Capítulo 2 - Narrado por Thalia
Fire Stater - Demi Lovato

There's an "S" under my clothes
On my chest where nobody else can see
I light up when the doors are closed
I am free, yeah
And I wish I could make my move
I can tell that you're really into me
And I don't got a thing to lose
In my dreams, in my dreams

Mais um para sua lista.

A garota arrumava o caimento da blusa preta de caveira que usava calmamente enquanto mais um idiota gritava com ela.

–Você não entende o que é ter sentimentos?! - o garoto perguntou

–Não, Luke. Eu não entendo. - falou e sorriu. Parecia uma criança inocente com o sorriso calmo, mas os olhos não negavam. Ela estava se divertindo. Os olhos azuis elétricos estavam vibrando. Era engraçado a descrença deles, pelo menos era isso o que Thalia achava.

Sempre que algum maldito garoto acabava se apaixonando por ela e levava um fora, a mesma expressão se estampava em seu rosto.

Primeiro, o sorriso ia se desmanchando. Depois, os olhos iam se estreitando como se eles não acreditassem naquilo.

No fim, eles gritavam algumas dúzias de palavras e iam embora, evitando encontrar com ela nos dias seguintes.

Ela achava engraçado o quão idiota alguém poderia ser, mas não os culpava. Você não escolhe por quem "se apaixona".

Ela sabia que essa coisa de "amor verdadeiro" era só o nome não oficial para "suicídio a dois". Sabia que não dava certo se apaixonar, afinal ela tinha um exemplo em casa.

Os garotos com os quais ela ficava, geralmente a acusavam de ser "maluca". Mas ela se considerava apenas realista.

E agora, enquanto via o loiro se afastar, entrar no carro e dar a partida, ela sorria vitoriosa.

I'm a bad-ass jumping off the moving train
I'm a Jane Bond, putting all the guys to shame
I'm a wild card, and I'm gonna steal your game
You better watch out

Estava próxima ao seu lugar favorito de New York.

O lugar era uma praia que estava sempre vazia e que tinha rochas muito altas de um lado, que acabava no mar. Ela e Percy (namorado de Annabeth e seu primo) costumavam se aventurar em coisas do tipo.

Então ela não pensou duas vezes, antes de pegar a mochila que estava no chão e sair andando até a conhecida trilha que levava à praia.

Andou por vinte minutos sem parar, tentando desviar dos troncos de árvores caídos no chão.

Mesmo estando no meio do outono, o tempo ainda era quente. Os ventos eram fortes, mas não traziam frio.

Chegou até a praia, onde a areia fofa fazia seus pés afundarem. Viu, ao longe, as pedras.

Deixou a mochila no chão e trocou de roupa. Colocou uma T-shirt preta e um short de malha.

Subiu a trilha por entre as pedras, já sentindo a adrenalina.

Chegando lá em cima, avistou o tronco enorme aonde Annabeth costumava se sentar enquanto esperava Thalia e Percy acabarem as "maluquices".

Annabeth era uma das pessoas mais importantes para Thalia, afinal de contas, elas estudavam juntas desde o pré-escolar.

A loira costumava dizer que Thalia era uma "destruidora de corações" de primeira.

I'm a fire starter, make your blood run faster
I melt hearts like water
Yeah yeah oh woah yeah
I'm a fire starter, I'm a sweet disaster
I melt hearts like water
Yeah yeah oh woah yeah
Yeah

Caminhou até a beirada e observou em silêncio as ondas se agitando abaixo de si.

Prendeu o cabelo com as mechas azuis que caía sobre os ombros, lembrando-se da primeira vez em que pulara daquele mesmo lugar.

“Para pular de algum lugar na água, você deve se lembrar de três passos”. – Percy dizia, enquanto Thalia deixava a mochila perto de Annabeth, que lia distraidamente um livro. – O primeiro é checar o vento.

–Sim senhor, capitão. – Thalia brincava, tentando aliviar a tensão que se instalava nela.

“O segundo é ver se a praia está vazia, para evitar o fato de os banhistas ficarem gritando “ah, ele vai se matar”. – Percy riu e Annabeth se levantou e foi até eles, cortando a explicação.”

–Não consigo me lembrar do terceiro passo! – a garota gritou, ouvindo o eco no local.

Ela fizera os dois passos anteriores. O vento não estava forte e a praia estava vazia, só havia um carro estacionado bem longe.

Ela ignorou totalmente seus instintos, que diziam para ela não pular sem ter certeza de que estava segura, e pulou.

Em um movimento inconsequente e rápido, ela estava no ar em queda livre.

I might look all innocent

But the embers are burning inside of me

And I'm ready to take that step

Can't you see, can't you see

O vento batendo no rosto, a adrenalina correndo nas veias e o choque de realidade a atingiu.

O terceiro passo.

“Só pule se as ondas não estiverem indo para o lado das pedras. Isso pode acabar te jogando pra cima das pedras e te machucando.”

Rapidamente olhou para baixo, enquanto o pânico se espalhava por ela.

Concluiu que as ondas estavam do jeito errado, jogando-a para cima das pedras quando era tarde demais.

A água gelada a absorveu, tão rápido quanto uma criança que estava andando e caiu.

Por conta do imprevisto durante a queda, ela não conseguiu prender bem a respiração, o que fez seus pulmões queimarem quando entraram em contato com a água salgada que a garota inalava sem querer.

Conseguiu voltar à superfície e respirou fundo, sentido todas as células de seu corpo clamar por aquele oxigênio.

As pernas, que a mantinham na superfície, já estavam ficando dormentes.

Achou que agora seria fácil. Era só nadar pelo canto até a areia, certo?

Errado.

Uma onda enorme (lê-se: outra onda enorme) a atingiu e a lançou nas pedras.

A morena bateu nas pedras com a perna e sentiu algo como um punhal atravessar seu tornozelo. Gritou, antes que fosse engolida por mais ondas.

Ela se viu afundando. Indo para a escuridão.

Os pulmões pareciam estar em brasa, mas ela sabia que, desta vez, não conseguiria voltar.

Morreria assim? Afogada na praia que serviu de cenário para mil e uma aventuras com seus amigos? Morreria sem ouvir mais uma vez a risada de Annabeth e sem ouvir Percy a chamando de “Cara-de-pinheiro”?

Seria tão rápido assim? Sem ninguém para ver?

Poxa, ela era Thalia Grace. Ia querer uma maneira que chamasse mais atenção!

Mas agora ela não tinha opção. Tarde demais, Thalia.

Deu-se por vencida e deixou finalmente o peso do corpo descer

I'm so high

I'm burning up, kiss your lips, I'm waking up

There's nothing more to be afraid of

There's an "S" under my clothes

On my chest where nobody else can see

Ela achou que realmente estava tudo perdido, até sentir uma mão desconhecida a puxar pelo braço, levando-a para a superfície.

Arfou quando o ar chegou aos seus pulmões, mas ela não sentia nada além da dor lancinante no tornozelo.

Eram apenas borrões em seus olhos. Ela conseguia distinguir a claridade do sol e as ondas que a sacodiam. Conseguia sentir que alguém nadava e a puxava para a parte rasa da praia.

Foi colocada na areia e alguém mexeu em seu tornozelo. Gemeu de dor e virou para o lado, sentindo a água dentro de seus pulmões.

E então ela apagou, ouvindo a voz rouca de alguém que ela nem sabia quem era, dizendo “Por favor, acorde.”

Ela queria. Queria acordar para ver o que havia acontecido, mas a água em seus pulmões continuava a incomodando.