19 Atos Para Seguir em Frente escrita por Ly Anne Black


Capítulo 6
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos à Isabella Caregnato Malfoy, RosaHahn e Alessandra Barros que comentaram os caps anteriores, obrigada meninas!



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VI.

Sete meses após o fim da guerra e finalmente a cara de Harry parara de sair diariamente em algum local de todos os jornais. Primeiro ele concedera as várias entrevistas para o mundo mágico, porque achava que as pessoas mereciam saber e então ficarem tranqüilas. Depois tinham sido as cerimônias em sua homenagem, momentos de constrangimento para ele que via a exposição publica como um grande leão faminto com a bocarra aberta na sua direção. Até mesmo a sua Ordem de Merlin, primeira classe, ficara estampada nas manchetes por semanas inteiras.

Logo o assunto era as suas contribuições para o Ministério; cada uma delas, seguidas de especulações e hipóteses e opiniões, apareciam nas páginas das publicações. Ele também era convidado para muitos eventos importantes, sua presença parecia ser um símbolo de status e seriedade para os acontecimentos do mundo buxo, mas Harry só aceitava aqueles que realmente julgava importante estar.

O fato de Shacklebolt insistir para que Harry saísse por ai com uma guarda de aurores, em proteção aos comensais ainda em liberdade, não ajudavam nada na pretensão do jovem em não chamar atenção.

Também não ajudava o modo de agir das pessoas. A maioria dos bruxos o consideravam um deus ou algo assim, algo para se venerar, e por todo lugar onde ele ia insistiam para que ele não pagasse as coisas, não pegasse fila, tivesse qualquer tipo de prioridade, e ao contrario do que Rony dissesse, Harry não gostava daquilo, ele se sentia muito pouco a vontade com toda aquela atenção.

Quando a noticia sobre Harry pareceu ter se esgotado, os jornais e revistas mudaram a sua imagem de 'salvador do mundo bruxo' para 'a principal celebridade' e de repente todos estavam interessados na sua vida pessoal, especulavam o fato de estar solteiro, questionavam a proximidade da sua relação com seus amigos e faziam listas com seu signo e suas preferências. Tudo estava começando a soar mais do que ridículo para os olhos do rapaz, que tinha vontade de chutar cada jornalista que se aproximava perguntando qual seriam os seus planos, se ele tiraria algumas férias no Caribe ou se pretendia jogar quadribol como o seu amigo Ronald Weasley.

Isso fez com que Harry sumisse de vista o máximo possível. Somente próximo ao Natal ele arriscou fazer uma viagem, e foi para Hogsmeade, aproveitando que era dia de visita aos alunos do vilarejo. Para a sua surpresa, encontrou uma grande estatua de si mesmo no centro da praça principal, feita de pedra escura e com neve acumulada no cabelo espetado.

– Harry! – uma voz exclamou ao seu lado e ele percebeu Neville, que sobretudo parecia mais velho do que nunca, nada restara da sua aparência de garoto de anos atrás. Ele carregava uma insígnia de Hogwarts no suéter e abraçou o moreno como quem reencontra o antigo irmão.

– Neville! Eu não sabia que você tinha voltado à Hogwarts, não lhe vi na estação em setembro.

– Ah, não, eu não voltei como aluno. Você não acredita, Harry, a professora Sprout me chamou para estagiar! Ela pensa que eu posso assumir as aulas de Herbologia ano que vem, quando ela se aposentar.

– Isso é fantástico! – ele comemorou, genuinamente feliz pelo o amigo. – E como vai tudo?

– Está tudo ótimo, quero dizer, Hogwarts é quase a mesma... mas é bom ter alunos novos zanzando pelos corredores, eles trazem de volta a animação mesmo para aqueles que estavam aqui o ano passado e viram tudo acontecer...

– Sim, eu imagino que sim. E a Gina, você tem a visto?

– Ela estava no castelo agora a pouco. Porque não vem comigo? McGonnagal vai gostar, e o Hagrid, bem, ele vai ficar doido...

