A Maldição da Wicca escrita por FireboltVioleta


Capítulo 15
Into The Wild




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RONY

Minha noite foi péssima.

Tive um pesadelo horrível, envolvendo seres monstruosos que puxavam e feriam um corpo quase sem vida para dentro de seus domínios – um corpo dotado de longos cabelos castanhos.

Acordei gritando.

Ouvi meus colegas se erguerem das camas, assustados.

– Calma, cara! – Harry arfou, tentando me ver na penumbra do dormitório – foi só um pesadelo!

Abarquei o rosto nas mãos, sentindo um soluço bobo se formar em minha garganta. Meu coração ainda estava disparado, fazendo meu peito subir e descer dolorosamente.

– Eu sei... – consegui gemer, angustiado.

– Ei, Rony – Neville disse em meio à escuridão – vai ficar tudo bem... sei que está preocupado com Hermione... mas não vai acontecer nada à ela...

Ele tinha ideia do quanto que eu queria ter certeza disso?

Agora me vinha o arrependimento de ter sustentado a vontade dela de se inscrever no Torneio e, pior, ainda ter aceitado aquele seu presente bobo e assustador.

Uma queimação ruim corria por meu corpo. A poção deveria ter começado à fazer efeito.

– Tente dormir mais um pouco, cara – Dino murmurou, gesticulando para os outros voltarem á deitar – Hermione não vai gostar nada se souber que você não anda dormindo direito...

– É... – bocejei, finalmente dando uma risadinha descontraída. Vi Dino sorrir para mim, encorajador, antes de voltar á deitar no colchão.

Ouvi Harry e Neville cochicharem, mas não distingui o que diziam. Finalmente, voltei à dormir, com a mente ainda perturbada.

Que os céus nos ajudassem...

_____________________O______________________

Assim que me arrumei, após acordar na manhã seguinte, desci para tomar café no Salão principal de Beauxbatons, que, àquela altura, já havia sido reorganizado na disposição original.

– Senta logo, animal – Gina me cumprimentou quando sentei à mesa de Noble – bom, você agora é literalmente um, não é?

Arregalei os olhos, horrorizado. Com trinta pessoas para contar sobre a Poção de Animagia, aquela minha namorada vagabunda foi contar logo para a Gina?

Foi como uma ovelha dar a faca para o açougueiro...

Foi só falar no Diabo, e Hermione apareceu na mesa, com a maior cara deslavada que eu já vi na minha vida.

– Finalmente, cachorra – Gina sorriu, se afastando para Hermione sentar. Ignorei o gemido de “ela me chamou de cachorraaa?” de Hermione, decidido á puxar sua orelha mais tarde – e aí, como vai nossa nova campeã?

– Um bagaço – Hermione comentou, estreitando os olhos para Gina. Ih, aquela troca de olhares ia render alguma coisa... – por que o cumprimento tão carinhoso, posso saber?

– Ah – Gina deu de ombros, fazendo Harry cair na risada – sabe como é... uma certa pessoa safada não avisou para a melhor amiga que tinha colocado mesmo o nome no Cálice, desbancou meu irmão e o namorado da minha outra amiguinha – indicou Luna com o queixo – sentou no meu lugar na carruagem, não dividiu aquele pastelão do almoço de ontem... sabe como é...

– Só tinha um pastelão! – arfou Hermione, boquiaberta. Não aguentei e comecei a rir.

– Ah, não vai mesmo – Neville saltou, segurando Luna, quer fugia de fininho por trás de nós, pela cintura – senta aqui. Você precisa de conversas fúteis que estimulem seu cérebro e que te façam se enturmar, garota. Pode ficar aqui.

– Hermione... – aproveitei que todos estavam distraídos com o empurra-empurra de Neville e Luna para cochichar no ouvido de Hermione – Wicca ou não, perigosa ou não, você está frita comigo.

– Por quê?- ela cochichou, arregalando os olhos para mim.

– Quem mandou você contar sobre a Poção para a quenga da minha irmã?

– A Gina é quenga agora? - Hermione riu pelo nariz.

– Não muda de assunto... – olhei para ela, me deliciando quando sua expressão se desmanchou em insegurança – a gente ainda vai ter aquela conversinha...

– O seu problema – ela falou lentamente, e foi minha vez de me encolher com seu olhar – é que suas conversas geralmente são não-verbais, Ronald.

