Naquele dia, andei com Renesmee até que meus pés passaram a sentir todo o peso do meu corpo e começaram a doer.

Não posso negar que foi muito divertido. Entramos em várias lojas de Port Angeles, experimentamos muitos vestidos e, o melhor de tudo foi que encontramos os vestidos que queríamos.

Cheguei em casa e já eram quase onze horas da noite. Me assustei quando entrei e me deparei com Seth sentado no sofá, com a cabeça, meio torta, os olhos fechados e a boca meio aberta. Acho que nunca havia visto algo tão fofo em toda minha vida.

Tirei o celular da bolsa e tirei uma foto dele, rindo. Me aproximei tentando não fazer barulho para não acordá-lo e beijei sua testa, sentindo sua pele quente. Eu adorava a pele quente dele. Eu nunca sentia frio quando ele estava próximo a mim e isso era – pode parecer egoísta – maravilhoso.

Me afastei devagar dele e me virei para subir as escadas quando foi puxada para trás, por seus dedos que se engancharam nos passadores de cinto da minha calça. Ri ao cair em seu colo.

– Oi. – eu disse baixo, tocando seu rosto com a ponta dos dedos.

– Já ia ligar para a polícia, sabia? – ele murmurou com a voz sonolenta, abraçando minha cintura e beijando meu ombro sob a blusa. Seu olhar viajou de mim até a sacola grande em minha mão. – É o seu vestido?

Olhei para a sacola e sorri, voltando a olhá-lo. – É sim.

– Posso ver? – ele perguntou, se ajeitando no sofá e sorrindo animado pra mim.

Revirei os olhos e dei um tapa em sua cabeça. – Lógico que não né. – ri – No dia do baile você vê. – disse e o olhei séria. – Quer dizer, eu... eu vou com você?

Ele arqueou a sobrancelha e soltou uma gargalhada alta, que me obrigou a tapar sua boca com as mãos rapidamente ou ele acordaria todo mundo naquela casa. Ele me olhou nervoso como se pedisse desculpas e eu sorri, retirando minha mão de seus lábios.

– Desculpa. – ele murmurou baixinho e voltou a me olhar risonho. – Acha mesmo que te deixaria ir com outro cara?

Sorri com suas palavras, mas me levantei, fingindo seriedade. – Sabe... Isso não é o que eu considero como um convite. – disse, olhando desafiadora para ele e cruzando os braços.

Ele me olhou meio surpreso, mas sorriu e concordou com a cabeça. Então ele se levantou e se ajoelhou a minha frente, segurando minha mão e beijando a ponta de meus dedos.

– Amanda Black, você gostaria de ir ao baile comigo? – ele perguntou e eu ri ao perceber um certo tom nervoso em sua voz.

Sorri e o puxei para cima, olhando em seu olhos e lhe dando um selinho demorado. – Eu gostaria sim. – murmurei baixo, ainda sorrindo.

O sorriso dele se alargou e ele me beijou, me tirando do chão e me rodando no ar. Assim que me colocou no chão novamente, eu sorri para ele e o guiei até meu quarto.

Ele arregalou os olhos quando chegamos ao meu quarto e estava boquiaberto.

Eu ri e corei levemente. – Não é nada demais, eu só... Será que você pode dormir comigo hoje?

Ele me olhou e sorriu, me abraçando pela cintura e beijando minha testa. – Claro que posso, meu amor.

Corei ao ouvi-lo me chamar assim. Depois de pedir licença e ir até ao banheiro colocar meu pijama, voltei ao quarto, já o vendo deitado na minha cama, sem camisa. Respirei fundo, tomando coragem e andei até a cama, me deitando ao seu lado.

Ele se virou para mim e sorriu, beijando minha bochecha. – Vem. – ele disse e passou o braço por mim, me envolvendo. Encostei a cabeça em seu tórax e fechei os olhos. – Tá com sono?

– Uhum. – murmurei, bocejando e rindo em seguida.

Ele riu baixinho também e começou a cantarolar uma canção em um tom baixo em seguida.

“Ever just the same, ever a surprise, ever as before, ever just that sure as the sun will rise (…) Certain as the sun, rising in the east, tale as old as time, song as old as rhyme, beauty and the beast.”

Sorri ao reconhecer a música tema de meu filme de princesa favorito. Depositei um beijo leve em seu peito e, em pouco tempo, adormeci, sentindo sua respiração pesada e seus batimentos cardíacos se misturarem aos meus.

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Uma semana havia se passado, o que significava que o baile seria hoje.