Harry estava muito tentado, mas ele precisou recusar, ele não se sentia completamente preparado para voltar, não ainda. Neville compreendeu e disse que avisaria a Gina que ele estava ali, e sumiu na imensidão branca de neve em direção ao castelo.

Gina chegou até ele em poucos minutos. Ela ofegava e parecia ter vindo correndo, usava uma capa de um laranja, luvas azuis fofas e junto ao cabelo seu cabelo vermelho, toda aquela combinação lhe dava um ar alegre e vibrante. Harry por impulso a abraçou forte, ela gemeu sem ar e ele a soltou, rindo.

– Desculpe, eu estava com saudade. – justificou, sem jeito.

– Tudo bem. Vamos ao Três Vassouras? Está meio frio aqui.

Meio frio era uma descrição bondosa para o vento cortante do vilarejo. Mas uma vez no quente e aconchegante bar de Madame Rosmerta, com bebidas fumegantes que a mulher insistiu em dar a Harry como "cortesia da casa, repita quantas vezes quiser, ah, Sr. Potter, estou tão honrada...!", ele sentiu que a Weasley mais nova estava mais receptiva do que da última vez que tinham se falado. De fato seus grandes olhos castanhos varriam cada pedaço dele e por fim ela pareceu aprovar o conjunto.

– Ainda bem que você cortou o cabelo, Harry, aquilo deixava você meio selvagem.

– E agora eu pareço o que? - ele ergueu uma sobrancelha.

– O Harry de sempre, eu acho. – ela riu e bebeu um gole grande de seu hidromel.

– Que bom que você está bem, Gina.

O sorriso dela esmaeceu um pouco, e ela se deixou ficar sob o olhar dele enquanto esfregava as mãos enluvadas.

– Então, porque você veio? - ela estava começando a ficar impaciente.

– Você disse para eu lhe visitar.

– Se tivesse razões. – ela devolveu. Parecia um pouco aflita e ele se perguntou por que, o que teria feito para Gina não estar satisfeita.

– Eu na verdade tenho. Como eu disse, senti saudade. – admitiu, corando um pouco, achando sua razão fraca sob o olhar dela.

– Ah, então você sentiu. Depois de sete meses.

Ele abriu a boca, espantado diante do seu tom magoado. Então puxou as mãos dela por cima da mesa, sentindo seus dedos finos por debaixo da luva.

– Gina, você certamente não acha que eu não senti sua falta durante todo esse tempo? Não só esses meses, como todo o ano que ficamos separados?

– Eu não sei nada sobre isso, Harry. Mas eu sei que desde que você voltou, você se mantém distante e isso deve significar alguma coisa.

– Significa! Eu achei que você precisasse de um tempo – ele justificou rápido. – Porque você estava agindo estranho.

– Eu – ela começou, mas se interrompeu com um suspiro e virou o rosto. Harry apertou mais as mãos dela, querendo de volta o contato visual.

– Bem, já passou o tempo de qualquer maneira e eu estou aqui agora. E vim lhe buscar, isso é, se você quiser vir comigo.

Ela levantou o rosto, dessa vez confusa e surpresa.

– Ir com você? Pra onde?

– Dar um passeio. Um dia será o bastante, eu posso te trazer de volta à noite. Queria que viesse a um lugar comigo, quero te mostrar uma coisa.

– Eu... e quem mais?

– Só você. – ele sorriu abertamente e ela não pode deixar de abrir um sorriso relutante também.

– Mas e Rony e Hermione...

– Eles estão bem ocupados com as coisas do casamento, além do mais, é você que quero que vá comigo agora. Se você quiser, é claro.

– Eu... – ela arfou, e levantou – Está bem, me espere aqui, vou avisar à McGonnagal e volto num minuto...

– Não precisa. Eu já mandei uma coruja para ela, está tudo certo.

– Convencido! Você tinha certeza que eu ia com você, não tinha?

– Digamos que eu tinha uma esperança muito forte...

Ela deu um tapa de brincadeira nele. Saíram do pub e Gina deu a mão a Harry para uma aparatação acompanhada. Como poderia hesitar em ir com ele quando tinha esperando um momento como aquele por todo o tempo desde que se separaram?

(Continua...)


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