19 Atos Para Seguir em Frente escrita por Ly Anne Black


Capítulo 10
Nostalgia




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X.

Aquele ano passou mais rápido do que qualquer outro na vida de Harry. Bem, a Academia de Aurores era como um sonho, embora soasse como um pesadelo às vezes, durante os longos treinamentos de campo, dias em ambientes inóspitos, somente com a ajuda de sua varinha e mais nada. De fato ele esteve tão envolvido com a nova etapa de estudos que, tinha que admitir, negligenciara seus amigos e a vida fora dos muros altos da Academia. Ele tinha noticias de Rony nas revistas esportivas e aparentemente o amigo estava viajando sem parar acompanhando os jogos, e Hermione se enfiara tão profundamente na legislação bruxa que, quando escrevia uma carta para Harry, vinha cheia de termos técnicos incompreensíveis.

Ele lamentava por aquela separação, mas supunha que em algum momento iam mesmo seguir os seus caminhos. A falta maior que sentia era de Gina – do aconchego do seu corpo quente, e do cheiro bom de seu cabelo, e das suas sardas, entremeado nisso Harry perdia horas com lembranças, mas infelizmente estava difícil visitá-la porque as aulas práticas coincidiam com os feriados de Hogwarts. Mesmo no Natal Harry se viu com atividades atrasadas demais para serem deixadas de lado e não pode comparecer a Toca, o que rendeu muitas cartas de revolta dos seus amigos e um berrador vergonhoso da Sra. Weasley. Gina sequer lhe mandou um cartão de natal, e isso sim o deixou preocupado.

Quando ele percebeu, já era maio e uma carta numa coruja parda chegou ao seu quarto da Academia, com o emblema de Hogwarts. Era o convite para a formatura dos alunos setimanistas, igual ao que ele tinha recebido um ano antes, mas na ocasião, não tinha aparecido. Agora, Harry achou que precisava, Gina jamais o perdoaria se ele não fosse a sua formatura. Lembrando-se de que ele próprio nunca tivera uma formatura, deixou seus afazeres e pediu despensa das aulas.

Harry aparatou em Hogsmead, e se dirigiu para o local onde esperavam as carruagens que podiam levar os convidados até o castelo. Ele usava vestes verde musgo que davam um destaque aos seus olhos, e que tinham lhe caído muito bem. Ele viu as pessoas lhe olhando e cochichando, algumas acenaram, e riu-se, era como nos velhos tempos, afinal. Viu os obedientes testrálios esperando que as carruagens de ocupassem e seguiu para uma delas, que parecia vazia.

– Harry! – uma voz chamou e ele se virou rápido. Em sua direção vinha Hermione, inconfundível, mesmo usando os cabelos num coque e um vestido um pouco austero. Ela o abraçou, e só quando Harry retribuiu percebeu quantas saudades tinha sentido dela.

– Hermione! Imaginei que você viria! Como você está?

Era estranho cumprimentá-la como uma velha conhecida, quando já tinham compartilhado seu dia a dia por anos a fio. Ela pareceu achar a mesma coisa, pois franziu as sobrancelhas.

– Eu estou bem, Harry. E você, como vai tudo na Academia?

– Tudo bem. Onde está o Rony?

– Ah, acho e ele vem com todo mundo da Toca pela rede de flú.

– Está tudo bem com vocês? - o moreno perguntou, porque se preocupara com a expressão desconfortável dela.

– Ah, bem, está. Tirando o fato de que não o vejo há um mês. Essas viagens de quadribol são terríveis! – estremeceu.

– Harry, Hermione! – alguém vinha acenando até eles, e pelo vestido azul elétrico Harry soube dizer que era Luna, sem dúvidas. Ela usava uma tiara de girassóis no topo do cabelo, então estava bem típica.

– Isso é fantástico, não? Todos reunidos de novo, parece que o tempo não passou. – comentou quando se acomodaram na carruagem. – Oh, Harry, você parece um pantarrel com essas vestes.

