Afterlife - o Despertar escrita por vtrpotter, Sparky


Capítulo 1
O que há depois?


Notas iniciais do capítulo

Único capítulo escrito por mim. Os próximos são formulados por mim, e escritos por Spark.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/56547/chapter/1

Luz. Muita luz. Meus olhos estavam ofuscados, graças a quantidade absurda de luz a minha volta. Tentei colocar minhas mãos na frente do meus olhos, mas não adiantou. Meu próprio corpo estava emitindo luz. Tentei fechar os olhos. A luz continuava. Estranho.

Alguns segundos se passaram, enquanto meus olhos se acostumavam com a luz extrema. Era como se eu estivesse olhando para ele. A cinco metros de distancia. Já podia distinguir vultos, mas não via detalhes. Tudo ali parecia ser branco, ajudando a refletir a luz, criando um ambiente quase insuportavel. Tudo parecia tremer um pouco. Percebi que eu mesmo estava tremendo. O chão balançava sobre meus pés, mas não parecia ser um terremoto. Eu via nuvens ao meu redor, se movendo, se modificando, em sua dança diaria. Olhei para baixo. Nuvens. Eu estava sobre uma nuvem.

Após constatar que as leis da fisica haviam tirado férias e me esquecido sobre uma porção de nuvens, tentei dar alguns passos, hesitando sobre o medo de que o que fosse que estivesse me mantendo sobre um amontoado de água vaporizada decidisse ir embora. O “chão” parecia ser sólido o bastante para me manter sobre ele, mas balançava como se fosse feito de gelatina. Se algum dia você já andou sobre um pudim gigantesco, enquanto você via o céu perfeitamente a sua volta, você saberia a sensação que eu estava tendo.

Após correr, pular e fazer coisas que fariam os olhos de um fisico cairem no chão, decidi explorar o lugar. A nuvem parecia gigantesca, mas não havia mais nada por lá. Após alguns minutos de correria, nos quais descobri que meu corpo não se cansava nem se aquecia, percebi um brilho dourado um tanto distante. Corri naquela direção, atingindo velocidades que daria inveja nos jamaicanos, e percebi que o brilho vinha de um tipo de portão. Ele parecia ser um portão comum, se não fosse o fato que parecesse ser feito de ouro maciço. Continuei a correr, me aproximando cada vez mais, e descobrindo que o portão tinha, na verdade, várias dezenas de metros. Uma palavra passou em minha mente, me perturbando um pouco. Eu decidi ignora-la, e continuei a correr. Finalmente, estava ali, cara a cara com o portão. Era uma quantidade absurda de ouro, e parecia ser uma quantidade absurda de esforço para levar tudo aquilo a vários quilometros de altura e fazer flutuar sobre uma nuvem. Isso me lembrou de outra coisa: Como eu estava respirando? Mas novamente, decidi deixar a questão para mais tarde.

O mais importante, agora, era: Que diabos era aquele portão? E mais importante ainda: Por que eu estava olhando para ele, em cima de uma nuvem? Parecia que toda a fisica que eu havia aprendido com tanto esforço na escola na verdade era inutil. Principalmente agora, que o portão estava se abrindo na minha frente, aparentemente sem nada toca-lo. Numa hora destas eu deveria estar tremendo de medo, tendo calafrios e todo o tipo de coisas que você sente quando ve algo impossivel acontecer na sua frente ou vai fazer uma prova. Mas não sentia nada, alem de curiosidade. Passei pelo portão, que se fechou com um estrondo nas minhas costas. Mas eu nem notei o portão se fechando como mágica as minhas costas. Na minha frente, estava um cenario simplesmente inacreditavel.

Haviam várias pessoas caminhando tranquilamente por ali. Mas havia algo muito estranho com essas pessoas. Elas brilhavam. Não como vampiros gays, mas seus corpos emitiam luz própria, como se cada um fosse um pedaço do Sol. Nas suas costas haviam asas. Não asas comuns, como em alguns filmes. Eram asas gigantescas, algumas dividas, formando 4 asas no total. Em suas cabeças haviam pequenas fontes de luz redondas. Aureolas. Eram anjos. Anjos em cima de uma nuvem. Depois de um portão de ouro maciço. Por alguns momentos eu esperei ver um velho de barba com uma chave na mão, mas por algum motivo, São Pedro não apareceu por lá.

