosa e suicida de Romeu e Julieta, somos obrigados a ajudar na escolha do elenco, mas eu vou me aproveitar disso. Oh, se vou! Eu e Peeta conseguimos trazer Mad, Annie, Clove e Cato para fazer o teste, e por pior que Cato se saia, conseguirei uma forma de colocá-lo no elenco, e isto será apenas um gostinho mais que merecido por me obrigar a ter um encontro com Peeta. Não que o Mellark fosse desagradável, ele melhorou bastante, mas pela rainha, eu não tenho a mínima vontade de protagonizar este ou qualquer encontro romântico.

— Então, Katniss, o que achou deste? — Haymitch me chama, fazendo-me arregalar os olhos. Eu não havia prestado atenção no garoto posicionado no palco durante um único segundo.

— Hum... Eu acho que podemos arrumar alguém melhor, mas caso tenhamos de lidar com a falta de pessoas, ele pode ser algum figurante. — Arrumo uma desculpa qualquer. Sinto muito, garoto, você pode ter sido perfeito, ou não, mas você será nosso figurante.

— Eu concordo com a Katniss. — Effie diz empolgada, o que me faz suspirar de alivio.

— Você ouviu, garoto, já pode sair do palco. — Haymitch o despacha de uma forma um tanto quanto rude. Olha quem fala — meu subconsciente acusa. —, você está longe de ser a pessoa mais delicada deste planeta, querido. Ótimo, estou conversando com meu subconsciente, quão mais louca posso ser?

Volto minha atenção para o palco temendo acontecer a mesma coisa da última vez quando uma garota de cabelos ruivos muito bem conhecidos por mim sobe ao palco.

— Muito bem, Cresta, interprete uma citação de Romeu e Julieta. — Effie pede. Quanta logica, eles não dão papel algum para as pessoas e querem que se saiam bem no teste, mesmo que Romeu e Julieta seja a tragédia mais conhecida do mundo, nem todo mundo decora algo.

“Meu inimigo é apenas o teu nome. Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume. Assim Romeu, se não tivesse o nome de Romeu, conservara a tão preciosa perfeição que dele é sem esse título. Romeu, risca teu nome, e, em troca dele, que não é parte alguma de ti mesmo, fica comigo inteira” — Annie recita com doçura, fazendo uma gesticulação simples, mas que diz muito, tanto amor, tanto sofrimento, duvidas e insegurança. Ela é a Julieta perfeita.

— Eu achei ela uma perfeita Julieta. — indico.

— Não adianta, Everdeen, Shakespeare pode aparecer aqui com a garota que ele considera a Julieta perfeita, que ainda assim, ela não te substituirá. — Haymitch retruca, fazendo-me bufar. — Mas, eu a achei realmente boa.

— Você está no elenco, Cresta, ainda não decidimos quem você será, mas você está. — Effie diz suavemente para Annie que sai sorridente do palco, entrando logo em seguida Cato.

— Certo, Mellark número dois, poderia, por favor, citar algum trecho de Romeu e Julieta para nós? — peço tentando ser alguém gentil, enquanto por dentro já estou pronta para enfia-lo nisto de qualquer forma.

— Hum... Poderia me dar um tempo para pensar se eu sei algum trecho de cor? — Faz uma cara confusa e pidona, mesmo revirando os olhos assinto. Ele passa um tempo no meio do palco mexendo a boca sozinho, como um louco, tentando se lembrar de algo, até que de repente sua face parece se iluminar. Cato chega mais à frente do palco e estende a mão no ar começando a recitar. — "Ser ou não ser, eis a questão. Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz ou pegar em armas contra o mar de angústias e, combatendo-o, dar-lhe fim? Morrer; dormir; Só isso. E com o sono - dizem – extinguir dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável. Morrer, dormir... Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo! Os sonhos que hão de vir no sono da morte quando tivermos escapado ao tumulto vital nos obrigam a hesitar: e é essa reflexão que dá à desventura uma vida tão longa.”

Cato fez uma ótima interpretação, sem dúvidas, a melhor que vi nesta manhã, mas eu não consegui evitar, tive de rir da confusão do pobre coitado que trocou Romeu e Julieta por Hamlet. Percebi que não era a única a rir, Peeta me acompanhava enquanto Effie olhava o garoto no palco, se sentindo totalmente ultrajada. Ela é uma professora de literatura inglesa, é um absurdo esta confusão para ela. Minha risada baixa é interrompida por Haymitch que se levanta aplaudindo o garoto. Uou! Haymitch. Aplaudindo. Cato. Essa é uma coisa que nunca imaginei ver, Haymitch aplaudindo alguém, mas Cato havia realmente se saído bem, apesar da confusão.

— Você se saiu muito bem, garoto, eu gostaria de te colocar como Romeu... — ele diz observando Cato atentamente, mas sua frase me surpreende fazendo-me olhar para Peeta que estava com uma mistura de sentimentos estampados em sua face, entre eles, a surpresa. — Mas, são ordens explicitas da diretora que seu irmão terá de ser o Romeu, mas garanto que já tenho um grande papel para você. Agora, pode se retirar. — Não sabia o que havia me deixado mais surpresa, Haymitch elogiando alguém, batendo palmas, sendo educado, seguindo ordens.

Mas, verdade seja dita, Cato se saiu melhor que qualquer um esperava, apesar de eu ser suspeita para falar. Afinal, apesar de detestar Romeu e Julieta e não ser muito fã de tragédias, sou completamente apaixonada por Hamlet. Adoro a forma que a reflexão é superior à ação, o que era impensável na literatura naquela época, adoro a forma que Shakespeare nos coloca diante das reflexões do herói e o fato da história ser considerada o drama da consciência. Tão reflexivo, apesar de toda tragédia.

