– Val, eu to com medo.
– eu também estou Lily, mas precisamos ser fortes.
Vallery e Lily andavam vagarosamente, escondendo-se ao ouvirem qualquer ruído.
– eu quero ir pra casa, eu quero os meus pais, eu quero que tudo volte ser como era antes! O que eu fiz pro mundo pra isso acontecer?
Lily dizia enquanto chorava desesperadamente. Seu choro logo foi interrompido por um grande puxão no braço:
– olha aqui garota! Você acha que só a sua vida foi difícil? Não seja ridícula! Chorar feito uma louca não vai te ajudar em nada. Só os fracassados fazem isso. O que diferencia os vencedores dos fracassados é se vão ou não levantar depois de uma queda! O que você é Lily? Uma vencedora ou uma fracassada?
Lily levou a mão até os olhos e enxugou as lagrimas, ainda soluçando ela olhou para Vallery:
– mas o que eu posso fazer Val? Eu sou fraca, não sou forte como você! Não posso proteger as pessoas que eu amo, e você pode! Então se nos compararmos você é uma vencedora e eu uma fracassada!
Desviando o olhar Vallery observou todo aquele cenário de guerra.
– ninguém nasce forte Lily... a oito anos atrás eu vi meus pais morrerem diante dos meus olhos, e eu não pude fazer nada! Por que eu era fraca. Eu não pude salvá-los, mas não vou permitir que você passe pelo que eu passei.
Olhando agora nos olhos de Lily Vallery continuou.
– seus pais estão vivos Lily eu posso sentir isso! Mas eles estão correndo perigo!
Foi então que Lily abraçou Vallery.
– você vai me ajudar Val?
Lily dizia ainda abraçando a
– eu sempre vou estar do seu lado Lily, não importa qual seja a situação. Isso é uma promessa.
Com essas palavras Vallery apertou Lily forte, passando então segurança para aquela pequena menina desesperada.
Não muito distante dali, Butcher e Jon continuavam exterminando Kotonarus como formigas.
– Jon eu cubro essa parte da cidade e você...
– nem tente me dar ordens, o líder dessa missão é o Dragon não você.
Com essas palavras Jon se retirou. Caminhando lentamente pela Hinan do Sul, Jon matava Kotonarus desenfreadamente.

