Will acordou um pouco confuso, tateando a cama em busca de Nico, mas então lhe veio a memoria do filho de Hades o estapeando e enxotando-o no meio da noite. Era algo tão ridículo que o fazia sorrir. Mas Will sabia que havia algo errado com o garoto e estava disposto a ir verificar como ele estava.

Nico ainda dormia no chão quando Will abriu a porta e em questão de segundos o garoto estava completamente acordado e alerta, de pé

–Você me assustou

–Você teve um pesadelo.

–Vamos brincar de falar o obvio? Eu tenho muito a dizer. - ele levantou as mãos em sinal de rendição

–Só queria saber se você esta bem

–Estou. Desculpa por ontem, eu surtei um pouco –Will soltou uma risada pelo nariz, descontraído

–Um pouco? - Nico fechou a cara e ele atravessou o espaço entre eles com dois passos e o abraçou

–Um pouquinho. - o corpo de Nico vibrou em uma risada. Tudo estava bem. Will estava ali e iria espantar os pesadelos que incomodavam Nico

–Está mesmo bem? - ele se soltou do abraço.

–Acontece toda noite. E todo dia eu acordo, me levanto e vivo normalmente. Por que justamente hoje eu não estaria bem? - ele coçou a nuca, um pouco sem graça por ter dito aquilo em voz alta, por ter dito o quanto era obrigado a suportar todo dia e continuar vivendo.

–Toda noite – ele repetiu, encantado – E você... suporta?

–Todo dia. Suporto. Tudo bem, eu já to acostumado com isso – ele parecia tristemente conformado

–Você não devia fazer isso sozinho.

–Mas faço. Tudo bem.

–Não, não está. Você tem amigos, e todos estão dispostos a ajudar e eu...

–Tudo bem, Will – ele forçou um sorriso – eu estou bem

–Você se convence que está bem. Mas não está – Nico se sentou na cama, o queixo encostado nos joelhos e Will se sentou do seu lado

–Não, não estou. - ele admitiu

–Porque você acha que você matou Octavian

–Porque eu acho que matei o Octavian

–E você acha isso porque você pensa que é um filho das sombras

–Eu posso viajar nas sombras, eu sou filho das sombras

–Pode viajar nas sombras e se tornar uma delas também. - Nico fez uma careta e Will lhe deu um sorriso gentil – Se você tiver um pesadelo, pode ir no meu chalé no meio da noite e me chamar e eu vou vir. E vou ficar com você até ir embora

–Promete?

–Aham – ele ficou de joelhos na cama, se inclinou e beijou Nico. O beijou até a porta se abrir

–É uma bela visão da, hum, sua bunda. – era Percy, que sorria, um pouco constrangido pelo momento

–Obrigado. - Will deu um sorriso malicioso. Ele ia fazer alguma coisa, Nico pensou e como se houvesse um timing, Will se levantou e andou rebolando até Percy, chegou bem perto dele e passou ao seu lado mas, antes de sair Nico ouviu ele dando um tapa forte na bunda de Percy e sair correndo, gargalhando – Se quiser eu – ele parou, e colocou as mãos em concha ao lado da boca – Eu lhe dou essa visão novamente. Percy corou violentamente e se virou pra Nico, atônito, que levantou os braços em sinal de rendição

–Eu não faço ideia do porquê ele fez isso. Ele é meio imprevisível

–Meio? - Nico riu

–Tome cuidado pra Annabeth não ficar sabendo disso

–Ah, eu vou.

–Pra que veio aqui?

–Hã?

–Por que você veio aqui, Jackson?

–Ah, fontes muito imprevisíveis me contaram que você anda tendo pesadelos

–O que? Quando?

–Ontem a noite eu estava ajudando uns cavalos marinhos e quando eu voltei encontrei Will perambulando pelo acampamento ai ele me contou.

–Por que?

–Havia um deles com um anzol preso na...

–Não! Por que Will te contou?

–Ah, ele disse que você tava precisando de, hum, amigos nesse momento – ele sorriu suavemente – Sou seu amigo, certo?

–É?

–Sou. Apesar de ter havido toda aquela coisa de você... meio que... - Nico corou

–Gostar de você?

–É, isso.

–Ja passou. Juro que não vou te atacar no nada – Percy pareceu relaxar. - Eu sinto muito por isso... tudo.

–Sente muito por ser gay?

–Acho que meu pai deve sentir muito por ter um filho gay. Sentir muito ódio.

–Hades sente ódio de tudo – Percy sentou na beirada da cama – Então... pesadelos?

–É, algo desse tipo – Nico sentou do seu lado e ouviu pacientemente o filho de Poseidon tentar ajuda-lo, normalmente se enrolando nas palavras e as vezes perdendo o fio da meada, mas no fim, conseguindo convencer Nico de que ele precisava de ajuda

–Sabe de que eu preciso de ajuda agora mesmo?

–Hum... não?

–De um imenso café da manhã

–É, Nico. Vamos tomar café da manhã.