Rony e Hermione na Terra dos Cangurus escrita por FireboltVioleta


Capítulo 5
Conhecendo o Guia




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RONY

A noite foi deliciosamente agradável, talvez por que a garota que estava dormindo ao meu lado não estivesse mais com raiva de mim. Ou simplesmente por que ela estava dormindo ao meu lado mesmo.

O dia amanheceu com uma rapidez ridícula, talvez devido à bagunça que nossos relógios biológicos estavam enfrentando agora. Hermione continuou adormecida, parecendo um adorável anjo sem asas, com seus cabelos espalhados pelo travesseiro e suas pernas encolhidas em posição fetal.

Bocejei, me espreguiçando levemente, morrendo de medo de acorda-la com o movimento do colchão. Para meu azar, Hermione piscou os olhos bem na hora que me levantei.

Ela suspirou, parecendo um pouco tonta de sono, e me cumprimentou com os olhos encolhidos.

– Bom dia...

– Bom dia, Hermione - sorri para ela, já arrumando meu lado da cama.

– As camareiras arrumam, Rony... - Hermione bocejou, saltando da cama.

– Ah, sei lá - dei de ombros - era bom elas se depararem com um pouco de educação inglesa, sabe como é...

– Vão ficar agradecidas mesmo - sorri quando Hermione deu uma risadinha.

Achei melhor tomar um banho antes de nos encontrarmos com Darel, então fui direto para o chuveiro.

A água era deliciosa, como era de se esperar de um hotel de luxo. Assim que acabei, enrolei-a na cintura e saí do banheiro, a fim de me trocar no quarto. Deduzi que Hermione já estava usando o segundo banheiro da suíte.

O que eu não adivinhei foi que Hermione não havia ido para o outro banheiro, provavelmente se preparando para entrar no mesmo banheiro do qual eu estava saindo agora.

Foi por isso que senti meu rosto esquentar ao me deparar com ela seminua de frente para a cama, apenas de sutiã e calça.

Hermione se virou em direção à mim, congelando ao se deparar comigo. Observei, estupefato, seu olhar escorregar inconscientemente de meu rosto para meu tórax. Ela corou e desviou o olhar em seguida, cobrindo o corpo com os braços, envergonhada.

Sacudi a cabeça e voltei ao banheiro, como se nada tivesse acontecido.

"Mas aconteceu... que saco", murmurou minha mente. "E você não pareceu muito chateado com isso".

Pelas calças de Merlim, a culpa não era minha. Eu era um homem, pombas. E Hermione era linda. Até onde eu sabia, olhar não tirava pedaço.

E confesso, eu olhei um bocadinho. Não podia deixar de perceber o como Hermione era curvilínea e bonita sem todos os suéteres e roupas grossas que costumávamos usar em Hogwarts. Ela tinha um corpo equilibrado, com ombros pequenos, cintura fina e ventre tão enxuto quanto uma planície, só se curvando elegantemente ao formar o busto. E a expressão envergonhada de Hermione dava um toque peculiar ao conjunto, tornando-a uma figura quase virginal e fantástica, mesmo vestindo uma calça jeans.

Terminei de me trocar no banheiro, decidido à não mencionar nosso encontrão constrangedor quando saísse.

Mas quando passei por Hermione - que, àquela altura, já havia se vestido outra vez - senti os olhos dela deslizarem por mim e ouvi um arfar mínimo escapar de sua boca.

O interfone do quarto quase nos matou de susto quando tocou.

Hermione foi atender, parecendo ansiosa.

– Alô? Ah, oi... ah, Darel Williams? - ela riu, observando minha expressão desconfiada - tudo bem... sim, já vamos descer. Darel chegou - Hermione explicou ao desligar o telefone.

– Ah, sim - resmunguei - o maori bombadão.

Hermione gargalhou tanto que fui obrigado a sorrir.

– Rony, seu ciumento - ela saltou em mim, me abraçando enquanto dava um beijo brincalhão em minha bochecha - acha mesmo que tem motivo par ficar enciumado, seu bobão?

– Ah, sei lá. De repente ele é tudo "mais" do que eu. Pode ser mais forte, mais inteligente... não sei. Qualquer um pode ser mais do que eu - murmurei, suspirando.

– Tem razão... qualquer um pode ser mais do que você - ela disse, me fazendo levantar a cabeça, chocado - e é isso que te faz especial...

Lógica boba, mas que me fez ganhar o dia. Lasquei um beijo na boca de Hermione, fugindo dela pelo corredor até que ela abraçasse meu braço, rindo.

