Era Uma Vez escrita por annaLI


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Depois de um milhão de anos... eu estou de volta! Peço desculpas pelo enorme atraso. Vários probleminhas não me permitiram terminar logo o cap. 11. Bem, tomara que a espera valha a pena...



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     - Como é???? Quer dizer que o velho gagá não passava de um fedelho????

     - TOUYA! – Sakura exclamou zangada. Ela e Syaoran tinham ido até o castelo e agora estavam na sala do trono com a família dela e Fay, explicando o que tinha acontecido. – Não chame o Syaoran de fedelho!

     - Mas é o que ele é.

     - Meu filho, não seja mal educado. – Os pais de Sakura pareciam compreender a situação e Fay estava se divertindo, totalmente o oposto de Touya que bufou com o comentário da mãe, cruzando os braços, irritado.

    - Que bom, não é Sakura? Finalmente podemos ver de novo esse seu lindo sorriso... – Fay comentou, deixando Sakura encabulada – Eu disse que você teria uma grande surpresa...

     - Mas eu nunca imaginaria que seria algo assim... – Sakura disse, sorrindo para Syaoran, que retribuiu seu sorriso. Os dois estavam de mãos dadas e pareceram esquecer que estavam sendo observados no momento em que seus olhos se encontraram.

     - Hum, aposto que esse aí tinha segundas intenções desde o início... – Touya disse, quebrando o encanto dos dois pombinhos.

     - O que você disse? – Syaoran falou, lançando-lhe um olhar mortal.

     - Exatamente o que você ouviu. – Touya retribuiu o olhar no mesmo nível e os dois pareciam prestes a partir um para cima do outro.

     - Para, Syaoran. Não dê ouvidos a ele. – Sakura disse, tentando acalma-lo, mas também olhando zangada para o irmão.

     - É mesmo, não dê ouvidos ao Touya, ele só está preocupado com a irmã... – O pai de Sakura comentou, levantando-se e indo em direção a Syaoran. – Seja bem-vindo de volta, agradeço por fazer minha filha tão feliz. Fay tem razão, ela esteve extremamente triste esses dias...

     - Não precisa agradecer... – Syaoran começou, sendo interrompido pela rainha, que também tinha levantado e se colocara ao lado do marido:

     - É claro que é preciso. E... também gostaríamos de lhe pedir um favor. – Ela disse, lançando um olhar significativo ao rei.

     - Ah, claro. Por favor, pedimos que ninguém mais fique sabendo da verdade até amanhã... – Como respondendo ao olhar interrogativo de todos, continuou: - Você deve saber que haverá uma grande comemoração na cidade... – Syaoran concordou com um aceno de cabeça e ele prosseguiu: - Nós tomamos uma decisão e... iremos revelar aos nossos súditos o grande segredo que escondemos deles por tanto tempo...

     - Vossa majestade quer dizer...sobre a magia? – Fay perguntou, incrédulo.

     - Sim. – O rei respondeu.

     - Por quê? – Foi a vez de Touya perguntar.

     - Porque é a coisa certa a se fazer, eles têm o direito de saber. Esse segredo já trouxe bastante confusão... Só quem ficou sabendo além dos presentes nessa sala foram a rainha Sonomi e a princesa Tomoyo. Então, você jura não revelar nada? – Ele se dirigiu novamente a Syaoran.

     - Claro. – O príncipe respondeu, sério.

     - Obrigado.

     - Papai – Sakura falou, depois de alguns segundos.

     - Sim, querida?

     - E onde Syaoran ficará até amanhã? Seria muito estranho ele chegar no abrigo e...

      - Ele deve passar a noite no castelo.

     - O QUÊ? – Touya exclamou enquanto Sakura abria um enorme sorriso.

     - É sério, papai? Ai, que legal!!!! – A moça disse, batendo palmas.

     - Papai... o quê...? – Touya ainda não se conformara.

     - Já está decidido.

     - Arf...

     - Haha... Vamos Syaoran, ainda temos tempo antes do jantar... – Ela o arrastou para o pátio do castelo enquanto pediam licença fazendo reverências apressadas aos que ficavam.

      Sakura e Syaoran passaram uma tarde memorável, cavalgando e correndo pelo bosque como duas crianças. Eles tinham parado para descansar no alto de uma colina, onde podiam apreciar o céu dourado com o pôr-do-sol. Estavam deitados lado a lado de mãos dadas e em silêncio até Sakura falar em voz baixa, como para si mesma:

     - Você não explicou...

     - O quê?

     - A razão de terem enfeitiçado você – Sakura tinha virado o rosto para olha-lo, mas Syaoran evitava encara-la. – Por acaso, irritou algum feiticeiro de seu país? – Ela brincou – Ah, é verdade, só agora me lembrei... – O que ela tinha lembrado a fez erguer-se, ficando sentada e assumindo um ar pensativo.

     - O que foi? – Syaoran também se ergueu, sentando-se e vendo-a encarar o horizonte, com um olhar triste.

     - Você é estrangeiro, logo terá de voltar para seu país, não é? Suas roupas... – Ela lançou um olhar à Syaoran de alto a baixo – Só lembro de ter visto roupas assim em livros... É muito longe o lugar de onde você veio, não é?

     Syaoran também ficou triste, lembrando que realmente deveria voltar a seu país logo, logo.

    - Você gostaria que eu ficasse sempre aqui?

    - Você ficaria?

    - Eu faço qualquer coisa para que possamos estar sempre juntos...

    Sakura abriu um sorriso, com lágrimas nos olhos e abraçou-o. Eles permaneceram alguns instantes assim, em silêncio. Com a cabeça apoiada no ombro dele, Sakura abriu os olhos e viu o horizonte à frente iluminado pelos últimos raios de sol do dia.

    - É isso mesmo que você quer fazer? Sabe, eu também... faria qualquer coisa... Eu poderia ir com você...

    - Até onde? – Syaoran perguntou, incrédulo e ela levantou o rosto para encará-lo.

    - Até onde você for – Ela falou, corando. - Meu irmão vai querer me matar, mas meu pai e minha mãe... Tenho certeza que irão me apoiar...

