Era Uma Vez escrita por annaLI


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Finalmente!!!!!! Já escrevi e reescrevi tanto esse capítulo, nunca achava que estava bom o suficiente e até agora não sei se tenho certeza ', resolvi postar logo antes que mude de idéia... espero que gostem.



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    - Mamãe?!

    Ela virou-se de repente e andou depressa até ele.

    - Meu filho, está se sentindo melhor?

    Ela segurava o rosto dele, olhando-o com os olhos úmidos. Syaoran se sentia muito tonto.

    - O-o que aconteceu? – Olhando ao redor, ele reconheceu seu antigo quarto – Estou mesmo de volta!?

    Tocando o peito, ele não sentiu o medalhão de Yuuko e por um instante passou a entender o que acontecera à beira do rio no país de Clow. De repente, ele pôs as mãos no rosto e não sentiu a pele enrugada de pouco tempo atrás, a mãe dele se assustou ao vê-lo se dirigir ao pé da cama, e abrir a pesada cortina verde de veludo que escondia um enorme espelho na parede à frente.

    Quem o encarou de volta foi seu rosto de dezesseis anos que ele tanto ansiara por rever. Os cabelos, que tinham voltado a ser castanhos estavam mais rebeldes que o normal e ele parecia assustado e doente, mas começou a rir, falando sem parar:

    - Não acredito!

    A rainha não estava acostumada a ver o filho rir e olhava-o admirada.

    - Onde está a Ichihara? – Lembrando-se dela de repente ele ficou sério e encarou a mãe.

    - Nos aposentos dela, mas saiba que... – Ela também tinha ficado séria - o que ela fez... foi porque eu pedi.

    - A senhora? Porquê?

    Ela continuou encarando-o corajosamente e disse:

    - Eu... estive preocupada que você não conseguisse se tornar um bom rei e pedi que ela me ajudasse... Sinto muito se isso o fez sofrer... – Sua voz tinha começado a falhar e ela fazia de tudo para não chorar. - Quando você chegou aqui inconsciente foi tão terrível... todos acharam que você não fosse resistir e... teria sido tudo minha culpa...

    Syaoran esperava sentir raiva pelo que estava ouvindo, mas não conseguiu, ainda não tinha percebido direito, mas não sentia mais raiva de quem lhe lançara o feitiço, afinal estava sendo sincero quando disse achar que tudo tinha valido a pena. Quando finalmente se deu conta de tudo, esses sentimentos chegaram a impressioná-lo, mas foi a rainha que ficou ainda mais impressionada com o que ele disse a seguir.

    - A senhora não me fez sofrer... quer dizer... não foi tão ruim como parece... A senhora tinha razão afinal em se preocupar... agora eu entendo que será uma grande responsabilidade... também não acho que esteja preparado...

    Sem conseguir mais contê-las, as lágrimas agora desciam pelo rosto da mulher.

    - Pois está enganado... Só de ouvi-lo falar assim, sei que meu desejo foi realizado. Será um ótimo rei.

    Ela se aproximou mais dele e o abraçou, Syaoran também se sentia emocionado e queria falar alguma coisa, mas a tontura ficou mais forte, sua mãe lembrou que ele estava muito fraco e mandou que trouxessem algo para ele comer.

    Depois de tudo, aquela comida parecia estranha apesar da fome que estava sentindo.

    - Você esteve nesta cama por quase uma semana... – A mãe dele falava. – Precisa comer bastante.

    - Eu estou comendo. – Ele falou, engolindo mais alguma coisa.

    - Xiao Lang... – Ela falou cautelosamente, depois de um tempo observando-o.

    - Sim?

    - Você teve muita febre durante esses dias... – Ela parecia não saber como continuar.

    - E?

    - Enquanto delirava, chamou incessantemente por alguém... “Sakura”, sim era esse o nome... Foi alguém que conheceu enquanto esteve longe?

    Syaoran quase engasgou e teve vontade de afundar o rosto, mais vermelho que um pimentão, na tigela de comida que segurava.

    - Eh... é... sim. – Ele respondeu sem olhar para a mãe.

    - Uma amiga? – Ela perguntou com um sorriso.

    - S-sim – Ele parecia agora muito interessado em encarar a comida, sem conseguir ficar mais vermelho do que já estava.

    A rainha Yelan, percebendo a perturbação do filho, levantou-se com um sorriso ainda mais largo e dirigiu-se à janela onde Syaoran a vira quando acordou. Ele agora encarava as costas da mãe, ouvindo-a comentar depois de um tempo:

    - Tem um nome muito bonito... a sua amiga. – Ao dizer a segunda parte virou-se novamente para ele, que desviou depressa o rosto, voltando a comer e fazendo-a sorrir de novo.