– matar esses monstros alivia meu estresse.
Ele dizia a si mesmo.
– casa dos meus pais fica depois daquele quarteirão Val!
Lily dizia apontando para uma esquina.
Vallery acenou que sim com a cabeça. Fiscalizando o local os olhos de Vallery se arregalaram, sua boca secou... ela não podia acreditar no que estava vendo. Alguns metros dali um homem alto, vestindo um sobre tudo azul marinho com pequenos detalhes em branco estava exterminando Kotonarus.
– eu não acredito no que estou vendo.
Vallery dizia enquanto olhava mais atentamente para aquele homem.
Era ele, com certeza era ele! Vallery não tinha dúvidas. Aquele era o homem que havia matado os seus pais.
Empunhado sua espada Vallery gritou em alto e bom som:
– MALDITO!
Jon então se virou. Analisando Vallery atentamente ele falou:
– te conheço de algum lugar garota? Porque sinceramente eu não me lembro.
– meu nome é Vallery, filha do comandante Zaikki! O homem que você matou...
Arqueando uma das sobrancelhas Jon demonstrou estar surpreso:
– nossa! Você é aquela garotinha que o Dragon protegeu? Que mundo pequeno...
Virando as costas Jon acenou e saiu:
– vai lá garota, pode fugir! Minha raiva de você já passou. Não vejo motivos para tirar sua vida...
– mas a minha raiva não passou!
Virando se novamente para Vallery Jon novamente passou a observá-la. Aproximando de Vallery, Lily confusa perguntou:
– quem é ele Val?
– foi esse homem quem matou meus pais! Ele que tirou tudo de mim!
Encarando-o firmemente Vallery continuou:
– eu esperei toda minha vida por esse momento!
Coçando a cabeça e com um sorriso irônico no rosto Jon comentou:
– huuu a garotinha que teve seus pais brutalmente assassinados, cresceu e está atrás de vingança? Acho que já vi esse filme. Deixa eu adivinhar... a garotinha ai do lado quer virar Hokage?
–MALDITO! EU VOU ACABAR COM A SUA RAÇA!
Vallery gritava enquanto corria em alta velocidade com sua espada em posição de ataque.
– pode vim.
Jon dizia de forma sarcástica.
Ela sentia dentro de seu coração que não estava preparada, sabia que aquele poderia ser o seu fim. Mas não importava, ela viveu os últimos oito anos para aquele momento. E não era uma má ideia morrer cumprindo seu objetivo.
Com lágrimas nos olhos ela desferiu seu primeiro golpe. Sem esforço algum Jon desviou do ataque, retirando sua espada da bainha Jon fez com que uma grande quantidade de energia saísse do seu corpo.
– tempestade cortante.
Jon dizia enquanto levantava sua espada. Caída de joelhos Vallery mal sabia o que estava acontecendo, a luz provocada pelo ataque feito por Jon havia ofuscado completamente sua visão.
Vallery então sentiu alguém puxar o seu braço, um barulho altíssimo seguido de um calor intenso fez com que Vallery percebesse a grande explosão que havia acontecido. Foi ai que na tentativa de se proteger Vallery abraçou com toda sua força aquele indivíduo que a carregava nos braços. Ela não era capaz de explicar a sensação de segurança que ela sentia naquele momento, com os olhos fechados ela apenas se sentiu... tranquila.
– VAAAAAAAAAAAAL!
Abrindo rapidamente os olhos, Vallery havia sido despertada pelos gritos desesperados de Lily. Olhando para o alto ela pode ver o rosto do homem que a havia salvado. Aqueles cabelos negros acinzentados não eram estranhos para ela.
– Dragon?
Ela dizia com uma voz um pouco falha. Sem olhar para Vallery, Dragon fez com que uma cortina de fogo destruísse todos os Kotonarus que cercavam Lily. Depois de feito isso em silêncio ele caminhou em direção a Jon. Ainda atônita Vallery apenas segurou o kimono de Dragon, impedindo assim que ele continuasse.
– porque sumiu por tanto tempo?
Vallery dizia em voz baixa.
– achei mais sensato que uma garota humana não tivesse contato com Shikõs.
Dragon dizia ainda de costas.
– você era meu melhor amigo, e também era quem me consolava nos dias difíceis...
Com os olhos cheios de lágrimas Vallery o puxou com força, fazendo com que ele se virasse para ela.
– VOCÊ SABE O QUANTO FOI DIFÍCIL PRA MIM?
Observando-a por um tempo, Dragon tirou uma capa padrão do uniforme Shikõ e colocou sobre Vallery. Então tocou lhe o rosto em sinal de carinho.
Olhando firme nos olhos de Dragon, Vallery deixou que uma lágrima escorresse pelo seu rosto:
– você prometeu que sempre estaria do meu lado.
Com um sorriso leve e quase imperceptível no rosto Dragon cochichou:
– eu sempre estive do seu lado.
Um vento muito forte fez com que os cabelos de Vallery voassem tapando assim parte de sua visão, levando a mão até o rosto Vallery retirou a mecha de cabelo que cobria seus olhos. Mas eles já haviam sumido...
Sentindo um liquido quente escorrer pelas sua perna esquerda Vallery então se deparou com um corte feito pelo ataque do Jon.
– Val! Você precisa estancar esse sangue.
Lily dizia enquanto rasgava um pedaço de sua blusa. Sentindo suas pernas falharem, Vallery caiu de joelhos. Ela não havia sentido dor nem fraqueza, durante todo aquele momento de adrenalina, mas agora sua perna estava latejando.
– Precisamos sair logo daqui.
Antes que Lily pudesse terminar a frase. Três Kotonarus vinham correndo em alta velocidade na direção das duas.
– Vem Val corre!
Lily dizia enquanto se preparava para fugir, olhando a amiga que com dificuldades, mal podia se levantar do chão ela sentiu seu coração doer. Sacando sua arma Lily apontou para os Kotonarus e atirou desesperadamente. Um dos monstros caiu, mas dois ainda viam em sua direção, agora sem munição Lily tirou uma faca de dentro de sua bota. Ela sabia que não teria a mínima chance, mas fugir não era uma opção.
Ficando em posição de ataque Lily estava pronta para o combate, vencer ou morrer eram as duas únicas opções que aquela amante pokemóns tinha! Foi quando Lily sentiu algo passar raspando pelo seu rosto, tão rápido que fez seus cabelos voarem e então um kotonaru caiu no chão.
– uma flecha?
Lily perguntava confusa. Outra veio em seguida e o último kotonaru estava morto.
– Lily!
Sayo gritava enquanto vinha correndo ao encontro da amiga.
Levantando seus olhos, o reflexo do sol fez com que a imagem da garota com o arco ficasse majestosa.
– Lucy!
Lily gritava entusiasmada.
– eu to me sentindo tão diva.
Lucy gritava de cima de uma montanha de destroços. Todos riram, se sentindo aliviados.

