Independence Day escrita por CelticSponsor


Capítulo 10
Independam-se


Notas iniciais do capítulo

Aqui vem o último capítulo. O epílogo vem em breve.



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Quando o acampamento de semideuses notou a presença das quatro divindades vindo pela praia, eles não urraram de alegria nem ovacionaram pela batalha estar vencida, não. Eles deram um muxoxo em uníssono, porque a batalha estava praticamente ganha. O número de drakons e dracanae era possível de se contar nos dedos. Mas Nix continuava atacando Annabeth com tudo que podia, sua espada negra subindo e descendo.

— Desista, pirralha - a deusa disse, batendo com a espada por sobre a cabeça de Annabeth, que se defendeu - Entreguem-me o acampamento, vocês estão me atrapalhando. Ainda preciso conquistar Nova Iorque.

— Verdade - Sabidinha disse, quase sem fôlego - acho que você não tem a noite toda.

Annabeth desferiu um golpe particularmente difícil. Tentou cortar a deusa de baixo para cima, mirando a adaga na cintura de Nix, porém esta se defendia usando seu vestido obscuro, então a garota soltou a adaga, se posicionou no momento certo, e atacou quando a deusa abaixou os braços: segurando os ombros de Nix, Annabeth lhe deu uma cabeçada certeira.

Netuno assoviou, impressionado.

— Minha irmã, eu poderia dizer que aquela garota é filha de Ares. - ele disse enquanto alguns semideuses começavam a cercá-los, demonstrando certo alívio.

— Me respeite - Athena disse - eu sou a deusa da sabedoria. E da guerra.

— E cabeça dura - Minerva disse sorrindo de si mesma.

Mas o sorriso desapareceu da boca da deusa quando eles viram, ao longe, uma múmia em vestido surrado e face denegrida caminhando sobre o campo de batalha. Os semideuses próximos apontavam e alguns novatos, ainda não reclamados, estavam atônitos. Ela começou a emitir uma luz esverdeada, e, pouco a pouco, o local foi tomado pela bruma verde do oráculo. A pitonisa mumificada chegou até o espaço gramado antes da praia, onde os deuses permaneceram.

Eles respiraram o que ela exalava.

"Muito bem - disse uma voz feminina - vocês chegaram aqui. Agora que o destino está quase selado, o que vão fazer com a quarta parte da profecia?"

Mais à frente, Nix cambaleava, sua sombra tremulando. Mas não era por causa dela. Algo saía da sombra. Alguém, com uma majestosa capa repleta de rostos com feições de dor, e com um elmo negro com penas de pavão adornando o topo. Ao sair completamente, era mais alto do que qualquer um ao seu redor. Tinha uma presença opressora. O Rei do Submundo chegara. Aquilo era questão dele. Observando os arredores, reparou que seu autômato estava cumprido seu dever. Agora ele precisava cumprir o dele próprio.

— Nix, vamos embora - ele disse, os olhos escuros faiscando para a deusa da noite, o ar vibrando ao seu redor, os rostos verbalizando em sua roupa suntuosa.

— Eu não vou - ela rugiu - enquanto não destruir toda Long Island. Toda Manhattan. Nova Iorque em seus pormenores!

Hades a rodeou, de forma que ela parecia menor a cada passo que o deus dava. Seus olhos de contas brilhavam de raiva. A deusa saiu de seus domínios sem permissão. Ele descobrira isso da forma mais ridícula: sua sogra, Demeter, chegou no palácio e estranhou a claridade do Submundo. A noite tinha saído para uma voltinha. Ridículo. Aquilo era inaceitável, ele queria o conforto da noite de volta. Fora obrigado a possuir Percy Jackson. Inaceitável.

— Não - ele respondeu - não é isso que você quer. Você não sabe o que quer.

— O quê? - ela olhou nos olhos dele, o pescoço tenso, o rosto virado para cima.

— Você possui tanta liberdade que não sabe o que fazer com ela. Eu vou te dar umas tarefas... - ele a pegou pelo braço - tarefas que nem as parcas pensariam em cogitar.

Ele se virou para Annabeth, que estava caída, sentada, na areia da praia, com um olhar abobado e a testa vermelha, consequência do seu golpe. Ele observou a calamidade que estava o Acampamento, depois olhou para o Cérbero, que engolia duas dracanae. Ele deu um sorriso fraco, em cicatriz, e olhou para os deuses a alguns metros de distância.
— O que estava a meu alcance eu fiz questão de resolver. A... - ele parou para pensar - a romã podre está com vocês.