    Só quando tentou ficar de pé mais tarde, foi que Syaoran teve total idéia do quanto estivera mal. Suas pernas estavam fracas e ele sentia tudo girar, além da persistente sensação de febre por todo seu corpo dolorido. Ainda foram necessários vários dias até ele começar a se sentir realmente bem. A todo instante pensava no país de Clow e em todos que deixara para trás. “O que terá acontecido lá?... Eu simplesmente desapareci sem deixar rastro?... Sakura estará sentindo minha falta?”. Ele lembrou do que ela tinha dito instantes antes de ele voltar, por um momento ele se sentira tão feliz que nem se importou se iria morrer. “Será que ela estava falando sério? Parece o tipo de coisa que qualquer um diria para alguém à beira da morte”.

    - Porque eu tinha que ter ido até lá? – Era algo que ele estava louco para perguntar a Yuuko e assim o fez quando ela foi visita-lo.

    - Por quê? Aonde gostaria de ter ido?

    - Não se faça de desentendida. O que eu quero saber é o que aquele feitiço tinha a ver com o desejo de minha mãe.

    - Vossa alteza quer que eu seja sincera?

    - Claro.

    - Bem, não era o lugar, eram as pessoas. Aquelas eram algumas das únicas pessoas que eu conhecia que eram capazes de aturar aquele seu péssimo gênio de antes e talvez modifica-lo e é claro que não poderia contar sobre o feitiço nem ser reconhecido por alguém ou estragaria tudo...Mas afinal, vai me dizer que não gostou de conhecer a princesa Sakura? – Ela estava sentada ao lado da cama dele e piscou um olho fazendo-o corar. - Vê como eu consegui unir o útil ao agradável?

    - Ela se lembra de mim? – Ele perguntou num impulso - Quer dizer... Foi tudo real, não é?

    - Bem, você quase morreu, não é? Não pareceu real? E quanto à princesa... ela se lembra que estava segurando um velho quase morto até ele desaparecer no meio de uma luz misteriosa...

    - O que ela disse antes disso...

    - Você terá de pedir explicações dela quando a vir de novo, né? Boa-sorte!!!– Ela tinha levantado - Agora, com sua licença – Fez uma reverência – Eu tenho algumas coisas para terminar. – Sem esperar ele dizer alguma coisa, Yuuko se encaminhou para a porta.

    - Ichihara – O príncipe chamou antes que ela saísse.

    - Sim. – Ela respondeu, virando um pouco o rosto.

    - O desejo de minha mãe foi mesmo realizado?

    - Claro. Do contrário vossa alteza não teria retornado.

    - E o que a faz ter tanta certeza? Um mago no país de Clow disse que eu teria de fazer algo para que o feitiço fosse desfeito e eu não fiz nada...

    - Não fez? – Ela virou completamente o corpo, encarando-o da porta, era bem raro ver Yuuko séria – Quase deu sua própria vida para salvar alguém que nem conhecia e eu digo que isso foi só uma das coisas que fez.

    Syaoran ficou calado depois disso, pensando, enquanto ela se retirava. Ele era realmente o único que não conseguia enxergar o quanto estava mudado.

   No primeiro dia de sua completa recuperação, o príncipe e a rainha almoçavam juntos, quando ela comentou orgulhosa:

    - Será tudo como você sempre quis...

    - O quê?

    - A coroação. Falta menos de duas semanas para o seu aniversário, já se esqueceu? E estará tudo pronto para o grande dia. – Ela respondeu com um sorriso.

    - Não. – O príncipe respondeu naturalmente.

    - Ahn?

    - A coroação não poderá ser no dia do meu aniversário, mamãe.

    - O que está dizendo? – Ela tinha parado de comer e o olhava intrigada, parecendo preocupada que o filho ainda estivesse doente.

    - Não estarei em Crysalis nesse dia.

    - Como assim?

    Syaoran demorou um pouco para responder, também parando de comer para encarar a mãe.

    - Eu terei de fazer uma viagem.

    - Uma viagem? Para onde?

    - Para o país de Clow.

    - País de Clow!!?? O que vai fazer lá?

    - Tenho uma promessa a cumprir. – Ele respondeu, corando DE NOVO!

    Vendo aquilo, a rainha pareceu entender alguma coisa e disse, já mais calma, depois de voltar a comer:

    - Foi lá que você esteve...?

    - E-eh... sim.

    A rainha não disse nada por um tempo e depois comentou:

    - Isso é muito importante para você, não é?

    - Sim. – Syaoran respondeu sério e decidido apesar de ainda vermelho.

    - Certo, então. Posso cuidar dos preparativos para a viagem... Quando pretende ir?

     - O mais rápido possível e, por favor, não quero que anunciem minha chegada.

    Isso a fez arregalar os olhos, mas apesar de chocada, tentou compreender e parecer racional:

     - O país de Clow é bem distante, mesmo de carruagem vai demorar pra chegar lá.

