Agora enquanto minha cabeça latejava e derremava aquele líquido quente e viscoso que muitos chamam de sangue eu pensava por que merda eu pensei que Steve estava me seguindo e por que não corri e me escondi na multidão do Central Park , bem , eu nunca ia entender essa coisa toda do jeito Stark de se pensar.

Eu tinha apenas as mãos amarradas, ou seja , quem quer que tenha me sequestrado sabe que sou bailarina e sabe o quão valiosos são os meus pés.

Tombei minha cabeça pro lado, sentia o metal frio em minhas costas , estava congelando , com certeza estava só com minha lingirie , como não me lembro de nada desde o Central Park só espero que não tenham me estuprado e caso tenham feito prefiro ficar sem a lembrança.

Ouvi vozes, a luz do local se acendeu e essa foi a hora em que Sidney Stark ficou horrorizada pela primeira vez, havia uma pilha de corpos acorrentados uns aos outros, todos carecas.

–Hora da ração cadelinha. – Uma mulher falou, atrás dela haviam dois homens.

Uma bacia pequena de metal fui chutada para mim , parecia que era mesmo ração, e como minhas mãos estavam presas teria que comer como um cachorro. Me limitei a olhar para ela com desprezo e sarcasmo , a receita mais famosa para os inimigos dos Stark , pelo menos era o que meu pai costumava dizer , um aperto veio ao meu coração ao lembrar do meu velho.

– Brincadeirinha . – A mulher lhe lançou um sorriso cínico de diversão. – A injeção.

Ela ordenou para os homens, que prontamente pegaram a seringa e ela saiu.

–Você segura os pés e eu aplico. – O mais velho disse.

Eu deixei eles me espetarem, se fosse pra me matar eu queria morrer logo.

Senti algo arder em minhas veias, era puro fogo dentro de mim e soube o que era, o soro viúva negra.

Tentei não me desesperar com o fato de que agora a fórmula que corria nas veias da Natasha corria agora nas minhas também eu era uma viúva negra.

Todo o branco e vermelho de sangue dos corpos empilhados ficava embasado e sentia que ficava inconsciente e de repente tudo ficou preto como em um blackout.

***

– Shhh, ela está se mexendo não vamos atrapalhar o sono dela. – Ouvi uma voz dizer enquanto recobrava minha consciência lentamente.

Enquanto estava inconsciente senti minhas veias arderem e meu coração palpitava tão forte que quase o sentia saindo por meu peito.

Meu corpo começava a tremer em um quase ataque epilético, sentia minhas costelas se atritando contra a parede metálica e ouvia aplausos, sim, eu sabia: Era a diversão deles, a filha do homem de ferro que está sendo testada como uma cobaia para um experimento perigoso, o qual não é feito em anos; me sentia como em um penhasco desabando aos poucos e não sabia se eu deveria correr para longe da borda ou permanecer até ele se acalmar.

Meus olhos se abriram repentinamente e as lâmpadas agora o incomodavam , pisquei até conseguir me acostumar.

Abaixei o olhar e vi que estava em uma cama com enxoval branco e vestia uma camisola de linho bege.

–Finalmente acordou , minha star. – Estremeci quando escutei aquela voz tão conhecida, afinal , não podia ser ele , estavam apenas brincando com meus sentimentos me fazendo perder o controle das coisas , me deixando louca

***

–Não pode ser você.- Eu disse controlada. – Estão fazendo joguinhos comigo.

–Sou eu sim , Sid , o seu Taylor.

–Meu Taylor nunca faria isso.

–Desde que te conheci já estava predestinado a isso.

Minhas lembranças boas haviam sido uma mentira ?Eu e Taylor passamos a infância juntos e éramos amigos até agora, como ele podia ter nascido no lado errado?

–Por que?

–A vida é assim Sid, minha starzinha. – O Sorriso irônico não saia de seu rosto.- Nem tudo é do jeito que papai disse que devia ser.

Ele estava me chamando de mimada e filhinha de papai. Eu não conseguia segurar a onde de raiva que surgia em mim.

–Você está me chamando de mimada?- Eu tentei não levantar muito o tom de minha voz. Não queria que vissem que estava irritada. – Você, Taylor sabe muito bem quantas vezes já me virei sozinha nessa vida.

Ele se limitou a rir de mim com os capangas , minhas veias ardiam em resposta a fúria que crescia em mim.

– Ela se virava sozinha. – Ele falava para os homens. – Mas no final de tudo que fazia o pai assinava embaixo, só pra dizer que tudo que ela fazia era em função do sobrenome Stark.

O fogo que atravessava meu corpo agora o fazia descontroladamente, eu olhei meus braços que estavam presos a cama mas os soltei rapidamente , só via o olhar assustado que logo tomou o rosto de Taylor.

Depois de alguns segundos o galpão onde me mantinham enclausurada estava totalmente inconsciente, graças ao soro e as aulas de luta com Steve, ah Steve, a lembrança dele fez meu coração palpitar mais forte, tão rápido que o escutava a cada batimento. Lembrei-me das nossas últimas palavras:

“–Não sei se você sabe, mas buquês são entregues depois da apresentação. –Eu disse sorrindo.

– Eu sei, mas acho que você merece algo fora do convencional.

Sorri e o abracei.

–Obrigada. – Disse pondo o buquê na namoradeira.

– Sid?

–Sim?- Me virei para ele com um sorriso afetuoso.

–Sabe... Eu preciso te contar algo. – Ele fitava o chão coçando a cabeça.

– Fala. – O olhava nos olhos , estava séria.

– Eu tenho me sentindo... Mais feliz sabe?

– Steve você está se sentindo bem?

– Me deixa concluir. –Assenti.

– Eu tenho me sentindo mais feliz desde que me mudei para aquela bendita torre , a qual fui obrigado por Fury, mas ai eu conheci uma ruivinha sabe e então me arrependi de todos os pensamentos negativos que tive sobre aquela mudança.

– Steve.. Eu.- Sidney começou.

–Shhh. – Steve colocou o indicador sob minha boca. – Não terminei.

Eu apenas o fitei.

– Então e fui conhecendo a ruiva melhor e sabe o que eu sentia quando a via? – Neguei com a cabeça. – Meu coração disparava e era como se eu não tivesse chão quando você estava por perto então percebi. Eu fui tão bobo para não ver isso, eu estou apaixonado pela tal ruivinha.

Eu arregalei os olhos de surpresa, Steve me puxou para perto e abaixou a cabeça até seus lábios ficarem próximos o suficiente.

– Eu te amo, Stark. – E então encerrou aquela distância juntando seus lábios aos meus, não reagi no começo, mas depois correspondi o beijo inesperado com paixão e veracidade, eu também o amava.”

Estava decidida a sair dali. Não foi difícil achar a saída , graças a Deus não haviam me tirado de NYC , sabia o caminho de volta para casa , só precisava achar o metro da avenida mais próxima , provavelmente estava perto da Big Apple.

O caminho se baseou em algumas pessoas pedindo autógrafos, outras me olhando como se eu fosse um fantasma, acho que o sequestro deve ter vazado.

Finalmente estava a frente do grande prédio que chamava de casa.