Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 41
Expectativas




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― o que foi isso?
Nael se referia ao barulho de explosão que havia ouvido.
― foi aqui perto…
Bisco estava sério.
― independente do que seja, temos uma missão para cumprir.
Marius tentava manter a calma, mesmo estando visivelmente alterado.
― e se os outros estiverem em perigo?
Nael o encarava. Marius respirou fundo:
― o Jon vai dar um jeito.
**
Aos poucos a enorme quantidade de poeira que os cercavam se dissipava.
― LILY!
― aqui Erii!
Lily acenava para seu companheiro.
― graças a Deus.
Erii a abraçava aliviado.
― aonde você se meteu?
Lily misturava preocupação e raiva em sua voz.
― resolvendo umas coisas.
Erii desviava o olhar ― mas o que aconteceu aqui? O castelo desapareceu, mas ainda estamos vivos....
― ele só queria fazer uma demonstração de poder…
Mizuno se aproximava ― o show de verdade ele quer que todos assistam de camarote.
― pensei que tivesse morrido.
Erii a encarava. Com dificuldades a guardiã carregava sua irmã coberta de poeira.
― não dessa vez humano idiota.
MIzusha pronunciava quase como um rosnado enquanto limpava seu rosto.
― não pode ser…
Raque sussurrava. Lily se voltou para a amiga, com tantos acontecimentos ela havia se esquecido completamente do quanto Raque temia aquele momento.
― Raque…
Lily tentava se aproximar da garota.
― não vai acontecer.
Raque erguia suas mãos para o alto, provocando uma série de flashes de luzes de uma cor rosada.
― o que você está fazendo?
Lily a observava.
― é um feitiço antigo de selamento...
Raque sussurrava enquanto o céu era coberto por uma camada de energia ― o planeta vai estar seguro…
Vagarosamente a garota deixou que seus braços se abaixassem e abraçassem seu próprio corpo.
― então é isso?
Lily sorria ― estamos salvos? ISSO!
A menina pulava e comemorava como uma criança.
O sorriso singelo de Raque era o ponto em seu rosto onde suas discretas lágrimas se findavam.
― você ouviu isso Erii? ESTAMOS SALVOS!
― é Lily eu ouvi. Pare de pular desse jeito, vai acabar torcendo o pé!
― chato!
As vozes ao redor da jovem miraniana se tornavam cada vez mais distantes; mais silenciosas.
Seus olhos estavam fixos na adaga que carregava em suas mãos, presente de Jon. Ela lembrava como se fosse ontem o dia em que havia ganhado, logo após dominar a projeção de campos de força.
― você também vai ficar bem tio Jon…
Raque choramingava em um volume quase inaudível.
― não vale a pena…
Raque sentiu seu coração acelerar ao ter seus pensamentos interrompidos por Lucy.
― do que está falando?
A garota tentava se recompor.
― eu já vi muitos encararem uma arma assim
Lucy mantinha seus olhos fixos no céu cor-de-rosa, resultado dos poderes de Raque ― se a única forma de todos serem salvos é com a sua morte, não vale a pena. Não é justo que a salvação de todos esteja suja pelo sangue de um inocente.
― não seria a primeira vez.
Raque enxugava o rosto. Sentiu uma mão suave tocar a sua cintura e em seguida foi surpreendida por um abraço de alguém que não lhe alcançava os ombros.
― se o plano inicial era se matar, por que então lutou tanto? A Val ta com a espada, derrotamos os guardiões… fizemos tantas coisas… pra quê?
A voz de Lily saía abafada, devido ao fato de seu rosto estar enterrado nas costas de Raque.
― eu tenho pouco tempo Lily…
Raque se afastava da garota, não se esforçando mais para conter suas lágrimas.
― então só nos resta esperar.
A pequena maga sorria. Raque apenas assentiu com a cabeça e todos se calaram.
O silêncio foi então interrompido por um estrondo. Raque tremeu.
― é… é ele?
Lily não escondia seu medo.
― um soco talvez…
Um segundo estrondo e logo um som estilhaçado denunciou o rompimento da barreira.