Muitas outras pessoas fizeram o teste, algumas boas, outras realmente ruins, entre essas pessoas estava Mad que apesar de ser muito dramática, não tem talento algum para interpretação. Uma coisa que eu não imaginava é que tantas pessoas se interessassem por fazer essa apresentação, o que há de tão incrível em fazer uma peça de escola? Falta apenas uma pessoa que é Clove, segundo o que as meninas falaram por mensagem, ela está com vergonha, mas não desistiu.

Logo, ela entra, cabeça baixa, sorrisinho tímido, olhar temeroso, mas consigo perceber que a mente dela está a mil.

— Você já deve saber o que tem de fazer, Clove, pode recitar, então. — Effie pede já cansada.

“Vem, noite! Vem, Romeu! tu, noite e dia, pois vais ficar nas asas desta noite mais branco do que neve sobre um corvo. Vem, gentil noite! vem, noite amorosa de escuras sobrancelhas! Restitui-me o meu Romeu, e quando, mais adiante, ele vier a morrer, em pedacinhos o corta, como estrelas bem pequenas, e ele a face do céu fará tão bela que apaixonado o mundo vai mostrar-se da morte, sem que o sol esplendoroso continue a cultuar”. — Clove recitou com tanto amor e dor que lagrimas quase me escorreram, mas quando percebi que eu estava me emocionando a tal nível me controlei, ao contrário de Effie que chorava loucamente. Ao fim, todos nós nos levantamos admirados e batemos palmas. Ela havia sido realmente uma grande atriz, gesticulado nos momentos certos, feito as feições corretas e demonstrado o nível certo de cada sentimento. Ela havia se saído perfeitamente, ainda melhor que Annie ou Cato.

— Você se saiu incrivelmente bem, Clove, temos um papel mais que especial para você, porém, terá de esperar para saber assim como todos os outros. — Haymitch a elogia, ela assente com a cabeça se retirando. Mais tarde teria de dizer a ela que independente do que acontecesse na vida, ela já tinha realizado um feito grande, Haymitch Abernathy a elogiou de forma gentil e quase doce, ela poderia se dizer sortuda. — Quanto a vocês dois — Vira-se em nossa direção. —, não foram tão mal quanto esperei, contribuíram até bastante, de certa forma, principalmente trazendo seus amigos. Espero encontra-los novamente no mesmo dia que anunciar o elenco e passar os papeis, vocês sabem, na semana que vem. Então, sumam logo da minha frente. — Termina com um sorrisinho mínimo estampado na face.

Eu e Peeta saímos da sala lado a lado, logo percebo que a escola está vazia, afinal, hoje é sábado e os alunos que fizeram o teste já foram embora. Meio sem jeito viro-me para Peeta.

— Teria como me dar uma carona até em casa?

— Claro, claro. — assente enfaticamente.

Entramos no carro dele, e seguimos o caminho em um quase silêncio.

— Posso ligar o som? — peço.

— Pare com esses ““Posso?”, “Por favor”, serio, estamos quase conseguindo ser amigos, mas desse jeito, seremos sempre estranhos simpáticos.

— Eu só estou querendo ser educada, poxa...

— Ah, então, por favor, tem como evitar ser educada comigo? Obrigada! — resmunga ligando o rádio. — Alias, você está ansiosa para o nosso encontro hoje à noite, queri....?

— Pare, pare agora, não termine essa palavra. — interrompo-o. — Eu não quero recitar a frase de A Seleção, não estou com a mínima vontade de dizer “Não sou sua querida!”, então, não me chame de querida. — quase grito.

— Certo, desculpe-me. Sabia que eu te prefiro assim, gritando comigo, Katze? Assim você parece mais real, a garota que eu conheço.

— Então, você gosta de me ver gritar? — pergunto totalmente confusa.

— Não sei se você percebeu, mas existe uma longa lista de garotas na escola, que gostariam de me ter por perto, por um prazo muito maior que o que eu aguento a presença delas. São tão chatas, melosas, irritantes... Aquela coisa de patricinhas, sei lá. Esse é o motivo de eu te achar interessante, você não gosta de mim, você não é doce comigo.

— Então... — começo a pensar. — Se eu for uma pessoa legal com você, vai me deixar em paz?

— Não. Você realmente acha que é fácil se livrar de mim, não é?

— Por que você tenta tanto? — respondo com outra pergunta, respirando fundo, levemente frustrada, mas curiosa.

— O homem ocupa-se a desejar em voz alta aquilo que jamais se esforça para alcançar. — Dá de ombros, ainda dirigindo firmemente. — Eu quero fazer diferente.

— Mas, você sabe que todos que tentaram falharam, não sabe? — tento desanima-lo.

— E, daí? Certa vez, quando um homem bateu um recorde do Guiness Book, todos viraram para ele surpreendidos e falaram “Uau! Como você fez isso? É impossível!”, sabe o que ele disse? — Nego com a cabeça, realmente entretida na conversa. — “Serio que era impossível? Eu não sabia!”. Para mim não importa quantas pessoas tentaram e não conseguiram, Katze, eu não vou parar de tentar. Era impossível pisar na lua antes de um cara conseguir, depois disto, deixou de ser. — termina parando o carro, me fazendo olha-lo confusa, até perceber que cheguei em casa. — Te pego às 20h, mein lieber*, sei que estará tão linda quanto sempre.


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Notas finais do capítulo

*Mein Lieber = Minha querida
Gostaram? Espero que sim! Quero suas belíssimas opiniões.
Entrem no grupo do face: https://www.facebook.com/groups/655117534634266/
Beijos,
Manu Schreave!