    - Você está falando sério mesmo?

    - Sim. Quer dizer... Só se você quiser que eu vá...

    Syaoran apenas sorriu em resposta, ambos tinham percebido o quanto seus rostos estavam próximos. Podiam sentir a respiração um do outro, os corações numa sincronia acelerada... No instante em que seus lábios se tocaram, eles chegaram a se assustar com a própria ousadia e se afastaram um pouco para se encarar, muito corados, mas não demoraram muito tempo para perceber que tinham muita vontade de continuar e foi o que fizeram em seguida, aprofundando um pouco mais o beijo até que... eles ouviram o som distante de sinos e Sakura afastou-se bruscamente, ficando em pé.

    - Ai, não.

    - O que houve?

    - Já é hora do jantar.

    Os dois partiram num galope bem rápido em direção ao castelo, chegando ofegantes à sala de jantar, onde o rei, a rainha e o príncipe já estavam sentados.

    - Nos desculpem o atraso. – Os dois disseram.

    - Que diabos vocês estavam fazendo? – Touya foi logo perguntando, num tom de acusação.

     Eles trocaram um olhar rápido, que os fez corar furiosamente, e não responderam.

    - Estávamos apenas esperando vocês, sentem-se. – A rainha disse, dando ordem para que o jantar fosse servido em seguida.

    Os dois sentaram-se, um do lado do outro, infelizmente bem de frente ao olhar fuzilante de Touya, que não deu trégua durante toda a refeição.

    Depois do jantar, Sakura foi tratar de algo sobre a festa do dia seguinte com a mãe, e Syaoran foi levado ao quarto onde passaria a noite. Lá ele encontrou a mala que tinha trazido e deixara juntamente com a carruagem numa cidade vizinha e ao lado da mala havia um bilhete que dizia o seguinte: “Olá! O cocheiro trouxe isto quando você esteve fora. Tive de intervir porque todos acharam estranho que ele estivesse procurando pelo príncipe Syaoran. Ele pediu que mande uma mensagem quando quiser partir. Até mais, Fay.”

    Syaoran se perguntou por alguns instantes como o cocheiro sabia que ele estava ali, mas depois achou que era óbvio que ele achava que um príncipe deveria ter ido para o castelo e deixou de pensar nisso. A lua cheia iluminava bem o quarto e ele até apagou as velas por as achar desnecessárias. Deitou na cama, com as mãos atrás da cabeça e passou a pensar em Sakura e em quanto estava feliz por saber que ela também o amava, pensou na tarde maravilhosa que tinham tido juntos. Quando estavam juntos qualquer momento era maravilhoso... Pensou no que ela tinha dito e se perguntou se ela já sabia de toda a verdade... Não, tinha certeza que ela não ia propor uma coisa dessas se soubesse, muito menos fingiria não saber. Desejava fortemente que ela não mudasse de opinião quando ele contasse tudo e, mesmo sozinho, ficou muito vermelho quando se lembrou do beijo que tinham trocado ao pôr-do-sol, ele ainda podia sentir os lábios dela nos seus e seu perfume suave invadindo suas narinas... Ficou pensando nisso por um longo tempo até se sentir triste porque não a veria de novo aquele dia.     

    Pelo menos era o que ele achava antes de perceber alguém abrindo a porta do quarto silenciosamente com muito cuidado e uma voz falar bem baixo:

    - Syaoran?

    - Sakura!? – Ele perguntou, se erguendo da cama e indo até perto da porta, onde ela estava.

    - Desculpe, eu acordei você?

    - Não, eu ainda não estava dormindo... Mas Sakura porque você está falando tão baixo? Eu mal consigo escuta-la.

    - Ah, é que o quarto do meu irmão é bem em frente ao seu e eu acho que foi ele que armou isso. Se...

    - Sakura! – Syaoran reconheceu imediatamente a voz de Touya vindo do lado de fora.

    Tentando ignorar a voz do irmão, Sakura sorriu, dizendo:

    - Eu vim para desejar boa-noite...

    - Boa-noite. – Syaoran também sorriu.

    - Sakura! – Touya abriu a porta do quarto e entrou sem cerimônia.

    - Ai, o quê que é hein Touya?

    - O que você está fazendo no quarto do moleque????

    Sakura não respondeu.

    - Até amanhã, Syaoran. – Ela sorriu ainda para o rapaz antes de se retirar, Touya a seguiu, não sem antes trocar um olhar nada agradável com Syaoran, é claro. O príncipe ainda ouviu os dois discutirem um pouco do lado de fora, mas foi dormir muito contente.

    Quando acordou no dia seguinte, ele encontrou o castelo bastante agitado. Criados passavam com flores, comidas e caixas enfeitadas, um deles lhe avisou que o café da manhã tinha sido servido. Chegando à sala de jantar, só encontrou o pai e o irmão de Sakura comendo.

    - Bom-dia – O rei o cumprimentou gentilmente.

    - Bom-dia – Syaoran respondeu com uma reverência.

    E para o olhar interrogativo de Syaoran, o rei respondeu:

    - Ah, Sakura e a mãe estão se arrumando...

    - Se é que a mamãe já conseguiu acordar aquela monstrenga... – Touya falando, sem se intimidar com o olhar irritado de Syaoran por chamar Sakura de monstrenga.

    - Sakura sempre gostou muito de dormir e... isso ela puxou à Nadeshiko... – O pai de Sakura comentou com um sorriso.

    Pouco mais se falou até terminarem de comer, um guarda veio avisar que a princesa Tomoyo tinha chegado e eles se dirigiram ao saguão do castelo para recebê-la. Quase no mesmo instante a rainha e a princesa Sakura apareceram também.

    - Desculpem a demora.

    - Ah, Tomoyo que bom que já chegou! – Sakura correu para abraçar a amiga, sorridente.

    - Ai, Sakura você está maravilhosa!!!! – “É verdade.” Foi o que Syaoran pensou. Ela usava um vestido rosa bem claro, quase branco, de manga curta com flores bordadas e um laço na cintura. Era uma roupa bem simples, o que ressaltava ainda mais a beleza da moça cujo brilho dos olhos verdes parecia mais vivo que nunca. - Feliz aniversário!

