Três Corações - o Coração que Me Amou escrita por mariana_cintra


Capítulo 17
Sete - Medo de Altura


Notas iniciais do capítulo

Gente, pra compensar o capítulo do número oito, ke foi bem fraco, escrevi esse assim, e julguei que ficou bom e razoavelmente grande...

Aaah, não fiquem achando ke eu ia colocar um hentai nesse capítulo, só dei uma pequena abertura para o Nº2 hahahahahaha...

E essas coisas das palavrinhas de amor, do momentinho "love of my life" deles e tudoo o mais... Bom, isso foi meio que uma experiência própria... Não gato, não foi uma experiência própria com o Dan, pois o Dan não existe (e se existisse, eu não contaria, pois ele seria MEU). Experiências... Ah, que boas histórias de ficção podemos tirar delas...

Bom, não achem que sou tarada

Espero que gostem...

Boa leitura !



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Então, Dan estava derrubando item por item da minha lista dia após dia, quando acordei naquela bela manhã ensolarada, sabia que aquele era o dia em que venceria meu medo de altura. Na noite anterior, havia combinado de almoçar com ele, e, como acordara tarde naquele dia, já me arrumei e saí, indo para o restaurante combinado.

 

            - Oi amor! – eu disse, assim que o vi chegar, pouco tempo depois de mim.

            - Oi, minha querida! – Ele abriu aquele sorriso de dentes brilhantes, me fazendo pensar se existiria algum outro sorriso tão lindo no resto do mundo.

 

            Enquanto almoçávamos, conversamos sobre várias coisas. Uma conversa bem descontraída, que poderia ser de qualquer casal de namorados. Isso até que ele me perguntou:

 

            - Pronta para vencer seu medo hoje?

            - Depende de como vou vencer esse medo. – Confessei. Estava ansiosa por saber onde ele me levaria.

            - Eu estava pensando... Numa pequena atraçãozinha turística aqui da cidade. É bem recente.

            - Não acredito que vá ser uma atração para mim. Só se considerarmos como atração a força da gravidade me levando em direção ao chão quando eu cair de onde quer que seja que tem em seus planos.

            - Não faça piadas. Depois de hoje, você será uma garota que amará lugares altos.

            - Dan, acho que está exagerando um pouco. Claro que não posso negar que você tenha mudado muita coisa na minha vida. E devo admitir que, na realidade, mudou toda a minha vida. Mas eu não acho que esse meu medo seja algo que possamos mudar tão facilmente.

            - E quem foi que disse que seria facilmente? – lê ergueu uma sobrancelha para mim.

            - OK, amor. Agora sim eu estou aterrorizada.

 

            Eu falava sério. Depois daquela pequena dose de sarcasmos dele, eu tinha ficado apavorada. O que ele ia fazer? Me levar até o alto de um prédio, amarrada a uma corda e me soltar lá de cima, para que eu parasse somente quando estivesse há trinta centímetros do chão? Eu decididamente esperava que, caso esse fosse seu plano, medisse bem esses trinta centímetros. Farsa. O que eu de fato esperava era que esse não fosse seu plano.

 

            - Então... – Dan começou, enquanto dirigia. – Temos uma pequena trilha a fazer. Metade dela pode ser feita de carro, mas o resto faremos a pé.

            - Uma trilha? O lugar é alto?

            - Acha que eu te levaria para vencer seu medo de altura em cima de um banquinho? – ele riu, irônico.

            - Bobo. Eu queria saber a proporção desse alto para o meu medo.

            - Ah, claro. Bom, na verdade eu acho que você vai ficar apavorada, horrorizada, aterrorizada ou qualquer coisa do tipo. A altura nem vai te assustar tanto, e sim o vazio.

 

            Depois de fazermos metade de uma trilha de carro e subirmos o restante de uma serra a pé, entendi o que ele queria dizer. Não havia nada demais naquela serra alta. Mas havia muita coisa demais quando descobri que aquela serra era conectada a uma plataforma há cem metros de distância. Para chegar a essa plataforma, devia-se seguir por uma ponte suspensa entre a serra e a mesma. Ah claro! Aquilo seria fácil pra mim. Andar numa ponte suspensa que me levaria de uma serra para uma plataforma erguida sobre outra serra, sendo que havia uma distância de cem metros entre elas.

            Pra começar que eu nem sabia que havia sido inaugurada essa ponte suspensa. Na verdade, três anos atrás, o prefeito da cidade anunciou que seria construída essa atração, mas eu jamais imaginei que ela teria ficado pronta. E, depois, pensei que Dan fosse me levar para algo menos assustador.

 

            - Muito medo? - Ele me perguntou.

            - Não se você não disser que preciso atravessar.

