Independence Day escrita por CelticSponsor


Capítulo 6
TDAH vs NIX




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O Acampamento Meio-Sangue estava um caos. Para todos os lados possíveis haviam lutas sendo travadas e pessoas sendo feridas. As dracanae, mulheres vampirescas com perna de burro e autômato, atacavam em grupo os chalés onde os semideuses costumam desenvolver suas atividades ou dormir. O chalé de Poseidon estava completamente destruído, a cabeça da estátua sendo jogada no lago com a ajuda de um dos drakons.

O céu ribombou com tamanho fervor que alguns drakons voaram e demonstraram ódio: a força do inimigo, insinuavam eles, era maior do que Zeus.

Percy e Annabeth saltaram, com a ajuda da Sra O'Leary, pela sombra de um junípero. Não era um junípero qualquer. Júniper estava muito concentrada no fundo das árvores, intocada. Ela estava, com todas as suas forças, contatando reforços... Animais, plantas, centauros, faunos... Grover ...

Grover ainda estava lutando próximo à Casa Grande, chutando com força as dracanae enquanto tentava tocar sua flauta, invocando toda espécie de planta trepadeira, atacando os inimigos com os mais diversos cipós e raízes que se faziam presente. Ele furou duas dracanae no peito e ambas se tornaram pó.

Havia algo no céu. Annabeth percebeu que não era um eclipse, ela se enganara. Ali estava, sobre a cidade de Nova Iorque, nítido e obscuro como nunca.

O Palácio de Nix.

— Percy! - ela gritou, acima do som da batalha - o que faremos?

Percy mantinha os olhos fixos em alguma coisa. Ele não se mexia.

— Percy?

Mas ela deu dois passos para trás. Percy não estava em si: havia algo de estranho no modo como ele a olhava. Sombras obscuras perpassavam em seus olhos azuis. Ele deu um sorriso. Um sorriso enviesado, mas familiar. Parecia o de Nico, parecia...

— Hades?! - ela ofegou, tentando raciocinar - o que está acontecendo?

O deus do Submundo olhou de volta para o Acampamento, uma frieza perigosa se instalando ao seu redor. Ele estava irado.

— Nix fugiu e está prestes a destruir Nova Iorque, começando pelo Acampamento Meio Sangue - ele respirou fundo - e eu preciso de tempo. E do notebook de Dédalo.

Não era algo comum de os deuses se intrometerem nos acontecimentos do Acampamento, muito menos Hades. Annabeth correu pelo acampamento, em chamas e semidestruído, por detrás das árvores, encontrando um drakon, e cortando-o enquanto corria. O monstro virou pó.

Uma dracanae apareceu em seu caminho; ela cortava o braço de alguém usando suas garras de metal. Seus pés, quando ela os levantou, pingavam sangue.

— Saia do caminho!

Annabeth usou sua adaga e cortou a dracanae em dois. Um ódio crescente se apoderava da garota. Mas algo divino renovava suas forças: o icor de Dionísio começava a lhe dar uma sensação estranha. Ela correu mais rápido que pôde, enquanto via muitos de seus amigos do Acampamento serem feridos. Ela secou as lágrimas com a mão direita e entrou no seu chalé.

O notebook estava sobre sua cama: onde também estava o pequeno presente de Percy. Um pequeno embrulho que ela esperava que o fizesse se animar neste quatro de Julho...

Ela correu de volta, o notebook sob o braço; a adaga firme em sua mão esquerda.

******

Na volta, a morte encontrou duas dracanae e um drakon de muita má sorte. Annabeth, com seu TDAH a mil, se defendia automaticamente, utilizando de todos os artifícios para passar livre entre os lutadores e encontrar o seu namorado, agora possuído por Hades. Viu ele, de longe, falando com as sombras, com muita urgência.

— Pronto! - ela chegou na árvore onde o garoto esperava - o que você vai fazer com ele?

— Vou me certificar - ele começou, fitando o rosto dela - de que o Inferno vai estar prontamente aberto quando o Palácio, e a própria Nix voltarem aos seus devidos lugares.

Ele pesquisou rapidamente por algo no notebook.  Então digitou algo mais e pressionou Enter. Os olhos de Percy, agora completamente pretos, olhavam do notebook para onde fora a Casa Grande, que ainda ardia em chamas. O chão então se pôs a tremer furiosamente. Ele fechou o notebook de Dédalo e o devolveu à garota. Ela questionou.

