Hinan escrita por Hakiny


Capítulo 27
Cicatrizes


Notas iniciais do capítulo

Gennte o capitulo de hj esta marcado por muitas lembranças... então pra facilitar lembrem-se de que as palavras que tiverem em itálico, são lembranças ou pensamentos ok!?
Fora isso, apenas desejo que tenham uma boa leitura :)



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― está tudo tão... vazio.

Raque dizia em voz baixa enquanto caminhava pelos corredores do castelo dos shikõs, ou pelo menos no que havia sobrado deles.

Com um olhar um pouco perdido,a menina acariciava aquelas paredes rachadas enquanto desviava das pedras que cobriam o belo piso de mármore carrara.

― Raque, não pise nos corredores com essas botas suja de lama! Consegui esse piso há 250 anos na Itália
― o que é Itália vovô?

― tantas lembranças...

A menina se dirigia até a antiga sala de Kannot. Parada por alguns segundos, ela observava aquele imenso trono que ficava no alto de uma pequena escada, que carregava um tapete vermelho. O sol fraco de fim de tarde, penetrava os vidros estilhaçados da janela e iluminava aquela enorme cadeira repleta de detalhes em ouro e outros metais preciosos.

**

― é... vai dar um trabalhão pra ajeitar isso aqui.

Andy e Marius estavam parados de frente ao castelo parcialmente destruído.

― a gente da um jeito! Passamos por coisas ruins outras vezes... e sempre demos um jeito!

Marius dizia com otimismo.

―sim. Mas nas outras vezes tínhamos alguém que nos impulsionava a prosseguir.

Andy mantinha um olhar triste.

― é... as vezes eu até esqueço, parece que ele ainda está lá em cima, com aquele sorriso bobo no rosto, de olho em tudo.

Marius apontava para a torre mais alta do castelo.

― ao ver essa situação, eu não me sinto tão feliz em voltar pra casa.

Bisco se aproximava.

― pois é caro amigo, as coisas não estão fáceis.

Marius comentava.

**

Em passos lentos e com uma vassoura na mão, Butcher se dirigia até a sala do trono. Há poucos minutos ele havia fechado a porta, mas agora notava que estava aberta. Cautelosamente ele empurrava a gigantesca porta, permitindo dessa forma a sua passagem. Estava pronto para aplicar o sermão em qualquer engraçadinho que tinha desobedecido às ordens que ele havia passado de não entrar na sala, mas se sentiu desarmado ao ver a imagem de uma menina de olhos inchados debruçada sobre o imenso trono.

― deveriam tirar aquelas rochas dos corredores... o vovô não gosta que deixem o piso sujo.

Raque dizia com uma voz quase inaudível.

― daqui a pouco eu e o Marius faremos isso.

Butcher a observava.

― eu tentei tirar, mas elas são tão pesadas...

― Raque, depois de tudo o que você passou, deveria estar descansando.

Butcher se aproximava.

― precisam tirar depressa, se o piso arranhar o vovô vai ficar bravo.

A menina fazia círculos com os dedos.

― Raque eu sei que é difícil e...

― aquele piso veio da Itália... você sabe o que é Itália?

― Raque...

― sabe?

A menina o interrompia.

― já ouvi falar.

Butcher respondeu.

―o mundo era divido em vários lugares denominados países, antes da aparição de Kotonarus. E a Itália agora fica na zona morta.

Raque tirava uma mecha de cabelo que cobria o rosto. Butcher se mantinha em silêncio. Um forte estrondo de trovão denunciou o inicio de uma tempestade. Com um semblante sério Raque observava a janela. A fenda no vidro permitia a passagem de algumas gotas de chuva, em poucos segundos, já havia se formado uma poça no chão.

― precisamos arranjar algo para tapar esse buraco.

De cabeça baixa, Raque se levantou e se dirigiu até a porta, com um olhar de piedade Butcher a observava passar por ele ― o vovô não gosta que o piso fique molhado.