Ele e Hermione trocaram um olhar e riram. Bem, parecia que era tudo como antes, Luna ainda era Di-lua de sempre e eles poderiam estar voltando para Hogwarts depois de um último passeio do ano letivo em Hogsmead. Iriam encontrar um jantar delicioso, e camas quentes, e amigos seguros, e felizes aprendendo educação mágica sem maiores preocupações. Tudo aquilo soou tão distante para Harry que ele se perguntou se não poderia ter sonhado com tudo numa noite há tempos atrás.

– Potter, oh, você está tão crescido. Meus parabéns, soube que foi convidado pela Academia, estou muito orgulhosa.

– Obrigado, professora McGonnagal – ele disse contra a sua garganta que se fechava. Não estava se sentindo muito bem, tinha acabado de passar pelas lápides que pareciam grandes dentes saído da grama, no caminho para o castelo. Hermione tinha apertado sua mão em apoio, e então ver Hagrid sorridente e enorme ralhando com ele por ter sumido, e ver Neville empertigado nas vestes de professor, isso o deixou um tanto mais relaxado.

Afinal, se todos aqueles que estavam no grande salão estavam bem, Harry tinha a sua participação naquilo. As pessoas lhe cumprimentavam cheias de gratidão e ele gostava, não porque estava sendo reverenciado, mas porque cada uma delas lhe lembrava que ele ajudara a manter mais alguma família. A dor da perda de Tonks, Remus, Fred, Sirius e Dumbledore não eram mais tão pungentes porque eles teriam sabido que aquela sensação era gratificante...

– Harry, olá. – uma voz feminina o tirou dos pensamentos. Ele reconheceu Cho Chang apesar de ela aparentar realmente a passagem daqueles anos. Reparou que ela vestia o emblema de Hogwarts.

– Cho, você está ensinando...

– Vôo. Madame Hotch quis se aposentar, pobrezinha, a guerra a abalou de verdade. E eu ia entrar na Academia de Aurores, mas eles não me aceitaram...

– Oh, é uma pena. Você teria sido boa.

– Você acha? - os olhos puxados dela brilharam com o elogio – Talvez você possa me contar como é tudo lá? Eu adoraria ouvir.

Mas ele tinha avistado um vulto ruivo mais à frente, e sua atenção tinha sido totalmente dispersada.

– Ah, Cho, mais tarde, talvez. Preciso falar com alguém, com licença.

Ele atravessou o Salão Principal deixando a chinesa com cara de poucos amigos. Harry apressou o passo para alcançar Gina, e logo que a pegou pelo braço ele foi atingido pela imagem dela, incrível num vestido lilás que talvez fosse curto demais também.

– Você está linda. - ele ofegou. Ela não sorriu.

– Sim, eu estou, mas talvez eu te impressionasse mais se ensinasse pirralhos a voar e tivesse os olhos puxados?

– Talvez. Mas então eu não te amaria.

Ele a puxou para um beijo e Gina cedeu, sem conseguir resistir após aquelas palavras. No entanto quando Harry a soltou ela parecia amuada.

– Essas não são palavras que você pode usar para brincar comigo, Potter. – avisou, com um pouco de ameaça.

– Eu não estou brincando.

– Oh, sim, mas algo não está encaixando. O que acha que lhe dá o direito de sumir por meses inteiros, não mandar nenhuma carta e então surgir do nada e dizer que me ama?

– Eu sei, eu fui um completo estúpido.

Ela abriu a boca. Obviamente estava esperando uma defesa dele. Suas sobrancelhas vermelhas franziram.

– Sim, você foi. – confirmou.

– Tudo bem. Eu acho que eu vou embora agora, então.

Ele se virou, a cabeça baixa e deu dois passos, então a mão da ruiva se fechou em torno do seu braço e ele não pode evitar o sorriso que surgiu no seu rosto.

– Ok, Harry Potter. Eu vou te dar o benefício da dúvida.

(continua...)


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