Outubro (Visão da Bella)

"Fomos feitos para a dor. As lágrimas são para o nosso coração o que é a água para os peixes." (Gustave Flaubert)

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Eu estava tentando viver. Tentando. Eu me esforçava todo dia, a cada hora, a cada minuto, para não correr para o meu quarto e ficar lá. Eu estava tentando pensar o menos possível nele, deixaria isso para os meus sonhos. Eu tentava esconder dos meus olhos, da minha mente tudo que me fizesse pensar nele. Musicas, eu quebrei e joguei fora todos os meus CD`s, televisão sempre teria uma pessoa que teria algo parecido com o dele. Livros sempre teria um nome, uma característica que me lembraria ele, parei de ler.

Eu tentava fazer tudo o que fazia antes, comer, fazer o jantar, ir à escola, fazer o dever de casa, tentava ser normal. Eu não estava igual à antes, eu nunca mais seria como antes, eu não sorria, não falava com ninguém exceto se me perguntarem.

Eu estava me sentindo uma morta-viva, um zumbi, um corpo sem emoção. Era assim que eu parecia. As minhas lembranças dele estavam começando a sumir e no seu lugar, no lugar que ele ocupava no meu coração, estava um enorme vazio que parecia um buraco negro que estava sugando todas as minhas lembranças.

As noites eram piores, os pesadelos tomavam conta da minha mente, pesadelos terríveis me acordavam toda noite aos gritos, aos berros e isso estava me destruindo. Eu dormia mal, estava cada dia mais parecida com um zumbi, não eu estava mais parecida com ele. Pele branca e olheiras. Que sonho, entre todos o que tivesse esse havia desmoronado. Eu nunca seria igual a ele, nunca viveria eternamente ao seu lado. Será como se eu nunca tivesse existido, ele me prometeu. Promessa inútil, eu nunca me esqueceria dele.