POV Alice

Isso, definitivamente, não é bom. Tenho que pensar em uma maneira de reverter essa situação.

- Senhorita, Alice – Cíntia, falou entrando na minha sala – Você está bem?

- Não – E nunca foi tão verdade – Como eu saio dessa? – Perguntei pra mim mesma.

- Acho que não tem como, afinal era em primeira instância – Isso não ajuda muito.

- Alice? – O senhor Mosela me chamou entrando na sala – Posso falar com você?

- Claro, senhor Mosela – Respondi com o meu melhor sorriso – Nós deixe a sós, Cíntia.

- Com licença – Ela pediu e saiu fechando a porta.

- Eu já soube da confusão que você se meteu – Ele parou bem na minha frente e não estava com a cara muito boa.

- Eu resolvo – Tentei parecer o mais despreocupada possível, mas acho que ele não acreditou.

- Eu não vejo como – Estava ainda mais sério – Até onde eu sei, foi um pequeno processo em primeira instância. Você não pode tirar férias agora, ainda mais de 30 dias.

Isso me apavorou, ele estava com o ar de que vai demitir alguém. Eu não vou perder o meu emprego por causa de um estúpido treinamento de bombeiros.

- Eu sequer cogitei a hipótese de férias, senhor – Escondi o meu pavor bem fundo e coloquei minha melhor cara de advogada – Posso perfeitamente lidar com as duas coisas.

- Eu não duvido da sua capacidade, mas tem de convir comigo que esta situação está fora do seu controle – Ele vai me demitir, ou pelo menos esperar pra me provar que estou errada e não sou tão competente quando penso ser.

- O senhor não precisa se preocupar – Não posso perder tudo que batalhei dia e noite todos esses anos, para conseguir.

- Eu não sei se você vai conseguir dar a atenção necessária para o caso Berts – Ou seja, eu não sei se você pode ser a sócia dessa empresa.

- O senhor não tem absolutamente nada com o que se preocupar com o caso Berts. Está quase tudo pronto, só mais alguns detalhes.

- São os detalhes que ganham os casos, Alice – Ele se levantou, já tinha falado tudo – Tenho minhas duvidas, se nos próximos dias poderá prestar atenção aos detalhes. Se perceber que não é capaz, sugiro que passe o caso, antes que seja tarde.

Ele saiu da sala sem dizer mais nada, nem muito menos me dar direito a resposta.

Isso tudo é culpa de um certo bombeiro. Você ainda me paga, Jasper Hale.

Fui para casa já era quase de madrugada. Passei pelo telefone e apertei o botão da secretária eletrônica.

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Mensagem recebida as 16:42

Alice, é a Bella. Liguei no seu celular, mas não me atendeu acho que ainda está no tribunal. Me liga assim que chegar em casa.

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- Vai ficar pra amanhã – Entrei no meu quarto já tirando os sapatos.

Me joguei na cama de roupa e tudo.

Preciso chegar à uma solução para esse problema, aquele juiz não poderia ter feito isso comigo. Como vou cuidar de tudo? Não posso perder esse caso. significa minha carreira.

Acordei com o sol batendo no meu rosto e o despertador gritando a pleno volume.

Arrumei tudo para ir ao escritório e estava saindo quando o telefone tocou.

- Oi, Bella – Atendi depois de olhar no visor.

- Por que não me ligou?

- Bom dia, pra você também. E não te liguei porque cheguei em casa de madrugada – Minha cabeça começou a latejar incessantemente.

- Como foi lá no tribunal? – Ela é tão curiosa.

- Porque não façamos assim, almoçamos juntas naquele restaurante perto do escritório? – Sugeri chamando um táxi.

- Foi assim tão ruim? – Ah, minha cara, você nem imagina o quanto.

- Eu te conto no almoço. Agora preciso ir.

- Tudo bem, até mais tarde.

Desliguei o telefone e passei o endereço do escritório para o motorista.

- Boa dia, Alice – Cíntia veio me receber assim que cruzei as portas de vidro.

- Bom dia, Cíntia – A cumprimentei passando minha bolsa e a pasta.

- Você vai querer saber que tem uma pessoa te esperado na sua sala – Ela falou como quem pede desculpas.

- Quem? – Perguntei coçando a ponte do nariz e respirando fundo. Já senti uma noticia muito ruim vindo ai.

- É melhor ver por si mesma.

Apressei o passo, tudo que menos preciso agora são problemas. Entrei na sala e com certeza essa era a ultima pessoa que precisava ver agora.

- O que te traz aqui? – Perguntei sem me esforçar para parecer simpática, alias acho que foi exatamente o oposto disso.

- Prazer em vê-la novamente, Alice – Ele sorriu como se fosse verdade.