– Tudo bem, então - sorri, revirando os olhos - vamos conhecer esse tal Darel.

___________________ O ____________________

Darel, em maori, significa "céu azul", como disse Hermione. E o nome era completamente adequado.

O cara era realmente gente boa. Um morenão que - para meu alívio - tinha o porte físico parecido com o meu. Tinha uns olhos cor-de-água que davam até medo de tão claros, o que o fazia parecer uma criatura mítica de olhos profundos. Provavelmente tinha a nossa idade, o que era difícil de definir no padrão dos maoris, que tinham cara de cinquenta anos quando na verdade já estavam com cem. A simplicidade e a sinceridade do garoto eram impressionantes.

Darel estendeu a mão para mim. Eu a apertei, cumprimentando-o com a cabeça.

– Prazer, senhor Weasley. Senhorita Granger - Darel falava de um jeito engraçado, como se misturasse o sotaque britânico, maori e australiano ao mesmo tempo. Ou era eu que estava atordoado com sua natureza sossegada - vai ser uma honra ajuda-los em sua empreitada.

– Pode entrar - Hermione convidou-o com um gesto. Darel entrou no saguão, acompanhando-nos até a sala de espera.

Sentamos nas poltronas ao redor da sala, enquanto Hermione e Darel conversavam. Darel nos contou sua história.

– Nasci na Nova Zelândia, mas meus pais se mudaram comigo para a Austrália quando eu tinha dois anos. São poucos os núcleos de tribos maoris aqui, mas ainda existem. Estão perdidos ao longo dos desertos e planícies do país. Quando eu tinha doze anos, viemos para as grandes cidades. Fui educado como qualquer outro garoto australiano, e logo me tornei guia.

– Você também é bruxo? - perguntei, curioso.

– Sim - Darel sorriu - minha tribo adotiva, além de outras, são tribos mágicas. Meus pais também são bruxos, mas por aqui, nos chamamos apenas de feiticeiros ou xamãs. Eu tinha cinco anos quando fiz o cajado do superior da tribo voar até minha casa de palha - Darel riu, relembrando a cena que nos contava - papai ficou orgulhoso, mas teve que me surrar por ter pego o cajado de Akahata. Depois disso, minhas nádegas nunca mais foram as mesmas.

Eu e Hermione rimos junto com Darel.

Quando Darel se instalou em outro quarto alugado por Hermione, algum tempo depois, nós voltamos ao nosso para começar a traçar nossa viagem.

– Tudo bem, você tinha razão - eu ri - ele é gente fina. Vamos dar algumas risadas com ele... disso não tenho dúvidas.

– Ele conhece muito da Oceania, Rony - Hermione disse, enquanto organizava várias anotações emboladas num envelopinho - viveu a vida toda por aqui. Já imaginou se conhecermos bruxos aborígenes? - os olhos dela brilhavam com a ideia - a magia deles é muito mais poderosa e natural do que a nossa. Magia e os elementos da natureza são muito interligados por aqui. Dizem que as fogueiras de histórias e as danças de invocação são fantásticas.

– Depois você me explica o que são estas coisas - eu brinquei - estou com processamento lento no cérebro.

– Eu sei como acelerar esse processamento - Hermione me abraçou de novo, beijando meu ombro.

– Olhei para ela, surpreso.

– Você não anda nada comportadinha e inocente esses dias. Sabe disso, não é?

Ela me olhou com um olhar divertidamente petulante.

– E desde quando eu sou comportada desde que conheci vocês?

– Ai. Golpe baixo.

– Anda, organize essas rotas aqui - ela me lançou um mapa da Austrália e uma lista de nomes, rindo - isso vai te dar o que fazer.

Comecei a traçar linhas entre as cidades que estavam na lista no mapa, observando a alegria latente de Hermione, provavelmente provocada pela iminência de reencontrar seus pais. Minha pobre namorada... jurei a mim mesmo que faria de tudo para que se reunissem logo outra vez.

Quando fui dormir, Hermione já adormecera, ladeada por vários papéis jogados ao seu redor.

Aninhei seu corpo em meu colo, tirando-o da poltrona em que estava, e coloquei-a na cama, cobrindo-a com um lençol.

Dei um beijo de boa noite em sua testa e, em seguida, me deitei ao seu lado, imaginando o que ela devia estar aprontando para nós, em seu cérebro privilegiado, para o dia seguinte.


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