O Metamorfo escrita por Gaia


Capítulo 4
O Espectro


Notas iniciais do capítulo

Oooi, demorou, eu seei, mas finalmente chegou mais um capítulo, haha, espero que gostem.



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Estava escuro, tudo o que Jennifer via era um ponto de luz no horizonte, tão pequeno que ela não se atrevia a pensar em tocar. Posicionou sua mão na frente de seu rosto, onde normalmente a veria. Não viu. Em um primeiro instante pensou estar sonhando, só mais um daqueles sonhos estranhos, se esse fosse o caso, logo encontraria os olhos azuis tão irresistíveis.
           
Infelizmente, logo lembrou-se da situação que estava antes daquele momento, era impossível ser sonho se não estava dormindo. Entrou em desespero. Onde estaria? Perguntas inevitáveis passaram por sua mente fazendo-a assustar-se ainda mais. O que faria a seguir? Pensou em várias coisas que faria, desde gritar, chorar, até sentar e esperar ajuda. Mas, o que resolveu fazer não estava em suas opções, decidiu não fazer nada, não mover um músculo se quer.
 
Por dentro, claro, estava berrando por ajuda, se afogando no medo que a consumia, mas por fora, demonstrava frieza, calma e paciência, coisas que ela sabia fingir bem. De repente, ouviu um estrondo vindo de trás, involuntariamente Jennifer encolheu-se, colocando as mãos sobre a cabeça.
 
- Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. – ouviu uma voz conhecida dizer em seu ouvido. Notando o conforto repentino que ganhou com aquele som, julgou ser a voz de Jude.
 
- Jude, o que está acontecendo? – ela sussurrou, temendo que alguém mais estivesse ali.
 
- Nada, não se preocupe, só fique quieta e não vá para luz em nenhuma circustância. – o outro disse em um tom quase ináudivel.
           
- Coisa engraçada de se dizer.. – ela sussurrou de volta, sendo interrompida por um longo som de vento.
           
Sentiu o vento cortante e gélido na sua face e em todo o seu corpo, repentinamente, começou a tremer envolveu-se em seus próprios braços. O escuro ainda predominava e, agora, já conseguia perceber alguns movimentos a sua frente.
 
Viu que ela e Jude não estavam sozinhos, notou uma presença mais a diante que estava se aproximando a cada piscada de olhos que Jennifer dava.
           
De repente, ouviu um rugido que Jen julgou ser de um leão. Pensou várias vezes se podia ser de outra coisa mais plausível, mas definitivamente era de um leão, conformando-se, torceu com todas as suas forças que este estivesse do seu lado.
           
O que aconteceu a seguir é impossível descrever em palavras, foi basicamente uma mistura de sons tão distinta que nem Jennifer conseguiu decifrá-los, as vezes ouvia barulhos altos e agudos e outras ouvia sons muito baixos e graves, mas nenhum que já tivesse ouvido antes.
           
A cada momento que passava ela se assustava mais, tentando descobrir o que estava acontecendo ao seu redor. Não conseguia ver e não sentia nada, o único sentido que estava usando com sucesso era a sua audição, que a enganava constantemente.
           
Aflita e assustada, Jennifer esperou que tudo aquilo acabasse e finalmente pudesse entender o que estava acontecendo.
           
Logo, o silêncio inicial voltou, junto da escuridão e do terror. Jennifer fechou com força os olhos, esperando abrir e ver um cenário diferente. Já estava ficando impaciente, o que estava acontecendo? Por que tudo ficou silencioso de novo?
           
Sentiu uma mão em seu ombro, aliviada, disse suspirando, certa de que estava falando com Jude:
           
- Finalmente! Pode me levar de volta, por favor?
           
- Claro, senhorita. – ouviu uma voz desconhecida.
           
Percebendo o erro cometido, tentou se esquivar da mão em seus ombros, e, sem sucesso, argumentou:
           
- Sabe, pensando bem, eu acho que consigo voltar sozinha, não preciso de ajuda.
           
- Acredito que sim, mas é um favor que farei. – a voz sombria respondeu aproximando-se de Jennifer.
           
