Beyond two Souls escrita por Arizona


Capítulo 2
Rumo a Capital


Notas iniciais do capítulo

Esse é o segundo capítulo da nossas história. Se você curtiu Beyond two Souls, não se esqueça de favorita e recomendar.
Ainda hoje sai o terceiro capítulo.



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Quando as portas do vagão se abrem, eu sou a primeira a entrar. É a coisa mais linda que já vi em toda minha vida. Lustres de cristais, mesas da mais bela madeira polidas, poltronas, sofás mais confortáveis do que os do Edifício da Justiça. Além de tudo, fartura, muita fartura. Dezenas e dezenas de doces, bebidas e comidas com aromas inebriantes.

Enquanto ainda estou admirando o ambiente, Effie pede para que sentemos até que ela vá chamar o Haymitch.

Haymitch Abernarthy, é o nosso mentor, um dos dois vencedores dos Jogos do nosso Distrito. Um homem já com seus 40 anos, mas que parece ser mais velho por causa da bebida. Vez por outra o vejo no Prego, o lugar onde comercializamos as coisas “ilegais” no 12.

Está sempre caindo de bêbado pelos cantos. Provavelmente vencer os Jogos lhe levou ao vício. Sempre o vi só. Não há mulher ou filhos, nem mesmo ouvi dizer sobre sua família. Isso tudo é um preço alto a se pagar por se torna um Vitorioso da Capital.

— Como você está Catnip? – Gale pergunta chamando minha atenção.

É a primeira vez que ele diz alguma coisa desde o sorteio. Sei que ele está preocupado com os que deixa para trás, é a mesma preocupação que eu tenho. Nós dois lutamos muito para deixar nossas famílias protegidas. Livre da fome, do frio, e agora... Agora nem sabemos o que nos espera.

É perturbador fechar os olhos e imaginar que eu posso estar morta daqui a alguns dias. Em um ano Prim estará entre as garotas de 13 anos. Talvez a fome faça seu nome estar naquele pode mais vezes do que deveria.

— Eu não... Precisamos tentar, Gale. Pelo menos por eles, temos que tentar.

Ele apenas balança a cabeça, e segura minha mão com força, como se confirmasse o que digo. Gale é dois anos mais velho que eu, nos conhecemos no momento mais difícil de nossas visa, e foi um mesmo sentimento que nos uniu: salvar nossas famílias.

Acho que ficar órfãos no mesmo dia deve ter sido a ponte que nos uniu.

Uma porta se abre e entra na sala quem estamos esperando. Um homem loiro, com barba por fazer, cambaleando com um copo na mão. Haymitch, nosso mentor. O cheiro de álcool que vem dele é tão forte, que me dar até ânsia. Mas a pouca comida que tenho no estômago é preciosa demais para ser desperdiçada com ele.

Haymitch para bem na nossa frente e nos observa.

— Para...Parabéns... – diz ele se dirigindo ao bar – Cadê o gelo?

Gale e eu nos entreolhamos sem saber ao certo o que fazer. Meu amigo parece um pouco assustado com a situação, me fazendo apenas dar de ombros para qualquer coisa que ele vá dizer.

— Não sabemos. – ele responde ao nosso mentor frustrado.

Haymitch então bate com força a tampa do recipiente onde deveria está o gelo, e vai embora sem dizer mais nada. O resto do dia da viagem nós passamos vendo os vídeos das Colheitas de outros Distrito.

Era assustador ver a diferença dos oponentes, os carreiristas do 1, 2 e 4, que são os que se preparam desde cedo para os Jogos, com treinamento, e se voluntariam quando chegam a idade certa.

Todos sabem que um "escola de carreiristas" é ilegal assim como todo e qualquer tipo de preparação especifica para enfrentar os Jogos. Contudo, a Capital faz vistas grossas para os mentores que fazem isso. O favoritismos é impossível de ser negado.

O garoto do 2 é assustador, assim como o garoto do 9. Uma menina do 11 me chamou atenção. Ela deve ter só 12 anos, deve ser sua primeira Colheita, e nesse momento é impossível, não lembrar da Prim.

Seria ela aqui, agora.

Esperamos até a hora do jantar, onde nos é servido porções e mais porções e carnes, molhos, e grãos. Era tanta fartura que acho que nunca com toda caça que eu pudesse ter, eu poderia dar metade desse banquete pra minha família.

Depois disso, Effie nos leva até nossos quartos, eu entro naquele lugar tendo a visão da imensa cama de casal. Passo a mão delicadamente sobre o cobertor macio como pelo de cordeiro, vou até um porta e descubro que lá é o banheiro. Já haviam sais de banho, toalhas e hobbys, resolvo então tomar um banho para experimentar.

Nunca tinha usado um chuveiro antes, e a sensação da água caindo sobre minha cabeça é tentadoramente inclinada para a vontade de não querer sair mais de lá.

Volto para o quarto, vou até uma pequena porta de corre, achando roupas para mim. Procuro a mais confortável e me enfio embaixo das cobertas, comprovando assim a sua macies por completo.

Só agora que parei, minha mente volta para minha casa. Como será que elas estão? Será que minha mãe vai saber lidar com mais uma perda em sua vida, e não abandonar minha irmã? E Prim, como estará reagindo a tudo isso? Ainda tem a família de Gale, sua mãe e seus irmãos menores, que dependem dele para comer.

E mais uma vez a Capital destrói nossa vidas que já não eram nada fáceis.

Eu choro. Deixo as lágrimas correm sem parar, meus soluços são altos, mas eu não me importo de ouvirem, não tenho mais nada a perder.

Não mais.


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