Capítulo 10 – Sonhe comigo

Uchiha Sasuke

Não sei por que o dia de hoje não conseguiu me alegrar em momento algum. De manhã, depois que Sakura recebeu o telefonema da mãe dela, meus olhos não pararam de vagar no horizonte. Não consegui me concentrar no café da manhã, na competição que ocorreu na praia e nem agora, no lual que está ocorrendo.

Sentei na areia e fiquei observando o horizonte ganhar tonalidades quentes. O sol estava se pondo e pintava o azul do céu em cores extremamente fascinantes.

Os gritos de Naruto fez lembrar-me do passado...

- Nii san! – abri a porta do quarto de Itachi e ele rapidamente escondeu alguma coisa embaixo da cama

- Sasuke! Já lhe falei para não entrar no meu quarto assim. Que droga!

- Gomen ne.

- O que quer?

- Nii san, como você sabe que está amando uma pessoa? – perguntei

- Amor? – ele coçou a cabeça – Bem... Quando você só pensa em estar ao lado dessa pessoa, quando só deseja vê-la sorrir. Ao se arrepiar por cada sorriso, por cada toque. Se sentir bem perto da pessoa. Quando você gosta muito de uma pessoa, que é capaz de enlouquecer por ela, que se parar um segundo, o rosto dessa pessoa lhe vem à mente. Querer protegê-la por cada coisa, mesmo que sejam coisas simples e idiotas.

- Isso é amor?

- Sim.

- Então eu amo a... – parei de falar e olhei para Itachi. Ele apenas sorriu para minha face corada

- Quando pensa em dizer a Sakura o que sente por ela?

- E quem disse que é a Sakura? – cruzei os braços – Não falei o nome dela.

- Claro, claro. Quando pretende dizer a essa garota?

- Não tenho coragem para dizer o que sinto nii san.

- Vem cá Sasuke, sente-se aqui. – ele sorriu e apontou para o espaço na cama ao lado dele. Andei calmamente e sentei – Quando você gosta de alguém você deve dizer o que sente o mais rápido possível. E irmãozinho, você já está bem grandinho para ficar com medo de uma garota. Além disso, sei que Sakura sente a mesma coisa por você.

- Eu quero muito falar com ela sobre isso... – olhei surpreso para ele – Acha mesmo que ela gosta de mim?

- Desde o primeiro momento que o viu.

- Nii san... O que eu digo a ela? Devo levá-la para jantar não é? É isso que os casais fazem.

- Não seja tolo Sasuke. Isso você só fará quando for muito mais velho, os dois ainda são crianças. Por isso, faça algo que crianças fazem.

- O que, por exemplo?

- Hm... Vá na praça e compre um algodão doce, sente-se no banquinho e converse. Até estar preparado para contar o que sente.

- Eu não gosto de algodão doce. – bufei

- Mas pela Sakura você irá gostar. – sorriu – E como sou seu irmão preferido, lhe darei dinheiro.

- É meu único irmão e obrigado. – peguei o dinheiro da mão dele e andei para a porta do quarto – Mamãe já sabe do seu esconderijo de revistas pornográficas.

Saí correndo do quarto de Itachi e fui para o meu. Teria que esperar a Sakura e meu coração estava acelerado só ao pensar em vê-la...

x-x-x

- Oi... – Sakura se aproximou sorrindo de mim e se sentou ao meu lado – Porque está aqui?

- Apenas queria um tempo para mim. Um tempo para espairecer.

- Sasuke porque seu tio não gosta de mim? Diga os motivos que você acha.

- Eu não sei Sakura. – olhei para ela – Realmente não sei por que ele criou uma aversão por você.

- Se você soubesse que estou guardando um grande segredo, um segredo que é capaz de mudar a vida de todos nós, você me perdoaria por não contar?

- Esse segredo tem alguma coisa haver com Madara? – perguntei intrigado

- Tem...

- E você não pode me contar?

- Não. Eu não posso. – Sakura segurou minha mão – Terá que confiar em mim.

- Eu confio.

Sakura sorriu. Me aproximei lentamente para beijá-la, antes de fechar os olhos, Sakura havia fechado os dela e apertado ainda mais minha mão. Ela não fugiria, não me bateria e eu não hesitaria.

- Sakura!

Afastei lentamente dela antes mesmo de colar meus lábios aos dela. Olhei friamente para aquele idiota que havia atrapalhado tudo.

