As horas passavam e passavam, e os dias iam se esvaindo e nada mudava, a cidade parecia monótona demais, e novamente voltava a pensar em Phoenix, não havia deixado nada significativo por lá – além de sua mãe –, mas, de repente, a vida agitada da cidade parecia fazer falta.
Não podia mais só ficar em casa lendo e lendo, cozinhando o jantar e arrumando os cômodos. Não que se importasse em ter de fazer coisas assim, porque, de verdade, ela não se importava, mas o fato de só ter isso para fazer era que a incomodava. As lições da semana eram feitas com a maior antecedência e nada parecia ocupar sua mente.
Pelo menos o tal lual estava chegando, faltava pouco mais de uma semana, e finalmente alguma festa aconteceria.
Rabiscou algo no caderno, mesmo precisando prestar atenção na aula não conseguia se concentrar, havia falado com Renée na noite anterior e algo parecia errado, ela só estava normal. Sua mãe nunca estava normal.
Renée era a típica pessoa com altos e baixos, instável demais. Não havia normal em seu conhecimento. Um dia acordava bem, então estava em seu momento bom, no dia seguinte se acordava de mau humor ou algo não dava certo chegava o momento baixo, nenhum dos dois durava muito, mas nunca havia um momento neutro.
- Hey....
Ou talvez fosse apenas fruto de sua cabeça, de sua imaginação que já começava a criar histórias para sanar o tédio que aquele lugar poderia causar.
- Isabella – a voz a chamou pela terceira vez.
Piscou duas ou três vezes antes de virar-se para a garota que sempre se sentava ao seu lado, a baixinha de cabelos cacheados, que outro dia descobriu se chamar Ângela.
- Ah... – murmurou voltando a piscar para voltar a realidade.
O professor, sentado se sua cadeira parecia corrigir alguns trabalhos, enquanto no quadro estava escrito algum exercício que deveria ser feito. E ela havia perdido toda a explicação...
- Ah, fala – disse finalmente encarando a garota.
- Hoje Jéssica e eu devemos ir a Port Angeles provar alguns vestidos...
- Port Angeles? – perguntou se perdendo no meio da conversa.
Que lugar era aquele? Uma loja? Outra cidade?
- É – Ângela disse maneando as mãos num tique constante. – Uma cidade aqui do lado...
- Ah sim...
- Nós queremos ver alguns vestidos, ou qualquer coisa pro lual... Porque você sabe, tem que ser de branco e tudo mais.
Ela não sabia.
A empolgação da garota era tanto que poderia contagiar os outros.
- De qualquer jeito em Forks só tem um lugar e todas vão ao mesmo – disse com desdenho, de um jeito que não era o seu. – Nós combinamos de arranjar algo diferente esse ano!
- Ah – disse Isabella dando de ombros. – Por mim tudo bem!
- E nós também combinamos que tem de ser modelos bem diferentes, esse negócio de parecer sempre igual é muito ultrapassado – continuou falando. – E nada de muito pomposo, porque é um lual e não um casamento...
Nada igual? Ok.
Nada pomposo? Ok.
Exatamente o que ela procurava.

- Ah, essa é a Jéssica – disse Ângela se aproximando na hora do intervalo, puxando pela mão outra garota.
- Oi – a garota lhe cumprimentou com um aceno de mão e um sorriso.
- Então hoje nós deixamos as suas coisas na sua casa e vamos – Ângela continuou falando.
E quando o carro ganhava as estradas que ligavam as cidades interioranas, Ângela continuava falando, mas os olhos de Isabella, e tudo mais, estava focado além disso, não importava o que a amiga dizia, estava presa em seus devaneios.
Seus olhos piscaram repetidas vezes, havia visto alguém?
Estreitou a visão e suspirou, tanto tempo sem ver muito movimento já a estava afetando. Não havia sido nada.
- Não é? – Jéssica perguntou cutucando seu ombro.
- Ahm? – voltou a piscar uma e outra vez para então encarar a garota. – Eu não prestei atenção...
- Que seria, tipo assim – a garota falou enrolando uma mecha de cabelo nos dedos virando-se para o banco de trás, onde Isabella estava sentada. – Tudo! Se a Ângela fosse com o Eric para o lual...
Eles já não iam juntos? Andava mesmo alheia a tudo.
- Ah claro – disse com um sorriso fraco nos lábios.
- Mas então você teria que ir com Mike! – Ângela declarou prestando atenção no trânsito, que quase não existia.
- Ah... – Jéssica resmungou escorregando no banco. – Se ele pelo menos me convidasse!
- É só você ir convidar ele – Isabella disse dando de ombros.
Os olhos das duas garotas se arregalaram imediatamente.
- NÃO – praticamente gritaram em uníssono.
Okay então.