    - Ah, obrigada, Tomoyo.

    - Bom-dia Kurogane. – Sakura se dirigiu ao homem sempre ao lado de Tomoyo com seu ar meio irritado e entediado e ele respondeu com um som afirmativo de garganta e um aceno de cabeça.

    - Você recebeu o presente que eu mandei, não é? – Tomoyo perguntou.

    - Claro, muito obrigada.

    Sakura também recebeu um abraço e votos de felicidade do pai.

    - Pensava que íamos ter que esperar até o ano que vem para você aparecer... – Esse foi o “feliz aniversário” que ela ganhou de Touya.

    - Bom-dia para você também, Touya. – Sakura respondeu zangada e depois, corando um pouco ao se dirigir a Syaoran: – B-bom-dia, Syaoran.

    - Bom-dia, Sakura e... f-feliz aniversário...

    - Obrigada!... Ah, é mesmo! Era verdade o que você me disse daquela vez?

    - O quê?

    - Que fazia aniversário dia primeiro de abril também...

    - Era sim.

    - Então, feliz aniversário! – Ela disse, abraçando-o.

    - O-obrigada.

    O rei, a rainha e Tomoyo também o felicitaram.

    - Nossa, que interessante... – Foi o comentário de Tomoyo.

    - Só pode ser piada... – Touya resmungou.

    Sakura e Syaoran partiram na carruagem juntamente com a princesa Tomoyo e Kurogane. Eles seguiram pelo campo até chegar ao “Jardim das cerejeiras”. Era como os habitantes chamavam uma grande área bem perto da cidade onde estavam plantadas dezenas e dezenas de cerejeiras por entre colunas de pedra, que eram antigas ruínas do país. Flores e folhas não paravam de cair das árvores em plena florescência e cobriam o chão de um lindo colorido, somando-se a isso a festa dos passarinhos e a alegria das pessoas espalhadas por todo o lugar e que se aglomeraram com a chegada da carruagem trazendo a princesa Sakura.

    Todos queriam abraça-la e desejar-lhe feliz aniversário. Não demorou muito para que ela sumisse no meio da multidão e Syaoran se afastou um pouco com os outros dois e os outros membros da família real do país de Clow que também tinham chegado.

    Demorou um certo tempo até as coisas se acalmarem um pouco. O rei se dirigiu ao centro de quatro colunas dispostas em um circulo rodeado de dois degraus de escada e tentou chamar a atenção de todos. Syaoran estava com Tomoyo, Kurogane, Touya e a rainha bem ao lado das colunas. Nesse instante, eles ouviram de alguém que se aproximava por trás.

    - Oláá! – Era Fay – Bom-dia a todos. – Todos responderam, menos Kurogane - Ei, eu disse bom-dia Kuro-pimpim. Dê um sorriso e responda! – Ele foi até Kurogane e começou a esticar suas bochechas.

    - Pare já com isso!!! – Kurogane se irritou e começou a perseguir Fay.

    - Credo! Você já acorda furioso é Kurorinho? – O outro disse, com um sorriso e uma expressão fingida de susto.

    O rei tinha começado a falar, saudando seus súditos e disse que tinha um anúncio importante a fazer. A rainha e o príncipe Touya estavam bem concentrados no que ele dizia e Tomoyo aproveitou a distração de Kurogane para falar bem baixo ao ouvido de Syaoran:

    - Sakura me mandou uma carta ontem mesmo, contando o que tinha acontecido... Ela está muito feliz... Por favor, não a magoe, está bem? – Syaoran olhava atônito e desconcertado para a moça, até que ela mesma sorriu e fez um sinal para que ele olhasse para frente. O rei estava falando dele.

    - Muitos de vocês devem ter conhecido Syaoran. Ele estava sob o poder de um feitiço que o fazia parecer muitos anos mais velho (Por favor, desconsiderem o fato de que seria muito estranho ouvir alguém falar uma coisa dessas no dia primeiro de abril...) – Era o rei falando e fazendo sinal para que Syaoran fosse até seu lado. – Minha intenção não é assusta-los, apenas quero que estejam cientes dos grandes mistérios que cercam nosso mundo apesar de serem poucos os que têm a capacidade de fazer uso de poderes mágicos. – posicionado ao lado do rei, Syaoran pôde ver toda a multidão. Como era de se esperar, a maioria parecia incrédula e todos pareciam assustados. Fay e Kurogane estavam novamente posicionados ao lado das colunas onde o rei estava e o jovem loiro parecia apreensivo – Por um longo tempo, acreditamos que as coisas inexplicáveis que víamos acontecer ou das quais ouvíamos falar fossem lendas e mentiras. Eu mesmo só comecei a saber de tudo há pouco tempo... Foi quando viajei ao país onde encontrei Fay D. Flowright – O rei também fez sinal para que Fay fosse para seu lado, o que ele fez muito relutante. – Ele estava sendo perseguido, acusado de praticar bruxarias. Ele, no entanto, não me parecia uma pessoa má, nem perigosa e eu resolvi falar-lhe e tentar descobrir a verdade. Ele me explicou que vinha de uma família de sangue mágico e que sua mãe tinha tentado fazer com que ele e seu irmão não fossem capazes de usar seus poderes e assim vivessem em paz... Infelizmente, ela não conseguiu nenhuma das duas coisas... – Ele lançou um olhar triste a Fay e todos pareceram compreender o que significava. – Eu o convidei para morar no castelo, onde pudesse fazer uso de seu dom, não demorou muito para que conquistasse a confiança e simpatia de todos... E foi assim que ele se tornou meu conselheiro, posso afirmar que é uma pessoa muito sábia e confiável. A única coisa de que me arrependo é de ter escondido isso de vocês por tanto tempo e peço que me perdoem. Tenho certeza que com o tempo, as coisas se tornarão um pouco mais... compreensíveis...

