Todos os sons incomodavam, deixavam o ambiente com aquela tensão e aquela áurea de tristeza. Ouvia-se o choro copioso de uma mãe, as palavras de conforto do pai , os amigos consolando uns aos outros . Quem olhava de fora daquele cemitério via abraços reconfortantes e lágrimas sendo enxugadas e uma menina no canto alheia a tudo , esta usava as vestes negras que todos os presentes no enterro usavam , olhava todos aqueles caixões, todos morreram durante a explosão, a qual ainda não haviam descoberto causa e culpado , mas ela sabia , a causa e a culpa era dela.

–Ei... – A voz sussurrou, ela sabia de quem era, o homem que a dois dias atrás se declarara para ela.

–O que você quer? - Rosnou.

–Não havia tempo eu queria salvar a todos, mas o tempo apenas me permitiu salvá-la.

–Lembra o que eu lhe disse sobre heróis? - Ela perguntou olhando fixamente para o caixão dos seus amigos, Taylor, Gus e Melissa, a vida lhes tirou todos, em apenas uma noite.

–Sim. – Ele respondeu.

– Ontem descobri que era tudo mentira, os heróis só salvam as pessoas as quais são convenientes para eles salvarem.

Ela saiu e apenas lhe deixou palavras, palavras que lhe doeram profundamente.

“Ele corria contra o tempo , a vida dela corria perigo , o escudo já estava em mãos e a explosão aconteceu ele felizmente pulou em direção a ela ,colocando o escudo a frente deles para protege-la , mas muitos foram atingidos antes de raciocinar que era uma explosão, outros conseguiram se esconder, mas ele apenas a salvou.”

Steve suspirou, sabia que Sidney estava certa, ela a salvou, por que lhe era conveniente. Ele simplesmente não podia ver o amor de sua vida se tornar cinzas.

***

– Eu não quero comer e ponto qual o problema de entender que não estou afim de comer?- A voz rebelde trovejava na sala principal da Torre Avengers.

–Todos os problemas.

–Então vai todo mundo se ferrar. – Sidney gritou na cara da mãe.

Pepper a olhou em silêncio se aproximou e lhe deu um tapa.

–Repete.

Sidney a olhava perplexa sentiu o sangue subir ao local onde as mãos de Virgínia haviam a estapeado.

–Olha, Sidney, eu entendo sua dor, mas isso não é motivo para você virar uma revoltada mal educada, até por que nenhum dos seus amigos iria querer isso.

–Você não sabe o que eles queriam. – Ela resmungou em resposta.

– Eu não sei realmente. – Pepper a olhava com compaixão, sabia a dor enorme que a filha sentia, afinal eram seus únicos amigos. – Mas você ficar dessa forma não vai trazer ninguém de volta.

–Agindo dessa forma ou não eles continuam mortos.

Ao dizer isso Sidney se retirou da sala onde todos assistiam tensos a discussão de mãe e filha. “Bando de abutres hipócritas.” Ela entrou no elevador ao mesmo tempo em que ele saia. Seu coração deu um salto e disparou, batia tão rápido que ela escutava, esperava que ele não pudesse ouvir, para ele demonstraria apenas desprezo.

Subiu para seus andar, seu quarto estava um caos, o dia anterior quando descobriu os mortos quis se matar, mas repensou, a dor era para ser sofrida, afinal a culpa era dela.

“– Tente descansar um pouco, amanhã precisa estar bem para o enterro. – Eram as palavras de conforto da mãe, que não lhe pareciam tão reconfortantes assim.

Subiu o elevador, queria falar com Steve, mas ele apenas a salvou foi egoísta, Taylor, Mel e Gus estariam vivos se ele os ajudasse também.

Olhou seu quarto, aquela vontade de chorar chegou novamente, sucumbiu e deixou as lágrimas que estava presas saírem , seu choro era agonizante para qualquer um que estivesse a escutando , olhou seu quarto novamente e viu a maldita parede, a parede das fotos, fotos com seus pais, com os Avengers , fotos de sua caminhada no ballet e fotos com seus amigos , muitas fotos com seus amigos.