Butcher e Allk avançavam na direção de Dragon e Jon, que se mantinham firmes a frente do grupo. Um sinal por parte de Jon foi o suficiente para que os dois cessassem os passos e entendessem que a missão atual era proteger as humanas e Raque.
― onde você está desgraçado? Por quanto tempo ainda pretende enrolar pra aparecer? Eu sei que está aí!
Dragon intimava enquanto averiguava todos os cantos daquele imenso cenário de destruição.
― bem aqui!
Uma voz suave fez com que todos estremecessem. Com um semblante tranquilo um homem de estatura alta e longos cabelos brancos que balançavam suavemente de acordo com a intensidade do vento, se acomodava em uma enorme pedra que antes compunha a beleza do castelo.
― esse é o tal do Céverus?
Sayo arqueava uma das sobrancelhas.
― sim.
Lily confirmava ao se lembrar da primeira vez que o havia visto ao tentar ler a mente de um shikõ.
― parece só um emo gay pra mim.
Sayo dava de ombros.
― bonito.
Lucy analisava o inimigo cuidadosamente.
― tenho que concordar.
Lily levava a mão a cintura enquanto admirava o oponente.
― LILY!
Erii a repreendia. Lily tropeçou devido ao susto.
― que foi? Não sei pra quê essa revolta toda.
Erii corou.
― ele é nosso inimigo! Só por isso.
O shikõ desviava o olhar.
― hum…
Lily o encarava, não satisfeita com a resposta ― a pergunta é: como ele chegou aqui!
A maga agora estava séria.
― teletransporte, assim como o Cute.
Raque respondia de forma desanimada ― as habilidades dos shikõs nada mais são do que fragmentos do imenso poder dele.
― isso é preocupante.
Lucy estava pensativa.
― o que você quer?
Jon encarava o visitante. Céverus permaneceu em silêncio com os olhos fixos no céu.
― EI TO FALANDO COM VOCÊ!
Jon se alterava. Sem resposta.
― será que…
Lucy preparava uma flecha em seu arco.
― o que está fazendo?
Sayo perguntava confusa.
― um teste.
Após alguns segundos de mira, a flecha foi disparada e seguiu firme em direção a cabeça do inimigo se desintegrando poucos centímetros antes de atingi-lo. O miraniano calmamente se virou na direção de Lucy e sorriu amistosamente, enquanto retirava uma mecha de seus belos cabelos sedosos do rosto.
Todos no grupo se entreolharam.
― ele é muito bonito…
Lily sussurrava.
― discordo!
Sayo cruzava os braços ― prefiro homens fortes, shikõs e com belos olhos castanhos!
― não quer dar um exemplo também não?
Lucy debochava.
― mestre Céverus.
O servo mais fiel do filho mais novo se aproximava de seu mestre.
― Taiko!
Céverus sorria ― quanto tempo velho amigo, como senti saudades de você! De todos vocês! Mizuno, Mizusha… Raque.
Do outro lado do campo Raque tremeu, sentiu suas pernas fraquejarem, Lily a apoiou.
― minha querida sobrinha.
O inimigo vagarosamente se virava na direção da garota ― olha pra você, uma mocinha.
― seu assunto de agora em diante é comigo.
Jon se colocava a frente do grupo e de Raque.
― pra inicio de conversa…
A voz do miraniano soava um tom de desprezo ― quem é você?
― sou Jon, o líder dos shikõs e você quem pensa que é para invadir o nosso planeta?
Jon desafiava.
― que atrevimento, isso é interessante sabia?
Céverus sorriu — Porque vai ser muito mais divertido quando você estiver de joelhos exalando respeito e temor. A obediência vinda da humilhação é quase saborosa.
O rosto pálido do visitante carregava uma expressão de satisfação.
— se divirta sentindo minha lâmina perfurar seu peito, desgraçado!
O chão que cercava o shikõ se rachou devido ao impacto que o mesmo causou enquanto avançava contra o inimigo. Sem interferência alguma sua espada penetrou ferozmente o peito do recém chegado.
