Não foi preciso falar mais nada e João já se encontrava na frente da balada cujo endereço foi dado por Bárbara que esperava na frente segurando uma morena cambaleante.

– Ela bebeu todas. Viu o Duca beijando uma mulher lá e simplesmente resolveu tomar um porre e ficou chamando seu nome. – começou a explicar nervosamente enquanto o de olhos verdes encarava pasmo o estado de Bianca.

Alterada pela bebida, a garota ergue o olhar crispando os olhos encarando os olhos verdes e sorrindo logo em seguida o reconhecendo.

– João? É o João? Ahhh João! – uma Bianca bêbada sorriu idiotamente tropeçando em seus próprios passos indo até o garoto que a segurou antes que caísse.

– Eu disse. – a ruiva deu os ombros com uma careta preocupada.

João não sabia o que fazer naquele momento. Bárbara lhe explicou que havia o chamado pois não podia levar a garota naquele estado para o apartamento se não Gael surtaria e também não poderia levar para sua casa já que seus pais são “conservadores” e certamente se queixariam com o mestre.

Restou a única solução, levar Bianca para o apartamento de Dandara onde estava somente João.

– Eu vou ser morto amanhã. Gael vai me espancar até a morte se ver a Bianca no apartamento comigo. – choramingou imaginando sua trágica morte o que fez a morena fazer um beiço.

– Não Joãaao, eu não deixo o papai espancar você. Não d-e-i-x-o. – apertou as bochechas dele totalmente risonha e próxima demais ao rosto.

A ruiva apenas observava a cena com curiosidade e por um instante imaginou os dois juntos, como namorados. Riu de si mesma mas não deixou de perceber o jeito de como os olhos de Bianca brilharam ao ver João.

Talvez fosse efeito da bebida. Talvez. Ou não.

– Bom, pelo jeito o que me resta é levar a bêbada para casa não? – suspirou fundo recebendo um sorriso culpado da ruiva e uma cotovelada da morena.

– Eu não bêbadaaa, eu to feliz. É errado ficar feliz? – replicou Bianca com a testa franzida em confusão.

João revirou os olhos. A noite seria longa.

– Nem tá bêbada, imagina. – ironizou puxando a mão dela logo as entrelaçando causando arrepios em ambos.

Entraram juntos no carro que ganhara de René e Dandara quando completara 18 anos ainda em janeiro. Era um Toyota Corolla 2015 branco, um carro de lançamento que cujo mal usava pois passava a tarde, os dias no computador.

Até hoje.

– Quero que você me carregue de cavalinho. – pediu Bianca infantilmente assim que chegaram no prédio e perceberam que a luz havia acabado, portando o elevador não funcionava.

– Na moral, você quer me deixar corcunda. – o garoto protestou ao ver que ela já tinha pulado nas suas costas e segurou as pernas dela enquanto a mesma se segurava no pescoço.

Mal entraram no apartamento e Bianca já havia descido das costas de João que suspirou aliviado e começou a se perguntar o que deveria fazer agora. Sentou-se no sofá e observou Bianca que o encarava de maneira estranha.

– O que foi? Admirando minha beleza é? – implicou dando um sorriso torto fazendo que ela risse.

– Deixa de ser idiota. – revirou os olhos quase parecendo sóbria.

A morena se levantou da poltrona que estava sentada e como estava meia grogue quase caiu no chão se não fosse por João lhe segurar a tempo. Bianca sorriu entorpecida pela proximidade e ergueu o queixo para encarar os olhos verdes dele.

Naquele momento, ela sentiu uma irresistível vontade de beijar os lábios dele. E ele simplesmente se controlava para não fazer isso.

– Seus olhos... – ela murmurou rouca sem desviar o olhar.

– O que tem eles? – João permanecia na mesma posição quase estático.

– São verdes. – não conseguiu evitar um sorriso torto após se lembrar que preferia olhos verdes.

Sem aguentar mais, ela quebra a pequena distância entre os dois e une seus lábios que formigaram com o toque. Suas línguas pareciam travar um batalha e de algum modo se encaixavam perfeitamente um ao outro. O gosto de álcool despertou a força de João para se afastar do beijo.

Que ele estava adorando por sinal.

– Você tá bêbada Bianca. – acariciou levemente o rosto da garota que transparecia confusão por ele ter se afastado.

– Eu quero você. Quero beijar você. – protestou vermelha tentando se aproximar novamente.

Antes que pudesse fazer algo, João havia feito algo que a deixou sem reação por alguns segundos, a pegou na cintura e jogou nas costas como se fosse um saco de batatas. Gesto que deixou-a furiosa a ponto de socar as costas do garoto.

– Seu cretino me larga! ISSO É ABUSO. – berrou exaltada.

– Abuso? Olha quem fala, a garota que me atacou agora pouco. – retorquiu risonho enquanto a face dela se aquecia cada vez mais.

Estava pronta para xingar todos os palavrões possíveis mas logo foi solta e sentiu um jato de água fria a encharcando toda. Estava literalmente tomando um banho gelado de tremer por mais que estivessem no verão.

Sentiu os olhos umedecerem e tentou sair daquele chuveiro mas foi impedida por duas mãos a segurando

– TÁ UM FRIO DE MERDA AQUI. – gritou indignada com João que tinha um sorriso divertido no rosto.

– Você vai me agradecer amanhã. – deu os ombros sem ligar para o drama da garota que aos poucos se acalmava voltando á sobriedade.

Querendo dar um pouco de privacidade, ele deixou uma toalha com um pijama masculino típico de nerd com estampa de Doctor Who. Revirou os olhos, mas agradeceu mentalmente pela consideração do garoto e sentiu uma imensa vontade de cavar um buraco ao relembrar do beijo.

Céus, o que ela havia feito?

Respirou fundo e tomou a aspirina, também deixada por João e saiu do banheiro encontrando o mesmo trocando de roupa, ou melhor colocando a camiseta do pijama dando rapidamente uma visão de seu corpo.

– Realmente, você não está bem. – desviou o olhar envergonhada por ter sido pega no flagra.

João também não conseguiu evitar de a encarar. Usava seu velho pijama que sua avó havia lhe dado de tamanho errado há anos mas nela pareceu couber perfeitamente. Lembrou-se de sua paixonite por ela. Não que ele tivesse superado totalmente.

– Tô com sono. – mudou o assunto rapidamente fazendo que ele abrisse um sorriso de leve percebendo a intenção dela.

– Beleza. – ele se deitou na cama enquanto ela permanecia em pé sem saber o que fazer.

– Hãn... Onde vou dormir? – perguntou sentindo uma timidez lhe invadir.

– Na minha cama ué. E nem me venha com frescuras, ou você dorme aqui ou dorme no sofá. Sua escolha. – ergueu as sobrancelhas como uma espécie de desafio.

Xingou-o mentalmente.

– Cavalheirismo nada hein? – falou bufando assim que se deitou na cama.

– Fui cavalheiro suficiente por hoje Bianca Duarte. – revirou os olhos fechando os olhos tentando ignorar o fato que a garota com quem ele sonhava há meses estava deitada ao seu lado.

– Se você me tocar, juro que te chuto. – alertou ela antes de fechar os olhos e adormecer imediatamente.

– Acho que o mais provável é você me agarrar no meio da noite hein. – implicou divertidamente se virando de modo que pudesse ver o rosto adormecido dela.

Não conseguiu evitar o impulso de lhe dar um beijo na testa. Suspirou longamente e antes de adormecer totalmente, murmurou em voz baixa consigo mesmo.

– Precisou ficar bêbada para querer me beijar.