Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 20
Capítulo 20 - Mundo dos Mortos


Notas iniciais do capítulo

Paramos junto à cabana. A mesma cabana em que eu havia sido tão feliz. A mesma cabana em que eu havia estado com Dimitri.
Meus pés pararam. Eles simplesmente se recusavam a entrar lá novamente.
Mason me segurou pela mão e praticamente me arrastou.
— Rose, você tem que ver isto. Tem que entender o quão difícil vai ser.



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Eu adormeci em algum momento depois de Dimitri me ajeitar em seus braços e me cobrir, mas não me lembro bem. Estar abraçada á ele me fazia perder completamente a noção de tempo.

            O fato é que despertei em algum lugar que eu não sabia bem qual. Era um gramado imenso e coberto de flocos de neve. Eu não estava com frio, embora vestisse apenas uma calça de ginástica e uma camiseta. Eu estava sozinha no meio do campo gramado, quando Adrian apareceu. Ele caminhou até mim com a mesma calma de sempre, as mãos nos bolsos.

-           Rose, Rose. Eu preocupado com você, e você aí toda feliz.

Eu sorri.

-           Como está Lissa? Ela está preocupada comigo?

      Adrian sorriu.

-           Eu digo que estou preocupado com você e você pergunta por Lissa. Você não tem jeito mesmo, Litlle Dhampir.

Ele ficou em silêncio, e ajeitou os cabelos com as mãos – o que me fez sentir um pouco culpada.

-           Sim Rose, ela está preocupada. Na verdade, ela provavelmente vai estar no meu quarto assim que eu voltar para lá. Eu prometi á ela que procuraria por você.

-           Diga á ela que eu estou bem, Adrian. Diga que eu estou com Dimitri.

Os olhos de Adrian se perderam no chão, enquanto ele revolvia a neve com a ponta dos sapatos.

-           Eu imaginei.

-           Adrian. Me desculpe. É só que... – ele me interrompeu.

-           Shhhhhhhhh.

-           Você não me prometeu nada, Rose. Não precisa se sentir culpada de nada.

      Eu o abracei. Não sabia o que fazer, então eu apenas o abracei.

            Ficamos ali, por um tempo, abraçados sem dizer nada.

            Não demorou muito, e Mason apareceu. Ele estava mais preocupado, mais inquieto do que o normal. Mason em geral era calmo e seguro, hoje agia como se não soubesse por onde começar.

-           O que foi Mase? Algo está errado?

Ele suspirou profundamente – o que indicava problemas de ordem superior á vista.

-           O que foi garoto? Pelo amor de Deus diz alguma coisa.

-           Ivan está em segurança.

      Um alívio desceu por minha espinha.

-           Isso é ótimo, Mase!

      Acho que sei de um jeito para salvar Dimitri.

Outro alívio me inundou. Uma sensação imensa, como se meu corpo todo estive em transe.

-           Mase essa é a melhor notícia do mundo!

-           Não vai ser fácil Rose.

-           Nunca é! Mas vale a pena, eu sei que vale!

Eu estava tão feliz, que não conseguia ficar parada, parecia que minhas calças estavam cheias de formigas e eu não conseguia parar de tagarelar.

      Mason segurou minha mão e me encarou com seus olhos vermelhos.

-           Não vai ser fácil mesmo, Rose.

Algo naquele tom de voz fez com que a emoção toda caísse por terra – será que era tão difícil assim eu ter só um momento feliz? Ultimamente parecia que sim.

            Mason caminhou comigo, lado á lado pela grama molhada de neve, e Adrian caminhou um pouco atrás.

            Algo na maneira protetora com que eles me tratavam me fazia sentir ainda mais medo.

            Paramos junto à cabana. A mesma cabana em que eu havia sido tão feliz. A mesma cabana em que eu havia estado com Dimitri.

            Meus pés pararam. Eles simplesmente se recusavam a entrar lá novamente.

            Mason me segurou pela mão e praticamente me arrastou.

