Wyrda escrita por Brisingrrr


Capítulo 6
Reunião


Notas iniciais do capítulo

Kvetha Fricai!
E como estão, Cavaleiros?
Agradecendo antes de tudo aos novos acompanhamentos, e sejam bem-vindos!
Tenham uma boa leitura e nos vemos lá em baixo, tenho coisas importantes para dizer, hein?
Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/563917/chapter/6

Tudo mudou tão rápido que deixou Eragon tonto. Fez contato com Saphira e viu que até ela tinha medo. Eles não podiam adiar as reuniões para não causar suspeita nos demais Cavaleiros. Apenas os Cavaleiros que estavam no Salão quando Eragon havia chegado sabiam que existia um problema, mas não tinham conhecimento da profundidade do que estava acontecendo. Blodhgärm só os tranquilizou dizendo que na hora certa tomariam conhecimento do ocorrido, e que a hora certa não era aquela, pois haviam decisões a serem tomadas antes de qualquer coisa.

Por sorte, esses que sabiam que algo negativo estava acontecendo eram aqueles que tomariam conhecimento dos eventos, pois eram os Mestres e Magos, os que iriam acompanhar Blodhgärm na tentativa desesperada de salvar a Rainha dos Elfos.

Na reunião debateram e decidiram sobre o envio dos ovos à Alagaësia. Enviariam os dois ovos destinados a possuir um Cavaleiro junto com dois Cavaleiros já experientes. Desta vez iriam Litk, o anão, e Tyfrell, a elfa, com seus respectivos dragões. Ambos eram Veteranos e iriam acompanhados por Murtagh, e quando chegassem às terras da Alagaësia iriam escoltados pelos soldados do Império até Farthen Dûr e de lá para as demais cidades anãs. Depois iriam até Surda e voltariam à Alagaësia, visitando todas as cidades que estivessem no caminho – inclusive vilas dos Urgals, na Espinha - e finalmente para Du Weldenvarden, e se mesmo assim algum dos ovos não eclodissem, voltariam a fazer esse percurso. Antes disso tudo, haveria a Celebração ali na Ilha, pois havia possibilidade de algum habitante formar o elo eterno com um dos ovos.

Dessa vez, um dos ovos era magenta e o outro salmão, cores peculiares e chamativas para dragões. Murtagh, que era o principal responsável por esse transporte dos ovos, ainda não estava na Ilha. O Cavaleiro de Thorn estava na Alagaësia para preparar a chegada dos ovos por lá, separando os soldados que seriam responsáveis por escoltá-los e preparando tudo para manter a segurança.

Eragon sentia-se inseguro, os Cavaleiros mais importantes e influentes junto com os feiticeiros mais poderosos estariam na Alagaësia e todas decisões da Ilha ficariam sob suas responsabilidades. Depois da reunião, resolveu com Blodhgärm que informariam os devidos Cavaleiros sobre a situação em que a Rainha dos Elfos se encontrava durante a tarde, pois a maioria deles já estava atarefado.

O Mestre dos Cavaleiros, tendo tantas coisas em que pensar retirou-se da Sede e retornou à sua casa. Já em sua biblioteca olhou para suas mãos e para o Ascüdgamln que havia nos nós de seus dedos. Aqueles cilindros outrora lhe pareceram estranhos, mas agora já eram tão familiares e o faziam se lembrar do Rei e irmão de clã, Orik. O anão era o único a qual Eragon mantinha contato constante e direto, fora às decisões que lhes cabiam tomar juntos.

Olhando ainda para suas mãos, observou Aren, o anel dos elfos. Começou a ficar nostálgico, não sabia porquê mas sabia que não era hora de se apegar às lembranças, tinha de espantar esses pensamentos e planejar como agir nessa situação difícil. Impossível. Vinha a sua mente todo o tipo de lembrança, Roran e Katrina e os moradores de Carvahall, seu amigo Jeod, todas aventuras que ele passou, momentos aterrorizantes em Hellgrind e as vezes que enfrentou os Ra'zac frente a frente, estava tão absorto nas lembranças que foi capaz de ouvir o sibilar dos monstros.