Bom, nem tudo estava correndo da forma que eu gostaria que estivessem acontecendo.

Na manhã seguinte à noite maravilhosa em que Seth dormiu comigo, Jacob entrou desesperado em meu quarto para me acordar e, bem, entendeu tudo errado quando viu aquilo.

Eu nunca havia visto meu irmão tão fora de si como naquele dia. Ele puxou Seth pela orelha e o arrastou até a casa dele, onde Sue estava arrumando umas plantas na varanda. Depois disso, ele se virou para mim e disse que me deixaria de castigo pelo resto da semana, usando a desculpa de que eu era muito nova pra ter um garoto sem camisa no meu quarto.

Tentei explicá-lo que nada demais tinha acontecido, mas ele parecia não me ouvir. Apenas quando Renesmee foi até a minha casa, sob pedidos de uma eu desesperada, foi que ele se acalmou. Ela tinha um efeito impressionante sobre ele e eu sorri ao perceber que eu também tinha esse efeito sobre Seth.

Jacob se acalmou e me liberou dos castigos, mas restringiu minhas visitas à Seth a horários em que o dia ainda estava claro e contanto que ele estivesse por perto para nos vigiar. Ele parecia meu guarda-costas e isso me irritava.

Eu odiava que existisse alguém tentando me segurar ou me impedir de fazer algo. Nem mesmo meu pai se encontrava tão surtado quanto Jacob. Portanto, já que ele estava me irritando tanto, acabamos brigando.

Briga essa que não durou muito tempo, mas fez com que ele me olhasse torto por uns dias e afrouxasse um pouco meu castigo.

Mas, bem, o baile era hoje. Acordei com uma Alice me sacudindo pelos ombros. Suspirei fundo e a encarei.

– Eu sei que você não dorme e coisa e tal, mas eu sou humana e... – murmurei, coçando os olhos e olhando no despertador. – ALICE, SÃO SETE HORAS DA MANHÃ! – falei alto, enfiando a cara no travesseiro e bufando.

Pude ouvi-la bater os pés no chão e me puxar novamente.

– Você precisa se arrumar! O baile começa em 13 horas! – ela dizia como se “13 horas” fosse pouco tempo. – Levanta, Amanda!

Revirei os olhos, mas me levantei, indo até o banheiro para arrumar o cabelo e me trocar.

Assim que sai do banheiro, vi Nessie sentada na cama, com os olhos quase se fechando. Ela cerrou os olhos e me olhou, bocejando.

– Ela me acordou às seis e me fez vir até aqui. – ela disse, olhando brava para Alice que apenas bufou e nos puxou pela mão.

– Tenho muito trabalho a fazer, venham. – ela disse, nos guiando até seu carro. Eu carregava meu vestido e meus sapatos dentro de uma bolsa.

Chegamos à casa dos Cullen e, desde então, não tive descanso.

Alice nos fez tomar vários banhos de banheira com sais relaxantes, fazer massagens, hidratar o cabelo, fazer uma limpeza de pele... Eu estava me sentindo em uma espécie de SPA.

Renesmee estava no mesmo estado que eu. O baile seria no jardim da casa dos Cullen, que havia sido todo enfeitado e decorado. Os meninos nos encontrariam aqui e a lista de convidados era grande, a maioria deles desconhecidos por mim.

Quando o relógio bateu sete horas da noite, eu já não aguentava mais me ver rodeada de cosméticos e produtos de beleza. Mas ainda precisamos arrumar cabelo e maquiagem. Dessa parte eu gostava.

Resolvi deixar meu cabelo solto, mas permiti que Alice fizesse alguns cachos nas pontas. Meu vestido era algo que eu não conseguia explicar em palavras. O busto era preto e ele descia em tons de degradê, terminando com a barra completamente branca.

Já Nessie havia deixado os cabelos acobreados presos em uma trança que caia ao lado esquerdo de seu pescoço. Seu cabelo era longo e o penteado era perfeito para ela. O vestido era de um tom dourado, com detalhes brilhantes e com a cintura marcada, descendo uma saia rodada.

Alice terminou de nos arrumar e disse que iria correr para colocar o próprio vestido. Ri e dei uma volta com o vestido, parando em frente ao grande espelho que ocupava quase que uma parede inteira.

Nessie parou ao meu lado e sorriu.

– Estamos tão bonitas!

– Estamos. – eu disse, rindo e me analisando no espelho. Alice poderia ser chata às vezes, mas tinha talento para a coisa. Sorri largamente por me sentir tão bem e feliz. Senti o olhar preocupado de Nessie sobre mim e me virei para ela. – O que foi?