    Syaoran via todos com expressões bem confusas, falando uns com os outros, agitados. A maioria ainda não parecia acreditar e muitos se mostravam amedrontados ou mesmo irritados.

    - Com licença. – Ele ouviu uma voz de criança que acotovelava as pessoas para se aproximar, quando Syaoran pôde vê-la bem, reconheceu Sora e ele vinha acompanhado de Asuka e de Kotaru.

    - Olá. – Syaoran disse a eles, feliz por revê-los.

    - Você é mesmo o Syaoran? – O garoto perguntou.

    - Sim. – Toda a multidão, ou pelo menos os que estavam mais perto, tinham silenciado, observando a cena.

    - Parece que ele está dizendo a verdade – Kotaru comentou  para Asuka.

    - Eu não acho que o rei teria motivos para mentir sobre uma coisa dessas – Asuka começou a falar bem alto para que todos ouvissem – Ainda mais num dia tão especial para ele e para todos nós, que é o aniversário da princesa Sakura...

    - Não é novidade para ninguém que o mundo esconde muitos segredos – Kotaru completou, no mesmo tom dela – Eu, pelo menos, nunca acreditei que só existisse aquilo que podemos ver e tocar... Syaoran sempre se comportou de um jeito estranho... Desde o início pensei que havia algo de misterioso nele que parecia não saber onde estava ou ter certeza de quem era... E quanto a esse outro... – Ele apontou Fay – realmente não me parece má pessoa e, se pratica magia ou não, acredito que vem dando ótimos conselhos ao nosso rei, que sempre nos orgulhou... – Aí houve aprovação geral, com gritos e aplausos.

    - Obrigado a todos – O rei falou, Fay deixou de lado a expressão séria e voltou a sorrir, mas de um jeito diferente do usual, Syaoran também se sentiu um pouco mais confortável.

    - Além do mais... – Um homem gritou ali perto – Hoje é aniversário da princesa, não devíamos estar comemorando?

    Mais aprovação geral.

    - É verdade – O rei concluiu, com um sorriso – É hora de começar a festa.

    Quando uma música animada começou a ser tocada e algumas pessoas se juntaram para dançar, Syaoran se viu cercado de gente que conhecia e não conhecia fazendo perguntas até se mostrarem convencidas de que ele era ele mesmo. As pessoas do abrigo, que ele estivera ansioso por rever, esperaram que ele estivesse só para se aproximarem.

    - Obrigado pela ajuda – Ele disse para Asuka, Kotaru e Sora.

    - Não precisa agradecer...

    - Apesar de tudo parecer tão estranho, tínhamos certeza que a princesa Sakura não poderia estar tão feliz se não fosse você mesmo que tivesse voltado. – Asuka completou.

    Syaoran se sentia emocionado ao ver todos ali a sua frente, até mesmo D. Hidemi viera para a comemoração.

    - Não, não é só por isso que eu quero agradecer... – Ele falou, olhando para todos - Obrigado por tudo... vocês foram como uma família para mim...

    - Realmente não precisa agradecer. – D. Hoshido falou.

    - Quando não estava tendo crises de mal-humor ate que você era boa companhia... – Sora falou.

    - Sora! - Asuka segurou o menino pelo ombro, trazendo-o para mais perto de si. - Todos estivemos tão preocupados com você... É bom vê-lo de novo...

    - Você vai voltar a morar com a gente? – O menino ainda perguntou.

    - ...Não. Eu terei de voltar ao meu país...

    - Mas você volta para nos visitar, não é?

    - Claro.

    - Oi! – Sakura tinha acabado de chegar.

    - Olá e feliz aniversário, princesa. – Eles responderam.

    - Obrigada. É bom ter Syaoran de volta, não é?

    Depois de uma olhada em Sakura e Syaoran, Asuka pareceu se lembrar de alguma coisa.

    - Bem... Nós temos algo para resolver agora, não é? – Ela se dirigiu à D. Hoshido e os outros que a acompanhavam. Todos concordaram, menos Sora, que perguntou:

    - O que temos para resolver?

    Asuka pareceu desconcertada e foi D. Hoshido que respondeu:

    - Temos que... tentar... encontrar... aquela nossa amiga que vinha de longe para a festa, lembra?

    - Ah, é claro, vamos lá. – E, enquanto se retiravam Kotaru completou, olhando para trás: - Até logo, Syaoran.

    - É bom vê-los de novo, não é? Todos estiveram muito preocupados com você... – Sakura comentou, mas foi interrompida por quatro pessoas que se aproximaram querendo falar com eles. Era um casal que vinha acompanhado de duas meninas.

    - Foi você que salvou nossa filha... – A mulher falou para Syaoran e então ele reconheceu a menina mais velha.

    - Nunca poderemos agradecer... – O homem completou.

    - Vocês não precisam agradecer... – Antes que terminasse de falar, Syaoran se viu abraçado pelo pai das crianças.

    - É claro que é preciso. Esperamos um dia poder retribuir...

    - Com certeza. – A mãe falou, também abraçando Syaoran. Depois dela foram as duas meninas que o abraçaram, agradecendo.

    - E-eu fico feliz por ter podido ajudar... – Syaoran murmurou, assim que recuperou a fala.

    - Eu disse que a princesa não estava mentindo, eu também vi ele desaparecer no meio de uma luz... – Lie falou.

    - É mesmo, obrigada pelo apoio. – Sakura disse.

    Depois disso, a irmã de Lie, que parecia ter uns seis anos, se dirigiu à Sakura:

    - Princesa, eu fiz isso para você. A mamãe me ajudou... – Ela lhe entregou uma coroa de flores de cerejeira que segurava.

    - Ai, que lindo! Obrigada. – Sakura se abaixou para falar com a menina e colocou a coroa na cabeça – Como eu fiquei?

    - Está linda! Quando eu crescer quero ser igualzinha a você! – A menina respondeu.

    - Mas você já é muito mais linda que eu!

    - Você acha isso mesmo? – A menina sorria de orelha a orelha com aquela perspectiva, mostrando o espaço vazio de um dente de leite que caíra.

    - Eu não acho, eu tenho certeza! – Sakura respondeu.