    - Cegarei a tempo... do início da primavera.

    No dia seguinte, Syaoran partia para o país de Clow, o caminho era realmente longo. Na véspera do dia primeiro de abril, ele venceu a distância que faltava sozinho a galope. Se sentiu feliz ao alcançar os campos do país de Clow, onde ficou um tempo parado pensando em onde iria primeiro... Onde estaria Sakura? Ele pensou na cachoeira onde ela o tinha levado há algum tempo atrás e resolveu ir até lá. O clima estava bem mais agradável agora, ainda mais bonito que daquela primeira vez, até o ambiente escuro da floresta de pinheiros parecia convidativo, fazendo-o avançar lentamente observando ao redor algumas flores desabrochando aqui e ali pelo chão.

    Alcançando o fim da trilha seu coração deu um salto, lá estava Tsuki, provavelmente esperando pela dona. Ela o viu deixar seu próprio cavalo ali sem se importar, como se o reconhecesse. Afastando os galhos do fim da floresta, ele a viu, sentada com o queixo apoiado nos joelhos parecendo absorta em muitos pensamentos e alheia a tudo ao seu redor. Ele deteve-se, sem coragem de prosseguir. Sakura de repente levanta a cabeça, parecendo perceber estar sendo observada e, para grande surpresa de Syaoran, fala, antes de vê-lo:

    - Syaoran!?

    Ela se levanta rapidamente, virando-se na direção dele e parecendo desapontada em seguida por um instante.

    - Ah, desculpe, pensei que era outra pessoa... – Ela se detém, notando os olhos dele e fala em seguida: - Eu... conheço você?

    - Sakura... – Num impulso, Syaoran pega as mãos dela que parece intrigada com o gesto e sem fala. – Sou eu... Syaoran.

    - O QUÊ???? – Ela tira as mãos rapidamente, assustada, e se afasta. – O que você está dizendo?

     - Eu sei que é difícil de acreditar, mas eu... estava enfeitiçado e não podia contar a ninguém... – Até ele achava estranho o que estava dizendo.

    - O-o quê...?? e-e-u... – Ela nem sabia o que dizer e não parava de encara-lo assustada, comentando quase para si mesma depois, desviando o olhar: - Então era isso que...

    - O quê?

    - No dia que... você?... sumiu... – Ela parecia não ter mais coragem de encara-lo – Eu fiquei muito assustada e... quando os guardas do castelo chegaram para ajudar, acharam que eu tinha tido alucinações apesar de Lie... é a garota que estava no rio... – Ela tinha voltado a encara-lo por um instante rápido antes de desviar novamente os olhos – Ela dizia que também tinha visto... acharam que só estávamos muito confusas, levaram ela para casa e eu fui para o castelo... eu estava muito agitada e meus pais resolveram me contar tudo sobre magia, pediram que eu guardasse segredo... Fay disse que sabia que você estava sob um forte feitiço e me disse também que eu deveria me preparar para uma grande surpresa... que nem tudo é o que parece... Eu nem sabia o que pensar... mas achava que, com ou sem magia... Syaoran não poderia ter resistido... – Ela tinha falado tudo muito rápido e com a voz um pouco embargada, começando agora a chorar em silêncio, com o rosto abaixado.

    - Me desculpe, eu queria muito poder ter vindo logo... - Foi tudo que Syaoran conseguiu responder.

    - É verdade mesmo? – Ela levantou o rosto devagar, voltando a encara-lo – Quer dizer, é mesmo você? – Sakura tinha levantado uma mão, parecendo tentada a tocar o rosto dele – É bom demais que esteja bem... Eu não consigo acreditar... Quem lançou esse feitiço em você? Por quê?

     - É uma longa história... – Sem querer explicar tudo ainda, ele continuou, emendando outro assunto: - Quando cheguei... Como sabia que era eu? Você chamou meu nome...

     - Eu não sei... Apenas sabia... – Ela respondeu com um pequeno sorriso.     

     Seguiu-se um silêncio um tanto constrangedor em que Sakura enrubesceu e desviou os olhos, parecendo se lembrar de algo.

     - Sakura eu... voltei por uma razão em especial... eu quero... – Ficando tão vermelho quanto ela que estava novamente olhando-o nos olhos, ele reuniu toda a coragem que tinha e prosseguiu: - q-quero dizer que... eu...  amo você.

     Sakura sorriu meio envergonhada e muito feliz, abraçando-o.

     - Eu também!... Fiquei com muito medo de perder você... – Ela murmurava perto do ouvido dele - senti tanto a sua falta... por favor, nunca mais suma assim...

     - Nunca mais, eu prometo. – Syaoran também murmurou, retribuindo o abraço.


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Notas finais do capítulo

Não. Apesar de parecer, ainda não é o final... a história teminará no cap 11... digam o que acharam, please! Até logo...