3º Capítulo – O Bendito Desfile

Depois que Ella me arrumou pelo inicio da tarde até mais ou menos 19h00minhrs da noite, me olho no espelho. Agora, minhas olheiras estavam tapadas pela maquiagem escura. Certamente era pelo “estresse” emocional que eu estava vivenciando, afinal, não é todo dia que você pode ser morto por adolescentes numa arena. Por fim, coloquei meu vestido. Ele era enorme e pesado. Embora sendo pétalas de rosas brancas, era muito, mas muito pesado.
– Você está linda. – Michael apareceu por trás de Ella.
– Começando a ser gentil, Michael. Bom começo – Ella ironizou.
Ele revirou os olhos.
– Que ótimo humor, Ella G. Aproveita e vá lá no Eric, eu tenho que falar com a Jasmine. – Michael deu algumas batidinhas no ombro da menina. Ella fez uma cara estranha mas foi.
– Sério Michael, o que quer comigo? – Sentei numa cadeira.
– Quero que não arranje confusão no desfile. – Ele se sentou.
– Fala isso logo pra mim?
– Eu sou seu mentor. Eu tenho que te orientar de alguma forma, minha filha. – Ele sorriu. – Além do mais, pelo pouco que convivi com Eric, ele não é do tipo de encrenqueiro como você.
– Veio me dar lição de moral ou me ajudar, resto de aborto? – Ele riu alto.
– Bom, eu já ganhei os jogos, estou rico, mulheres querem ir pra cama toda hora comigo, sou O ÚNICO vencedor do Distrito 7.
– Que bom – Sorri irônica. Levantando-me da cadeira. – Quem te perguntou?
– Ninguém... Mas aposto que você não é uma suicida.
Fiquei quieta. Eu me mataria para salvar Eric.
– Apostou errado. – dei a palavra final.
Ele deu um sorriso sarcástico.
– Somos praticamente iguais... Eu pensava igual a você antes, no final, matei minha namorada. – Ele deu uma piscadinha. – Depois de um tempo você se acostuma.
– A matar pessoas?
– Se acostuma com a dor. Ela nunca passa, fica sempre lá, guardada no coração. – Ele bufa – Eu tenho que ir. – E bate a porta.

Ella entra
– O que foi isso, Jas? – Ela coloca uma presilha.
–Eu realmente não sei, Ella.
– Você tá linda. – Ella pega minha mão e me guia até o espelho. Meu cabelo estava preso em um coque, segurado pela presilha de flores prateadas. A garota gótica me levou até as carruagens aonde eu e o Eric iriamos desfilar. Eric estava com um macacão de jardineiro. Bem mais simples que eu.
– Logo que sentir que a Capital não olhar pra você, aperte esse botão e sorria.
– O que é isso? – Eric pergunta.
– Chamas falsas iram mudar totalmente a roupa de vocês.
– O que!? – Eu falo alto demais e os carreiristas olham para nós como se fossemos loucos
– Confia em mim, já fiz milhares roupas assim.
– Ok. – Se já estou com o pé na cova, pra que ter medo de coisinhas assim, não é? Subimos na carruagem e ela começou a se mover. Os portões abriram e fomos aplaudidos por milhares de pessoas. O D1 guiava o resto dos distritos. Senti que todos estavam olhando para o pessoal do D2.
– Tá na hora, Eric. 1, 2 ,3 – e apertei o botão. Minha roupa começou a pegar fogo, disfarcei meu medo com um sorriso e apertei a mão de Eric. Botei-as para o alto e atiramos beijos para todos. Todos sorriam, nossos rostos estavam no telão,
Logo que completamos a segunda volta pela avenida fomos para frente do grande palco. Snow estava lá e ele estava olhando para mim. Meu vestido tinha se tornado preto, com apenas algumas rosas cinzentas. Meu cabelo preto e meus olhos azuis só realçaram o vestido. Ele sorriu e começou a falar.

– Sejam bem vindos, tributos! Ao 25ª Edição dos Jogos Vorazes. O primeiro massacre quaternário. Esse Jogo, vai ser o mais diferente de todos. – Ele falou. – Que a sorte esteja sempre ao seu favor. – Os nativos da Capital aplaudiram de pé. Ele saiu com os pacificadores ao seu lado. Olhei para Eric que estava olhando pra mim ainda.
Depois que saímos daquela enorme avenida, fomos para o apartamento. De lá vimos o programa do Desfile. Fomos o destaque apenas pela roupa, por que alguém ia se interessar por crianças do Distrito sete?
Jantamos, vimos o programa, tomei banho, e coloquei minha cabeça no travesseiro. Ali começaria meu dilema: Matar ou Morrer. Eu ou o Eric. Eu serei egoísta ao ponto de não defender meu irmão? Nada mais fazia sentido na minha vida. Eu iria ser a primeira vencedora do Distrito 7? Eu seria a filha egoísta do lenhador? Se vencesse o que seria da minha vida sem Eric? Levarei um tempo para descobrir as respostas das minhas perguntas.

Que esse tempo dure pouco então.