    Elas se abraçaram e depois as duas meninas se afastaram com seus pais, acenando. Sakura se virou para Syaoran, limpando algumas lágrimas que teimavam em cair de seus olhos. Ao ouvir uma nova música que começava, ela puxou-o pela mão em direção a um grupo que se reunia ali perto.

    - Venha Syaoran, vamos dançar!

    - Eu... não sei dançar assim...

    - Ah, é muito fácil. Só repita os movimentos de todos.

    - Não... Sakura, eu...

    - Você consegue!

    A música tinha começado e a dança consistia basicamente em girar o círculo formado pelos dançantes, depois cada casal ia para o meio do círculo girar de braços dados enquanto os outros batiam palmas. Depois que cada casal fazia isso por duas vezes saia para dar lugar a outros que queriam participar. Alguns desses casais ficavam por perto esperando a hora de voltar ao círculo, outros passavam a dançar sozinhos. Foi o que Sakura e Syaoran fizeram, apesar de ele mostrar não querer.

    - Nunca tinha dançado assim... – Ele reclamou, meio irritado e confuso com os passos agitados.

    - Mas até que não está se saindo mal... – Sakura comentou, rindo. – Embora não pareça estar se divertindo...

    - Bem...

    - Não se preocupe se está fazendo certo ou errado, é só acompanhar o ritmo... Vamos, anime-se! – Ela falou, fazendo biquinho e depois, com um sorriso maroto retirou a mão do ombro e colocou na cintura dele, segurando com força sua mão e esticando os braços de ambos, conduzindo-o para o lado em seguida com um gesto amplo e chamativo.

    - Sakura... o quê...?

    Fingindo não ouvi-lo, ela se afastou um pouco, ficando nas pontas dos pés para tentar gira-lo. Syaoran se atrapalhou completamente tentando seguir os movimentos da princesa e acabou tropeçando e caindo, arrastando-a junto.

    - Ai, minha nossa! Desculpe! Desculpe! – Sakura saiu depressa de cima dele,sem parar de se desculpar. – É sério, Syaoran, eu só queria...

    - Tudo bem. – Ele disse, chegando a sorrir da expressão extremamente preocupada dela, enquanto massageava a parte de trás da cabeça que tinha batido no chão.

    Ela também tentou sorrir, mas ainda estava preocupada quando perguntou:

    - Você está bem?

    - Sim.

    - Mesmo?

    Todos que dançavam por perto tinham parado, observando a cena, curiosos. Mas até a atenção destes foi tomada com a aproximação de uma carruagem que sabiam não ser do país de Clow. Syaoran ficou em pé depressa ao avista-la e engoliu em seco.

    - Nossa! Quem será que é? – Sakura perguntou, ainda sentada no chão. O príncipe estendeu a mão para ajudá-la a se levantar, mas permaneceu em silêncio. Quando a carruagem parou, foi anunciada a chegada da rainha de Crysalis.

    - Crysalis!? Que estranho... Será que papai e mamãe a convidaram?

    A rainha Yelan saiu da carruagem e o rei e a rainha de Clow se aproximaram para recebê-la.

    - Xiao Lang! – Ela disse, avistando o filho depois de dar uma olhada ao redor.

    - Ela está chamando você...? – Sakura não estava entendendo nada.

    - Sakura... Eu... – A voz de Syaoran saia fraca - Essa é minha mãe.

    - QUÊ???

    Os reis de Clow e a rainha de Crysalis foram na direção dos dois.

    - Porque a senhora está aqui? – Syaoran perguntou.

    - Só quis me reunir à comemoração, afinal é aniversário do meu filho também...

    - Ma-mas... ma-mas co-como...?

    - Eu vim logo atrás de você... Cheguei poucas horas depois e dei ordens ao seu cocheiro que se certificasse de onde você estava... ele descobriu que você estava no castelo e pedi que mandasse um recado aos reis, comunicando minha chegada...

    - Então, vocês sabiam que...? – Foi Sakura que perguntou aos pais. Touya e Fay também tinham se aproximado, o primeiro ria da situação enquanto o segundo parecia tão confuso quanto Sakura.

    - O cocheiro apareceu ontem ao castelo, com uma carta da rainha, dizendo que ia chegar hoje e nos deixou bastante surpresos quando se referiu ao príncipe Syaoran de Crysalis... – A rainha falou.

    - Eu sempre soube de tudo... – Fay começou a falar.

    - E porque não contou desde o início? – Touya perguntou.

    - Sabe, uma das coisas chatas de se poder usar magia é que é preciso saber que não se tem o direito de contar segredos que não são seus... Fazia parte do feitiço que Syaoran não pudesse contar isso a ninguém...

    - E porque não o fez quando voltou? – Sakura perguntou, dirigindo-se ao príncipe.

    - Eu... – Syaoran não sabia o que responder até se lembrar de algo e falar, sorrindo: - Você não precisa me tratar de modo diferente só porque eu sou um príncipe...

    - Então, é ela? – A mãe de Syaoran perguntou, observando Sakura.

    - Eeeh... – Sakura ficou olhando confusa da rainha para o príncipe, que tinha ficado vermelho - Meu nome é Sakura, muito prazer. – completou, fazendo uma reverência.

    Yelan deu um sorriso aprovador e respondeu:

    - O prazer é meu.

    Todos tinham voltado a falar ao mesmo tempo, fazendo comentários uns com os outros. Mas o comentário de Fay foi feito em voz bem alta, depois de um assovio:

    - Esse está sendo um dia e tanto, hein?

    A rainha Yelan realmente se mostrou animada com a festa, apesar da notável personalidade séria, ela parecia empolgada em aprender tudo sobre aquele país e seus costumes.

    - Essas comidas estão deliciosas... – Lá pelo meio da tarde, Sakura e Syaoran descansavam sob a sombra de uma grande cerejeira meio afastada da festa, com um prato cheio das guloseimas que estavam sendo servidas.

    - Que bom que gostou. – Sakura respondeu ao comentário de Syaoran - Todas têm na receita flores de cerejeira, além de serem gostosas, têm o cheiro da primavera...

