Escuro. Muito escuro. Aonde será que fica a luz? Não é ela que deveria me levar? Tudo bem. Não me importo muito de ficar aqui. Desde que possa ver meus pais o quanto antes. Oh, que brilho será aquele? Está ficando maior. Ainda bem. Adeus vida.

E então meus olhos se abriram. Uma campina. Não exatamente uma campina, era mais um... um... Paraíso. Meus pulmões se contraíram. Oh não! Me levantei rapidamente, sacudindo os leves gramíneos que grudavam em minha roupa. Apertei um pouco o passo. Pouco a pouco um ruído toma conta de meus ouvidos. Uma música, uma canção de ninar. Seguindo a leve melodia de uma voz familiar me deparei com um rio, uma queda d'água que se separava em dois filetes. Uma figura de mulher pairava descansando na relva. Aproximei-me com cuidado. Sei que não fiz nenhum barulho, como se percebesse minha presença a mulher acordou-se num mocimento gracioso.

Sua face era belíssima. Como um anjo. Palavras fluiram da minha mente involuntariamente.

- E-eu morri?

Um riso leve, como de um bebê saiu de seus lábios. Que agora se curvaram em um meio sorriso.

- Ah minha querida Scarlet, não morreste hoje, por contrário, o dia de seu nascimento será hoje.

- Vou nascer? Eu tenho desseseis anos! Olha, não dá pra eu ser uma recém-nascida. O tempo vai voltar? Vou me lembrar de alguma coisa? E... espera! Como sabe meu nome de  batismo? Só minha mãe....- Suspirei- Sabia.

- Ah estrelinha, nossos mundos se cruzaram muito tempo antes de seus concepção, antes de todo o começo. Me desculpe, não posso fazer o tempo voltar, mas posso cuidar para que o futuro seja glorioso.

- Vai me mandar para o futuro? Eu realmente não acho que por aqui tenha uma daquelas máquinas que parecem tanques de lavar roupa e...

- Não, querida. Eu irei conceder-lhe dons além dos imaginados e predestinados a você. Será especial. Minha segunda olheira neste mundo mortal.

- A senhora é algum tipo de Deusa?

- Tenho tantos nome que você não pode imaginar, mas tudo o que precisa saber é que estou do seu lado Scarlet e que lhe ajudarei a combater os obstáculos da vida.

- O-obrigado, mas, por que eu sou a segunda? Quem é ela? Ela pode me ajudar?

- Encontrará a sua companheira de afezeres com o decorrer do tempo. Agora vá e lembre-se: O amor tem dois lados, nem sempre o mais escuro signifique que seja o das trevas.- Minha visão foi borrando.- Oh e nunca faça pouco das suas amizades estrelinha, nem sempre um grande amor supera uma grande amizade.

Otimo, no escuro denovo.

Desta vez a única coisa que vi quando abri os olhos foi um denso borrão de nuvens, minha cabeça rodava, o ar era claustrofóbico. A cama de madeira rangia sem parar e meus pés estavam dormentes. Reconheci o leve estofamento, o pequeno abajur rosa que decorava o quartinho no qual eu passara tantos verões na minha infância. Na casa da minha Tia Julia. Um peuqeno papel amassado e redobrado vária vezez estava sob a cômoda. A caligrafia estava turva e borrada. Como melada por algum líquido, como lágrimas.

Marrie,

Seja forte. Fui a L.A. cuidar de uns problemas. Ficará conosco em Forks por um tempo. Volto daqui a uns cinco dias, com Louise. Leah cuidará de você. Há roupas de Louise em seu guarda-roupa, tenha cuidado.

Julia

Respire fundo. Apoiei-me no chão com os cotovelos. Cair era desconsolante. Arrastei-me dramaticamante até o feixe do guarda-roupa e pequei um suéter qualquer, com uma jeans desbotada. Acho que um All star deva servir. As luzes do banheiro feriram me os olhos, olhei meu reflexo no espelho.

Horrível. Concentrei-me na palavra. Uma tesoura de metal reluzia festivamente na prateleira de vidro. Cortei  uma franja. Gostei. Desisti de cortar o resto. Demorou demais para crescer assim afinal, um cabelo curto não cabia nela desde seus dois anos de idade.

A água do chuveiro era reconfortante, relaxou seus músculos tensos e refez sua mente embaralhada. Havia algo que ela não conseguia lembrar. Algo realmente importante. não era nada que envolvia minha família ou minha vida, mas algo tão importante que se perdido mudaria todo o sentido...Uma pontada nada suportável atingiu minha cabeça, curvei-me para o chão. Outra pontada, encolhi-me de dor, a terceira pontada foi amis singular, aguda e penetrante. Atingiu o interior da minha mente, liberando as memórias da minha vida como um filme. Vi tudo, desde meu nascimento até ontem, mas nada que me ajudasse.

Chorei lágrimas de dor e saí do box gritando por dentro eu precisava sair daquele lugar. Enrolei-me numa toalha limpa e corri empurrando a porta violentamente. Depereime com uma parede, a empurrei com toda a força que não havia sido sugda pela dor. Qual a minha surpresa ao perceber que não era uma parede e sim uma garoto, bem bonito por sinal. Hum.. pale morena, lábios fartos e rosados, do tipo dequeles garotos surfistas que passam a vida correndo atrás de garotas de biquíni e pranchas, exatamente do tipo pelo qual eu me apaixonava.

