Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 28
I.o.s


Notas iniciais do capítulo

Vallery decide sair do I.O.S, causando alvoroço entre os soldados.
Um novo líder precisa ser escolhido entre os shikõs, qual decisão será tomada?



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Eram 7 da manhã, os corredores da sede da I.O.S estavam lotados de soldados exercendo suas funções diárias.

Vestida com uma regata comum e um short jeans, Vallery carregava uma mochila consigo.

― aonde vai?

Lucy a observava passar.

― pra casa.

Vallery respondia de forma ríspida.

― mas... ainda é inicio de expediente e...

― eu estou fora.

Vallery seguiu seu caminho para fora dos portões da sede.

**

― bom dia Erii!

Lily sorria enquanto carregava consigo uma bandeja de café da manhã. Erii se manteve em silêncio. A pequena garota deixou a bandeja no chão e folgou as correntes do shikõ.

― volto mais tarde!

Ela acenava e se retirava da sala.

Em passos lentos, a pequena garota conferia se não havia sido seguida, ou se estava sendo observada, foi quando se deparou com Lucy.

― o que faz aqui Lucy?

― a Val...

― aii! A Val é um caso perdido! Essa ideia de vingança ta deixando ela maluca e...

― ela deixou a I.O.S.

Lucy interrompia Lily com uma voz falha. A pequena maga arregalou os olhos.

― acho que ela só quer um tempo para descanso, uns dois dias em casa não faz mal a ninguém não é mesmo?

Lily tentava usar do otimismo.

― conversei com o coronel Blade... ela pediu demissão! Entregou o uniforme e o distintivo... ela deixou a gente Lily.

Lucy estava com os olhos marejados.

― eii calma!

Lily a abraçou. Aquela noticia realmente era inesperada e mesmo sendo a consoladora do momento, Lily também estava abalada. Em todos os 4 anos em que conviveu com Lucy, nunca a viu chorar mas ela estava chorando agora, ou pelo menos quase.

― Lucy, aonde está a Sayo?

Lily tentava mudar de assunto.

― eu não sei. Eu a vi saindo com a moto de madrugada e até agora ela não voltou.

Lucy havia se recomposto.

― entendi. Vamos voltar para a área principal da sede e quando ela chegar, tomamos alguma providência quanto a isso!

Lily tentava controlar a situação.

**

Em algum lugar, longe de todas as Hinans e também da sociedade, conhecido pelos humanos e shikõs como zona morta, um ser meio homem, meio polvo, observava a paisagem por uma imensa janela de vidro.

― senhor Taiko.

Mary e Mia entraram na sala e se curvaram diante do alien.

― onde está o garoto problema.

Taiko perguntava em um tom de voz sério.

― morto provavelmente.

Mia respondia de forma ríspida.

― que pena. Obra da portadora da espada?

― não. Foi o filho do líder dos shikõs.

Mary informava.

― devo admitir que aqueles shikõs são mais fortes do que eu imaginei.

Taiko se aproximava das garotas ― mas isso não importa, o feitiço do principezinho está cada dia mais fraco, é questão de pouco tempo, para que o nosso mestre consiga se libertar... depois de quatro anos de tortura Ally está quase cedendo. Mas antes de tudo, precisamos da espada! Ela é a única arma em todo o universo, capaz de matá-lo e nós não vamos deixar pontas soltas não é mesmo?

Taiko acariciava o rosto de ambas as shikõs.

**

Na frente de uma grande casa, cercada por um imenso e belo jardim, um velho de aparência amigável, regava algumas flores.

―vô.

Uma voz feminina chamou a atenção do velho.

― VALLERY!

O homem gritava animado, enquanto corria para abraçar a garota.

― o que faz aqui menina? Sempre aparece nos finais de semana...

― eu abandonei a I.O.S vovô.

Vallery dizia com um semblante um pouco triste.

O homem a observou por alguns segundos.

― quer biscoitos? Acabei de fazê-los!