    Depois disso fez-se silêncio por uns instantes. Syaoran pegou um bolinho e ficou olhando para ele por um longo tempo.

    - Algum problema? – Ela perguntou.

    - Não. – Ele respondeu, sem mudar de expressão - Hmm... Sakura?

    - Sim?

    - Me desculpe por não ter contado tudo quando voltei... Eu... prometo que nunca mais guardarei segredos... Tem mais uma coisa importante que você precisa saber...

    - E o que é?

    - Eu... – Ele respirou fundo, como se tomasse coragem - Eu sou o herdeiro do trono do meu país e... devo me tornar rei... Na verdade já devia ter me tornado...

    - REI!? Minha nossa! – Ela exclamou, admirada, arregalando os olhos que ela depois baixou, deixando de encara-lo.

    - Sakura, eu... não estava brincando quando disse que se você quisesse eu poderia ficar aqui, eu... desistiria de tudo...

    - É isso que você quer fazer? – Ela voltou a encará-lo, perguntando.

    - Bem... Na verdade, eu não sei o que devo fazer...

    - O que você QUER fazer?

    - Eu... – Agora era ele quem deixava de encará-la, pensativo – Toda minha vida eu quis ser rei... mas só porque eu queria ser mais poderoso e importante... A minha própria mãe percebeu que eu seria um péssimo rei e por isso me fez ficar preso àquele feitiço... Conhecendo todas as pessoas que conheci aqui eu... fui percebendo o quanto estava errado e tive vontade de ser algo diferente... Eu nunca tinha sentido a felicidade de ajudar alguém...

    - Isso quer dizer que...- Sakura começou, sendo interrompida por ele.

    - Apesar de tudo eu não acho que estou pronto para ser rei... Eu... tenho medo de decepciona-los... Todos esperam que eu seja igual ou melhor do que a minha mãe foi e eu não acho que...

    - Não deveria se comparar a ninguém, apenas dê o seu melhor... Eu confio em você. Acho que pode ser um ótimo rei

    - Você estará comigo?

    Sakura corou e desviou os olhos ao responder:

    - Bem, eu disse que o acompanharia aonde quer que fosse, não foi? – E depois completou, tocando a mão dele, apoiada na grama e voltando a olha-lo nos olhos: - Não importa o que você escolha, você pode contar comigo. – Syaoran apenas retribuiu o belo sorriso a sua frente, sentindo-se mais feliz que nunca.

===========

    - O QUÊÊÊ? – Touya explodia novamente ao ouvir os planos de Sakura e Syaoran.

    - Minha filha, tem certeza de que é o que você quer fazer? – A mãe de Sakura perguntou com um ar sério.

    - Sim. – A moça respondeu no mesmo tom.

    - Vocês vão mesmo deixa-la ir embora com esse pirralho? - Nem precisa dizer quem falou isso, né?

    - Se isso a fizer feliz... – O rei falou, também com um ar muito sério.

    Sakura adiantou-se para a mãe e o pai, sentados lado a lado, abraçando os dois ao mesmo tempo.

    - Obrigada!!!!!! Eu sabia que podia contar com vocês... Eu... – Ela parou de falar, se esforçando para não cair no choro enquanto eles também tinham lágrimas nos olhos. Tomoyo também estava presente e parecia já esperar pela notícia embora não conseguisse esconder certa tristeza. O mesmo acontecia com Touya, que escondia sua tristeza procurando só demonstrar raiva.

    A rainha Yelan observava o filho assistir à cena e ele também estava triste. Ele sabia que aquilo se repetiria com muitos outros... A última coisa que queria era trazer sofrimento à todos que o tinham acolhido tão bem...

    - Hmm... Com licença. – A mãe de Syaoran inspirou profundamente, como se tomasse uma difícil decisão antes de continuar a falar: – Acho que todos gostaríamos que despedidas não fossem necessárias... Apesar de também querer que nossos filhos sejam felizes juntos...

     Todos pararam para ouvi-la.

    - Acho que posso ter a solução... Ou melhor, conheço quem tem.

    - Mamãe, o quê...?

    - Mas talvez eu precise de alguma ajuda... – Ela dirigiu-se aos reis de Clow, que se entreolharam intrigados.

    Ela pediu para conversar com o rei, a rainha e Fay em particular. Os outros esperaram do lado de fora, em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos.

    E quando a “reunião” acabou, tudo que eles disseram foi que no dia seguinte, deveriam se dirigir ao Jardim das cerejeiras para ver se o plano daria certo. Não quiseram explicar mais nada, alegando que era melhor não se entusiasmarem muito caso algo saísse errado.

    Assim, eles voltaram na tarde do dia seguinte ao Jardim.

    Touya se apoiava com um pé em uma cerejeira, de braços cruzados e expressão fechada. Ele tinha trazido o jovem Yukito, que Syaoran conhecera da primeira vez que fora ao castelo de Clow, mas este estava sentado no chão, conversando com Syaoran e Sakura. Um pouco mais afastada, a princesa Tomoyo, que tão curiosa com o que estava prestes a acontecer ainda não tinha voltado para casa, conversava algo com Kurogane.

     - Syaoran, você não tem nem idéia do que sua mãe pretende fazer? – Sakura perguntou, sem conseguir controlar a ansiedade e o príncipe pensou um pouco antes de responder a pergunta:

    - Bem, eu não tenho certeza, mas... – Ele não terminou a frase, pois algo que ele viu por cima do ombro de Sakura o fez perder a voz: Por entre duas cerejeiras que tinham crescido bem próximas perto de onde estavam, surgiu uma mulher de cabelos negros, presos num coque elegante como suas roupas de seda negra com estampa de borboletas douradas.

    - Ichihara!!! – Syaoran tinha se levantado e só então Sakura, Touya e Yukito perceberam o que estava acontecendo.

    - Você a conhece? – Sakura perguntou.

    - Ela é...

    - Yuuko, você veio rápido! – A rainha Yelan exclamou, se aproximando.       