Quando voltou a si todas as fotos se encontravam jogadas no chão, seu abajur estava quebrado suas poltronas viradas, quadros jogados.”

O choro voltou novamente, então subiu em sua cama e deixou as lágrimas molharem suas bochechas e seu travesseiro.

***

Eram seis horas da manhã quando Sidney acordou novamente, seu quarto estava organizado novamente, obra de sua mãe com toda certeza, foi para o banheiro precisava tomar um banho daqueles para espairecer. Encheu a banheira e colocou pedras de sal de lavanda e o sabonete liquido também. Entrou na banheira ficou submersa naquela água quase lilás, após alguns segundos voltou a superfície sem ar.

Saiu de toalha para seu closet, pegou um moletom e uma blusa regata penteou os fios molhados e desceu para tomar o café, eram 8 da manhã e todos já estavam reunidos, Sidney sabia que o assunto da conversa iria se encerrar assim que a vissem e então sua mãe lhe desejaria um bom dia e em seguida diria dormiu bem meu anjo e foi exatamente o que aconteceu quando Steve se virou e como o efeito domíno todos na mesa fizeram o mesmo e rapidamente o assunto acabou e Pepper fez seu papel de sempre.

–Bom dia meu anjo, dormiu bem?

Sidney apenas assentiu e se sentou na ponta da mesa, não estava com humor para conversas esses dias.

Depois do café subiu ao seu quarto, não queria dançar, não agora, a dança lhe lembrava das perdas que lhe ocorreu, nem treinar, isso só serviria para ficar com raiva da ineficiência dos ditos “heróis”. Olhou os braços suturados, causados pelos cortes que fizera enquanto estava no hospital, esperando o médico lhe dar noticias sobre o estado de saúde dos amigos.

“As pessoas passavam por ela, algumas desamparadas ao ouvir algo, outras apenas preocupadas e aquelas que Sidney mais despreza e mais queria ser ao sair dali, mal ela sabia que seria a desamparada.

–Srta. Stark? - A voz do médico a despertou do devaneio que se encontrava desde que chegou.

–Sim. – Ela levantou o olhar para o homem de jaleco.

–Sinto que tenho más notícias para você.

– Por favor, sem cerimônias só me diga logo.

–Todos os pacientes, infelizmente não sobreviveram.

Sidney uivou e foi sedada para poder descansar.

Acordou em um quarto de hospital, ainda com suas roupas, olhou ao redor e viu sua saída, a maneira com a qual iria acabar essa dor enorme que sentia.

Uma tesoura.

A pegou como se fosse um copo de água para quem tem sede e então a dor acabou e tudo ficou preto.”

Sidney levantou, sabia o que iria fazer caminhar no Central Park, sua terapia desde sempre.

– Onde pensa que vai?

Era a voz dele, Steve.

–Onde eu bem entender.

–Não pode sair sozinha.

–Steve você pensa que me acompanhar vai reparar as falhas e as perdas que me causou, não, não vai, agora com licença.

–Sidney!

Mas o elevador já havia fechado.

Algo parecido com paz interior a invadia quando corria aos arredores do Central Park , ar lá era quase limpo e tão fresco de se sentir, a brisa leve do inverno fazia parte do ar condicionado natural de New York.

No meio do caminho, Sidney já estava sozinha , os outros corredores já havia cansado , mas não ela , e foi então que começou a se sentir seguida, raiva a tomou pois sabia que era Steve a seguindo , uma vez havia lhe contado algo sobre isso.

***

– Como você conseguiu Steve, era só entrar no elevador. – A voz de Tony estava aguda de tanta raiva.

–Onde ela pode estar? - Pepper perguntou.

–Central Park. – Steve e Tony disseram sincronizados.

A pista estava vazia mas eles corriam até acharem.

– Esse é ipod dela. – Natasha disse.

– Ela pode ter deixado cair.

Natasha levantou o olhar para Steve.

–Não, Cap, você sabe o que quer dizer. – Ela levantou. – Elas a levaram.