Vallery sorriu enquanto acenava positivamente com a cabeça.

**

O som da buzina da moto de Sayo foi o sinal para que os sentinelas abrissem os portões de Hinan. Após deixar sua moto no estacionamento da I.O.S, a garota foi em direção aos quartos dos soldados. Cautelosamente a guerreira, entrava em seu quarto e guardava um objeto que carregava consigo em seu armário.

― aonde você tava Sayo?

A voz de Lucy fez a garota dar um salto.

― LUCY DISGRAÇADA NÃO ME ASSUSTE DESSE JEITO!

Sayo levava a mão ao coração, supervisionando as batidas.

― está escondendo alguma coisa?

Lucy parecia desconfiada. Sayo arregalou os olhos, enquanto forçava o corpo contra a porta do armário.

― ave Maria Lucy! Não to escondendo nada! Nossa senhora que enjoou!

Sayo respondia de uma forma um tanto desesperada.

― então porque se assustou?

― ahh! Você chega assim do nada... ai, ai, ai!

Sayo desconversava.

― aonde você foi?

― chega de pergunta Lucy! Já to bem grandinha pra ter que te dar satisfações.

Sayo dizia enquanto caminhava em direção a porta.

― isso aqui é uma câmera?

Os poucos segundos em que a guerreira havia se afastado do armário, foram suficientes para que Lucy conseguisse descobrir o que a guerreira escondia.

― DEVOLVE ESSE NEGÓCIO!

Sayo tomava a câmera de Lucy com brutalidade.

― não conhecia o seu lado fotógrafa Sayo...

Lucy arqueava uma das sobrancelhas.

― pois bem, agora você conhece.

Sayo se virava para sair.

― e nem stalker!

Lucy concluiu sua fala. Sayo arregalou os olhos.

― QUEM TE CONTOU?

―ninguém, mas agora nem preciso ter dúvidas!

Lucy levava a mão à cintura com um sorriso.

―tsc... mas não conte pra ninguém ok?!

―tudo bem. Mas quem é o cara?

Sem dizer uma palavra, Sayo ligou a câmera e mostrou a foto para a amiga.

― huuu! Imaginei.

Lucy admirava.

― tenho fotos dele tomando banho também! Quer ver?

Sayo dizia com um sorriso. Lucy corou.

― melhor não.

Ambas riram.

― mas... eu estava te esperando a bastante tempo.

Ao perceber o semblante preocupado de Lucy, Sayo também ficou séria.

― o que aconteceu?

― a Val... ela saiu da I.O.S.

Lucy dava a noticia com pesar.

― como assim? Eu sei que a Val não tava legal e tudo... mas, sair? Isso é loucura! Aonde ela ta?

Sayo parecia fora de si.

― é bem provável que esteja na casa do avô.

Lucy informava.

― vamos lá agora! Preciso ter uma conversa com ela.

A guerreira parecia irritada.

― olha Say, eu sei que isso é um tanto complicado... mas brigar com a Val não vai ajudar. Acredite essa foi a minha primeira ideia, mas vamos dar um tempo a ela. Ela sofreu um trauma na infância e com o que aconteceu com o Jon, ela ta confusa.

Lucy explicava de forma tranquila.

― já tentou fazer teatro?

Lily havia entrado no quarto ― sua facilidade em gravar falas é formidável.

― ah, qual é Lily? Eu achei legal. E usei seu conselho pra mim na Sayo, deveria se orgulha disso!

Lucy se defendia.

― que seja! Espero que tenham entendido, vamos deixar a Val respirar!

Lily concluía. Ambas as garotas concordavam.

**

― BOM DIA!

Jack gritava para os quatro cantos do castelo, sem resposta ― gente?

― bom dia Jack.

Andy respondia de forma desanimada.

Todos os shikõs estavam reunidos na mesa do café, mas o silêncio era absoluto.

― está na hora de escolher um sucessor para Kannot.