Eu ia até responder com algo bem desbocado, mas a queimação da noite anterior estava voltando lentamente. Curvei o corpo, abraçando o peito. Aquilo doía um bocado.

– Rony? – Harry falou, parecendo preocupado – tudo bem?

– Tudo – lancei um olhar significativo para Hermione, que assentiu e se afastou para que eu saísse do banco – vou só... sair para pegar um ar...

Becky escolheu aquele exato momento para aparecer, fazendo quase todos pularem de susto.

– Becky!

Becky se afastou para que eu passasse, me observando curiosa.

– O menino Weasley está bem? Becky pode ajudar?

– Pode – murmurei, pondo as mãos no estômago – será que pode ficar algum tempo comigo?

Becky pareceu compreender o contexto do meu pedido, pois meneou a cabeça para Hermione e me acompanhou para fora do Salão. Dei uma última olhada nos meus amigos antes de sair... todos preocupados e confusos, exceto Hermione.

Ela só estava preocupada. Muito preocupada...

_______________O______________

Minhas mãos já tremiam quando finalmente senti a brisa suave que atingia o pátio da escola acariciar meu rosto.

– O menino Weasley está pálido – Becky pulou ao meu lado – Becky pode buscar um pouco d’água rapidinho para o senhor...

– Não precisa, Becky... prefiro que fique de olho em mim. Na verdade, tente me distrair, se puder...

A falta de ar se acentuou, e senti meu corpo cambalear um pouco. Becky segurou timidamente meu braço, me equilibrando.

– Becky deve chamar a senhora Minerva?

Apoiei-me com dificuldade no mastro do pátio. Assenti com a cabeça, com o rosto contraído de dor. Fechei os olhos, arfando.

– Traga-a... até o bosque...

Ouvi o estalinho de Becky quando desapareceu, ainda de olhos fechados.

Continuei cambaleando lentamente até perto do bosque. Não queria ter nenhum espectador quando acontecesse... Becky saberia onde me encontrar, e levaria McGonagall até lá.

Finalmente, caí convulsivo no gramado fofo entre o bosque e a estradinha que levava ao castelo. Sentia como se meu corpo estivesse borbulhando e queimando.

Meus dedos cravaram-se na terra inconscientemente. Sentia que minha cabeça iria explodir. O gemido que passou por meus dentes trincados era quase um rosnado de dor.

Minha visão ficava turva e nítida com uma oscilação irritante. Pisquei, tentando focar as imagens, mas tudo estava indistinto e nublado...

Minhas costas doíam tanto que era como se mãos perfurassem minha coluna.

Eu duvidava muito que tudo aquilo iria resultar num animal pequeno.

Minhas mãos e pés começavam á latejar juntamente com a cabeça. Tinha certeza que eu era agora apenas uma pilha de ossos em chamas.

Assim que eu me recuperasse daquilo, ia dar um sacode em Hermione por ter inventado de me dar aquilo. Se eu soubesse que era tão ruim, nem teria tomado.

– Becky! – chamei-a. Era melhor ela só me ajudar mesmo... talvez McGonagall não chegaria à tempo... – Beckyr....

As palavras que saíram de minha boca, para meu choque, se tornaram rosnados aos poucos.

Tentei me erguer, mas algo pesado me derrubou de volta ao chão. De olhos fechados, senti minhas unhas crescerem, grossas e curtas, rentes ao chão. Meu arfar se tornou uma bufada vigorosa e irritada.

A sensação de meu corpo dobrando de tamanho lentamente era perturbadora...

Senti algo se mexer atrás de mim, imponente e vigorosamente grande.

Eu tinha uma vaga ideia do que aconteceria no final. Mas não consegui me obrigar à fugir ou me esconder.

Minha mente e meu corpo pareciam estar completamente separados.

Senti a consciência humana se desconectar de mim assim que acabou.

Eu não sentia mais nada. Não queria mais nada.

Só tinha um objetivo agora.

Gritei, desorientado.

O rugido estrondoso de uma besta irracional chacoalhou as árvores ao meu redor.

– Weasley! – ouvi um grito abaixo de mim. Outro rugido saiu pela minha garganta quando encarei as duas figuras horrorizadas que me encaravam alguns metros abaixo.

Fugi, sem rumo nem explicação, em direção ás nuvens do céu.


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