Ainda preso a esses pensamentos, empurrou a pequena porta que levava até a sala mais reclusa. Caminhou entre as prateleiras tão bem organizadas e cuidadas. Pegou uma caixa frágil, porém ricamente adornada por figuras entalhadas na madeira e abriu-a, era uma lembrança do primo e irmão Roran, e possuía grande variedade de objetos pequenos que de certa forma tentavam ligá-lo ao Vale Palancar, foi o que Roran dissera quando o presenteou. Devolveu a caixa ao seu lugar e avançou.

Passou por lembranças deixadas por Nasuada e Horst, parando para observar uma faithr que havia recebido há muito tempo de Arya. A faithr retratava os bosques de Ellesméra e era a única lembrança que tinha da elfa. Acariciou a tela e a repôs no lugar. Não conseguiu evitar que lembranças vívidas da rainha lhe viessem à mente e novamente foi capaz de vivenciar suas memórias, dessa vez lembrando-se da sensação de sintonia que sentira quando duelou com a elfa, tanto tempo atrás.

Despertou dos devaneios quando Saphira pousou ao lado da casa e ele sentiu sua consciência.

Pequenino, Blodhgärm manda avisar que já está na hora.

Suspirando e saindo da sala, rapidamente retornou à clareira. Saphira estava tentando se abaixar sem derrubar nenhuma árvore ou parte da casa, e depois de algum esforço, Eragon escalou o pescoço escamoso do seu dragão com a habilidade adquirida nesses mais de duzentos anos de laço.

Sentiu as escamas duras e as acariciou, fazendo com que o dragão azul vibrasse sob ele. Acomodou-se na sela perfeitamente ajustada e flexível do dragão, que com um impulso se atirou ao céu, fazendo os pássaros próximos levantarem vôo e os animais fugirem daquele terrível predador.

Eragon, tem certeza que tomou a decisão correta?

Saphira já se preparava para pousar quando perguntou, e Eragon demorou a responder.

A que se refere? Ele perguntou, mas sabia o que seu dragão queria dizer.

Não seja tolo, Eragon. Tem certeza que mandará Blodhgärm e todos os outros para Ellesméra, quando sabe que essa missão é sua?

O Cavaleiro nunca deixava de se admirar pela compreensão e franqueza de Saphira, mesmo após todos esses anos.

Sabe que não posso e, nem devo voltar para aquelas terras, respondeu ainda inseguro de si.

A única coisa que te impede de voltar é a crença no que a Herbolária disse, mas bem sabe que não há um motivo real pra isso, pode voltar a hora que desejar.

Saphira, não torne as coisas ainda mais difíceis do que já são pra mim. Se Angela viu, há tanto tempo, que eu não voltaria à Alagaësia, porque eu duvidaria? Todas suas outras previsões confirmaram estar corretas, Eragon disse isso como quem coloca um ponto final, mas sua parceira não se calou.

Mais um motivo para abandonar essa crença, já que ela pode ter equivocado-se nisso. Pense Eragon, se decidir agora retornar, o que vai impedi-lo de chegar lá? Nada.

Eu poderia me acidentar no caminho, ou morrer.

Saphira emitiu um som rouco, como se estivesse rindo, ou melhor, debochando do seu parceiro.

Continue a acreditar em suas próprias mentiras, Cavaleiro.

Eragon desceu de seu dorso com cuidado, e ainda mais confuso do que estivera a alguns minutos. Tentou manter sua mente tranquila para ser sábio com os demais Cavaleiros que aguardavam seu pronunciamento, respirou firme e foi caminhando até a Sede. Viu outros que chegavam e via estampado em seus rostos a indagação.

Depois de entrar e se reunir com todos convocados na Sala de Reuniões, sentou-se à cabeceira da mesa e cumprimentou a todos com uma breve saudação. Mais uma vez naquele dia, suspirou e deu início a sua fala:

– Não vou fingir que não percebi a ansiedade em vocês, é evidente. Mas, antes de informar-lhes o que está acontecendo preciso que todos jurem na Língua Antiga manterem segredo.