            - Que brincadeira é essa, Lana? – Ele riu pra mim. – Você veio até aqui pra vencer seu medo de altura. Tem que atravessar.

 

            Seguimos andando até a extremidade da ponte. Antes de começamos a andar sobre ela, um guia avisou-nos que ela era totalmente segura e que já havia sido testada diversas vezes. Seguimos andando por ela, até um momento em que Dan parou e segurou minha mão. Eu estava assustada e queria chegar logo ao final. Não queria ficar parando e enrolando. Mas esse era provavelmente o plano dele.

 

            - Olhe pra baixo. – Ele me disse, quase mandando.

            - Nem pensar. Já está ruim o suficiente assim.

            - Olhe pra baixo. – Dan falou em tom mais sério desta vez.

            - Não, Dan! Você sabe que eu tenho medo1 Vamos atravessar logo!

            - Lana, eu quero que você vença esse e outros medos, então seja corajosa e derrube de vez seu medo de altura. Olhe pra baixo!

            - Eu já estou andando aqui em cima, o que mais você quer que eu faça? Isso já vai me fazer perder o medo.

            - Não, só estar aqui não é suficiente. Quando isso acabar, se não tiver enfrentado seu medo ao extremo, ele não acabará. Olhe pra baixo!

            - Dan, eu me sinto mal! Não quero olhar!

            - Olhe! – Ele bradou para mim, com uma voz que eu senti nascendo dentro de seu peito, com força e calor.

            - Dan, se esse medo não passar, pelo menos eu tentei, segui a lista. Mas não tenho coragem de olhar, isso me faz mal!

            - Lana, quero que você vença tudo: seus medos, seus arrependimentos, suas complexidades, suas inimizades, suas mágoas, tudo. Você não entende, mas eu simplesmente não posso ir se não tiver a certeza de que você está bem resolvida aqui. Portanto, apenas vença esse medo!

            - Ir pra onde? – questionei-o, prestando bem atenção na parte em que ele disse que não poderia ir se não tivesse a certeza de que eu estava bem resolvida. O que significava, afinal?

            - Ir? Ir pra onde? – ele tentou contornar.

            - Sou eu quem pergunta. Você falou que não pode ir se não tiver a certeza de que eu estarei bem resolvida. Ir pra onde, Dan?

            - Não, eu não falei isso. Você entendeu mal. – ele tentou mais uma vez contornar, porém, enrolou-se nas palavras, nervoso.

            - Falou sim! Eu ouvi! Pra onde você vai? Você vai embora? – Comecei a fantasiar, várias ideias e significados pra aquela frase dele passaram pela minha cabeça, e, pior, numa questão de segundos. – Você vai me deixar, Dan? Pra onde você vai?

            - Lana, pare de fantasiar. Eu não vou embora, você sabe disso. Nunca vou deixar você, não sei por que ainda duvida.

            - Mas então pra onde você vai?

            - Eu não vou pra lugar nenhum. Eu me expressei mal e você entendeu errado. Só isso. Nada demais. Agora, vá. Olhe pra baixo!

            - Dan, você sabe que eu vou morrer! Que diferença faz se vou morrer com ou sem medo de altura?

            - Não questione. Apenas vença seu medo.

            - Esqueça. Eu não vou olhar.

            - Tudo bem. – Ele suspirou, e, nessa hora, eu realmente achei que ele tinha desistido.

            Doce engano. Fui surpreendida por um chacoalhão. De repente, ele agarrou minha cintura, por trás, e me rodou no ar. Meus pés saíram do chão e minha cabeça girou. Paramos inclinados em cima da lateral direita da ponte. Ele conseguira. Eu estava olhando pra baixo, para aquela imensidão verde, com pequenos pontos de terra, algumas pinceladas de prata das imbaúbas e reflexos de um fiozinho de rio que corria lá embaixo, tão distante de nós. A visão era linda, mas ali de cima. Era fato: eu estava morrendo de medo de cair. Isso sim era medo de altura.

 

            - Preste atenção. Você não vai cair. Aquilo está lá embaixo, mas não existe a menor chance de você cair, desde que não deseje cometer uma loucura e lançar o corpo pra frente aqui. Você não vai cair. Você está distante de todo aquele mundo lá embaixo. Toda a vida agitada, o medo, a hesitação, os erros, as mágoas, a correria, a frustração... Tudo ficou lá. Você está aqui em cima agora. Só você... Como se estivesse no céu. Respire fundo.