— O que está acontecendo?! - ela olhou para todos os lados, procurando uma explicação. O barulho de luta diminuiu. As pessoas e as criaturas esperavam pela trepidação. De repente, o chão se partiu com um barulho surdo e avassalador: algo saía de sob a Casa Grande.

— Sabe - Hades começou - eu possuo alguns artifícios de emergência. Aquele ali - ele apontou para a coisa - é um de meus autômatos devoradores. Chamo-o de Cérbero II.

— Existem mais? - Annabeth ofegou.

— Sim, esse foi o segundo confeccionado - ele fez um muxoxo - fui obrigado a usá-lo vezes demais por segurança. Espero que isso possa ajudá-los...

— Ajudar a nós semideuses? - Annabeth não gostou do tom dele e decidiu perguntar - de quem você está falando?

— Netuno e Atena, é claro.

Netuno? Atena? Roma e Grécia, juntas?

O autômato Cérbero II era um cão de duas cabeças apenas, cuja bocas foram transformadas em uma espécie de portal. Quando um deles abriu-a, pôde-se ouvir em toda extensão do Acampamento os lamentos e murmúrios do inferno. Hades sabia o que estava fazendo. O segundo abriu sua boca, mas tudo o que Annabeth sentiu foi frio. E medo. O segundo possuía a boca do Tártaro.

Percy caiu de joelhos. Voltara a si.

— Percy! Hades veio, hum, ajudar! - ela tropeçou nas palavras, enquanto colocava-o em pé.

— Do que você está falando? - o garoto gritou, então arregalou os olhos claros para o que via: haviam muitos semideuses desacordados em todos os lugares possíveis.

— Eu - ela tentou falar - eu não sei o que mamãe fez, Percy. Ela foi buscar... Foi buscar Netuno.

O queixo do garoto caiu.

— Mas esse deus está em sono irreversível! - Percy ofegou - junto com meu pai. Os dois são um! - ele começou a elevar a voz - não é possível!

— É sim, é possível! Tudo que deve ser feito é o sacrifício de um deus por outro e--

Uma voz na cabeça de Annabeth a fez calar.

— Não, filha de Athena. Não foi ela quem se sacrificou. Fui eu. - uma voz feminina, poderosa e sábia, falou com ela. - Mas não é por muito tempo. Enquanto ela viver, eu terei meu sopro também. Somos uma. Sou Minerva. Sou Athena.

— Eu não entendo. O que está havendo? - pela primeira vez na vida, Annabeth estava fazendo mais perguntas do que dando respostas. A resposta desta vez não tardou a aparecer.

Algo brilhou refulgente no céu, do outro lado do Acampamento. Foi um brilho que não passou despercebido pelos monstros. Alguns correram para o local, outros fizeram o possível para se afastar. Primeiro os garotos pensaram que os fogos de artifício tinham sido incendiados por acidente. Mas então eles viram.

A noite se intensificou enquanto a estátua brilhava e pousava. Algo dizia a Annabeth que ela precisava alcança-la. Esse algo, talvez, fosse a visão de Nix voando furiosamente de seu Palácio até a Athena Parthenos.

*******

— Eu não estou entendendo mais nada, pai - disse Percy, enquanto encarava a tevê, onde um tufão era noticiado vindo da Costa Oeste.

— O que você não entende Percy? - disse Poseidon, o rosto muito pálido. O que ele estava prestes a fazer desencadearia muitas coisas.

— O que Athena tem a ver com essa profecia?

O deus suspirou.

— Eu expliquei - respondeu ele - mas seu TDAH está formidavelmente mais aparente hoje. Talvez seja o excesso de monstros nas ruas. - ele pensou um pouco - A profecia só será removida dos fios do destino, das Parcas, uma vez que acontecer. Tenho que encontrar certo deus antes... antes que qualquer coisa o encontre.

— Até lá, o que devo fazer? - o garoto questionou.

— Enquanto o dia quatro de julho não passar para cinco, Percy, você deve. Não, você precisa ficar perto de Annabeth. É crucial. Até lá, tente conviver como um ser humano normal.

A conversa com o Deus havia acabado. Ele se fora.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam dessa noite sem fim de 4 de Julho?



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