Dreaming Again escrita por Sra Manu Schreave


Capítulo 10
Capitulo 9 - Fake It


Notas iniciais do capítulo

Ola meus amores,
Sei que deveria ter postado esse capitulo semana passada, mas como remissão, vou postar dois essa semana



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E só finja se estiver desorientado
Finja se você não pertence a este lugar
Finja se você se sente como uma infecção
Você é um hipócrita fudido

Duas semanas entediantes. Duas entediantes semanas. Entediantes duas semanas. Estou exatamente assim. Essas últimas duas semanas foram entediantes. Annie se recuperando, Christopher de suspensão, Madge voltou de viagem e se chateou por não termos esperado por ela para a vingança, Finnick imaginando que agora possivelmente terá uma chance com Annie, Clove melhorando a cada dia.

Até as aulas de natação estão sendo tediosas, aqui eles não as levam tão a sério quanto era no internato. As aulas de alemão com Peeta tem continuado, e ele tem se saído bem, está até cantando algumas músicas em alemão, o que é hilário. Mas, o pior é quando ele começa a mandar piscadinhas para o meu lado. Eu estou ciente de que não me afeto por ele, mas aparentemente, o pobre coitado não está tão ciente da minha imunidade à ele.

No momento, estou na aula de biologia, vulgo matéria desnecessária na minha vida. Me sinto como se estivesse assistindo um vídeo no silencioso, vejo bocas mexendo, coisas caindo, movimentos sendo feitos, mas não escuto nada. Eu faço esta aula com Annie e Peeta, o garoto ‘sorriso torto’ está sentado lá atrás com algum amiguinho dele, e Annie está sentada na minha frente.

Tem mais de um mês e meio que estou por aqui, não sei se considero que passou rápido ou devagar. Não me sinto como se estivesse totalmente bem em estar aqui, mas estou mais ‘conformada’. Tenho me divertido mais, não perdi o contato com Cinna, minha relação com Gale está quase melhor, e mal vejo meu pai e a loira dos sorrisos. Minhas notas estão boas, mas isto não é novidade. Estou começando a me acostumar novamente com o calor constante. Estou bem.

Volto minha atenção para o planeta escola, quando a diretora entra na sala. Pelo canto dos olhos vejo alguns alunos ficarem tensos com a presença dela, mas eu não me importo, nunca tive problemas com ela, e acredito que não chegarei a ter. O pior é que ela sempre chega sorrindo, talvez cause uma sensação boa nela ver os alunos tensos, sentir o cheiro de medo e apreensão. Não importa o que vai dizer, ela sempre chega com aquele sorriso chato, aquele sorriso de maldade, mas por estranho que pareça, hoje o sorriso dela está diferente, ela está com o sorriso de vitória, mas não importa o motivo, para os alunos ela sempre será a Coin, a bruxa sem alma. Uma clara brincadeira com o nome dela, Alma Coin.

— Bom Dia, alunos, professora Sheron. — cumprimenta de forma polida. — Eu gostaria da presença de dois alunos na minha sala. — pronunciou toda a frase com um sorriso no rosto, e eu posso jurar ter visto os arrepios nas colunas de alguns alunos. — Peeta Mellark e Katniss Everdeen, podem me acompanhar?

Observo a tudo e todos por alguns segundos, enquanto as palavras se repetem milhares de vezes em minha cabeça. Como assim eu e o Mellark? Não lembro de ter feito nada, a não ser... Como ela teria descoberto sobre o que eu e Peeta fizemos a Christopher? Seria impossível isso chegar a seu conhecimento, sem que alguém tenha nos dedurado, e particularmente, duvido que alguém tenho o feito. Olho para Annie que se virou um pouco para trás, querendo me olhar, seus olhos estão arregalados e a pele pálida, com certeza pensou o mesmo que eu. Antes de me levantar, pego levemente em sua mão e sussurro:

— Não deve ter sido nada, fique calma e permaneça viva durante essa aula chata, depois vou precisar da sua ajuda.

Levanto-me calma e despreocupadamente, ou quase isso, afinal, não há logica para essa mulher me chamar na diretoria. Vejo algumas pessoas cochichando, mas sigo normalmente a diretora para fora da sala, como se soubesse de que se trata tudo isso, sei que Peeta está logo atrás de mim, sua respiração quente e um pouco acelerada está batendo em minha pele. Quando chegamos ao corredor, ele passa a estar a meu lado, com isso trocamos nossos olhares confusos e com isso, percebo que ele está mais nervoso que eu.