Butcher dizia de forma séria.

― o vovô mal se foi e já estão correndo atrás de sua posição como abutres!

Raque apertava com força o copo que segurava, enquanto desviava o olhar para o lado e cerrava os dentes.

― não estamos correndo atrás da posição de ninguém Raque, a questão é que a sociedade não pode permanecer sem alguém na liderança.

Butcher se sentia ofendido.

― ah claro!

Raque debochava.

― Raque é o certo a se fazer.

Cute tentava acalmá-la.

― tanto faz...

A menina dizia enquanto se retirava da mesa.

― eii garota!

Jack tentava repreende-la, mas foi parada por um sinal vindo de Butcher .

―deixe-a!

Antes que Raque pudesse chegar à porta, foi surpreendida pela sombra de Jon que cercava sua frente.

―eu assumirei a posição de Kannot.

Jon agora se mostrava na luz.

―nunca! Nem a pau!

Butcher batia com força na mesa.

―não pedi sua permissão. Sou filho de Kannot e membro mais velho da sociedade, o trono é meu por direito.

Jon o encarava com desprezo.

― você sabe que Kannot tinha outras ideias em mente.

Butcher argumentava.

― ah ideias? Tipo você?

O shikõ ironizava.

― agora que o Butcher recuperou os poderes, o vejo como um bom substituto para o mestre.

Cute opinava.

―como se sua opinião fizesse alguma diferença.

Jack jogava um biscoito na cabeça do garoto.

― talvez devêssemos decidir isso em uma batalha, concorda Butcher?

Jon dizia com um sorriso no rosto. Butcher suava.

― a posição de líder dos shikõs não deve ser decidida dessa forma! O Kannot era um bom homem e ele queria que um homem de mesmo caráter assumisse seu lugar!

Bisco batia com força na mesa, enquanto se levantava com voracidade. Raque o observava com um sorriso.

― belas palavras, agora me diga qual será a vantagem de ter um bom caráter quando vocês precisarem de alguém para salvar suas peles.

Jon o encarava.

― nós daremos um jeito...

Bisco gaguejava.

― chega Bisco.

Butcher o interrompia ―o Jon tem razão.

Todos na sala se assustaram. Não era comum que Butcher e Jon concordassem em algo, ainda mais algo daquela magnitude.

Butcher continuava.

― nós precisamos de alguém que nos proteja, que seja forte e fiel conosco. O Jon já comprovou essas características não vejo motivos para discordarem de sua posição.

Butcher dizia enquanto se levantava da mesa e se dirigia a porta de saída da sala.

― Butcher!

A voz de Jon o fez parar ― quero que prossiga como líder do exercito e que permaneça sendo meu braço direito.

― sim senhor.

Com essas palavras, Butcher se retirou da sala.

― e você, vai continuar ai no canto com essa cara amarrada? Não gostou da forma que as coisas se ajeitaram?

Jon dizia enquanto encarava Raque, que permanecia parada, encostada na parede, no canto escuro da sala.

―sempre apoiei essa ideia.

― ótimo. Talvez você seja a minha substituta futuramente, nunca se sabe.

Jon sorria.

**

O som da sirene da sede, fez com que todos os soldados se dirigissem até o pátio principal. Como de costume, o coronel Blade os aguardava.

― hoje de manhã foi notada a aproximação de dezenas de kotonarus na região das Hinans. Não é comum que esses fenômenos aconteçam, a não ser que haja algum buraco no muro ou movimentação nos arredores da cidade. Sem mais delongas a missão de vocês é formarem grupos de patrulha de segurança preventiva em todas as Hinans.

Todos os soldados fizeram posição de sentido.

― ESTÃO DISPENSADOS!

Blade passava a ordem final aos soldados, que sem hesitar correram para seus respectivos pelotões.

Após o fim da reunião, Sayo avistou Lucy um pouco distante de todos, recostada em uma bela laranjeira.

― Lucy!