A menina sussurrava.

Sem hesitar, Butcher a puxou pelo braço, impedindo que ela prosseguisse. O silêncio reinou por alguns segundos, mas logo foram interrompidos por alguns soluços. Butcher então, a puxou para junto de si e a abraçou.

― EU QUERO ELE DE VOLTA BUTCHER! NÃO DA PRA CONTINUAR!

Raque gritava e chorava, alto o suficiente para ser ouvido em todo o castelo ― ME DIZ... ME DIZ QUE ELE ESTÁ VIAJANDO, QUE FOI FALAR COM O CORONEL BLADE EM HINAN! OU QUE TUDO ISSO É UMA GRANDE BRINCADEIRA, QUE A QUALQUER MOMENTO ELE VAI APARECER E TODOS VÃO RIR DE MIM! POOOOOR FAAAAVOR!

― ele foi falar com o coronel Blade, saiu essa manhã, provavelmente passará a noite lá.

Butcher dizia com uma voz de choro.

― obrigada.

Raque choramingava.

No andar de baixo, em um quarto escuro, Jon a pouco havia acordado com o choro da garota. Com um semblante pensativo ele observava o teto.

― o Dragon se foi Jon...

Um homem velho encarava a imensa arvore que havia tomado todo o cemitério.

― ele vai voltar, o Dragon sempre volta.

Jon também observava a bela arvore.

― obrigado por ficar ao meu lado filho.

― eu sempre estarei do seu lado velho...

Uma gota de água pingou na testa de Jon, interrompendo assim, suas dolorosas lembranças.

― malditos...

O shikõ resmungava ― agora meu quarto tem goteiras.

**

Distante da sociedade, em um galpão abandonado aos poucos um homem de estatura alta recuperava a consciência.

― que droga é essa?

Erii notava a presença de várias correntes ao redor de seus pulsos.

― foi necessário.

Olhando para frente, o rapaz pôde notar a presença de uma pequena garota.

― essa posição não é confortável sabia? Me deixar estirado na parede, é desumano.

O shikõ dizia com ironia.

― você e seus “amigos” deixaram o Bisco assim por 4 anos.

Lily o encarava. Erii desviava o olhar.

― meus braços estão doloridos...

― me desculpa.

Lily demonstrava não estar à vontade com aquela situação.

― AAAAAHHHH!

Os gritos de Erii fizeram Lily se assustar.

― LUCY!

A pequena maga gritava para a arqueira que carregava um controle em suas mãos.

― dizem que choques inibem a dor.

Lucy dizia com um olhar perdido.

― não faz mais isso ok?

Lily a repreendia.

― quando eu sair daqui... AAAAAHHHH!

Virando-se rapidamente Lily pode notar que quem possuía o controle agora era Sayo.

―GENTE CHEGA!

Lily tomava o controle da guerreira.

― mas é engraçado.

Sayo parecia decepcionada.

― estão proibidas de tortura o Erii entenderam?

Lily falava com um tom autoritário. As duas garotas acenavam positivamente com a cabeça.

― mas porque trouxe o cara de quenga pra cá?

Sayo se sentava em um banco.

― bom... essa é a sala de tortura da I.O.S mas como ela não é usada a mais de 50 anos... está suja e cheia de poeira!

― e como...

Lucy concordava enquanto observava a grande quantidade de teias de aranha no teto.

― isso! A Val é alérgica a poeira, isso significa que ela nunca viria aqui! Sacaram meu plano?

Lily explicava com entusiasmo.

― uau Lily!

Sayo batia palmas ― você é genial!

― obrigada!

Lily dizia orgulhosa de si.

―estou sendo irônica.

Sayo completava.

― a qual é? O plano é bom!

Lily se defendia.

― claro! Igual as suas piadas.

Lucy ironizava.

― eiii! Minhas piadas são boas!

