Não que eu fosse sentir falta, mas era estranho. Eu não tinha o porque achar esse fato ruim, afinal, eu fiz essa viajem, que não terminou muito bem, para ficar longe da minha familia.

Eu finalmente ficaria livre das reclamações da minha mãe, das tentativas de suicídio dela cada vez que terminasse com um namorado, longe das manias do meu pai, do seu fingimento inútil, longe das brincadeiras esdrúxulas de meu irmão, da lerdeza da minha irmã e, a melhor parte, das piadinha idiotas dos meus colegas da escola.

Isso seria o meu paraíso, se não fosse uma unica e insignificante coisa. A minha solidão, que por mais que eu tentasse não dava trégua.

Nesse momento uma atmosfera de tristeza me envolveu. Eu não tinha porque estar assim. Eu estava longe do meu inferno, mas eu sentia que ainda faltava alguma coisa que eu não sabia o que era. O barulho do computado me tirou dos meus pensamentos e em um segundo eu ja estava na cadeira. Minha irmã havia me aceito e estava falando comigo.

Mah: Ola! Quem e vc?

R.T.:Era amiga da Ruby e queria saber como estão as coisas!

Mah:Sim. Muito obrigada por se preocupar. Não sei se ficou sabendo, mas depois do enterro minha mãe acabou indo para o hospital, mas ja esta tudo bem. Nos sentimos falta dela, mas não temos o que fazer contra isso.

Tradução: Minha mãe tinha tentado se suicidar por minha causa, o que fez eu sentir um aperto no coração congelado.

R.T.: Ruh me contava das vezes que sua mãe ia parar no hospital. O que aconteceu dessa vez?

Mah: Comprimidos pra dormir de novo, mas como disse ela ja esta bem.

R.T.: E seu pai?

Mah: O Macio?! Esta com a mesma mascara de sempre. Na verdade nem sei como ele esta.

No fundo eu ja sabia que essa seria a resposta, mas ainda tinha esperanças de que a perda o tivesse mudado.

Mah: Tenho que ir. Obrigado e eu falo com vc depois. Adeus.

R.T.: Adeus.

Eu desliguei o computador e fui para a minha habitual "bola" no centro da cama. Eu tinha pena da minha mãe. Eu sentia um forte aperto no peito. Mesmo que meu coração não batesse, ele sentia o peso colocado sobre mim. Agora eu era a causa do sofrimento da minha mãe. Ela podia infernizar minha vida, mas eu tinha que admitir que ela que me pos no mundo, mesmo que quase não tenha o feito.

Eu sabia que era inútil ficar me culpando pelo sofrimento da minha familia, mas uma parte humana dentro de mim ainda tinha emoções. Eu não podia chorar, mesmo que quisesse. Eu puxava minhas pernas cada vez mais forte contra o meu peito e tentava me livrar dessa tristeza inútil, mas isso ficava cada vez mais difícil. Eu sabia que quando precisasse sair do quarto somente Jasper iria percebem minha real situação, nem mesmo Edward conseguiria ler minha mente e eu daria um jeito de manter Jasper calado. Eu tinha anos de pratica em como fingir felicidade e seria muito mais fácil agora.