Eu me aproximei da multidão de anjos, maravilhado. Eles emitiam um tipo de calor, e a cada passo que eu dava em sua direção, eu sentia uma sensação maravilhosa, como se eu fosse um deles, como se eu fosse um anjo. Eu tentei tocar em um deles, meus olhos brilhando de expectativa. Minha mão passou direto por ele, sem toca-lo. A expectativa foi embora, assim como a estranha felicidade que parecia ter se apoderado de mim. Os anjos se dispersaram, abrindo um caminho à minha frente. Eu tenho certeza que alguns deles sussuram coisas como “Vá, ele te aguarda”, ou “Rápido, se apresse”.

Quando eu cheguei ao fim do caminho, vi coisas que não poderia descrever. Não há nada no nosso mundo como aquelas coisas. Meu cérebro parecia estar dando cambalhotas dentro de meu cranio. Aquilo era impossivel. Eu nunca acreditara naquelas coisas, e agora aquilo estava na minha frente? Não, não era real. Tinha que ser algum tipo de ilusão, uma alucinação, qualquer coisa. Mas aquilo não parecia ser qualquer tipo de ilusão. Aquilo era real. Agora eu entedi porque tantas pessoas adoravam Ele. E quando Ele falou comigo... Sua voz era tremenda, como se cada palavra estivesse carregada de toda a sabedoria do mundo. Enquanto ele falava, eu ouvia trovões ao fundo. Era assustador. Seus olhos tambem poderiam fazer uma pessoa virar pedra só de olha-los. E faze-los voltar ao normal logo depois. Era absolutamente inacreditavel. E ao mesmo tempo, extremamente real.

Eu não me lembro do conteudo exato de suas palavras. Não lembro de detalhes daquela cena. Mas sei que aquilo impactou minha alma. Sim, eu estava morto. Sim, a alma existia. E sim, eu estava no lugar errado.

Eu lembro vagamente do que aconteceu depois. Houve um tremor, um tremor de verdade, algo que poderia derrubar um predio em segundos. O barulho era insuportavel, com centenas de vozes e sons estranhos ecoando juntos e ao mesmo tempo. A luz aumentava e diminuia, me permitindo ver apenas alguns flashs do que acontecia. O chão desapareceu sob meus pés. Eu estava caindo. Milhares de metros, caindo e caindo, em direção ao chão. Mas, se eu já estava morto, o que aconteceria comigo então?

Eu acertei o chão com força. Um gemido de dor saiu da minha boca. Estava escuro, sendo a única fonte de luz uma janela, por onde entrava a luz da rua. O chão era frio. Parecia algum tipo de ladrilho. Me levantei com dificuldade, me apoiando na cama de onde eu havia caido. Um sonho? Tudo aquilo tinha sido apenas um maldito sonho? Mas algo estava errado. Meu quarto não ficava de frente para rua. Não havia como entrar a luz de um poste no meu quarto. Olhei para a cama. Não era uma cama. Era uma maca. Eu estava em um hospital. Isso explicava um pouco as coisas. Mas se eu estava em uma situação tão ruim, que havia resultado em algum tipo de morte e ressureição logo depois, por que não havia nenhum equipamento especial ou algum tipo de suporte a vida?

Olhei em volta, tentando indentificar o lugar. Havia outra maca perto da minha. Um velho repousava nela. Me aproximei dele, curioso. Seus olhos estavam fechados. Ele não respirava. E seu peito estava aberto por dois grandes cortes. Era uma sala de autopsia. Eu estava morto fazia tempo. Então, por que eu voltara?

Eu percebi que eu não estava usando roupas. Mas por algum motivo, não sentia frio. Eu procurei pela sala, até achar um pequeno armario com algumas roupas. Uma delas tinha uma etiqueta. “Vitor Rangel – Funeral”. A roupa que eu usaria no enterro. Ironico.