Ela suspirou e me entregou um pequeno facão e um isqueiro. – Por favor, guarde isso com você.

A olhei confusa, mas peguei os pertences de sua mão. Me virei para guardá-los dentro da bolsa, mas ela segurou meu braço.

– Leve isso pro baile, Amanda. Apenas por precaução. – ela disse baixo.

– Mas por que? – perguntei confusa, mas ergui a saia do vestido, prendendo o facão e o isqueiro com uma fita que amarrei em meu tornozelo.

Ela suspirou e me pediu para sentar. Estava começando a ficar preocupada.

– Alice tem vigiado as decisões de Alec e... – ela balançou a cabeça e me olhou – Só me prometa que vai tomar cuidado. Seth e todos os outros estarão aqui, mas por favor, tome cuidado.

Fechei os olhos, começando a entender as coisas. Era por isso que tinham me proibido de sair de casa. Era por isso que os Cullen tinham passado tanto tempo em minha casa na última semana. Alec estava vindo. E não iria demorar a chegar.

– Eu prometo. – sorri para ela e segurei sua mão. – Mas, me explique, o que exatamente devo fazer com um facão e um isqueiro? – perguntei, rindo para tentar descontrair.

Ela balançou a cabeça e sorriu. – Você é incrível. Tem um cara doido atrás de você e você ainda consegue rir disso. – ela disse, rindo um pouco. – Use o facão para atingi-lo em alguma parte do corpo, apenas para distraílo. Mas, de preferência, atinja o peito. E, bom, depois acenda o isqueiro e jogue nele.

– Isso vai matá-lo? – minha voz saiu mais embargada do que eu esperava.

– Não. – ela negou com a cabeça. – Para matá-lo, é preciso arrancar a cabeça. Mas isso te dará tempo para correr até alguém. – ela sorriu me encorajando e eu apenas concordei com a cabeça. Ao menos poderia ser útil em algo.

Foi então que me virei e vi Alice parada a porta. Seus cabelos curtos estavam soltos e as pontas viradas para fora. Ela usava um vestido claro, com detalhes de flor. O vestido era mais curto na parte da frente. Ela parecia um tipo de fadinha fofa de filmes para crianças.

– Não se preocupe. – ela disse e se aproximou de mim. – Você vai estar segura. Nada de ruim vai acontecer enquanto estivermos aqui. Prometo. – ela sorriu e me abraçou. Renesmee sorriu e nos abraçou também.

Ri e ri mais ainda quando Alice balançou os braços, desesperada, nos pedindo para por fim ao momento emotivo já que estávamos correndo o risco de estragar a maquiagem com as lágrimas que estavam próximas a cair e ainda bagunçar os penteados com o abraço.

Foi então que ela entortou a cabeça e olhou para cima, sorrindo. Parecia mais ainda com uma espécie de fada.

– Chegaram! Seus garotos chegaram! – ela disse batendo palmas e dando pulinhos de empolgação. Obviamente, ela havia escutado os passos deles, já que não conseguia ver as decisões tomadas por eles. Renesmee e eu rimos e nos entreolhamos.

Respirei fundo e me levantei, segurando um pouco a calda do vestido e me preparando para descer as grandes escadas.

Estava com medo de cair e tropeçar no vestido, sim. Mas estava com mais medo ainda do que poderia acontecer hoje. Não em relação a Alec, eu estava pouco me lixando pra ele. Se ele me matasse, ao menos eu morreria feliz. O meu medo era o medo bobo de garota adolescente apaixonada. Esse era, de certa forma, o meu primeiro encontro formal com Seth. E se eu não soubesse o que falar, o que fazer?

Ri de mim mesma e respirei fundo mais uma vez, tentando acalmar as batidas aceleradas do meu coração.

– Posso ouvir seu coração batendo ao longe, parecem cavalos cavalgando! – ouvi Emmett brincar no andar de baixo.

Revirei os olhos, ajeitei a máscara dourada e pequena no rosto e pisei no primeiro degrau. Ao olhar para baixo, não contive um suspiro de exaltação. Eu sabia que Seth estaria maravilhoso vestido em um terno e uma máscara. Eu sabia que ele estaria lindo. Eu só não imaginava que ele parecia tanto com um príncipe. E muito menos que ele estaria exibindo o sorriso mais maravilhoso do mundo, segurando um buquê de rosas azuis, me olhando maravilhado

Continua..