E assim, um por um, Cavaleiros e Feiticeiros, juraram manter segredo sobre as palavras do Mestre.

Depois dessa iniciativa, a curiosidade e o receio que todos sentiam era visível, quase palpável, e após Blodhgärm pedir a atenção deles, Eragon retomou sua fala:

– Creio que todos aqui sabem o que a Árvore Menoa representa para os elfos e toda a raça da Alagaësia, é como um equilíbrio que a natureza impôs, mas não muito recentemente, a Árvore adoeceu, e por uma atitude impensada da Rainha Élfica, nada nos foi dito – ouviu pequenas exclamações, vindas principalmente dos elfos, algum deles achando o modo como se referira à Rainha desrespeitoso – Peço que escutem, e a própria Dröttning reconhece sua atitude como impensada. Mas, infelizmente a tragédia não se deve só a isso. Passado um tempo, e algumas tentativas falhas de curar a Velha Árvore, a Rainha também veio a adoecer.

Mais gestos surpresos se seguiram à essas palavras, alguns dos elfos pareciam estar com alguma indigestão.

– Percebeu-se que a Menoa estava usando as forças da Rainha para recuperar-se, e com isso, a Árvore está novamente saudável e nossa Rainha está morrendo – Blodhgärm encerrou de forma rápida e direta.

– Não pode ser, nossa raça não adoece assim, estão enganados – Nerida havia levantado de sua cadeira e gesticulava freneticamente. A elfa tinha a face mais angulosa que o normal, cabelos loiros quase prateados que lhe caiam até a cintura e trajava sempre roupas esvoaçantes, e isso junto com seu evidente desespero causavam uma visão até cômica, que nada combinava com a situação.

– É algo totalmente desconhecido, sim, mas a Rainha nos contatou hoje pela manhã e vimos com nossos próprios olhos – Eragon explicou.

– E alguém mais sabe disso? - dessa vez quem questionou foi Cedric, um dos feiticeiros.

– Somente o Cavaleiro que estava vigiando a Sala dos Espelhos quando Arya nos contatou, mas ele manterá segredo – Blodhgärm respondeu e se levantou – o que queremos propor a vocês, é que me acompanhem até Ellesméra, Mestres e Magos, para tentarmos uma forma poderosa e eficiente de curar a Rainha e Cavaleira Arya. Mas, é preciso que saibam, nós queremos a ajuda e sabedoria de todos nessa decisão, e ela deve ser tomada logo, pois não há tempo.

Cavaleiros e Feiticeiros começaram a falar, uns eram a favor, e outros contra. Foi Luien, um dos Mestres e elfo que adiantou-se a falar para todos ouvirem:

– Não há o que discutir e debater, a decisão é óbvia: temos que ir até lá o quanto antes!

Com um riso forçado e debochado, Baird, outro Mago respondeu ao elfo:

– Me perdoe, elfo, mas isso só pode ser uma piada. Largar tudo aqui na Ilha e correr em socorro de uma elfa imprudente? Não, eu não vou.

– Baird, é bom que tome cuidado com as palavras que proferir! - Eragon explodiu com uma onda de calor ao ouvir o tratamento indigno que o Feiticeiro dirigiu à elfa – Não obrigarei ninguém a ir, mas já está decidido que acontecerá, se não quiser ir, não vá, mas não tente influenciar a escolha de ninguém.

Com isso, o feiticeiro calou-se, mas estava enraivecido com o tratamento explosivo que recebera, tão raro nas reuniões, principalmente do Mestre Cavaleiro, sempre calmo e sereno.

– Mas como já dito, a decisão precisa ser tomada – Blodhgärm era sempre direto em seu discurso – Quem não me acompanhará até Ellesméra?

Ninguém se pronunciou, nem mesmo Baird, que percebendo todos os olhares em si, disse:

– Se todos vão, não me resta outra escolha.