― não são!

Erii a repreendia.

― se não lembra de nada... como sabe das minhas piadas?

Lily o encarava desconfiada.

― sei lá! Só sei que são ruins.

Erii respondia confuso.

― acho que as suas memórias devem estar retornando.

Lily dizia pensativa.

― bom, já vou indo!

Sayo se levantou.

― eu também, to exausta.

Lucy se espreguiçava.

― você não vem Lily?

Sayo perguntava, antes de passar pela porta.

―vou ficar mais um pouco.

Lily respondia com um sorriso.

― ok.

Sayo se retirava.

― o que aconteceu na cabeça?

Erii se referia ao curativo que Lily carregava na testa.

― você me lançou contra uma rocha, não sou imortal como os shikõs!

Lily respondia enquanto desamarrava um nó que mantinha enrolado o seu colchão.

― eu sinto muito.

Erii falava em voz baixa.

― isso foi um pedido de desculpas?

Lily perguntava com ironia.

― não!

Erii respondia irritado.

― então o que foi?

― nada.

Sem dar muita atenção ao shikõ, a pequena maga ajeitava o seu colchão.

― o que está fazendo?

― trovões me deixam assustada.

Lily dizia enquanto trazia outro colchão, que dessa vez colocou perto de Erii.

― e você procura refúgio na mesma sala onde está acorrentado o cara que tentou te matar duas vezes?

Erii perguntava com sarcasmo.

― eu não convencional.

Lily respondia com um sorriso.

― masolily.

―olha... ta se lembrando até dos apelidos.

Erii corou.

― pra quê o colchão? Não da pra eu deitar acorrentado.

―relaxa! Que tipo de pessoa você acha que eu sou?

Lily dizia enquanto puxava uma alavanca que fez com que as correntes ficassem folgadas o suficiente, para que Erii pudesse se deitar.

― bom, dessa distancia é seguro.

Lily observava a distancia entre os colchões. Em seguida a maga se retirou para um cômodo ao lado.

― Erii você não tem visão de raio x ou coisa assim, tem?

A voz de Lily vinha um pouco ecoada.

― meus poderes só abrangem o elemento terra. Mas porque a pergunta?

― estou trocando de roupa.

Erii corou.

― EU NÃO SOU PERVERTIDO!

― tá, tá. Foi só uma pergunta.

Lily dizia enquanto aparecia com seu pijama.

― porque você não desiste garota? Eu sou o vilão, só aceite isso e siga sua vida.

Erii dizia com um tom de voz sério.

― porque o que aconteceu entre nós é importante demais pra simplesmente deixar de lado.

Lily dizia com um sorriso. O rosto de Erii agora assumia um tom vermelho tomate.

― o que aconteceu entre nós... o que aconteceu entre nós?

O shikõ perguntava desesperado. Lily gargalhava, sem dar atenção ao garoto, se deitou de costas para ele e se cobriu.

― O QUE ACONTECEU ENTRE NÓS?

Erii perguntava curioso.

― sossega Erii, somos amigos... apenas isso. Mas, você participou de muita coisa na minha vida e eu não vou abrir mão de você assim tão fácil.

Erii se manteve em silêncio.

― Agora vê se apaga a luz! O interruptor ta ai do seu lado!

Lily dizia ainda de costas.

― abusada.

Erii resmungava enquanto apagava a luz.

A luz da lua era a única coisa que iluminava aquela sala, sentado no colchão Erii observava o quanto Lily havia errado nos cálculos, era simples alcançá-la... mas por algum motivo ele não queria. Com um sorriso no rosto, tudo o que aquele shikõ planejava para aquela noite, era observar aquela pequena garota dormir, até que o sono o alcançasse também.

**

A lua também iluminava o quarto em que Vallery se encontrava, desde os acontecimentos de mais cedo, a guerreira não havia trocado uma palavra com ninguém. Havia até escolhido um quarto longe de suas companheiras.