— Você tem cara de quem mora na sala da diretora, mas está com a respiração acelerada igual uma mariquinha. — debocho, apesar de não estar tão melhor. — Só te dou uma dica, a principal. Quando chegarmos a sala dela, não fale nada, sente-se e espere ela falar. Vai que não é sobre o que estamos pensando.

— E sobre que mais seria para ela chamar nós dois, juntos? — sussurra um pouco alterado, mas com a voz baixa o bastante para apenas eu ouvir. E o pior é que é verdade, chamar apenas a mim ou apenas a ele é uma coisa, mas chamar nós dois, juntos, só pode ser pelo que aprontamos com Christopher.

Será que ela já encontrou Cato e Clove?, penso em questionar, mas mantenho-me calada ao perceber que já estamos próximos.

— Eles já estão lá dentro. — a secretaria de Coin fala após passarmos por ela, a diretora apenas assente. Aparentemente, minha pergunta foi respondida.

Entramos seguindo a diretora e me preparo para ver Clove e Cato na sala, mas pelo contrário, encontro Effie, a professora de literatura e um outro senhor que eu não conheço.

— Podem se sentar. — a diretora permite e nós o fazemos, ela também se senta em seu lugar do outro lado da mesa, e os outros dois ainda estão de pé. Passamos um tempo em silêncio até que Alma respira fundo. — Não vão questionar por que estão aqui?

— Imagino que a senhora vá dizer. — respondo apenas.

— Certo, aparentemente é o típico ‘quem não deve, não teme’, certo? — ela questiona, mas parece estar falando para si mesma. Apenas dou de ombros. — Outros alunos estariam em desespero, sabiam?

— Se me permite dizer, eu não sou os outros alunos, senhora Coin. — ela assente com um ar triunfante.

— Eu já havia percebido, Everdeen, já havia percebido. Mas, vamos direto ao ponto.

— Pensei que nunca iria. — Peeta retruca baixo.

— Eu me interessei pelo seu histórico, sabia? Me interessei e telefonei para sua antiga escola querendo obter algumas informações. — ela pronuncia cada palavra com o olhar firme em mim. Conheço esse jogo. Se ela quer competir quem desvia o olhar primeiro, eu compito. — Quase nada foi novidade. Boas notas, comportamento adequado, alto nível de Qi... Mas, saber que você era tão envolvida lá foi interessante, sabia? Se eu não me esquecer de nada, você fazia teatros, tocava alguns instrumentos, ajudava na explicação de alguns alunos fracos e ainda conquistava algumas medalhas e taças em esportes para a escola.

— A senhora está esquecendo da ajuda na área de psicologia. — acrescento sutilmente. Não sei onde esse joguinho vai parar, mas se for para me queimar, que queima direito. Se for para me molhar, que entre com tudo na tempestade.

— Certo, certo. Sabe por que eu me surpreendi? — questiona e eu nego dando de ombros. — Aqui você não tem feito metade dessas coisas, e eu me questionei se o problema não era conosco.

— Eu estou na natação, não?

— É, você está na natação, mas acho que uma pessoa como você merece um incentivo.

— Pessoa como eu? Incentivo? — questiono a cada segundo mais irritada e confusa.

— Uma pessoa talentosa, Katniss. E seu incentivo tem a ver com os professores atrás de você. Creio que já conheça a Effie. — a professora de cabelos loiros quase alaranjados faz uma mesura. — Mas, não o Haymitch, ele é nosso professor de teatro.

— O que isso tem a ver comigo? — Peeta questiona, chamando atenção para si pela primeira vez desde que entramos nesta sala.

— Ainda não chegamos nessa parte, garoto, espere um pouco e chegaremos em você. Mas, onde estávamos, Katniss? Ah, sim, na parte em que conto que você foi escolhida.

— Escolhida? Para quê? Não pedi para ser escolhida para nada.

— Você foi escolhida para Julieta, querida. — a voz estridente de Effie chama a atenção.

— Julieta?

— Bem, você não deve saber, mas todo ano nós temos uma apresentação de fim de ano na escola, geralmente a releitura de uma peça famosa.

— Certo.

— Esse ano o escolhido foi Romeu e Julieta, o que acha?

— Trágico. — Peeta diz, me fazendo revirar os olhos.

— Não você, garoto, ela. O que você acha, Katniss?

— Clichê. Trágico, também, e cansativo. Já cansei da história do casal de tolos apaixonados que se suicidam.

