— Como foi a faculdade? — perguntei, colocando uma parte do meu cabelo atrás da orelha. Estávamos sentadas no caís que havia do outro lado da casa, com os pés balançando na ponta.

— Nunca tente fazer faculdade de jornalismo, é um porre — ela reclamou, e eu ri.

— Estou de boa com a minha de teatro, pode ficar tranquila — respondi, tomando um gole do copo de refrigerante que havia na minha mão — Porque voltou para Nova York?

— A Califórnia não é meu lugar — balançou a cabeça negativamente, olhando para baixo — Muito quente. E você, o que está fazendo aqui? Dá última vez que soube você tinha se mudado para São Francisco.

— Fui presa — dei de ombros, e ela me olhou com os olhos arregalados e uma expressão divertida no rosto — O que? Foram só três vezes!

— Cadê a Davina Clairemont que eu conhecia? — ela perguntou rindo, e eu ri também. Era bom ter a Sarah de volta. Ela era minha melhor amiga desde que eu me entendia por gente, junto com Chloe e Cameron. Crescemos na mesma vizinhança, e nossas mães sempre foram amigas, desde antes de nós nascermos. Mas, tudo ruiu aos pedaços quando Devin morreu. Nessa época, como Sarah era mais velha que nós, ela já tinha ido para a faculdade fazia dois anos. E eu me mudei para São Francisco junto com Cameron e sua mãe, enquanto Chloe ficou aqui com o pai. Acho que Cameron foi minha salvação. Sem ele, provavelmente eu ainda estaria trancada no quarto.

— Ficou em São Francisco — brinquei, e ela revirou os olhos, mas riu um pouco. Ouvimos passos atrás de nós e eu vi Cameron chegar até nós.

— Quem é vivo sempre aparece não é Edwards? — perguntou para Sarah, enquanto ela sorria e se levantava para abraça-lo.

— É bom te ver também Steinfeld — falou rindo, e os dois se abraçaram. Alguns segundos depois eles se sentaram do meu lado.

— Dá última vez que eu te vi seu cabelo era loiro e liso — apontou para o cabelo vermelho e ondulado de Sarah, que contrastavam com seus olhos azuis.

— Eu pintei, nunca gostei do meu cabelo — ela deu de ombros, e eu ri.

— O que acha de eu fazer californianas? Afinal, você estava na Califórnia — debochei, e eles riram — Como está a Chloe, Cam?

— Ela acabou meio que desmaiando em cima de mim, então coloquei ela no seu quarto — deu de ombros, e eu olhei para ele alarmada — Calma, o quarto estava vazio, ele não estava mais lá.

— Ele? — Sarah perguntou maliciosa e eu encarei Cameron com raiva, que abriu um sorriso — Quem é esse “ele”, Davina Clairemont?

— Ninguém que valha a pena eu comentar — resmunguei, prendendo meu cabelo em um coque.

— Não, agora você vai me falar — ela brigou, ainda com o sorriso na cara, e eu mais uma vez olhei irritada para Cameron.

— Muito obrigada Steinfeld — resmunguei, trazendo meus pés para cima e abraçando-os — Antes que você esteja pensando besteira, a coisa passa bem longe disso. E...

— Vou resumir a parte que sei, eu cheguei aqui e ela estava acompanhada de um deus nórdico procurado pela S.H.I.E.L.D. e por um outro mundo lá que esqueci o nome — Cameron falou, e eu o olhei mais irritada ainda.

— Ele é de Asgard — resmunguei, e os dois gargalharam.

— Foi aquele que você me contou que ela socou? — Sarah perguntou para Cameron, e eu escondi minha cabeça no meio dos joelhos.

— Soquei, e dei dois tapas hoje de manhã — resmunguei, e arregalei os olhos quando percebi o que tinha falado — Merda.

— Hoje de manhã?! — Cameron perguntou com um sorriso enorme na cara e gargalhando — Sua safada! Foi por isso que você não passou a noite em casa!

— Você o que?! — Sarah perguntou, o sorriso malicioso mais grande do que nunca.

– Vocês só pensam besteira! – acusei irritada, mas sem conseguir controlar o riso.

O assunto acabou morrendo e ficamos conversando coisas sem sentindo até começar a escurecer e esfriar mais ainda, então voltamos lá para dentro, já que a festa já tinha acabado, e os únicos que ainda estavam ali eram o Stark, Banner e o Thor, que pelo que Steve tinha me falado estava ficando na casa por um tempo. Sarah se despediu da gente e prometeu que amanhã me ligava para combinarmos de sair depois, e eu e Cameron fomos até meu quarto tentar acordar a irmã dele. Eu só esperava que ela não se lembrasse de nada do que havia feito, e se lembrasse, não falasse nem para a parede, ou eu realmente estava ferrada.

Abrimos meu quarto e ela estava toda esparramada na minha cama, com a boca aberta e roncando. Eu ri baixinho e Cam revirou os olhos ao meu lado, cansado de sempre ter que cuidar da irmã mais nova.

— Tente acordar ela que eu vou pegar aspirina — resmungou caminhando até meu banheiro, enquanto eu sentava na cama e balançava-a levemente.

— Chloe — chamei — Chloe, acorda — nada. Suspirei irritada e tentei pensar em alguma coisa — Chloe, eu tenho chocolate.

— Alguém disse chocolate?... — ela resmungou e eu gargalhei, fazendo ela se encolher de dor — Ai minha cabeça...

— Seu irmão foi buscar algum remédio — informei, levantando da cama quando ouvi meu nome ser chamado no andar de baixo. Saí do quarto e desci as escadas rapidamente — Quem me chamou?

— Eu — Thor falou, aparecendo atrás de mim do nada e me pegando em um abraço de esmagar os ossos — Parabéns baixinha.

— Obrigada — agradeci com a voz falha — Eu estou ficando sem ar.

— Oh, claro, mil desculpas — se desculpou, me colocando no chão e sorrindo igual uma criança travessa, o que me fez sorrir também.

— Tudo bem, loiro, tudo bem — bati no seu braço, porque o ombro era muito alto para eu conseguir alcançar.

— Davina, eu vou levar Chloe para a casa do meu pai e vou ficar por lá mesmo, tudo bem? — Cameron perguntou carregando sua irmã pela escada, que estava dormindo em seu colo.

— Okay — respondi, enquanto ele caminhava até mim e beijava minha testa — Se cuida.

— Você também, baixinha. E, feliz aniversário mais uma vez — desejou, e eu sorri de leve. Estava exausta, tudo que eu mais queria era voltar para o quarto e ficar lá pelo resto da semana.

— Steve, eu estou indo para o meu quarto, estou exausta — avisei, enfiando minha cara na cozinha, onde ele estava conversando com o Stark e o Banner.

— Hã? Ah, tudo bem Davina — disse e eu sorri, desejei boa noite a todos e subi para meu quarto, já que Thor havia desaparecido de novo e eu não estava com a mínima vontade de procura-lo. Tranquei a porta do quarto e fui tomar um banho rápido, já que mesmo nevando, eu estava totalmente suada.

Quando voltei para o quarto, me joguei na cama e apaguei no mesmo minuto.

Quando eu acordei, o sol já se infiltrava pela minha cortina, e eu resmunguei, me virando para o outro lado da cama. Mas ela não estava vazia.

— Aqui, podemos conversar sem ser interrompidos — falou, e eu pulei de susto.