Eu a vesti, uma camiseta e uma calça, ambas negras, e me encaminhei para a porta. Trancado, como era de se esperar. Eu olhei em volta, procurando uma rota de fuga. A janela. Eu olhei por ela, vendo se poderia pular. A altura, era de no minino, 3 andares. As duas pernas quebradas, e varias costelas tambem. Com sorte, uma delas poderia perfurar meu pulmão e complicar a situação.

Eu abri a janela, e me pendeurei nela. Não havia medo em minha alma. Se eu já tinha morrido uma vez, por que não tentar a sorte outra vez?

Minhas mãos se soltaram da janela. A queda foi rapida. Ao invés do baque surdo e da dor insuportavel que eu esperava, meus pés tocaram o chão com uma suavidade surpreendente. Era como se eu não tivesse peso. Olhei em volta, mas não havia ninguem por perto. O silencio era completo.

Comecei a caminhar para longe do hospital, procurando alguma alma viva que pudesse me dar informações. Nada. Ninguem, nem mesmo algum cachorro ou gato, um carro passando, policias, qualquer coisa. Alguma coisa estava extremamente errada. Os semaforos estavam apagados. As luzes dos postes pareciam mais fracas que o normal. Não havia vivalma em lugar nenhum. Parecia um cenario tirado de um conto de terror, bem diferente do paraiso de pouco tempo atrás.

Continuei andando, à procura de alguem que pudesse me dizer o que estava acontecendo. Um grito na distancia. Outro grito, apenas um momento depois, mas muito mais perto. Um impacto contra minhas costas, me fazendo levantar voo. Dor. Outro impacto, desta vez contra a calçada. Mais dor, desta vez a dor ardidade de quando se rala alguma parte do corpo. Um tipo de rugido animal, um grito de um ser selvagem e faminto.

Não me lembro exatamente do que aconteceu depois disso. Me lembro de ter visto pessoas a minha volta, todas com roupas esfarrapadas, cobertas de sangue. Algumas não tinham partes do corpo. Elas tentavam me arranhar, me morder, me machucar, me matar. Eu não conseguia entender nada, e ainda estava meio atordoado pelo impacto. Mas soube que a confusão apenas começara, quando uma das pessoas soltou um grito pavoroso ao morder meu braço. Quando eu olhei para ela, uma jovem de 18 anos no maximo, sua boca sangrava. Faltavam alguns dentes. Olhei para meu braço. Eles estavam lá. Mas não tinha me machucado. Eu não sentia dor.

Eu apaguei depois disso. Me lembro de ter acordado algum tempo depois, dentro de uma casa. Eu não reconhecia o lugar, mas sabia que ele estava desabitado fazia algum tempo. A pintura descascava das paredes, e a poeira se acumulava nos moveis. Eu me lembrei do estranho ataque que havia sofrido, e passei minhas mãos pelo meu corpo, procurando ferimentos. Não havia nenhum. Minhas roupas estavam com alguns rasgos feios, mas não havia nem um arranhão em minha pele. Estranho.

O Sol entrava pela janela. Algo me dizia que não era uma boa ideia me aventurar por ali durante o dia. Talvez as marcas de fogo onde a luz do Sol repousava no assoalho. Talvez a estranha sensação que vários anos haviam se passado, e tudo havia mudado. Talvez a lembrança de uma materia em uma revista, que falava da camada de Ozonio. Não importava o motivo, decidi não tentar a sorte. Ainda mais, se encontrasse mais daqueles loucos soltos por ali. Se eles me acharam no escuro, não duvidava que eles me viriam a quilometros durante o dia. Decidi dormir um pouco. Me deitei no sofá, ao lado do lugar onde acordara. Eu sentia sono, mesmo sendo dia. Um ultimo pensamento ecoou em minha mente, antes de adormecer. “Nada mais será como antigamente”. Não poderia estar mais certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem, e aguardem pelos próximos capítulos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Afterlife - o Despertar" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.