- Sai kun. – ela o cumprimentou. Ah ótimo, para ele você usa o sufixo kun.

- Interrompi alguma coisa? – ele sorriu para mim, justo para mim.

- Ah, interrompeu sim. – falei.

-Sasuke! Não interrompeu nada Sai. Mas você me disse que não viria na viagem.

- Eu fiz um esforço. Pensei que seria melhor me divertir com você do que com obras de arte. Já que você é uma obra de arte.

Ah maravilha. Agora esse desgraçado está cantando minha mulher? Sem hesitação, levantei bruscamente da areia e o encarei.

- Aconteceu alguma coisa Sasuke kun? – ele me perguntou

- Óbvio que sim. Sakura está acompanhada.

- Pelo que eu ainda sei, vocês não estão juntos.

- Neste exato momento estávamos decidindo isso, antes de você nos atrapalhar.

- Me desculpe Sasuke kun.- sorriu – Entenda, Sakura nunca irá voltar para você. Ninguém te suporta.

- Sai kun! – Sakura se levantou

- Não se meta Sakura! Continue Sai...

- Está a fim de escutar a verdade Sasuke kun?

- Estou a fim de socar essa sua cara idiota!

Antes que seu sorriso irritante e falso se formasse na sua cara, avancei brutalmente e levei meu punho em sua face. Senti o liquido vermelho e quente escorrer pelos meus dedos mas mesmo assim continuei batendo nele.

- Repita tudo o que você falou! REPITA! – cuspi as palavras furiosamente

Desconectado da minha racionalidade, só fui despertado quando Sakura gritou por ajuda. Quando me dei conta, estava tentando escapar dos braços de Naruto e Suigetsu. Apenas para esmurrar o sorriso que apareceu no rosto do Sai.

- Está vendo Uchiha? Sabe que tenho razão. Sabe que irá se afundar na solidão. – cuspiu sangue na areia – Todos só se aproximam de você com interesse e quando veem o monstro egoísta que é, o abandonam. Seus pais te abandonaram, seu irmão e até mesmo sua adorável Sakura.

- Vou fazer você calar a boca seu imbecil!

- PAREM! – Sakura entrou no meio de nós dois e me olhou – Chega! Qual é o problema dos dois? Se nossos supervisores verem isso, acabou nossa viagem, nossas férias. Parem agora com essa idiotice. – ela olhou para o Neji que estava segurando o Sai – Neji, leve-o para a enfermaria do hotel. Faça isso com descrição.

- Vamos Sai.

- Que fique como alerta Sasuke kun. Ela nunca será sua novamente.

Observei Sai sumir da minha visão.

- Naruto, Suigetsu me larguem.

- Teme você não vai... – Naruto falou receoso

- Não irei gastar meu tempo com ele, apenas preciso ficar sozinho.

Eles me soltaram. Comecei a andar em direção do meu quarto, eu só queria ficar lá e não escutar nada e nem ninguém. Escutei Sakura falar alguma coisa, não dei atenção, apenas continuei a andar.

Sentado na cama e com uma garrafa de cerveja na mão eu tentava organizar minha mente. Eu estava furioso.

Deveria ter passado trinta minutos em que eu estava sozinho no quarto e com mais seis garrafas vazias no chão. Até que Sakura entrou e se sentou ao meu lado, mais uma vez.

- Limpou o ferimento da sua mão? – ela me perguntou

Não respondi. Olhei para meu punho e entendi o porquê de ter sentindo rapidamente o liquido vermelho e quente. Eu havia cortado. E era um corte feio.

- Vejo que não escutou o que eu disse lá na praia. – suspirou – Vamos, vou fazer um curativo.

- Não é necessário. Me deixe sozinho. – falei rispidamente

- Te deixar sozinho? Te deixar se afogar no álcool? Porque está fazendo isso Sasuke? Hã?

Olhei para ela e vi seus olhos marejados.

- O álcool me faz levitar, esquecer meus problemas.

- Pare com isso, por favor. – ela me abraçou – Isso irá destruir você.

- Volte para a praia e se divirta. Não deixe que meu mau humor interfira na sua viagem.

- Você quer esquecer seus problemas não é? – ela me olhou fixamente – Portanto farei com que esqueça. Acabou o tempo Sasuke!

