Incomplete escrita por KatCat


Capítulo 26
Let The Games Begin


Notas iniciais do capítulo

Saudades de postar de madrugada



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Eu cheguei na casa e Loki estava sentado em uma das cadeiras que ficava atrás da bancada da cozinha. Eu ignorei ele.

— Se acalmou, Anjo? — perguntou, e eu continuei ignorando sua presença, enquanto ia até a geladeira e procurava alguma coisa para comer — Você vai mesmo ficar com raiva?

— Eu não estou com raiva — respondi, fechando a geladeira quando não achei nada. Eu sabia que Loki esperava uma reação de mim, e era exatamente isso que eu não deixaria ele ter. Agiria como se não tivesse acontecido nada, porque eu sabia, se existisse alguma coisa que ele não suportava, era indiferença. E era isso que ele teria — Estou saindo para comprar comida, porque ao contrário de você, eu preciso me alimentar no mínimo uma vez por dia.

— Então você não está com raiva? — indagou, levantando da cadeira e me seguindo para fora da casa. Uma luz verde o cobriu e quando acabou ele vestia uma blusa de lã verde escura, e uma calça jeans azul escuro, quase preto.

— Porque estaria? — retruquei, trancando a porta atrás de mim e caminhando rapidamente em direção a trilha que levava a estrada.

— Você não parecia muito feliz quando foi para seu quarto — comentou, caminhando ao meu lado sem problemas nenhum.

— Aprendi a não guardar remorso — respondi simplesmente, rodeando minha cintura com os braços a apertando o braço. Ele me imitou sem problemas.

— Então você não está com raiva? — continuou forçando a barra, e eu estanquei, fazendo-o quase trombar em mim.

— Se você perguntar isso mais uma vez, eu vou ficar com raiva — avisei com os dentes trincados, voltando a andar, como se nada houvesse acontecido. Percebi que Loki franziu as sobrancelhas levemente e uma cara meio emburrada tomou conta de sua expressão. Um sorrisinho vitorioso nasceu em meu rosto. Davina 1 x 0 Loki.

Depois de meia hora chegamos em um mercado ainda um pouco fora da cidade, mas eu não queria arriscar e encontrar alguém na cidade. Nesse meio tempo Loki se manteve calado e com a mesma expressão. Eu quase podia ver as engrenagens de seu cérebro funcionando, enquanto ele tentava achar alguma outra coisa para me provocar. O sorriso no meu rosto aumentou um pouco. Eu finalmente tinha conseguido ficar um passo em sua frente e isso estava deixando-o profundamente irritado. O que, é claro, me deixava feliz.

Antes de entrar no mercado, amarrei meu cabelo em um coque de qualquer jeito e puxei o capuz do casaco.

— Seja discreto — pedi baixinho para o deus ao meu lado, que só aprofundou a cara irritada. Eu segurei o riso. O mercado estava vazio por ser fora da cidade e muitas pessoas estarem viajando por causa da época de Ano Novo e Natal. Melhor para mim. Entrei rapidamente, tentando chamar o mínimo de atenção possível. Loki me seguiu de mau gosto. A primeira sessão que fui foi a de doces. Eu necessitava de alguma coisa que continha glicose, porque ao contrário da maioria das pessoas, ele me ajudava a ficar calma e pensar melhor. Foi por isso que eu me empaturrava de açúcar quando Devin morrei. Ou pelo menos era o que eu pensava. Depois que tinha enchido meus braços de sacos de balas, chicletes e alguns chocolates, fui para a sessão de bebidas — Você toma café? — perguntei, me virando para ele, que torceu o nariz. Bom. Aquele troço era mesmo nojento — Chá? Refrigerante? Seja útil caramba! — briguei, deixando-o sozinho ali e indo procurar um carrinho, antes que tudo caísse de meus braços.

Eu estava pegando um saco de macarrão quando alguém jogou meio sem jeito um monte de latinhas de refrigerante dentro do carrinho, me fazendo pular de susto por estar distraída. Loki bufou e apoiou as mãos na outra ponta do carrinho.

— Você, senhorita Clairemont, está se aproveitando muito para o meu gosto — rosnou, e eu sorri debochada.