Ela sentiu o impulso que as mãos fizeram sob seu ombro e andou para obedecê-lo. Pensou no Jude, o que havia acontecido com ele? O pânico finalmente chegou,
           
-Então você pelo menos poderia acender as luzes? – ela disse trêmula, com a esperança de que com alguma luz, poderia enxergar onde Jude estava.
           
- Desculpe senhorita, isso eu não posso fazer. – a voz respondeu,

           
- Meu nome é Jennifer. – respondeu ela em um sussuro frustrado.

           
As mãos que estavam a empurrando ficaram mais pesadas, fazendo com que ela andasse mais rápido e com mais dificuldade para o ponto de luz no horizonte.
           
- E o meu é Alexander, Jennifer. – disse a voz, enfatizando a última palavra.
           
Ela continou andando, esperando chegar em algum lugar onde pudesse esclarecer as coisas, apesar de seu pavor, estava preocupada com Jude e William.
           
- Jennifer, eu achava que o seu namorado era mais forte. Você não? – Alexander disse, em um tom indiferente.
           
- O que?! O que… O que você fez? – ela gaguejou.
           
Parou de andar e virou-se, esperando ver algo diferente da escuridão. Deparou-se com um par de olhos vermelhos, sem pupila. Colocou as mãos na boca, impressionada, nunca havia visto nada parecido, era fascinante e ao mesmo tempo assustador. Tentando não ficar histérica por isso, pensou racionalmente e acabou tirando a conclusão que a criatura era cega e, por isso, gostava do escuro.
           
- Eu só dei o que ele merecia.
           
- O. Que. Você. Fez? – Jennifer repetiu, dando uma passo para trás, agora com os olhos lacrimejando.

           
Enquanto sorrateiramente andava para longe, procurava em seus bolsos algo que poderia iluminar o local. Tinha a impressão de que a luz machucaria Alexander.
           
- Já lhe respondi. Agora, por favor senhorita, poderia se locomover? Estou atrasado.
           
Jennifer se surpreendeu com a educação e vocabulário de Alexander, percebeu que talvez este apenas estivesse cumprindo ordens. Finalmente, achou um isqueiro em seu bolso, imediatamente, acendeu-o sob sua face. Ao ver o ser que estava encarando-a, gritou, mas logo colocou as mãos na boca, percebendo o erro. Em pânico, deu passos mais largos para trás, prestes a correr.
           
Piscou os olhos várias vezes mas a figura não mudou, era uma face de um jovem com queimaduras em toda parte, sua pele estava tão deformada que não dava para definir sua cor. Seus olhos, tão vermelhos, estavam arregalados e não possuiam pálpebras, impossibilitando-o de piscar. Estes estavam mirando diretamente para os olhos de Jennifer, que, tentando não retribuir o olhar, observou as roupas da criatura.
           
O medindo de cima a baixo, finalmente conseguiu definir o que estava vestindo, eram roupas medievais, tão sujas e queimadas que Jennifer custou a perceber que possivelmente eram de um camponês. Assustada, andou um pouco mais para trás, ainda com o isqueiro tremendo em suas mãos.
           
- Assustou-se? – Alexander falou, sem mexer os lábios secos. – Me perdoe, eu não sabia que a senhorita possuía luz… Não fuja. – ele completou, notando o movimento brusco que Jennifer fez.
De repente, o fogo do isqueiro apagou-se, dando uma brexa para que Jennifer fugisse. Lembrando-se do que Jude falou, teria que correr na direção oposta do ponto de luz, o que significava passar por Alexander. Percebendo a falha em seu plano, suspirou e tentou acender o isqueiro novamente, para que, dessa vez, pudesse olhar em volta.
           
Tentou três vezes e não conseguiu, na quarta, foi interrompida por Alexander que disse:
           
- A senhorita não conseguirá ligar novamente, vamos?
           
Assustada, Jennifer andou hesitante, pensando no que faria a seguir.
           
- Largue ela. – uma voz conhecida falou.
           
Não era Jude, nem Will, Jennifer surpreendeu-se ao perceber que a voz era de seu avô.

           
- Quem vem? – Alexander retrucou.
           
- Phillipe Regnard, é a mim que o seu chefe quer, não ela, solte-a.
           