― malditos imbecis!

Vallery sussurrava. Ela não podia acreditar que os seus amigos estavam do lado dele... dele... do Jon!

― Val!

A voz de Lucy interrompeu os pensamentos de Vallery. Ela não respondeu.

― trouxe sua espada.

Lucy insistiu.

― não quero. Jogue fora se quiser.

Vallery dizia em voz baixa.

― mas ela é sua e a Raque...

― VÁ PARA O INFERNO VOCÊ E SEUS AMIGOS SHIKÕS MALDITOS!

Os gritos de Vallery fizeram com que Lucy se silenciasse, alguns segundos depois, os passos da garota denunciaram seu afastamento.

― o que aconteceu com você Val?

Uma voz vinda da janela fez a guerreira se assustar.

― vá embora.

Vallery dizia de cabeça baixa. Aos poucos Dragon entrava pela janela.

― Vallery...

Dragon se aproximava da garota ― você não pode ficar assim, Hinan precisa de você.

― dane-se Hinan, e todos os seus malditos habitantes!

Dragon se assustou ao ouvir a resposta da garota.

― que irônico... há alguns dias você cogitou a ideia de ir embora para zona morta, para proteger sua querida Hinan.

― exato. Eu dei a minha vida por Hinan, me arrisquei inúmeras vezes, e estava disposta a morrer por todos aqui... e no fim eles me abandonaram, se voltaram contra mim!

Vallery dizia com lágrimas nos olhos.

― só porque não estavam dispostos a te apoiar em sua vingança mesquinha?

― mesquinha?

Vallery se irritava.

― sim! Mesquinha!

― aquele demônio matou a minha família!

― E O SEU PAI MATOU A MULHER QUE ELE AMAVA!

Dragon se alterava.

― ela atacou Hinan, meu pai foi um herói...

Vallery justificava.

― diga isso a um coração destruído!

Dragon se acalmava ― o Jon é um bom homem... e ele está cansado de perder as pessoas que ele ama! Há 300 anos nossa irmã foi brutalmente assassinada, e durante 100 anos Jon não esboçava nenhuma felicidade, até que um dia ele conheceu a Jordy. E ele mudou e sorriu novamente.

― o Jon... é seu irmão?

Vallery parecia surpresa.

― sim.

― agora entendo porque o defende... você é igual a todos Dragon!

Vallery não escondia sua revolta.

― Vallery, eu também sofri com a morte do Zaiki!

― ah! Claro que sofreu!

Vallery ironizava.

― quando eu o conheci, ele só era um pirralho e eu amei como um filho! Eu o vi crescer, se casar e te vi nascer. Em todos os meus muitos anos de vida, nunca havia me apegado tanto a alguém. Eu tentei impedir o Jon, eu juro! Mas não cheguei a tempo... eu quis me vingar, essa ideia passou pela minha cabeça muitas vezes... mas ele era o meu irmão e os seus motivos não eram incompreensíveis! Então eu me foquei em você, achei que o mínimo que eu poderia fazer pelo meu velho amigo, era cuidar para que a filha dele não trilhasse esse caminho sombrio de vingança. E olha o que aconteceu... olha a que ponto você chegou!

Dragon demonstrava extrema tristeza.

Vallery se mantinha em silêncio.

― a vingança destrói as pessoas Val.

― vai embora.

― você vai acabar ficando sozinha.

― eu sempre estive sozinha... só era burra demais para perceber isso.

Vallery carregava uma expressão quase demoníaca no rosto.

Sem dizer mais nenhuma palavra, Dragon foi embora.

Do lado de fora da sede, Dragon observava a lua. Mesmo em meio a imensa tempestade, ela estava linda. As gota de chuva que caíam em seu corpo, evaporavam imediatamente.

― mantenha a calma Dragon...

O shikõ dizia em voz baixa, enquanto respirava fundo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^



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