A cabeça da morena latejava de dor quando ela recuperou a consciência. Seu corpo todo doía, e ela respirava normalmente, porque havia alguma coisa em seu nariz mando-a oxigênio. Sua garganta queimava, como se estivesse pegando fogo.

— A Bela Adormecida acordou? — ouviu alguém perguntar ao seu lado, mas assim que tentou se virar, alguma coisa a impediu e uma dor lacinante percorreu sua garganta — Confie em mim, se você não quiser abrir os pontos, vai ficar quietinha aí — Cameron, ela pensou, reconhecendo a voz. Davina abriu sua boca para falar, mas nada saiu dela — Você não vai poder falar por um tempo. A lança acertou suas cordas vocais, mas nada grave, só vai ter que ficar um tempinho sem fazer muito esforço para falar e daqui a uma semana você vai estar gritando novamente! — os músculos da garota relaxaram um pouco quando ele apareceu em seu campo de visão, com os olhos levemente vermelhos e inchados, e um sorriso triste nos lábios — Você se lembra do que aconteceu?

A morena não precisou responder. Tudo voltou como uma bomba atômica em sua mente e uma lágrima solitária escorreu de seus olhos tão verdes quanto esmeraldas. Ela sentiu a mão de Cameron na sua, apertando-a confortavelmente.

— Nós vamos ficar bem, D — afirmou, afagando as costas da mão dela lentamente — Tudo vai ficar bem.

Bem?, pensou Davina, franzindo as sobrancelhas, seu coração um mar de confusões. Eu matei a minha irmã. Eu nunca vou ficar bem. Outra lágrima escorreu, e a porta do quarto de hospital foi aberta.

— Ah, você já acordou, senhorita Clairemont — ouviu uma voz feminina falar, com um pouco de surpresa na voz — Tenho que dizer, com a gravidade de seus ferimentos, levaria no mínimo dois meses para você acordar, não duas semanas.

Duas semanas?!, quis gritar. Eu estive dormindo por duas semanas?!

— Eu sou a doutora Lancaster. Mas, por favor, me chame de Jackie — a voz feminina voltou a falar, e a mulher finalmente apareceu em seu campo de visão. Tinha cabelos ruivos puxados para o dourado, e seus olhos eram de um azul tão profundo que, se alguém ficasse olhando ali dentro por mais tempo, definitivamente se perderia. Um sorriso simpática estava nos lábios rosados dela — Eu tenho que admitir, senhorita Clairemont, quando você chegou aqui me surpreendi por você não estar morta, para uma pessoa que caiu de um barranco, você teve muita sorte. Uma fratura no pulso esquerdo, braço direito quebrado e ombro deslocado, duas hemorragias internas, uma perfuração no pulmão e, por último, um corte simplesmente horrível em seu pescoço. Se tivesse sido dois milimetros mais fundo, você não passaria nem dois minutos viva.

Ela desviou seus olhos para Cameron, que continuava no mesmo lugar. Uma pergunta silenciosa brilhou em seu olhar. Onde eu estou?

— Hospital — seus lábios formaram as palavras silenciosamente. Davina suspirou aliviada e voltou a encarar a doutora. Se ela estivesse em alguma coisa da S.H.I.E.L.D., pularia da janela agora mesmo.

— Pelos últimos exames que fiz, você está estável. Provavelmente, terá alta daqui a algumas horas, se não surgir mais nenhum problema — informou, lendo alguma coisa na prancheta que carregava nas mãos, caminhando até a porta novamente, mas parou antes de abrir-la — Falando nisso, já contou a novidade a ela? — perguntou a Cameron, e Davina olhou incisivamente para ele. O que diabos é agora?

Cameron suspirou e negou, coçando a sobrancelha direita. A garota continuou olhando para ele com os olhos levemente arregalados, enquanto Jackie saia do quarto e fechava a porta silenciosamente atrás de si. Davina nem sequer tremeu o olhar. O loiro suspirou e apertou com um pouquinho de força a mão dela, tentando passar segurança.

— Você tem que me prometer que não vai surtar... — começou lentamente, como se estivesse falando com uma cobra prestes a dar o bote — E nem tomar nenhuma decisão de cabeça quente que você possa se arrepender depois — continuou, e Davina apertou com força a mão dele, em um pedido ameaçador para ele chegar logo onde queria. O garoto de olhos azuis suspirou e passou a mão pelo cabelo loiro escuro, bagunçando-os totalmente — Aproveite esse tempo que você não vai poder falar e pense em um nome. Porque, você vai precisar.

O coração da garota quase parou, e seus olhos brilharam em dúvida. Cameron sorriu levemente, a mistura de um sorriso triste com um feliz.

— Parabéns, baixinha. Eu vou adorar ver você sendo uma mãe.