— parece que você é uma grande bola de papo furado não é mesmo?
Jon debochava.
Em silêncio Céverus deslizava seu dedo pela parte da lâmina que estava fora de seu corpo, o silêncio foi interrompido pelo trincar da espada quebrada. Sem tempo para reação, o segundo som que Jon pode ouvir foi o estalar dos ossos de suas pernas se quebrando, sem que ao menos pudesse se dar conta estava de joelhos.
Habilmente o inimigo retirou o pedaço da lâmina que até então permanecia em seu peito e a cravou no ombro do shikõ. Um berro de agonia fez com que todos tremessem.
— e você uma grande bola de lixo.
Céverus sussurrava no ouvido de sua vítima — consegue ouvir Jon? Eu ouço bem, as batidas desesperadas de seu coração. Você está assustado, como nunca antes esteve, você teme pela sua vida e sente vergonha por isso. Porque sente vergonha Jon? Talvez porque o grande líder dos shikõs devesse ser forte e morrer por seu povo, mas tudo o que você quer fazer agora é fugir! Fugir como um garotinho assutado. FUJA JON! FUJA!
Se pondo mais uma vez de pé Céverus o chutou, o arremessando para longe, longe o suficiente para sumir do campo de visão de seus companheiros.
— próximo!
Céverus sorria enquanto desfilava cinicamente pelo campo de batalha.
Todos ficaram em silêncio — se ninguém vier me entreter vou atrás do grande líder dos shikõs! Acho que ainda deve estar vivo.
— ele acabou com o Jon…
Butcher gaguejava — ele acabou com o Jon sem nem suar.
— ele vai matar o Jon.
Raque chorava desesperadamente — vai matar ele como fez com o meu pai e com todos os soldados e vai matar todo mundo depois!
— fica calma Raque.
Allk tentava consolar a garota.
— Val…
Raque recuperava a razão — VALLERY!
A garota correu em direção a guerreira que em silêncio se mantinha afastada do grupo.
— Vallery só você pode salvar o Jon e…
A feição de preocupação da garota foi substituída por espanto — Vallery… por quê está sorrindo?
— quem sabe?
O sorriso de satisfação da guerreira, se transformou em cinismo.
— Vallery se você não fizer nada o Jon vai…
— morrer? Sério? Jura? Por 12 anos eu sonhei ouvir essas palavras. Sabe o que eu tenho a dizer sobre isso? Não é problema meu.
Vallery recitava orgulhosa.
— mas a espada…
— a espada? Aqui está!
A IOS dizia enquanto entregava a masayoshi para a menina — ela é sua não é mesmo? Do seu pai ou coisa assim. Pois então faça bom proveito dela, ela me ajudou muito, mas agora não preciso mais dela a humanidade está prestes a se livrar da maior ameaça que já existiu.
— não. Você está entregando o mundo para a maior ameça que já existiu.
Sem discutir a guerreira apenas se virou para sair.
— quem é o portador da espada?
A voz de Céverus fez Vallery parar.
— não tenho nada com você, pegue a espada, pegue o Jon e todos esse shikõs e faça o que quiser com tudo isso.
Com um tom de voz sério Vallery respondia ao visitante.
— não é problema seu não é mesmo?
Céverus a encarava.
— não.
Sutilmente o inimigo ergueu sua mão direita na direção do grupo terrestre.
Uma luz resplandeceu e Vallery sentiu o calor da energia tão perto de seu corpo que poderia jurar que havia se queimado, mas outra coisa havia queimado, a explosão que veio no instante seguinte fez a terra tremer. Incrédula Vallery se virou na direção do estrondo, na direção da sua linda Hinan, que poderia ter seus belos muros majestosos vistos dali. Mas não havia mais muros e nem Hinan.
Metade da cidade havia desaparecido e a outra parte estava coberta de cinzas e destroços.
Vallery não era mais capaz de ter controle sob seu corpo, sentiu suas pernas falharem e caiu de joelhos. Lágrimas indomáveis percorriam seu rosto coberto de poeira. O vento frio guiava seus longos cabelos dourados rumo ao cemitério de inocentes.
