Ela poderia dançar ao seu lado a noite inteira e não se incomodaria com nada, porque ele simplesmente a guiava por aquele salão com tal maestria que sentia como se flutuasse.
Os pés dele pisavam certeiros no chão a fazendo sorrir, ele era só um garoto, mas dançava como muito homem jamais havia dançado ao seu lado, e era uma sensação tão boa que Angelique podia sentir com isso que simplesmente não queria se afastar.
Porque se afastar seria como acordar de um sonho... E ela tinha um príncipe ao seu lado, porque iria querer mudar isso?
Um suspiro podia ser ouvido das mulheres que os admiravam e isso a fez sorrir, sim, havia escolhido certo esta noite.
Murmúrios perguntavam pelo homem que a acompanhava, quem era, qual segredo poderia esconder, Angelique maneou a cabeça dedicando-se apenas a encarar os olhos do homem com quem dançava e sorriu, não havia segredos, a menos que estes estivessem escondidos por trás daquele par de olhos castanhos. Ela estava quase certa de que não havia segredos...
Anthony sorriu sobre o olhar investigativo de Angelique e ergueu o rosto, voltando a dançar como se nada o incomodasse, o que de fato acontecia, nada o incomodava, decidido a aproveitar, alguns homens só tem uma chance como essa uma vez na vida.
- Um beijo por seus pensamentos – ela murmurou, e antes que Anthony pudesse lhe dizer algo, sua língua invadia a boca masculina com uma experiência já conhecida.
Haveria aplausos, haveria gritos e assovios se não fosse pela surpresa do momento, porque damas não devem se comportar desse modo.
No segundo seguinte ela ofendia-se mentalmente por ter ultrapassado qualquer padrão que um dia havia elaborado, mas ele a fazia perder a noção de tempo e espaço e não poderia brigar por isso, havia se deixado levar por vontades.
Mas ela prometeria jamais fazer isso...
Só que era tarde demais, porque um homem só beija uma mulher quando deseja desposá-la, e agora Anthony encontrava-se entre a parede e a espada, principalmente depois de todos terem parado para observar.

- Merda – Angelique gritava trancada em seu quarto, não lhe importava mais as aparências nem o que os outros iriam dizer, havia perdido o controle e agora teria de ficar ali, enquanto na sala, no andar debaixo, Anthony era inspecionado pelo senhor Maxell. – Eu o beijei – Angelique gritou alto o suficiente para que ouvissem, mas de fato pareceu retumbar mais alto nos tímpanos de seu velho pai do que nos do garoto.
Detalhes.
- Eu penso que o senhor deveria conversar com Angelique – Anthony murmurou rodando um centavo por cima de seus dedos.
- E eu penso que o senhor deveria se manter afastado de minha filha! – a voz do senhor Maxell ecoou forte.
- Eu não tive culpa – Anthony declarou erguendo os braços, após segurar a moeda, como se declarasse sua inocência.
O que de fato fazia.
- Eu sei como garotos da sua idade não podem conter seus hormônios... Desejos – o homem parecia procurar palavras que soassem menos vulgares. – Mas deveria ter se contido perto de minha filha!
Ah se ele soubesse...
Se ele sequer aceitasse ouvir.