— É por isso que fazemos releituras de peças famosas, para não ser igual. Acredite ou não, você não é a única cansada. Mas, como eu já havia falado, você é Julieta. — abro a boca para retrucar, mas ela não permite. — É agora que você entra, Mellark, você será nosso Romeu.

— Como? — questionamos juntos.

— Você não pode me obrigar a... — não consigo terminar a frase, pois o desespero de Peeta interrompe o meu.

— Não pode fazer isso comigo, não tem nem motivos, e se eu for um péssimo ator.

— Não vai importar, Mellark, se você for bom ou ruim, será uma boa lição para não aprontar mais com quem não deve, certo? — quase pergunto sobre, mas decido interceder a meu favor.

— Por que quer me obrigar a isso?

— É seu primeiro e último ano na nossa escola, não gosto da ideia de saber que tive um grande talento em mãos e não usei. Amanhã, Effie e Haymitch passarão para vocês qual será a versão da peça, e no sábado, vocês ajudarão aos dois na escolha dos outros atores.

— E se eu não participar?

— Outra coisa que sei sobre você é que tem grandes ambições, Everdeen, e uma vaga em Cambridge não é fácil de se conseguir, mas se tiver uma carta de recomendação bem escrita de uma escola como a nossa junto com suas notas, talvez consiga uma vaga.

— Está me chantageando? — arregalo os olhos.

— De maneira alguma, isto é apenas um fato, você sabe que as universidades também contam as atividades extras. Agora, se ambos puderem sair da minha sala, por favor. — saímos da sala, ambos derrotados.

— Que horas são? — questiono quando já estamos no meio do corredor.

— Algum momento desinteressante de aula. O horário daqui a pouco. Não quero entrar na sala agora.

— Vamos para a área externa da escola, Romeu. — brinco e ele ri.

— É um bom apelido, até te chamaria de Julieta, se não preferisse Katze. É sério que você fazia aquele monte de coisas na antiga escola?

— Eu morava na escola, não é como se as vezes eu não me entediasse.

— Não parece ser apenas por isso.

— Talvez não seja realmente, quem sabe um dia eu não te conto a verdade. — sorrio de modo brincalhão, após me sentar na sombra de uma arvore e ele se juntar a mim.

— Temos uns quinze minutos, traduzindo, quero saber sobre você. — fico em dúvida, mas por fim dou de ombros. — Um livro.

— Hum... Gosto do Diário de Anne Frank.

— Interessante. Uma música.

— Titanium.

— Aquela da Sia com David Guetta?

— Essa mesmo.

— Motivo.

— Porque sou à prova de balas, não tenho nada a perder, podem atirar em mim, mas eu não caio.

— Era apenas um motivo, não precisava usar a letra da música. — brinca. — Aquele dia que te encontrei tocando piano. Por que tocava aquela música?

— Porque eu queria, precisa de motivos para tocar certa musica agora? — minto levemente.

— Do jeito que você estava tocando, sim, você tocava com toda a alma.

— Mude a pergunta, por favor.

— Por que você não confia nas pessoas?

— Eu conf... — começo a dizer que ele está errado, mas o olhar que me manda diz “Não adianta tentar dizer não, responda minha pergunta”. — Eu simplesmente não confio nas pessoas, Mellark. Se eu precisar de ajuda, e não puder me ajudar, espero pelos bichinhos da Disney, sei que posso confiar neles. Mas, pessoas não, é difícil confiar nelas, são egoístas, egocêntricas, orgulhosas. Apenas não confio.

—Então, pense em mim como um dos bichinhos da Disney. Posso ser o camaleão de Enrolados ou um dos anões da Branca de Neve. Mas, se você preferir... — dá seu famoso sorriso ‘charmoso’. — Eu posso ser seu príncipe, não importa qual. Branca de Neve, Bela Adormecida ou Rapunzel, você decide. — dá uma piscadela.

— Ah, Mellark... Você está mais para Fera antes do amor da Bela. — dou um sorriso irônico e debochado. — Precisa de uma transformação para ser um príncipe. — devolvo a piscadinha.

— Esse é seu modo de dizer que quer me amar como a Bela ama a Fera? Porque se for, mesmo sendo ofensivo, eu aceito.

— Oh, como és iludido, Romeu. — declamo em meio as risadas.

— Um dia você ainda vai perceber que me ama. — Piscou pela última vez, dando um sorriso torto.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram? Não? O que preveem para essa peça? Comentem vossas opiniões. Se acharem que a fanfic merece, favoritem ou recomendem.
Entrem no grupo do face: https://www.facebook.com/groups/655117534634266/
Beijos,
Manu Schreave