A guerreira havia perdido sua maior batalha, e a vitória havia sido para sua vaidade.
— agora parece que é problema seu não é mesmo?
Céverus debochava.
Com os dedos cravados na areia quente Vallery viu sua dor ser transformada em ódio, a morte dos nortistas não poderia ficar sem punição.
Raque mal pode ver quando a espada foi arranca de suas mãos. Descontrolada Vallery avançava, mais rápida do que nunca; mais forte do que nunca. Nem mesmo Jon havia despertado nela tamanha fúria. Depositou todas as suas forças em seu primeiro ataque, o golpe desferido foi parado com tanta facilidade que Vallery se sentiu novamente como uma criança, uma criança de 8 anos que teve seus pais assassinados e estava ali diante de tudo, incapaz.
Ela havia falhado, a masayoshi mais uma vez a havia abandonado. Por que? Será que ela não era digna de se mover contra seus inimigos? Não era digna de estar no mesmo patamar dos que a oprimiam? A dor de seu pulso se quebrando fez Vallery gritar, a Masayoshi foi arremessada longe. Com lágrimas nos olhos Vallery observava a espada deslizar para mais distante, a deixando cada vez mais desprotegida. Aos poucos a pressão em seu pescoço tomou-lhe o ar e foi então que a guerreira percebeu que estava sendo erguida no ar pelo inimigo.
— VAL!
A voz desesperada de Dragon estava cada vez mais distante. Dragon era um bom homem se ela talvez o tivesse escutado tudo isso não estaria acontecendo, muitas vidas poderiam ser poupadas, inclusive a dela. Naquele dia Vallery percebeu que a dor do arrependimento é mais amarga do que qualquer outra.
— a espada da justiça não permite ser empunhada por um coração vingativo.
Existe uma linha tênue entre a justiça e a vingança, tão singela quanto a divisão entre o bem e a mal.
A voz de Céverus expressava em palavras, tudo que o coração da jovem guerreira gritava na linguagem da dor.
Vallery sentiu a pele de seu abdômen rasgar e um líquido quente percorrer pelo seu corpo, um gosto de ferrugem tomava a sua boca e de repente a dor desapareceu. Sentiu seu redor sendo preenchido por uma nuvem de chamas e logo seu corpo, que antes estava sob o domínio do poderoso inimigo, caía sem rumo até repousar em um colo familiar.
— Dragon…
Vallery sussurrada enquanto tentava diferenciar o borrão que sua visão lhe permitia ver, do rosto de seu amado.
— me perdoe por tudo o que eu fiz...
— shii…
Dragon interrompia as palavras da garota enquanto a abraçava forte, como se aquela fosse sua última oportunidade.
— eu é que peço perdão. Eu descumpri a promessa que fiz a Zaiki há 12 anos e mais importante eu descumpri a promessa que fiz a mim mesmo desde que, pela primeira vez, eu me vi apaixonado. Eu poderia ter te amarrado, te nocauteado, só não poderia ter te abandonado.
— Val…
Lucy sussurrava desolada.
No meio daquele grupo perplexo um pequeno ser corria perseverante rumo ao campo de batalha, mas cessou assim que seu braço foi brutalmente puxado por alguém de estatura muito maior.
— aonde pensa que vai Lily?
Erii interrogava.
— me solta.
Lily dizia em um tom sério.
— você não vai pra lá.
— eu posso ajudar a Val.
— você nem ao menos pode se ajudar.
— falei pra largar…
A voz desafiadora de Lily, juntamente com o olhar intimidador que a mesma lançou para o shikõ, fez com que Erii se assustasse. Não era a expressão de dúvida cotidiana, ele não estava mais diante de uma garotinha inconsequente que experimentava algo diferente na esperança de que desse certo, Lily se mostrava uma mulher que sabia exatamente o que precisava fazer e faria a qualquer custo. Sem mais delongas Erii permitiu que Lily se soltasse e a viu continuar sua corrida em direção a guerreira ferida.


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