Deixei a garrafa cair no chão e só me preocupei em receber os lábios urgentes de Sakura. Ah como é bom sentir o gosto dela novamente. Dizer que Sakura tem gosto de cerejas seria mentira. O sabor dela é o mais doce, mais amargo, mais delicioso que alguém poderia ter. Um sabor viciante...

Separamo-nos para buscar ar. Olhei para ela e seus olhos estavam afundados no êxtase. Sakura arfava...

- Quem deveria acabar com o tempo seria eu, não você. – suspirei – Está fazendo isso só por causa do que o Sai falou não é?

- Dane-se o que o Sai disse. – ela começou a beijar meu pescoço – Senti falta disso tudo. Seus beijos... Deveria ter acabado com esse tempo naquele dia, lá na biblioteca.

- Sakura, pare de sentir pena de mim.

- Não estou com pena de você Sasuke kun. – sorriu – Eu ia deixar que me beijasse antes do Sai aparecer.

- Está querendo dizer...

- Eu iria acabar com o nosso tempo naquele exato momento.

Dei um sorriso de lado e ataquei seus lábios novamente.

- Eu quero você... – ela falou arfando enquanto eu me deliciava com a pele do seu pescoço – Estou com saudades. Sasuke...

- Você quer ser minha novamente Sakura? – puxei suavemente seu cabelo

- Quero. Eu quero ser sua Sasuke kun...

- Eu também senti saudades de você.

x-x-x

- Sai, está doendo muito? – Ino se aproximou receosa do moreno que estava sentado na enfermaria – Sasuke...

- O que está fazendo aqui Ino?

- Fiquei preocupada. – a loira olhou para o nariz inchado de Sai e suspirou – O que você falou para ele? Que o fez ficar tão louco ao ponto de deformar sua face?

- Acho que isso não deve te envolver. – sorriu – Obrigado por se preocupar comigo.

- Foi a Sakura não foi? Só há uma coisa que o faz tirar do sério... Sakura.

- Sim, foi ela. Por quê?

- Eles se amam Sai, você não deve se meter.

- Sasuke não ama ninguém. Sakura merece alguém que não a magoe.

- E você merece alguém que o ame. – ela o olhou com os olhos suplicantes – Sakura não irá te amar.

- A feiosa verá quem irá fazê-la feliz. – Sai se levantou da cama e começou a andar – Eu irei dormir. Obrigado mais uma vez.

Ino escutou seus passos se distanciarem. Com a mão no coração, as lágrimas caiam sem impedimento no chão. Lágrimas grossas...

- E quem irá me fazer feliz Sai? Se o único que eu preciso é você. – murmurou para o silêncio da noite.

x-x-x

Cansados, ofegantes e suados, nós dois estávamos deitados apenas curtindo o silêncio do momento.

- Amanhã tudo vai mudar não é? – o som da sua voz soou alto nos meus ouvidos. Remexi involuntariamente. O carinho dela é tão gostoso... – Nós dois...

- Quem decidiu acabar com o tempo foi você. – levantei a cabeça e a olhei

- Engraçado como nós nos transformamos na hora em que fazemos amor. – gargalhou – Temos a conexão perfeita.

- Que bom que meu desempenho não decaiu ao longo do tempo.

- Não seja besta. – Sakura sorriu e voltou a fazer carinho na minha cabeça

- Sakura...

- Hm?

- Quer namorar comigo? – perguntei

- Não Sasuke... Ainda não estou pronta para assumir um relacionamento sério.

- Entendo. Podemos ter um namoro não sério?

- E como seria isso?

- Como estamos agora. Sem compromisso sério.

- Apenas quando sentirmos saudades, nós... – bufou – Sasuke isso é nojento.

- Não está me entendendo... Você não quer namorar, mas também não quer ficar longe de mim. Estou errado?

- Não.

- Portanto, como eu também não quero ficar longe de você, nós dois enquanto não estivermos namorando, podemos ser amantes. Como nos velhos tempos. O que acha?

- Não quero que se envolva com outras mulheres.

- Não irei me envolver. – sorri – Você será a única.

- Até eu ter certeza que poderei confiar em você?

- Até o tempo que você quiser.

- Reviver os velhos tempos será divertido. Agora vamos dormir, estou cansada.

- Sakura... – lhe dei um beijo demorado – Sonhe comigo.

- Sempre.