- Como posso saber que o senhor está falando a verdade? – a criatura perguntou desconfiada.
           
- Consulte seu chefe agora mesmo, eu espero.
           
Alguns segundos depois, Jennifer, confusa, viu-se livre dos braços de Alexander e correu em direção a voz do avô.
           
- Você está bem Jen? – este disse, sentindo-a chegar.
           
- Sim, o que… Como… E você? – perguntou, hesitando.
           
- Estou. Olha Jennifer, eu vou te tirar daqui, mas primeiro você tem que me prometer uma coisa. – Phillipe falou rapidamente.
           
- O que? – a garota perguntou, com medo da resposta.
           
- Estamos atrasados, senhor, não poderia ir mais rápido? – Alexander interrompeu, elevando a voz.
           
- Sim, claro, mais um minuto. Jennifer, prometa-me que você não vai tentar vir aqui de novo.
           
- Que coisa boba de se promenter vô, é óbvio que eu não vou vir aqui de novo.
           
- Prometa. – ele insistiu.
           
- Eu prometo. – Jennifer falou.
           
No mesmo instante, ela se encontrou deitada no chão da floresta que havia se perdido com William.
           
- Will? – berrou, esperando encontrar o amigo por perto.
           
- Jennifer? – ouviu de longe, uma fraca voz.
           
- WILL?! – ela gritou mais alto. – Aqui!
           
Logo, sentiu um corpo abraçando-a por trás, e virou-se para retribuir.
           
- Pelo amor de deus, eu te procurei a tarde toda! – o amigo dizia, ofegante. – Até chamei os guardas locais, estão todos procurando por você.
           
- Desculpe. Eu me perdi. – falou sem pensar.
           
- Se perdeu? – ele sorriu. – É, acho que eu também me perdi te procurando. 
           
Ela sorriu, amava isso em William, ele não forçava a situação tentando descobrir o que realmente aconteceu. Sempre fora assim, esse foi um dos motivos pelo qual Jennifer se manteve amiga dele por tanto tempo.
           
- Vamos para casa, perdida? – ele falou, pegando em sua mão. – Seu avô deve estar morrendo de preocupação.
           
Sem dizer nada, Jennifer o acompanhou, com o olhar fixo no chão. Tinha esquecido de seu avô, ele dissera que era ele que Alexander queria, o que havia acontecido depois que ela voltou? Lembrou de Jude também e pensou se estaria bem.
           
“Foi tudo culpa minha.” – pensou involuntariamente. Os dois foram para protegê-la, se algo acontecesse com eles, Jennifer se culparia e não se perdoaria nunca.
           
- Ei, você está bem? – William disse fitando-a.
           
- Não…. Amanhã tem aula. – ela disse, mentindo.
           
O amigo riu e concordou.
           
Ambos andavam devagar, de mãos dadas, William não pôde deixar de notar que talvez, sentisse algo a mais por Jennifer. Sempre foi protetor em relação a ela, mas dessa vez, com Jude em suas vidas, notou que talvez gostasse dela de um jeito diferente.
           
Olhou-a e suspirou, pensando no que poderia fazer para esquecer esse possível sentimento surgindo dentro dele.
           
- O que foi? – ela disse notando o olhar do amigo. Ao contrário de William, Jennifer nunca pensaria nele como nada a mais que um amigo.
           
- Nada. – ele disse, corando.
           
- Você tem certeza de que sabe o caminho? – Jennifer perguntou olhando em volta.
           
- Sim, agora eu conheço essa floresta de trás para frente. -  William falou sorrindo.
 
- Bom, eu também achava que conhecia… - a garota disse pensativa. 

Subitamente, percebeu que realmente conhecia a floresta, era impossível ter se perdido, ainda mais indo para um lugar que ia sempre. Mesmo estranhando, resolveu deixar para lá, estava cansada de tantos mistérios. No momento, só queria chegar em casa e ver se seu avô e Jude estavam bem.
           
Finalmente chegaram na casa de Jennifer, onde na frente, haviam vários policiais inquietos.

- Eu achei ela. Obrigada. – disse William em voz alta para os homens de  uniforme. 
           