Sayo acenava ― o que faz ai?

― estou apenas curtindo a vista.

Lucy dizia de forma séria.

― a I.O.S vai enviar soldados para reforçar a segurança de todas as Hinans!

― ate parece...

Lucy dizia de forma irônica.

― porque diz isso?

Sayo perguntava confusa.

― você acha mesmo que a I.O.S é um conto de fadas não é mesmo? E que todos da Hinan do norte são pessoas ótimas que estão aqui apenas para servir os mais necessitados e ajudar o próximo... Sonhos de criança, sei bem o que é isso...

Lucy dizia enquanto observava o balançar das folhas na arvore.

― do que está falando Lucy?

Sayo não entendia o que a amiga queria dizer.

― nesse quesito "todas as Hinans" o leste não esta incluído!

― claro que esta Lucy! Não diga bobagens!

― bobagens? Você é que é uma completa imbecil! Será que nunca percebeu como funciona o sistema?

Lucy estava alterada.

― sistema? Do que você ta falando sua doida??

Sayo perguntava assustada. Agora um pouco mais calma Lucy mais uma vez olhava para as folhagens.

― era outono... Eu tinha 8 anos, eu e meu pai fomos colher frutas na floresta. Estava tudo muito tranquilo, quando de repente fomos atacados por um kotonaru, ele avançou para cima do meu pai e agarrou o braço dele, eu estava com medo, eu era só uma criança e ver a imagem de meu pai gritando de dor enquanto aquela besta maldita arrancava o braço dele me dava arrepios. Mas eu não hesitei, não pensei, apenas peguei uma faca que meu pai havia deixado cair e avancei para cima do monstro, eu cravei aquela faca no coração da besta e a observei sangrar até a morte. Depois arrastei meu pai até a civilização. Ninguém veio nos ajudar, além dos moradores do Leste é claro. Não tínhamos médicos bons, por mais estranho que pareça a Hinan do Leste é desprovida de qualquer tipo de regalia da atualidade. A Hinan do Norte foi alertada. Eu esperei por três dias... Três longos dias... E eles nunca vieram! Nem ao menos para perguntar o que havia acontecido. Dali em diante eu percebi que a Hinan do Leste não fazia parte do conjunto das grandes cidades nós estávamos sozinhos. E os meus heróis da I.O.S não passavam de fantoches manipulados.

― eu sinto muito Lucy... Isso que eles fizeram foi uma crueldade.

Sayo tentava consolar a amiga.

― a Hinan do norte é um grande jogo de interesses! Eles protegem o Sul por conta de sua tecnologia, protegem o Oeste, por causa das plantações, as colheitas é que sustentam todas as cidades... Mas e o leste? Nós não temos nada a oferecer! Por isso somos um peso morto, algo descartável! E por isso ninguém se importa com que acontece conosco. Existem várias fissuras no muro, temos pouca comida e não temos nenhum tipo de tecnologia! Vivemos em constante perigo... Por isso somos treinados desde novos, para sobreviver!

Com essas palavras Lucy se retirou.

― porque entrou para a I.O.S então?

Sayo fez Lucy parar.

― eu estou disposta a mudar isso! Mesmo sozinha... Eu entrei para I.O.S com intuito de quebrar esse sistema maldito! Eu tenho uma irmã Sayo, ela se chama Lindsay...

Naquele momento Lucy estava com os olhos marejados de lagrimas ― e eu não vou deixar que as esperanças dela, sejam frustradas como as minhas! Vou lutar por ela...

― Lucy... O que houve com seu pai?

Sayo perguntava um pouco receosa.

― ele morreu! Teve complicações devido ao ferimento e morreu.

Sayo sentiu seu coração doer.

― Lucy!

Sayo mais uma vez fez Lucy parar.

― você não esta sozinha!


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Notas finais do capítulo

Qual será o segredo por trás do passado sombrio de Lucy?
E qual rumo tomará Vallery?
Até o próximo cap ^^



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