Ruborizei. Aimeudeus! Nem minha mãe já me viu de toalha depois dos meus doze anos! Arregalei os olhos igualmente a ele, senti meu rosto esquentar mais ainda quando os olhos dele se voltaram para a toalha relativamente colorida e grande( Graças) que envolvia meu corpo. Soltei um gritinho nada amigável e corri para o quarto, troquei de roupa rápido(Até demais) e me preparei para saltar a janela quando dois pequenos rupidos confrontaram a porta. Me aproximei devagar do taco de baseball roxo de Louise -Deve servir- Pensei. Me estiquei felinamente atrás da grande madeira e rodei a chave do quarto davagar. Um rangido tomou posse dos meus ouvidos e inclinei o taco rapidamente para a direção do estranho. O impacto foi forte e uniforme, minhas pálpebras estavam fechadas com força, abri-as devagas e me assustei ao perceber que ele tinha segurado o taco, e agora me olhava como se duvidasse da minha capacidade mental.

  - Acho que aquela maldita pancada na sua cabeça diminuiu sua quantidade de neorônios Marrie... Não se lembra mais de mim? Não me diga que está com amnésia?

Espera, esta voz... Eu a conheço, tudo era familiar, o maxilar forte, o tom grave que ele sempre usava para parecer mais velho e até o sorriso abobalhado que sempre acomanhava seus comentários sárcásticos, era Seth. Droga, eu ia meter um cacete na cabeça de Seth, eu realmente precisava de uma dose cavalar de sedativos, minha cabeça latejava como nunca.

- Oh, desculpe Seth. Eu estava realmente confusa.- Falei acompanhadamente com o fraquejar das minhas pernas, que resultaria numa queda feia, se não fosse os braços fortes dele para me segurarem.

- Hoa! Cuidado pequena! Você quase nos matou de susto ontem! Como conseguiu correr tão rápido?

- Eu estava tão confusa. Precisava respirar.

- E geralmente você respira correndo feito um inseto maluco e rachando o crânio por aí?- Sua sobrancelha se fechou num arco perfeito

Não contive o riso:

- Ha ha, não Seth, geralmente eu respiro correndo feito um inseto e acabando sendo sequestrada por ursos pardos alienígenas.

- Aqueles com naves em formato de colméia?

De onde ele tirou isso Deusdocéu?

- A-ham. Você já foi sequestrado?

- Não, mas meu cérebro já.

Decidi encerrar o papo antes que ele tomasse rumos desastrosos, duas mentes infantis juntas não davam muito certo. Meu estômago estava revirando de fome, então resolvi ir até a cozinha preparar uns waffles ( Para mim e para Seth. claro). Não posso deixar de adimitir que a companhia dele me animou aquela manhã, e era justamente por isso que eu me sentia culpada: Não era para você estar chorando?- Ecoava na minha cabeça como uma letra de música, irritante e perceptiva. Eu realmente odiava aquilo. Por quê eu? Será que foi alguma dívida da minha vida passada,  um castigo divino?

Sabe, eu nunca acreditei muito num Deus que estivesse no céu tipo, com um bloquinho de papel para anotar as faltas que me levariam ao inferno. Era esse o meu erro? Tantas vezes duvidei da existência de algo superior, com tantas tragédias no mundo. Se tudo está predestinado, então o acaso é só uma teoria ridícula hostilizada pela capacidade humana de explicar o inexplicável com uma palavra simples e sem significado mútuo? Será que todos ficavam satisfeitos com isso? Certamente não, mas a maioria da camada popular preferia viver sem senti do que passar a vida estudando hipóteses insuráveis sobre algo acima de nós.

- Vamos?- Fala Seth, tirando-me do blablabla mental rotineiro.- Leah está nos esperando.

- Aonde?- Estava curiosa.

- Queremos que conheça algumas pessoas. Já ouviu falar dos Cullen?

- Dos o quê?- Alguém entendeu bolhufas do que ele disse, colher ou culve?

- Cu-llen! A família do Doutor Carlisle! Ele veio morar aqui há anos lembra?

- Aquele médico super-lindo que a tia Julia se derretia, mas que era casadérrimo?

- Esse mesmo. E também uns amigos nossos, Paul, Quil, Jared, Sam e Jake. Pronta?

- Já nasci assim.

E disparamos porta a fora. Meu subconsciente estava tranquilo, nada poderia ser mais surpreendente ou chocante do que aconteceu ontem ( Seja lá o que tenha acontecido) o pouco que me lembro era que levei um tombo daqueles e que a coisa mais triste da minha vida tinha acontecido. Mas eu tinha que seguir em frente, afinal minha vida não acabou certo? E hoje por mais incrível que pareça encontrei a esparança num sonho que tinha sido maravilhoso, e que eu não conseguia lembrar, e num garoto brincalão e misterioso no qual eu esperava piamente que gostasse de mim tanto quanto eu achava que gostava dele.

O dia não pode piorar. Ah Marrei deixe de besteira- Falei mentelmente- Até parece que lobos vão aparecer na floresta e roubar sua vida para sempre. Sabe? até gostaria de estar apaixonada, seria mais um motivo para continuar vivendo, hum.. até lembrei de uma frase bonita, acho que é mais ou menos assim:O amor tem dois lados, nem sempre o mais escuro signifique que seja o das trevas.- É bonita não? pena que eu realmente não me lembro aonde escutei.