— Sim, porque fui eu que te beijei, certo? Cuide do carrinho enquanto eu pego uma coisinha, querida Rena — dei dois tapinhas em seu ombro, empurrando de propósito o carrinho que força em sua direção e dando as costas para ele, mas ainda sim ouvi ele rosnar. Davina 2 x 0 Loki — Quem agora está mandando nisso aqui, Loki? — sussurrei para mim mesma, sorrindo igual uma maníaca. Fui até a sessão de bebidas e peguei uma garrafa de Vodka. Eu não iria dirigir mesmo, e já tinha dezenove anos, então... Foda-se. Voltei para onde tinha deixado o Traquinas e ele estava encarando um pacote de miojo com uma cara estranha.

— Isso aqui não pode ser fervido em três minutos! É fisicamente impossível! — resmungou para si mesmo, examinando o pacote com curiosidade. Dessa vez não consegui segurar o riso, e ele pareceu notar que eu havia voltado — Humanos são mais estúpidos do que eu pensava! Ferver isso em três minutos não é possível.

— É, eu também não acreditava que deuses existiam e, olha, tem um no meu pé igual cachorro sem dono! — falei com uma falsa surpresa, arrancando o pacote de suas mãos e o jogando no carrinho, colocando a garrafa encostada na grade — Vamos embora, Traquinas — chamei, pegando o carrinho e levando-o até o caixa, mas antes que eu chegasse ao meu destino uma coisa na sessão de biscoitos — Traquinas! Bolacha Traquinas! Oh, meu Deus! — comecei a gargalhar igual idiota, deixando o carrinho no meio do corredor e correndo até o pacote de bolacha Traquinas, pegando dois pacotes e correndo de volta — Olha Rena, você tem sua própria marca de bolachas! — debochei para o deus nórdico de volta com a cara emburrada parado ao meu lado, enquanto eu simplesmente não conseguia parar de rir.

Chegamos em casa depois de uma hora, e a primeira coisa que fiz foi jogar todas as sacolas que estavam comigo em cima da bancada e caçar por um pacote de doces. Peguei a primeira coisa que vi na frente, o que acabou sendo uma barra de chocolate, e arranquei o papel como se não comesse a um mês.

— Isso é saudável? — perguntou, apontando com o queixo para a barra de chocolate. Pelo reflexo na janela vi minha boca toda lambuzada de chocolate, mas só dei de ombros e continuei comendo.

— Não — respondi, quando acabei de engolir e mordi outro pedaço.

— Então porque está comendo? — questionou, e eu encarei-o com uma cara levemente irritada.

— Porque eu quero — respondi mal-criada e de boca cheia, e ele fazer uma cara de nojo e jogar as sacolas que eu tinha obrigado-o a carregar em cima do sofá, de um jeito completamente destrambelhado. Eu revirei os olhos e amassei o papel, agora vazio, de chocolate.

— Satisfeita? — perguntou, me vendo jogar o papel fora. Eu assenti feliz. Chocolate me deixa feliz, e nem Loki poderia mudar isso — Então venha.

— Pra onde? — perguntei ainda de boca cheia, tentando mastigar o pedaço enorme que tinha colocado em minha boca.

— Seu cérebro não vai aumentar a capacidade sozinho, não é? — perguntou, saindo da casa e eu o segui, minha curiosidade falando mais alto.

— E o que você pretende fazer para mudar isso, sabichão? — debochei já com a voz normal, deixando a porta aberta atrás de mim e o seguindo para a parte de trás da casa.

— Primeira lição — falou, e eu senti alguma coisa me acertar por trás, e escorreguei, caindo de cara no chão — Aprimore seus reflexos.

Eu me levantei com raiva, toda suja de neve, tão branca quanto um fantasma — O que você quer dizer com isso? — perguntei irritada, me virando para trás, vendo a ilusão de um Loki parado atrás de mim, com as mãos nas costas, igualzinho o original, a única diferença era que agora ele continha seu sorrisinho sarcástico no rosto novamente. Me virei para ele novamente.

— Aprenda por si mesma — disse simplesmente, e pelo canto do olho vi a ilusão se preparar para pegar meu braço, mas fui mais rápida e bloqueei o ataque. Que os jogos comecem — Viu sobre o que estou falando...

Não sei por quanto tempo ficamos assim, mas com certeza não foi pouco. Minha cabeça já explodia de dor quando eu fui jogada no chão novamente pela ilusão.

— Mais rápido — Loki repetiu, e eu o olhei irritada, me levantando do chão e bufando.

Mais rápido — imitei com a voz fina, tentando tirar um pouco da neve do meu cabelo. Eu estava me preparando para continuar, mesmo contra minha vontade, quando uma dor lacinante acertou o lado direito da minha cabeça e eu caí no chão inconsciente.


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Notas finais do capítulo

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