– Ótimo. Serão então seis Cavaleiros, sete Feiticeiros e Blodhgärm, como não há tempo para irem navegando, cada Cavaleiro levará um Feiticeiro em seu dragão e se revesarão para levar Blodhgärm e o feiticeiro que sobrar – Eragon deu as ordens aliviado que a decisão tivesse sido tomada – E a partida deverá acontecer logo, antes até que Murtagh e os outros partam também, então sugiro que depois de amanhã, ao amanhecer já estejam prontos para a viagem. É realmente um tempo curto, e peço desculpas a vocês por terem que lidar com a situação assim, mas sabem a importância que tanto a Menoa quanto a Rainha têm para o equilíbrio, até mesmo político, no Império. Sem esquecer que Arya é também uma Cavaleira, e sempre devemos correr em socorro dos nossos amigos. E se precisarem de uma injeção de ânimo, pensem em seu dragão Fírnen e no quanto ele deve sofrer.

Eragon encerrou suas palavras e alguns dos Eldunarí manifestaram-se para todos presentes, dando conselhos e ajudando nas decisões dos detalhes. Os dragões dos Mestres, que estavam reclusos da discussão até agora, também opinaram. Eragon não estranhara o comportamento deles, pois era evidente que nenhum dragão se oporia a salvar outro Cavaleiro.

Ficou decidido quando partiriam e quais as medidas de segurança que seriam tomadas para não causar alarde e manter discrição. A parte mais difícil seria esconder dos habitantes da Ilha o que estava havendo, porque a ausência de seis Mestres, todos Feiticeiros e de Blodhgärm causariam curiosidade e suspeita, então chegaram à conclusão de contar parte da verdade a eles: um problema na Alagaësia fez necessário essa missão, mas não entrariam em detalhes, mesmo assim, jurariam segredo.

Eragon ficaria sobrecarregado com as aulas, já que todos os Mestres – que eram quem ensinavam – estariam fora, portanto, todos os Cavaleiros que ainda estavam em treinamento teriam aulas junto com o Mestre dos Cavaleiros.

Depois de todos pormenores estarem esclarecidos, Eragon saiu da Sede sabendo que o desafio ainda não acabara. Quando tivesse que contar ao resto dos Cavaleiros, ele sabia que haveria discordâncias e discussões, e muitos deles ficariam indignados com a escolha de levar os Feiticeiros, mas deixá-los fora. Essa era a consequência com que Eragon teria que lidar, e se preparava para agir com inteligência nas situações que enfrentaria nos próximos dias.

No fundo, estava aliviado. Depois de dois séculos, esse era o primeiro momento em que as coisas estavam acontecendo. Não, não é que ele quisesse problemas, mas não havia ação há tanto tempo, que já estava acomodado. Isso traria adrenalina às coisas.

Ainda pensando nisso, deitou-se na grama baixa da clareira atrás de sua casa, tendo seu enorme dragão ao lado, com o pescoço formando um gigantesco círculo em torno dele. Olhou as estrelas e sentiu-se culpado por tais pensamentos. Saphira respirava pesadamente ao seu lado, mas ele já estava acostumado. Fechou os olhos e aos poucos entrou naquele estado de sono acordado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Sejam realmente sinceros.
Eu preciso ser sincera com vocês, já escrevi os próximos três capítulos e estou decepcionada comigo mesma, não estou me agradando e isso é frustrante. Por isso peço uma opinião sincera de vocês, é importantíssima.
Ah, até a postagem do próximo minhas aulas já terão voltado, por isso tô acelerando a escrita, porque a partir de fevereiro: adeus vida social.
Eu preciso dizer que fico muito feliz com os comentários que eu recebo, viu? Fico toda saltitante.
Acho que por hora é só isso, desejo do fundo do meu coração que eu esteja agradando, passo horas na frente do computador escrevendo (e apagando, e reescrevendo, e apagando de novo etc).
Atra du evarínya ono varda :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Wyrda" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.