- Nós dois sabemos que isso não é verdade, James – Pensando bem, James era a segunda ultima pessoa que gostaria de ver agora, a primeira seria Jasper Hale.

- Oh Alice, assim você parte o meu coração – Esse idiota me cansa.

- Você não tem coração, James, você é advogado – Cruzei a sala e coloquei os papeis que estava segurando em cima da mesa – O que você quer, James?

- Fui mandado aqui – Ah não, não, não, não... – Pelo senhor Mosela, pra te ajudar com o caso Berts.

Minha vida acabou de ir pelo ralo, vou ter que trabalhar com a criatura mais arrogante e convencida do mundo, depois de Jasper Hale, claro.

- Não preciso de ajuda – Tentei manter a compostura, mas estava difícil – E o senhor Mosela já sabe disso.

- Ele pessoalmente me pediu – Lá se foi minha promoção – Se não se importar, gostaria que me passasse tudo que tem até agora, assim posso começar.

Claro que me importo, mas não teme muito que posso fazer agora.

- Agora não posso – Vai ter que esperar, idiota egocêntrico – Tenho que fazer umas coisas mais urgentes, mas te passo assim que terminar isso.

- Como quiser – Esse sorriso me dá até ânsias, e pensar que já estive na mesma cama que essa besta – Só não demora muito, senhor Mosela iria ficar aborrecido em saber que a segunda melhor advogada desse escritório está atrasando trabalho, ainda mais de um caso tão importante.

Tem como ser mais arrogante? Não, tenho certeza que não .

- Você seria o primeiro, presumo.

Ele gargalhou e deixou a sala.

- Cíntia, vem até aqui – Pedi já quase na hora do almoço.

- Pois não? – Ela perguntou assim que entrou.

- Entregue isso ao James – Pedi passando a pasta do caso Berts, com a minha promoção de brinde.

- Agora mesmo. Você quer que peça seu almoço?

- Não, obrigada – Peguei o casaco e a bolsa – Vou almoçar fora, qualquer coisa estou no meu celular.

- Tudo bem.

Cheguei no restaurante e já avistei Bella sentada perto da janela.

- Desculpa o atraso – Falei depois de beijar o seu rosto.

- Tudo bem – Ela falou já sentando novamente – Fiquei até surpresa que você quis almoçar, sempre pensei que almoço pra você significava perda de tempo, a menos que possa analisar alguma coisa enquanto come.

- Precisava sair do escritório um pouco.

- Qual foi o veredicto?

- Vou ter que fazer treinamento básico de bombeiro por um mês – Conforme fui contando sua boca foi se abrindo e seus olhos ficando arregalados.

Abriu a boca e fechou várias vezes, tentando decidir o que falar.

- Um mês? – Perguntou finalmente.

Confirmei com a cabeça e tive uma vontade desesperada de chorar pela minha desgraça.

- O que você vai fazer? – Ela ainda estava chocada e me olhava com pena.

- Não tenho muita escolha, tenho que fazer esse maldito treinamento.

- Mas e o trabalho? – Segurou minha mão para me confortar e sorriu – Você mal tem tempo para almoçar decentemente, como vai arrumar tempo para fazer um treinamento por um mês?

- Essa ainda não é a pior parte.

- Tem como ficar pior?

Confirmei com a cabeça mais uma vez.

- Lembra do James?

- O babaca que fingia ser seu namorado, enquanto comia qualquer coisa que se mexesse?

- Eu não colocaria exatamente nesses termos, mas sim.

- O que tem ele?

- O senhor Mosela, assim que soube do veredicto, decidiu que seria bom que James me ajudasse com o caso Berts.

- Ele não pode fazer isso – Ela falou, indignada, um pouco alto demais, chamando a atenção das outras pessoas no restaurante.

- Como dono da empresa, ele pode sim.

- Mas esse caso é seu fruto, você deu a luz a ele.

- Isso não importa muito quando tem uma indenização milionária em jogo – Conseguia até ver minha carreira escapando das minhas mãos – Ele teme que não possa me dedicar o quanto deveria, por causa desse maldito treinamento. Minha vontade agora era arrancar os olhos desse Jasper Hale com as minhas próprias mãos.

- Eu tentei te...

- Não ouse dizer "Bem que te disse" – Sim, eu estou brava alem da conta – Porque juro que só preciso de um pequeno incentivo para cometer assassinato.

Ela ergueu as mãos em sinal de rendição e mordeu o lábio.

- Tudo bem, eu não digo.

- Acho que quando vencer o caso, mesmo tendo de fazer esse treinamento, ele vai recuperar a confiança em mim – Precisava se agarrar a isso com todas as esperanças – Quem sabe até me dar a sociedade.

- Você não vai deixar de ser menos competente, por causa desse treinamento. Se tem alguém que pode fazer as duas coisas, esse alguém é você.

- Obrigada – Me mexi na cadeira para dar um abraço nela – Você é a melhor cunhada do mundo.

Como a Bella disse, posso muito bem cuidar das duas coisas. Só queria que esse treinamento começasse um pouco mais tarde, depois do caso Berts seria ótimo.

- Saindo do escritório tão cedo? – Cada vez que ouvia a voz desse escroto do James tinha ainda mais vontade de matar alguém – Nem parece a Alice que conheci, a que ligava para a carreira.

- James – Falei vagarosamente, me virando para olhá-lo – Vai cuidar da sua vida e deixa que da minha, cuido eu.

- Ahh, você começa o treinamento hoje – Esse tom de deboche em cada palavra que mais me irrita – Sinceramente não sei como pode ser tão descuidada. Sabe o que eu acho?

- Não e não ligo – Falei passando por ele e andando em direção aos elevadores, claro que o idiota me seguiu.

- Que você...

- Que parte do "não ligo", você não entendeu?

- Você não deveria me tratar assim, seu futuro aqui dentro depende de mim – Falou perto do meu ouvido, depois se afastou, sem me dar chances de responder ou perguntar o que quis dizer com isso.

Claro que James só poderá me assessorar nesse caso, não tem como ele ser um fator decisivo na minha promoção. A menos que o senhor Mosela o tenha colocado como um espião, e o que ele disser vai ser o fator decisivo se sou competente ou não.

Era só essa que me faltava, ter que ser simpática e legal com a besta chamada James.

Falando em besta, com todos os meus devaneios nem percebi que já tinha chegado ao batalhão.

Estacionei em uma rua próxima e entrei passando entre os carros vermelhos.

- Baixinha – O grandalhão que não lembro o nome falou animado assim que me viu – Estávamos te esperando.

Passei por ele e segui em direção ao escritório do chefe.

- Boa tarde – Falei com o vi vindo em minha direção com uma prancheta na mão.

- Boa tarde, senhorita Cullen – Ele falou educadamente, com um sorriso simples – Bem vinda ao 18° batalhão de bombeiros do distrito de Washington.

- Por onde começamos? – Perguntei indo direto ao ponto, odeio conversa fiada, principalmente quando eu que estou na forca.

- Vou te apresentar à todos.

Andamos lado a lado até uma área com cozinha e várias mesas e bancos, onde todos estavam conversando e preparando o que deveria ser o jantar.

- McCarty, acredito que já conhece – Ele falou indicando o grandalhão.

- Pode chamar só de Emmett.

Coloquei minha melhor cara de quem não liga a mínima e virei o rosto.

- Os outros são Pearson, Hall, Sanders, Morato, Racco e Ramos – Enquanto falava apontava para cada um na sala.

- Vocês sempre se referem uns aos outros pelo sobrenome?

- Não, mas é o nome que está em seus uniformes, assim fica mais fácil para você se situar – Ele explicou e andou até a porta – Emmett, quero que mostre tudo para a senhorita Cullen e apresente nossa sala de vídeo.

- Será um prazer – Ele falou ainda mais animado, estava com o pressentimento que minha vida seria muito mais difícil nas mãos desse tal de Emmett – Por aqui – Apontou a porta.

- Qual será minha tarefa, engraxar coturnos? – Sim, eu estava de péssimo humor.

Ele riu debochado e negou com a cabeça.

- Não, mas essa ate que não é má idéia – Claro que não.

Depois de me mostrar todos os cantos do batalhão, me levou até uma sala com várias cadeiras de armar e uma televisão.

- Pode se sentar ai – Indicou com a cabeça a primeira fileira de cadeiras e andou até o televisor – Divirta-se – Falou depois de ligar a tv e antes de sair da sala.

Letras grandes apareceram na tela e logo reconheci com um vídeo desses que se passa para as crianças da primeira série. Ou seja, mais chato e inútil impossível.

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Alice: Rá, falei que você não aparecia nesse.

Jasper: Esses vídeos que você está prestes a assistir, vale qualquer ausência minha. Você estava bem brava comigo.

Alice: Ainda estou.

Jasper: Ahhhh, larga mão de ser mentirosa, você já me perdoou.

Alice: Não muda o fato que ainda estou brava com você.

Jasper: O melhor desse treinamento ainda está por vir.

Alice: Eu vou sofrer.

Jasper: Para de ser reclamona, as pessoas só vão ter mais certeza que você é uma chata.

Alice: Eu não sou chata.

Jasper: Qual é o seu lance com esse James?

Alice: Passado.

Jasper: Vocês namoraram, mas e daí?

Alice: Você está com ciúmes?

Jasper: Não

Alice: Está sim

Jasper: Vou contar agora.

Alice: Awn, você fica lindo quando está tentando mudar de assunto.

Jasper: Menos, Alice, vou continuar da onde você parou.

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