Houve um pequeno tumulto e, depois da notícia se espalhar, todos os policiais se reuniram. Aos poucos, sobraram só alguns, que se aproximaram de William e Jennifer.
 
- Senhorita, teremos que fazer algumas perguntas. – o mais alto falou dirigindo-se a Jennifer.

- Ah… Tá bom. – Jennifer disse insatisfeita. Ela não entendia o propósito daquilo, parecia que tudo estava conspirando para que ela não visse seu avô e Jude.
           
- Você foi agredida e/ou insultada? Você estava sob o efeito de drogas? Foi assediada de algum modo?
           
- O que? Er… Não, eu só me perdi. - respondeu confusa.
           
- Certo. – o mais alto olhou para o colega ao seu lado e este acenou com a cabeça. – Então é só isso. Qualquer coisa é só ligar. Não se metam em encrencas. Esses jovens de hoje em dia…
           
- Que perda de tempo. – William reclamou após a saída dos policiais.
           
- Sim. Vamos. – Jennifer falou ansiosa. Andou rápido até a porta e girou a maçaneta com euforia. Para o seu pesar, a porta não abriu, empurrou e forçou, mas mesmo assim, não obteve sucesso.
           
- Deixa eu tentar. – o amigo falou pegando na maçaneta. Girou-a e empurrou a porta ao mesmo tempo, mesmo assim, não conseguiu abri-la. Depois de outras falhas tentativas, andou para trás e correu em direção a porta, a fim de arrombá-la.
           
Houve um estrondo e a porta caiu, junto com William, que não conseguiu se equilibrar. Jennifer, que estava atrás, arregalou os olhos ao ver a cena que se encontrava em sua frente.
           
Passou por William andando devagar. Olhou atentamente para a sua sala de estar, seu sofá estava virado, rasgado. Sua televisão, no chão, com fios partidos e saindo faíscas. As cortinas sujas e os outros móveis, tão destruidos, que Jennifer não conseguiu identificar qual era qual.
           
- Eu estou bem, obrigado. – William ironizou, ainda no chão.
           
Ele levantou-se e olhou em volta, chocado. Colocou a mão no ombro da amiga, que já estava com os olhos marejados. Logo, lágrimas escorriam pelo seu rosto e, acabada, começou a soluçar.
           
- Vai ficar tudo bem. – Will disse se movendo para abracá-la.
           
Após alguns momentos juntos, Jennifer soltou-se e poe-se a procurar por seu avô. Mesmo deprimida, ainda tinha esperanças que este estava na casa.
           
- VÔ! – gritava. Nenhuma resposta. Rondando pelos cômodos, procurava-o revirando os objetos caidos.
           
William, ainda na sala, tentava arrumá-la da melhor forma possível, e, ao mesmo tempo, olhava atentamente para ver se achava algum indício de algo incomum.
           
- Ei. – ouviu uma voz vinda de trás.
           
Assustado, virou-se e deparou com Jude. Mas não era o mesmo de sempre, este, estava todo sujo e com machucados espalhados por todo o seu corpo, claramente cansado e ferido.
           
- Ei. – falou William, sem saber o que fazer a seguir. – Er… Você está bem cara?
           
Jude, inspirando para responder, em um instante, desmaiou, caindo nos braços de William, que o pegou.
           
- Eu não o encontro em nenhum lugar! – disse uma Jennifer alterada, com a voz chorosa e histérica. – JUDE! – berrou ao notar a presença dele nos braços de William.
           
- Vamos Jen, leve-o para o hospital, deixa que eu cuido daqui. Eu vou encontrar o seu avô, é uma promessa.
 
Jennifer acenou com a cabeça positivamente e apressou-se para pegar a cadeira de rodas velha de seu avô. Colocou Jude lá e correu porta a fora, em rumo ao hospital.
           
Nesse momento, a garota realmente acreditava que mais nada de ruim poderia acontecer a ela. Mal sabia que estava terrivelmente enganada.


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Notas finais do capítulo

Ta aai, espero que tenham gostado. Comentem comentem
Assim o próximo capítulo sai mais rápido, haha.
Muito obrigada a todos que comentaram

:*



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