–Sam? - levanto a cabeça assustada - O que faz aqui? "

–Uai, eu moro aqui! - Digo.

–Não sabia que tinha se mudado para o lado ado de fora do apartamento!

– Não me enche, por favor. Não estou a fim de discutir com você!

–Ah, o que foi? - Griffin se senta ao meu lado apoiando minha cabeça em seu ombro - Por que está toda bravinha hien?

– Estou normal ué. Você que anda vendo coisas onde não tem.

–Ah, já saquei. Ficou toda abalada com o Freddie e a Wendy se beijando ali na portaria né?

– Ah, você também viu. – Fiz cara de tediada – Deviam fiscalizar. Animais não podem ficar empacando a calçada.

– Fez outra vez. – Ele já começa a rir.

– O que?

– Está morrendo de ciúmes haha haha.

– Mas de novo com isso? Quantas vezes tenho que dizer que eu não gosto daquele idiota? Não ligo nem pra existência dele cara. – Afs não suporto isso.

– Calma, não precisa se alterar desse jeito. Foi só uma brincadeirinha.

– Quer um conselho? Evite brincar. – Me viro pro outro lado.

– Ok Sam. Me desculpe, não toco mais nesse assunto.

Ele se levanta e estende a mão para me ajudar a levantar.

–Então, você vai sábado ao baile da escola? - Griffin me pergunta.

– Que baile?

– Uai, o baile que vai ter de boas vindas.

–Ah, tinha até me esquecido... Bom nem sei, acho que sim né? Afinal, a Carly passou os últimos dias correndo atrás de vestidos perfeitos do exterior, pra gente, se eu disser que não vou ela da um treco.

– Ah, sim... A Carly é meio exagerada. - Começamos a rir - Mas, mudando de assunto, preciso de um favor seu.

– Se num me der nenhum trabalho.

– Não vai dar trabalho nenhum. