Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 3
Por trás de olhos azuis


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o terceiro capítulo pra vocês. Se curtirem não se esqueçam de favoritar em? Muito obrigada, e até mais.
Bjs!!!



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Acordei com as batidas de Effie na porta do meu quarto-vagão, dizendo que hoje será um “grande, grande, grande dia”. Levanto ainda com o olhar embaralhado pelo sono. Ontem depois de chorar não sei quantas horas, acabei dormindo vencida pelo cansaço.

Olho meu rosto no espelho do pequeno banheiro, e vejo o resultado de tantas lágrimas. Meus olhos ainda permanecem inchados, e eu não pareço nada bem. Entro no chuveiro, deixo a água quente corre por minhas costas por longos minutos, me permito até devagar um pouco.

Tento imaginar minha irmã e minha mãe, e como elas estarão nesse momento, tudo o que eu desejo é que elas permaneçam uma apoiando a outra, principalmente minha mãe, não é justo deixar que Prim carregue o peço por ela também.

Effie bate mais uma vez na minha porta, só aí que percebo que devo ter demorado demais no banho. Digo que já estou indo, ponho o mesmo vestido azul claro que usei ontem na colheita; o vestido da minha mãe. Faço uma trança em meu cabelo o mais rápido possível e saiu em direção do vagão-restaurante.

Quando chego lá, encontro Gale sentado à mesa, com Haymitch sentado ao seu lado esfregando um copo vazio - por hora - contendo cubos de gelo em sua têmpora.

Gale se vira ao me ver chegar, ele esboça um sorriso amigável à mim.

— Oi Catnip. – sou saldada, ele me oferece uma caneca quando me sento – Experimenta isso, chamam de chocolate quente.

Pequei a caneca nas mãos, estava quente como Gale falou. Analiso o conteúdo escuro, de aparência gordurosa, mas tem um cheiro maravilhoso que enche a boca me fazendo salivar.

— Hum...isso é ótimo! – exclamo ao tomar um gole da bebida cremosa.

— O que estão achando da viagem? – pergunta Effie – Eu sei! Tem muitas coisas que vocês nem sabiam de existiam, mas que são maravilhosas!

Nossa! Como alguém pode ser soberba assim? Se bem que não me surpreende já que ela é da Capital, onde a soberba impera. Vejo Haymitch fazer careta e imagino que ele está numa ressaca terrível, e logo estamos chegando na Capital.

Acho que ele tem que ficar sóbrio, pelo menos para estar diante das câmeras. Se bem que isso não seria problema já que incontáveis vezes ele apareceu embriagado para toda Panem vê.

— E aí? Você não deveria nos aconselhar? – pergunto me virando para o meu mentor— Você não é nosso mentor?

— Docinho. – ele levanta a cabeça e olha para mim – Me deixa acordar primeiro, tá? Depois falamos sobre isso.

Antes que eu possa retrucar, a porta que dá acesso ou restaurante se abre, permitindo a entrada da pessoa que a anos eu não via. Talvez nem o reconhecesse se não soubesse quem ele é.

Peeta Mellark.

O mais jovem ganhador dos Jogos Vorazes, com apenas 12 anos. Ele se senta na cadeira ao lado de Haymitch. Logo ele está nos encarando de cima a baixo sem nem uma excreção no rosto. Assim que seus olhos atigem os meus, eu instintivamente desvio o olhar. Eu queria continuar olhando, mas é como uma alto defesa. Seus olhos... Os olhos mais azuis e extasiastes que já vi.

Nossa! Como ele mudou!

Peeta não é mais o menino frágil que vi apanha da sua mãe, afinal, se ele continuasse sendo assim, não venceria os Jogos. Ele agora era um homem feito. Sendo um pouco mais baixo que Gale, mas tem os ombros largos e peitoral robusto. Apesar de coberto pela camisa posso ver o quando ele é musculoso.

Seus braços e suas pernas são bem torneados. Seu rosto se definiu com uma mandíbula quadrada, deixando ele com um feição máscula, apesar de conservar os sinais de que ele ainda tem 16 anos. Os cabelos permanecem o mesmo loiro que eu me lembro, assim como seus olhos:

Azuis e intensos.

— Você queria uma mentor, queridinha? – diz Haymitch irônico – Pronto, aí está. Finalmente veio recepcionar nossos convidados garoto?

— Achei que deveria ver quem eles são. – Peeta fala com uma voz grave e um sorriso no canto da boca – Então, acho que o 12 perdeu seus melhores caçadores.

Ele sabia quem nós éramos, porém eu não entendia a ironia. Por que estava nós tratando assim? Estávamos indo para a morte e ele deveria nos ajudar. Não acredito que esse foi o mesmo garoto que uma dia... Será que vencer muda tanto algum assim?

— Ah, quer dizer que eles sabem usar armas? – Haymitch finalmente parece interessado em nós, algo com o qual se importou – Até que enfim tributos dispostos a lutar! Diz aí garoto, em qual deles você aposta?

— Hum... Esse cara não sei, ele muito grande, parece pesado apesar de ser um caçador. Embora, eu ainda não saiba suas habilidades. – fala Peeta nos analisando mais especificamente – Já ela. Sei que sabe usar arco e flecha muito bem. Meu pai compra os esquilos dela. Ele diz que ela sempre acerta no olho. Além dela se esquia, acredito que ela seja bem rápida. Pode chamar atenção dos patrocinadores.

A forma como ele fala me provoca um arrepio na espinha. Jogos Vorazes não são belos, longe disso. Agora, sermos vendidos, oferecidos como uma mercadoria a ser comprada, é muito mais assustador do que eu imaginava. afinal, a que ponto pode chegar a insanidade dessas pessoas da Capital?

— Ei?! Dá pra parar de fingirem que não estamos aqui? – Gale bate na mesa indignado.

— Uhh, ele está irritadinho! – Peeta diz rindo do meu amigo – Me diz caçador, deve ser difícil ir para a arena com a menina que você gosta né?

— Eu não...

— O que?! Vai dizer que não gosta dela? – ele aponta na minha direção – É deve ser difícil mesmo admitir. Mas relaxa, você morrendo deixa que eu cuido dela, ela é muito boa pra você mesmo.

Peeta termina suas provocações me olhando de uma forma intimidadora. Não intimidadora no sentido de causar medo, mas sim, da maneira de provoca um calor arrepiante. Algo que eu imagino que ser errado já que quando ele disse "boa", se a referia a outras coisas.

Num movimento inesperado Gale se levanta e vai para cima de Peeta furioso. No entanto, ele esquiva com tanta facilidade que parece que sempre fez isso, imobilizando Gale contra a parede assim que o segura.

— Shiii, quentinho se não vai doer ainda mais. – vejo Peeta aperta Gale com seu braço deixando seu rosto ruborizado pela falta de ar.

— Solta ele! – esbravejo empunhado uma faca de manteiga em direção a Peeta – Solta ele ou eu juro que furo você!

— Eu deveria imaginar. – Peeta diz rindo novamente – Você não iria deixa seu namorado indefeso, né?

— Você é ridículo! E não, eu nunca deixaria que você o ferisse. – Peeta rir mais uma vez antes de si voltar para Gale.

— Se quer sobreviver na arena caçador, nunca mais faça isso. – ele diz ao pé do ouvido de Gale antes de solta-lo. Diz num tom frio, que me indigna.

Peeta da meia volta e sai do vagão-restaurante com punhos serrados. Apesar de não aparentar no começo, acho que ele está frustrado com algo, talvez a nossa ousadia de enfrentá-lo tenha o aborrecido. Eu não vou deixar que ele simplesmente saia assim.

Vou atrás dele.

— Onde você pensa que vai? – Gale me segura quando passo por ele indo em direção por onde Peeta saiu.

— Me deixa. – digo puxando meu braço de volta

Saiu apressada em busca de Peeta, e o encontro quase entrando em um outro vagão um pouco mais a frente.

— Ei?! Você! – quase grito e ele então se vira para mim.

— O que você quer, garota? – ele cospe as palavras ríspido.

— Quem você pensa que é? – digo indo em sua direção – Acha que tem o direito de dizer o que você pensa de nós? De nos humilhar assim? E você se acha mesmo tão necessário assim para fazer com que nos ajude?

Ele me puxa em direção ao lugar onde ele iria entrar antes. Estou tão irritada que minha primeira reação ao seu toque é me sacudir para tentar me livrar, mas é em vão, Peeta é bem mais forte que eu.

— Olha aqui, eu sou necessário sim, porque se depender do Haymitch vocês morrem à mingua. Talvez ele até veja algo de interessante em vocês dois, mas se eu não ajudar, não vão ter muita chance.

Ele está tão perto de mim, mais perto do que já estive de um homem antes. Posso sentir sua respiração pesada, seu corpo quente quase pressionado o meu, isso me faz ficar nervosa por um instante.

— Só um pedido meu, e metade da Capital vai sair no tapa pra te patrocinar – ele afirma estalando os dedos na frente do meu rosto.

— Se você é tão influente como diz, deveria ser menos arrogante.

Ele finalmente larga meu braço que segurava com firmeza, se afasta de mim e engole em seco, passando as mãos nos cabelos para tentar se acalmar. Eu respiro fundo e também tento me acalmar, só assim posso conversar civilizadamente com ele, e lhe dar com tamanho ego que é sua personalidade extravagante.

— Peeta... – toco seu ombro. Ele se vira devagar para mim, e eu encontro seus olhos ternos, vividos ao mesmo tempo.

— Não é arrogância tentar ser forte. – ele diz calmamente suspirando nas palavras – Eu te ouvir chorar Katniss. Não sinta vergonha de ter medo. Eu também tenho o mesmo medo.

Não tenho palavras para dizer, simplesmente continuo parada, o olhando. A luz dentro do vagão falha mas logo volta, acompanhada de um rangido dos freios do trem.

Posso ouvir gritos e palmas vindos do lado de fora. Só me resta concluir uma coisa:

Chegamos a Capital.


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