-           Rose, você tem que ver isto. Tem que entender o quão difícil vai ser.

Eu não queria. Não queria ver tudo que tinha acabado na minha vida, não queria ver Dimitri novamente. Não daquele jeito. Não o guardião que eu amei e que não poderia ter mais. Eu não conseguia.

      Adrian segurou minha outra mão e me levou até a porta da cabana. Eu entrei.

Lá dentro, tudo parecia exatamente como Tasha havia deixado, no ultimo inverno, quando esteve passando as festas de fim de ano com Christian.

Dimitri não estava lá, mas eu sabia que voltaria. Seu cheiro estava por toda parte, como se fosse impresso no lugar. Eu podia sentir que á qualquer momento, ele viria.

Mason sentou-se na cadeira da cozinha e Adrian debruçou-se no balcão da pia. Eu permaneci imóvel, tentando guardar cada sensação daquele lugar mágico dentro de mim.

-           Consegue entender Rose? – Mason me perguntou.

Eu não conseguia. Não conseguia entender porque, em meus sonhos, eu sempre acabava voltando para aquele lugar.

            Adrian me encarou com seus olhos cor de chocolate.

-           Rose, isso aqui não é sonho.

Eu engoli em seco – nesta parte da conversa, eu nem sabia se queria ou não saber das verdades. Mesmo assim, Adrian continuou.

-           Nós estamos no mundo dos mortos, Rose. Por isso Mason está aqui.

-           É aqui que eu moro, Rose – confirmou Mason.

Eu engoli em seco novamente – Se Mason morava ali, e “ali” era o mundo dos espíritos, porque será que eu via Dimitri sempre?

      A pessoa que entrou á seguir respondeu minhas perguntas.

-           Porque Dimitri não tem mais alma, Rose. A alma dele está aqui.

      A voz suave e contida de Ivan invadiu a cabana.

Eu me sentei na cadeira ao lado de Mason. Era como se o chão tivesse sumido debaixo dos meus pés.

          Assim que consegui me recuperar um pouco, algumas dúvidas começaram a surgir. Afinal, se eu não estava morta, o que eu estava fazendo ali? E Adrian? E o pior, será que Ivan tinha morrido? E Mason tinha mentido para mim?

          Minha cabeça rodava e rodava e eu não chegava a lugar algum.

          Ivan parou em frente á mim e colocou as mãos em meus ombros. O toque dele formigava de uma maneira estranha, mas confortável.

          Lentamente, eu fui sentindo meus músculos menos tensos. 

-         Você é como Lissa! Você cura as pessoas - eu afirmei, olhando para ele.

          Ivan sorriu.

-         Não Rose. Não exatamente como Lissa. Na verdade, eu curo os espíritos. Não poderia fazer nada se você estivesse fisicamente machucada.

          Um pensamento esperançoso inundou minha mente.

-         Você pode curar Dimitri!

          Ivan deixou que os olhos fitassem o chão.

-         Eu não sei Rose. Não será fácil.

-         Mas não é impossível! - eu completei.

          Ivan deslizou a mão pelo cabelo em silêncio. Mason falou por ele.

-         A parte difícil Rose, é que Dimitri tem que querer.

          Eu engoli em seco.

-         E ele não quer, não é? - Mason me perguntou.

          Desta vez, foram meus olhos que encontraram o padrão da madeira no chão.

-         Acho que não.

-         Vê Rose, por isso é tão difícil. Dimitri teria que querer e, além disso, eu nem tenho certeza. Eu nunca tentei nada parecido.

          Agora minha cabeça era um misto de esperança e desespero - eu não poderia usá-lo como cobaia! Mas se eu não fizesse isso, não haveria outra chance.

          A voz de Adrian interrompeu minha confusão mental.

-         Foi por isso que te trouxemos aqui Rose. Para lhe contar a verdade.

          Eu me ajeitei na cadeira.

-         Então me conte.

          Adrian suspirou fundo e começou.

-         Quando alguém é transformado em Strgoi, a alma morre. Vem para o mundo dos mortos. Os Strigoi são corpos sem vida.