 

            Fiz como ele mandou. Continuei olhando por algum tempo e, depois, fechei os olhos e respirei fundo, prendendo a respiração por alguns segundos. Soltei o ar bem devagar, sentindo seus braços afrouxando-se em torno da minha cintura. Percebi o calor de seu corpo atrás de mim. Nossos corpos estavam colados, e senti uma sensação boa, porém, embaraçosa, como se um calor, um certo formigamento estivesse subindo pelo meu corpo, me queimando por dentro. Ele voltou a apertar os braços em torno de mim, unindo nossos corpos ainda mais. O calor que corria por meu corpo começou a esquentar minha face, fazendo minha bochecha corar.

 

            - Abra os braços. A sensação é maravilhosa.

            - Titanic?

            - Podia ser. Mas ninguém vai pular daqui. Vamos, abra os braços.

 

            Abri meus braços e entreguei-me ao vento. Era como se eu pudesse voar. Depois de algum tempo, sem que eu tivesse controle, percebi meus braços deslizando pelo rosto e pelo pescoço de Dan, acariciando-o, contornando a nós mesmos. Continuei de olhos fechados, porém, podia sentir a luz que vinha da nossa frente. Ele ainda estava atrás de mim, e começou a distribuir beijos silenciosos por minha nuca. Quando começamos a atravessar a ponte, não havia ninguém, mas isso não significava que não houvesse ninguém ali naquele momento, nos vendo trocando carícias. Apesar de tudo, eu não me importava. Senti a respiração de Dan fazendo-me arrepiar, enquanto ele estendia os beijos ao pé da minha orelha, dando suaves mordidinhas na mesma. Por um momento, parou e ficou ali, em silêncio, apenas respirando no meu pescoço. Suas mãos de repente ficaram suaves na minha cintura, deslizando de cima para baixo, de baixo para cima, numa inocente carícia. Quando parou, puxou meu corpo mais perto, o máximo que podíamos, tirando todo o ar, qualquer centímetro de espaço entre nós, e apertou-o contra o seu. Pude sentir meu quadril colado ao dele, e isso me deixou um pouco embaraçada. Virei meu rosto, lentamente, e ele girou um pouco a cabeça na direção da minha boca, colando seus lábios aos meus de maneira calma, tranquila. Eu nem ao menos havia oferecido passagem ao seu beijo, tão extasiada e retardada que estava pelo momento. Quando ele afastou-se um pouquinho, sussurrou:

 

            - Não vai deixar que eu te beije?

 

            Só então percebi que, tão extasiada como estava, não havia concedido a ele que me beijasse. Ele colou sua boca à minha mais uma vez, e, então, dei-lhe passagem para que me beijasse. O beijo tornou-se intenso, mexendo com todas as nossas sensações e certezas, e eu já não sabia mais se era sonho ou se era real. Aos poucos, ele foi me virando para ele, e, em segundos, estávamos um de frente para o outro, colados, tão unidos como se fôssemos um só. Ele passou uma mão pelo meu pescoço e, gentilmente, afastou meu cabelo e levou-o para segurá-lo na minha nuca, num movimento suave. Me beijou com ainda mais intensidade, quase empurrando meu rosto para trás. Quando parou, distribuiu alguns beijos por meu pescoço ainda, e, por fim, sussurrou ao meu ouvido:

 

            - Não é tão ruim assim estar aqui em cima, certo? Eu te amo, menina do coração de cristal.

 

            É, meu coração era de cristal, mas, naquele momento, engrandeceu-se tanto que passou a ser um coração de diamante. Realmente seria, caso não pudesse quebrar-se. Era uma pena.

 

            Dan foi se afastando, suavemente, como quem queria voltar aos beijos e carícias. Era como se ele estivesse se segurando.

 

            - Eu preciso me controlar. Você é tão perigosa pra mim que às vezes avanço o sinal e esqueço que preciso parar.

            - Tudo bem. Eu aceitaria se você continuasse. – Inclinei-me para ele, querendo que ele continuasse me beijando, mas ele segurou-me e me deteve.

            - Não, Lana. Ainda há alguns itens da lista para derrubar antes disso, lembra?

 

            Só então percebi do que ele estava falando. Simplesmente achava que aquilo era um momento de beijos e carícias, onde ele estava tentando se controlar para não me assustar. Entendi errado. Ele estava falando realmente da nossa primeira noite. Por essa razão, parei.

 

            - Tudo bem, acho que você me fez superar isso. Por que raios, afinal, eu tinha medo de estar num lugar tão alto? É maravilhosos1 Sinto como se eu pudesse voar!

 

            Saí correndo, seguindo para o outro lado da ponte, para a plataforma. Ele me seguiu de perto, chegando junto comigo.

            Corremos mais um pouco, para apreciar e bela visão. Estava feito. Como em todas as outras vezes, Dan tinha conseguido. Eu não tinha mais medo. Aquela ponte significava o fim do meu medo de altura... E o começo do meu desejo de voar!

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Ficou bom? Gostaram?
Então deixem reviews!

Beiijos da autora ;*