    - Está tudo pronto, majestade. – Yuuko falou com uma reverência.

    - Mas o que é que está acontecendo agora??? – Foi Kurogane que verbalizou em a pergunta que não queria calar.

    - Bom, Yuuko Ichihara é minha conselheira e uma feiticeira muito poderosa. Ontem, com a ajuda da magia de Fay pude me comunicar com ela e pedir que construísse esse portal – Uma sombra de compreensão pairou no rosto de alguns.

    - Esse lugar era tido como sagrado pelos antigos habitantes desse lugar, por isso essas cerejeiras exalam até hoje um pouco de magia... –Yuuko falava - Elas ajudarão o portal a existir por um pouco mais de tempo... Mas haverá uma hora em que minha magia voltará a ser necessária e depois só ela não será suficiente...

    - E vai ser aí que eu vou entrar! – Fay falou, levantando uma mão.

    - Exatamente. E é pelo trabalho ser tão duradouro que o preço é alto... – Yuuko fez questão de ressaltar, com um sorriso.

    - Preço? – Sakura perguntou.

    - Sim, tudo tem um preço... Um preço que deve ser pago a altura...

    - Deve ser pago... a você?... Pela magia? – Sakura ainda procurava entender. – E também deve ser pago um preço a Fay?

    - Ah, não. Nossas magias não têm a mesma fonte...

    - E o quê será pago a ela? – O irmão de Sakura perguntou, se referindo a Yuuko.

    - Meu trono. – A rainha respondeu, de um jeito calmo, muitos levaram a mão à boca, incrédulos – Eu não posso mais ser rainha.

    - Mamãe! – Syaoran a olhava de olhos arregalados.

    - Por isso, Syaoran, não temos tempo a perder. – Ela completou.

    - C-como assim? – Syaoran perguntava.

    - Sua coroação terá de ser feita hoje.

    - Ma-mas...

    - É só dar alguns passos... – Yuuko falou, apontando o espaço entre as duas cerejeiras - O portal ficará sempre aqui, pode voltar quando quiser.

    - Yuuko cuidou de tudo, estão todos esperando... – A rainha completou.

    - Faz parte de meu dever como conselheira real, não cobrei por isso. – A feiticeira falou, com um risinho.

    - Gostaria que todos fossem...– A mãe de Syaoran se dirigiu a todos os presentes.

    - Primeiro nós dois precisamos resolver umas coisinhas... Depois disso com certeza iremos até lá – O rei falou.

    - Vocês pretendem revelar tudo aos seus súditos hoje?

    - Sim.

    - Todos eles também serão muito bem-vindos ao nosso país...

    - A mesma coisa aos seus.

    - Isso será interessante... – Fay comentou.

    - Você pode nos representar por enquanto? – A rainha perguntou ao feiticeiro, com um sorriso.

    - Oba! Mais festa!!!! Eu tô dentro! – Fay falou, se aproximando do portal, e depois se curvou para o príncipe e a rainha de Crysalis falando: - Depois de vocês, é claro.

    A rainha lhe fez uma leve reverência e se dirigiu ao portal, acompanhada por Yuuko, mas antes que o atravessassem, foram interrompidas.

    - Rainha Yelan? – Era Sakura.

    A rainha se virou para encarar a moça.

    - M-muito obrigada... – Sakura disse, fazendo-lhe uma profunda reverência. – Muito obrigada a todos vocês... – Ela completou dirigindo-se a seus pais, Fay e Yuuko.

    Quando Sakura levantou o rosto, Yelan respondeu, encarando-a com um sorriso:

    - Sou eu quem deveria agradecer...

    Em seguida deu um passo e sumiu no portal, acompanhada por Yuuko e Syaoran olhou para Sakura estendendo-lhe a mão.

    - Vamos?

    Sakura apenas sorriu e segurou a mão dele, os dois se dirigiram ao portal e também sumiram ao atravessa-lo.

    Chegando do outro lado, eles encontraram uma grande multidão que esperava, agitada. Eles tinham surgido entre duas cerejeiras que cresciam quase tão próximas quanto as do país de Clow, mas essas eram de uma espécie diferente das outras duas e cresciam numa área gramada que cercava uma enorme construção branca no centro de uma cidade.

     Foi para lá que eles se dirigiram pelo caminho entre a multidão agitada, eles não conseguiam saber de onde vinha, mas podiam ouvir uma música alta e animada. Antes de começar a subir a longa escadaria de entrada, Sakura olhou para trás e viu Fay ao lado de Tomoyo e Kurogane, um pouco mais atrás vinham Touya e Yukito. Eles adentraram a sala do trono, lotada de nobres que se curvaram com a chegada do príncipe. Alguém entregou a Syaoran uma túnica verde bordada com fios de ouro que ele vestiu antes de ir até onde sua mãe estava, também usando uma túnica ricamente ornamentada e com uma coroa de veludo vermelho incrustada de pedras preciosas na cabeça, ao lado de dois tronos acima de uma pequena escadaria.

    Sakura foi para o lado de Tomoyo e perguntou bem baixinho ao ouvido dela:

    - Fay e Kurogane não estavam com você ainda há pouco?

    - Fay disse que lá fora a festa já tinha começado e que queira ficar lá... – A outra respondeu no mesmo tom - Chegou perguntando das pessoas qual era a melhor bebida do país... e, bem... digamos que Kurogane acabou indo junto... – Ela completou com uma risadinha e Sakura não entendeu direito, mas as duas passaram a prestar atenção no que a rainha Yelan dizia.   

    -... O dia de hoje marca o início de uma nova era nesse país, como Yuuko já explicou a vocês e a todos os súditos desse reino, fronteiras estão sendo quebradas e laços estão sendo feitos, espero que sejam sinônimo da paz e harmonia entre dois povos e sei que meu filho, Syaoran, fará de tudo para que assim seja enquanto estiver ocupando este trono e governando esse país e é a partir de hoje que ele assume esse seu lugar de direito, com a minha aprovação e minha benção.