-         Se isso é verdade, o que eu estou fazendo aqui? e você? nós estamos vivos!

-         Eu estou aqui por causa da minha mágica. Ivan também. Nós dois podemos alcançar a alma de alguém, então podemos vir até aqui.

-         E eu?

-         Você é uma shadow Kissed. Achamos que é por isso que consegue, além disso -        Adrian deu uma engasgada, e em seguida limpou a garganta - Sua ligação com Belikov é muito forte. Ele chama e você vem.

          Baixei meus olhos novamente - não era fácil para Adrian me dizer isso, mas também não era fácil para eu admitir.

-         Eu vou tentar, Adrian. Eu preciso. Preciso tentar salvá-lo. Preciso tentar.

          Adrian deslizou a mão em meu rosto todo, delicadamente.

-         Eu sei Rose.

          Alguns minutos depois, eu estava sozinha na cabana, pensando em como a vida era engraçada. Eu ali, no mundo dos mortos, me sentindo mais viva do que nunca. O pensamento de que Dimitri não era um sonho só meu flutuava por todo o ambiente.

          A porta se abriu.

          Assim que eu aspirei o ar em minha volta, o aroma de loção pós-barba se intensificou - Dimitri.

          Ele entrou na cabana sem camisa, ajeitando o cabelo pra trás em um elástico. Meu coração parecia que tinha vida própria e iria sair pulando pelo cômodo.

          Dimitri caminhou pela cozinha sem me ver. Eu me levantei e fui até ele, lentamente. Quando seus olhos encontraram os meus, ele sorriu.

-         Roza! Eu estava com saudades.

          Eu me joguei em seus braços. Tão quente. Tão forte. Era meu Dimitri novamente. Tudo que eu pensava era que o salvaria. Que eu nunca desistiria dele. Strigoi, Dhampir, não importava. Dimitri era o homem da minha vida e eu não desistiria dele nunca.

          Dimitri me pegou em seus braços e eu me perdi neles. Pela primeira vez, eu sabia que não era sonho. Ou pelo menos, não era o tipo de sonho que se tem normalmente. Ele estava me chamando. Sua alma me chamava.

          Uma lágrima pegajosa desceu em minha pele e parou no peito de Dimitri. Ele segurou meu rosto entre suas mãos e a limpou com a ponta dos dedos.

-         Porque está chorando minha Roza? - seus braços se estreitaram em torno de mim - eu estou aqui. Com você.

          Meu coração se apertou ainda mais. Eu não conseguia sequer imaginar a idéia de que algo desse errado e eu o perdesse para sempre.

    Apertei meu corpo contra o dele o máximo que pude.

-   Eu te amo - eu sussurrei.

    Dimitri me levantou em seus braços e me arrastou para o quarto. Ele me deitou na cama e se deitou sobre mim.

-    Eu também te amo, minha Roza.

    Lentamente, uma á uma, as peças de roupas caíram no chão. O corpo quente de Dimitri pressionado contra o meu impedia qualquer frio que eu pudesse sentir. Eu era toda ele. Toda dele. Sua pele bronzeada cobria cada centímetro da minha. Dimitri segurou minha coxa e a separou delicadamente. Seu corpo se encaixou no meu, como se fossemos feitos da mesma forma. Era tão bom. Tão intenso e profundo. Tão diferente do Dimitri Strigoi.

    Minha respiração ficava mais lenta, menos ritmada a cada movimento suave dos quadris de Dimitri contra os meus. Gemidos e sussurros em seu ouvido e o ritmo foi acelerado, mais, e mais, até que eu quase não podia respirar. Eu apertei minhas unhas em suas costas, sentindo sua carne. Sua carne real. Sua carne quente e suada em minhas mãos. Meu Dimitri.

    Quando despertei, não havia calor ao meu lado, mais ainda assim, havia amor. Havia Dimitri. Por mais estranho que pudesse parecer, apenas tê-lo ali, ao meu lado já era suficiente.


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