"A batata quente, ba-ta-ta quente" - Percy corrigiu mentalmente.

— Netuno, Minerva... - seu gentiu lado romano deu um aceno educado e puxou a deusa consigo, desaparecendo na escuridão em que veio, Nix estupefata nos braços frios dele.

A múmia virou seu crânio enquanto tudo isso acontecia, como se ela pudesse ver e ouvir o que se passava ao seu redor. Ela voltou a cabeça para os deuses, como se os desafiasse. Nice sobrevoou a todos, constatando que eles finalmente estavam livres dos ataques dos monstros: todos haviam sido devorados ou derrotados. A batalha terminara. Alguns semideuses vinham descendo a colina, filhos de Apolo, e começavam a carregar os feridos para serem curados.

Nice pousou no ombro de Athena. Então Poseidon falou.

— Nós viemos resolver isso, Cloto, nós viemos para finalizar a profecia. - ele encarou a múmia - mas do nosso jeito.

Os quatro sabiam o que fazer. E como fazer. Athena se ajoelhou, ainda que Minerva lutasse para não o fazer ("Eu sou a deusa da sabedoria e da arte, não me ajoelho perante coisas feias como múmias"), enquanto Poseidon e Netuno repousavam suas mãos sobre a cabeça da deusa instável. Annabeth, com a ajuda de Percy, veio caminhando até essa reunião Olimpiana, e compreendeu os padrões: elas iriam se separar definitivamente.

E ela não se oporia.

Os deuses começaram a emitir certo brilho, como se suas formas pudessem mudar a qualquer momento. Poseidon enconstou sua mão no lado direito da cabeça da deusa, enquanto Netuno enconstou sua única mão no lado esquerdo. Nice, observando que Netuno não tinha uma das mãos, se prontificou a ajudar na separação. Precisaria de força para separá-las, e era bom ter por perto a deusa da vitória.

— Eu, Poseidon...

— Eu, Netuno...

"O dia obscuro, confuso ficará. Quatro deuses comunidos, o destino alterar. O icor, dourado, semideuses curar. Independência ou morte... Não precisamos do final, sabemos o que fazer".

— Compreendo o fio da vida, e ajudo a trazer dualidade o que era um. Athena, Minerva - disseram os dois em uníssono - independam-se.

As mãozinhas de Nice encostaram no cocuruto da cabeça delas, e um brilho intenso tomou conta de todo o acampamento, muitos semideuses colocando o braço no rosto para evitar a luz. Então, quando o brilho diminuiu, não havia apenas uma deusa, mas duas. De um lado, a deusa a qual eles seguravam a cabeça possuía compridos e encaracolados cabelos escuros, um rosto anguloso e desafiador, e um vestido de cor púrpura, sob uma armadura romana. A capa sobre suas costas e o elmo com uma escovinha sobre o mesmo denunciavam que aquela era Minerva.

Mais à frente, havia a deusa que Percy e Annabeth conheciam: cabelos medianos e enrolados, num tom de louro muito claro, olhos cinzentos e afiados, e vestido completamente branco. Um adorno em seu braço direito e sua cintura, em ouro puro, e uma tiara que se assemelhava a uma coruja de asas abertas... Aquela definitivamente era Athena. E ela tinha em sua mão direita uma Nice muito animada e aliviada, pulando de alegria.

Athena caminhou até Minerva e lhe estendeu a mão.

— Finalmente estamos bem, irmã.

— Eu - Minerva começou - nós sempre seremos uma. - Minerva disse enquanto pegava a mão da deusa e a puxava para um abraço.

Annabeth sorriu e uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Os outros observavam a cena e muitos já comemoravam a vitória contra a deusa Nix e suas hordas. Eles viam o céu acinzentar, o dia começava a querer despontar. Annabeth caminhou com a ajuda de Percy de encontro às deusas. Sem dizer uma palavra, puxou as duas para um abraço. Um abraço que demonstrava gratidão: se não fossem elas e sua benção... Não. Ela nem queria pensar no que teria acontecido ao acampamento. Ao seu namorado. À tudo que ela amava.

O dia 04 de julho passava lentamente para 05. Eles estavam bem.


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Notas finais do capítulo

Ainda vem o epílogo. Obrigado por acompanharem até aqui!



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