    Dois homens se aproximavam, um segurando uma almofada vazia e outro com um almofada que trazia uma coroa, essa era menos enfeitada que a da rainha, de veludo verde com alguns detalhes de ouro e pérolas. Syaoran fez uma longa reverência a sua mãe que em seguida retirou a coroa de sua própria cabeça, depositando-a lentamente na almofada vazia e depois pegou a outra coroa depositando-a lentamente na cabeça do filho.

    - Que os deuses o iluminem e a sabedoria seja sua guia. – Ela falou para ele e em seguida curvou-se tão longamente como ele fizera antes e todos os outros presentes a imitaram. Sakura teve que enxugar novamente as lágrimas de emoção que voltavam a cair pelo seu rosto.

    Syaoran desceu pela escadaria do trono e as pessoas abriram caminho para ele se dirigir às portas. Ele lançou um olhar à Sakura, que apenas sorriu de volta, incentivando-o a prosseguir.

    Os que permaneciam na sala do trono apenas ouviram o barulho do povo, dando vivas ao novo rei, estavam todos muito animados.

    Sem pensar duas vezes, Syaoran desceu as escadas do palácio e foi na direção de todos que queriam cumprimentá-lo. Quando alguns guardas fizeram menção de segui-lo, Yelan parou-os.

    - Hoje será um dia de festa... para todos. – Ela disse, com um leve sorriso.

    Sakura também já ia descer a escadaria, quando sentiu dois pares de mãos que a paravam.

    - Você é a Sakura? – Duas jovens sorridentes de cabelos castanhos se dirigiam a ela.

    - S-s-sim. – Sakura respondeu, um pouco assustada.

    - Aaaai. Eu disse! – Uma falou para a outra.

    Sakura lançou um olhar a Tomoyo que parecia tão confusa quanto ela.

     - E então, é ela mesma?

    Mais duas jovens tinham chegado e pularam em cima de Sakura, abraçando-a assim que ouviram a confirmação.

    - Você é tão linda!!!!!!

    - Ai, c-c-como vocês sabem meu nome?

    - Adorei a cor dos olhos dela! – Elas continuaram falando entre si, como se não tivessem escutado a pergunta.

    - É. A cor preferida de Syaoran, não é?

    - Ai, que fofo!!!!!

    - Espera aí, por acaso, vocês são as irmãs de...?

    - Syaoran? Sim, já ouviu falar de nós?

    - Já... sim. – Sakura pensou que afinal Syaoran não exagerara quando descrevera as irmãs.

    - Ei, Sakura, o quê que você está fazendo? – Touya tinha se aproximado junto com Yukito.

    - Oláááá! – Todas elas disseram em uníssono e correram para cima deles, como tinham feito com Sakura, assustando os dois.

    - Quem são essas? – O irmão de Sakura perguntou.

    - Elas são irmãs do Syaoran...

    - Ai, não!

    - Vocês são visitantes, né? Sabiam que eu ainda sou solteira?- Uma delas falou.

    - Ai, como eu gostaria de também ser... – Outra comentou, parecendo deprimida.

    - Cuidado que seu marido está bem ali...

    - É e o seu também está.

    Sakura e Tomoyo se afastaram dali depressa.

    - Princesa. – Era Kurogane, alcançando Tomoyo e parecendo muito irritado. – Aquele desgraçado...

    - Parece que esteve se divertindo... – Tomoyo disse, sorrindo.

    - De jeito nenhum!

    - Esperem um pouco. – Syaoran falava às pessoas enquanto voltava a subir a escadaria, ele dirigiu-se até onde Sakura estava e pegou a mão dela, fazendo-a acompanha-lo enquanto ele descia de novo os degraus.

    - Syaoran, o q... – A princesa perguntava, confusa.

    - Todos querem conhecê-la... É ela.– Ele falou em voz alta, como se respondesse à pergunta de alguém na multidão. – Princesa Sakura, de Clow... minha noiva.

    - Eeehh... – Sakura ficou muito vermelha e sem jeito.

    - Eu... – Ele falou, sem jeito, também corando – Estive pensando  no melhor momento para entregar isso a você...

    Em uma das mãos dele, Sakura viu reluzir um anel de ouro com uma grande pedra de esmeralda e vários pequenos diamantes.

    - Minha nossa! – Ela exclamou, impressionada com a beleza da jóia.

    - Se me permite. – Syaoran se ajoelhou e tomou sua mão direita, na qual colocou o anel e depois deu um beijo enquanto Sakura simplesmente ficava cada vez mais vermelha.

    A multidão aclamou a cena e os músicos começaram a tocar uma música lenta com um instrumento muito parecido com um violino. Syaoran ofereceu o braço à Sakura com um sorriso e as pessoas abriram um espaço para que os dois dançassem.

    - Eu ainda mato esse moleque... – Touya falava de punhos cerrados.

    - Porque te irrita tanto ver sua irmã feliz?... – Yukito retrucou – Ela e Syaoran formam um casal tão bonito...

    - É verdade!!! – Fuutie, Feimei, Fanren e Shiefa exclamavam histéricas, acompanhadas por Tomoyo, que ainda completou: - Ai, eu daria qualquer coisa para poder ter isso num quadro! Se tivesse trazido meu material de pintura, eu mesma poderia tentar...

    - Isso tudo parece um sonho... – Sakura disse à Syaoran enquanto os dois se movimentavam no ritmo suave da música.

    - Se for, tomara que eu nunca acorde...

    - Sei que não vou enquanto estiver com você...

 

“Kimi to ireba donna mirai mo zutto

Kagayaiteirukara"*

(Se eu estiver ao seu lado, não importa o que o futuro traga

Você e eu estaremos brilhando para sempre)

 

~~FIM~~


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Notas finais do capítulo

* Trecho de "One Love" do grupo Arashi (Musica muuuuito linda, por sinal)

Sobre o cap. sei que ficou GIGANTE... espero que não esteja muito cansativo nem chato... Por favor digam o que acharam!!!!
Quero agradecer muito a todos que acompanharam a história até aqui, que me apoiaram com reviews... Vocês me ajudaram muito, valew mesmo! Eu espero poder vê-los em outras fics... Ja ne!