De surpresa Percy e Annabeth foram visitar o Acampamento.

Não é como se eles não vivessem lá, mas como eles estavam no último ano do Colegial era uma grande correria. Percy viva na casa de sua mãe e bem, Annabeth também. Quando eles chegaram, Nico só pôde ouvir gritos dos semideuses de longe.

– O que está acontecendo aqui?

Will estava trabalhando na enfermaria, então Nico foi sozinho em meio da multidão ver o que acontecia. Seu coração pulou quando viu que aquele garoto alto no meio da galera era Percy.

Mas o mais engraçado é que Nico não se sentiu nem um pouco intimidado, envergonhado ou então apaixonado. Já tinha passado. O que ele sentia era uma estranha confusão, algo como “Puxa, eu já amei aquele cara”, desse jeito, com os verbos no passado. Will era quem ele amava, Will era quem o fazia se sentir bem.

Mas será que é possível apagar completamente a chama do primeiro amor?

Ele estava voltando ao seu chalé quando sentiu uma mão em seu ombro.

– E aí, Nico?

Percy estava ali ao seu lado, os olhos verdes brilhantes e chamativos o encarando. Mais atrás Nico percebeu que Annabeth também olhava para ele. O que será que eles queriam?

– Oi – a voz de Nico não saiu nem um pouco espirituosa.

– Poxa cara, fiquei sabendo a pouco tempo que você está namorando. Erm, parabéns!

– Quem te contou? – Nico perguntou meio na defensiva, mas então mudou o tom da voz. – Quer dizer, parabéns.

– Fico feliz em saber que está feliz. Tem um tempo?

Nico cogitou se dizia a verdade ou não. Optou pela verdade.

– Tenho sim.

– Enquanto vocês conversam eu vou ver como está o chalé de Atena, ok? – Annabeth se despediu com um sorriso e saiu. Lá estava Nico e Percy sozinhos.

– Vamos para a floresta. – Percy chamou.

A floresta era a mesma de sempre. As mesmas árvores, o mesmo cheiro, o mesmo tamanho. Mas estar lá com Percy dava uma sensação estranha. Ok, ele não gostava mais de Percy, mas eles estavam sozinhos e longe dos campistas.

– Sabe, Nico, eu me senti culpado.

– Pelo o quê? – Nico não entendeu aonde Percy queria chegar. O filho de Poseidon caminhava de um lado para o outro meio sem graça, as mãos nos bolsos do moletom.

– Sabe, por não ter notado. Por ter feito você sofrer.

– Isso não muda nada. Sabendo antes não iria me ajudar em nada. – Nico não podia acreditar que estavam falando sobre isso.

– Não?

– Não. Você iria querer ficar comigo? Claro que não. Você não gosta de meninos.

– Nico...

– Não se sinta mal, Percy. Eu estou bem.

– Você e o Will... Eu torço muito por vocês. É isso que eu queria que você soubesse agora, e que se precisar de ajuda com alguma coisa pode contar comigo e com Annabeth.

A menção de Annabeth fez uma raiva estranha despertar dentro de Nico.

– Ok. Era só isso que queria falar.

– Era

– Então vamos sair daqui.

– Nico?

– O quê?

– Você ficou bravo?

Nico não aguentou a pressão.

– Sim, Percy, eu estou muito bravo! Irritado de verdade. Sabe, tantas coisas nós semideuses passamos nesses últimos dois anos e você sempre era o centro das atenções. Claro que eu gostei de você, gostei porque você sempre foi grande e generoso e talentoso como um deus. Mesmo assim vivíamos no inferno. Fui para o Tártaro. Quase morri para trazer a porcaria da estátua da Atena até aqui, e sabe o que mais? Eu me sacrifiquei tanto porque tinha raiva de mim. Raiva por querer te impressionar, mesmo que eu reprimisse meus sentimentos. Mas agora estou feliz. Will me faz feliz como ninguém, como nunca senti. E eu não preciso de ajuda porque sempre me virei muito bem sozinho. E se eu precisar de alguém, peço ajuda ao Will.

Os olhos verdes de Percy quase saiam de seu rosto de tão chocado que ele estava. Nico precisava dizer aquilo, mas ele raramente se abria desse modo. A sensação era estranha.

Nico relaxou e então suspirou.

– Olha Percy. Relaxa. Você não tem culpa de nada porque não posso te pedir nada além de sua sincera amizade. Annabeth te ama, e eu sei que você também ama ela. Eu amo Will. Will me ama. Não tem nada de errado aqui. Amar é difícil, e manter o amor é mais ainda. Mas está dando tudo certo. Não se sinta mal em nada.

Percy olhou nos olhos de Nico nesse momento, aliviado. Então ele se aproximou.

– Eu só vacilei com você. Mesmo assim... – sua voz hesitou. – Você é uma pessoa incrível, Nico. Obrigado por tudo que fez por mim.

Percy sabia que Nico odiava abraços, mesmo assim o abraçou. Foi algo rápido, Nico rígido pelo ato inesperado. Mas não fazia mal em um abraço. Era apenas um abraço.

Eles voltaram da floresta, e Percy pediu licença para procurar Tyson que provavelmente estaria com Ella. Nico se sentou na frente do Chalé de Hades, os cabelos bagunçados em cima dos olhos. Depois de um tempo sentiu uma movimentação próximo a si.

– O que foi?

Era Will.

– Nossa, Will. Como eu te amo. – Nico se levantou abruptamente e deu um beijo em Will. – Você sabe que te amo, não é?

A conversa com Percy apenas o fizera notar o quanto precisava de Will ao seu lado. E Will precisava saber disso.

– Sei, claro que sei. E eu também te amo. Mas por que isso agora? – Will estava com o coração acelerado.

– Nada não. Só quero que você saiba que te amo. Obrigado por ser você.

Will abraçou Nico bem forte nesse momento, enterrando seu rosto no ombro do garoto.

– Obrigado por você ter feito eu me ver.