Acordei pela manhã e quase engasguei em uma gargalhada. Scott estava com a cara caída no travesseiro (não sei como ele não se sufocou), estava com uma perna dentro e outra fora do cobertor, a mão caída da cama, arrastando no chão. Só faltava ele começar a babar, o que ele ainda não estava fazendo, graças a Deus.

Eu não suportava ver uma pessoa de boa, eu tinha que acabar com isso, era meu dever! Mesmo lembrando do que aconteceu há algumas horas atrás, eu não fiquei com pena dele. Eu queria saber o que aconteceu com ele, o porquê dele ter agido assim, o que ele havia sonhado, mas se ele não queria falar, eu não iria pressionar, já que como ele, eu também tenho pesadelos, os quais quero esconder de todos. E não gostaria nem um pouco que ele espiculasse na minha vida, por isso (só por isso) não vou espicular a dele também.

Enfim, o que eu fiz? Fui no banheiro, peguei pasta de dente (quase me senti má com isso... Quase) e coloquei na sua mão, eu nunca havia feito alguma coisa assim, mas já vi vários filmes de garotas más e rebeldes que faziam isso, então... Por que eu não posso fazer também? Se elas podem eu também posso.

E então para terminar o serviço, fiz cócegas no rosto dele, e quando o idiota foi se coçar... Bom, acho que você já sabe certo?

–O que...? –ele começou, mas parou quando me viu na sua frente, com uma pena na mão, e segurando o riso. –Sua diabinha... Isso vai ter volta!! –disse ele esfregando as mãos com um ar de psicopata do tipo “eu vou matar você, e você sabe disso”. Eu não fiquei com medo... Só... Curiosa? O que ele vai aprontar??

Ele se levantou e foi para o banheiro se lavar, terminei de me vestir e peguei minha mochila, seguindo para a cozinha, onde Andressa (eu ainda vou me vingar dela) e Carol, tomavam o café.

–O que foi aquela gritaria toda ontem? –perguntou Carol, quando eu me sentei na frente dela, com uma tigela de cereal de chocolate (sim, eu sou chocólatra, algum problema?)

–Ah... Vocês ouviram? Bem foi... –antes que eu pudesse terminar, fui interrompida.

–Uma barata, e a Alice deu uma louca, sabe como é. –Scott apareceu na sala, com a mochila jogada em um dos ombros, e parado me encarando como se dissesse “se você abrir essa maldita boca eu arranco suas cordas vocais e jogo para os cães” (o que eu não duvidava muito... Ah, okay... Claro que eu duvidava, mas... Se ele quer me ameaçar, quem sou eu para impedir?)

–É... Sabe era uma aranha terrível, parecia um gigante. –disse eu me desculpando com os olhos com ele, se ele queria que eu ficasse quieta, eu ficaria (mas só com isso).

–Aranha? Scott não disse que era uma barata? –disse Carol erguendo os olhos do sanduiche que estava comendo. Carol, por que você não pode calar a boca?

–É que eram uma dupla de amigos sabe? Uma barata e uma aranha... –disse eu com um sorriso torto, Scott revirou os olhos e saiu do quarto me lançando um olhar de ‘não diga mais nada” e Carol bufou com a minha “lógica” das duplas de amigos... Qual o problema? Se uma aranha quisesse ser amiga de uma barata? Deixa elas serem felizes!

Terminei de tomar café e sai do quarto, tinha aula de História, e então segui para o auditório, que era onde tínhamos aula com um professor baixinho e gorducho com óculos redondos e barba por fazer, ele parecia um anão, nada contra anões mas... é!

Eu estava passando pela porta quando alguém (se é que posso chamar aquela ‘coisa’ de alguém) me passa uma tranquinha e eu caio de cara no chão, meu queixo bate com força e eu escuto ele estralar. Ai! Isso sim doeu! Me viro e dou de cara com a Samanta me olhando com os olhos arregalados e a mão na boca, fingindo espanto. Ela não poderia ser atriz nem aqui nem na China, por que dava para ver a cara falsa dele do outro lado do corredor. Isso não vai ficar assim!

–Opps! –ela diz e sorri maldosamente, e anda para dentro da sala de aula, seguida por seus clones do mal. Isso DEFINIVAMENTE não vai ficar assim. Ela que me aguarde! “Alice Vingativa” acionada.

Wesley parou na minha frente e reprimiu um sorriso enquanto me ajudava a levantar. Nós fomos para o nosso lugar e Wesley se sentou do meu lado. E adivinha? Eu dormi na aula. Três vivas para mim. Acordei com a foz irritante do anão de jardim que chamavam de professor.

–Senhorita Alice?

–Humm? –disse eu com ar sonhador, que sumiu quando eu vi a cara dele. Ele queria me matar e me humilhar.

–Pode responder a pergunta? –disse ele erguendo uma sobrancelha, mas eu era mais esperta que ele... Eu acho.

–Já respondi. –disse eu e dei de ombros inocentemente.

–O que? –ele perguntou visivelmente confuso.

–Você disse “Senhorita Alice? ” Em tom de pergunta, e eu respondi “Humm? ” Então tecnicamente eu já respondi a pergunta. –O professor bufou e voltou a dar aula, eu e Wesley trocamos um soquinho.

Quando a aula terminou eu segui para o refeitório, era a hora da minha vingança. Peguei uma bandeja e enchi de comida, macarrão, sopa, brócolis e umas outras coisas estranhas que só essa escola mesmo para chamar aquilo de comida.

Fui andando em direção a uma mesa qualquer, mas de acordo com o meu plano, eu “acidentalmente” tropecei o cadarço do meu All Star surrado e ‘acidentalmente” minha comida caiu nos cabelos perfeitos e cara de porco da Samanta.

–Opps! –digo eu e saio dali, já disse que tudo isso foi ‘acidentalmente? ” Quando estou na porta do refeitório, olho para atrás e vejo ela de boca aberta e suas clonas tentando limpar ela, então um aluno qualquer grita: “Guerra de Comida! ” E eu vou para meu quarto, mas quando entro e firo meus tênis, colocando um chinelo, vejo que eles estavam um pouco “escorregadios” tiro rapidamente eles e vejo, uma gosma, nada legal, espalhado neles.

–Hugh! –gemo eu e tiro eles rapidamente correndo para o banheiro lavar meus pés. Escuto a risada de Scott seguida pelas palavras: “Isso foi pela pasta de dentes”.