– bom o trabalho já acabou por aqui.

Allk dizia enquanto observava todos os corpos das bestas espalhados pelo chão.

– tsc... trabalho desnecessário, o mestre Kannot pediu para investigarmos esses Kotonarus, mas eles não são nem um pouco diferente dos habituais. Só estão em maior número! Um enxame não faz com que as abelhas deixem de ser... abelhas!

Jack dizia enquanto chutava a cabeça de uma besta morta.

– você não acha estranho essa grande quantidade de Kotonarus próxima a uma Hinan?

Andy dizia calmamente. Jack deu de ombros demonstrando não saber responder aquela pergunta. Foi então que Dragon e Jon se aproximaram:

– vamos embora! A I.O.S já pode cuidar da situação.

Dragon dizia enquanto saía por uma abertura no muro.

– estão todos aqui?

Butcher perguntou.

– não o Nael ainda não voltou.

Jack respondeu.

– alguém sabe aonde ele está?

Butcher perguntou mais uma vez. Jack mais uma vez deu de ombros demonstrando não saber a resposta.

– maldito!

Butcher resmungava irritado, rapidamente ele se retirou dali a procura de Nael.

Caminhando pelas ruas devastadas de Hinan, Butcher procurava por Nael. Foi então que ele ouviu a voz do shikõ desaparecido.

– fiquem calmas garotas, o Nael está aqui! Não deixarei que nenhum monstro as machuque!

Nael dizia enquanto inflava o peito. Cercado de todas aquelas garotas bonitas ele se sentia completamente satisfeito.

– ai Nael você é tão forte!

– e tão corajoso.

– por favor nos protege senhor Nael.

Todas as garotas que haviam sido salvas pelo shikõ estavam extremamente agradecidas, até demais.

– não se preocupem eu cuido de todas vocês! Mas garotas tenho uma proposta para vocês...

Nael dizia com um sorriso maldoso.

– qual?

As garotas perguntavam curiosas.

– vocês querem brincar na neve comigo?

– e como isso funciona?

– bem vocês e eu vamos a um lugar isolado e...

– NAEL!

Butcher interrompeu Nael com gritos. Puxando o garoto franzino pelo braço, o shikõ de dois metro o arrastou para longe das garotas.

– você lembra da principal regra passada pelo Kannot?

Butcher dizia ainda arrastando Nael por todo caminho de volta, segurando o pela gola da camisa. Revirando os olhos Nael demonstrava desdém da fidelidade de Butcher.

– as garotas estavam precisando de ajuda Butcher! Não seja tão tapado.

Um pouco distante dali Vallery era levada para dentro de um carro, em uma maca, pelos paramédicos da I.O.S

– vai ficar tudo bem amiga.

Vallery dizia sorrindo para Lily.

– os sobreviventes estão todos ali, procure pelos seus pais! E tenha fé!

Ela completou apontando para um grupo de pessoas que eram levadas aos grandes ônibus de resgate da Hinan do Norte.

Acenando com a cabeça, Lily correu em direção a todas aquelas pessoas.

Ela parou no meio do caminho, seu coração estava apertado, queria continuar e procurar pelos seus pais... mas o medo de se decepcionar a fazia recuar.

– Lily? É você mesmo?

Uma voz feminina extremamente familiar ecoou de trás de Lily, foi então que a pobre garota sentiu seus olhos encherem de lagrimas.

– MAMÃE!

Ela gritava emocionada se virando rapidamente e abraçando aquela mulher que ela tanto amava.

– Lily!

Um garotinho de aparentemente 9 anos gritava enquanto corria em direção a Lily, de trás dele um senhor de cabelos negros e bigode grisalho se aproximava.

– pensamos que estivesse morta.

– papai! Deni! Eu amo vocês! Eu amo muito vocês!

Lily dizia enquanto abraçava sua família com toda a força que ainda lhe restava.

– eu serei mais forte, eu prometo... prometo que serei forte, o suficiente para proteger vocês!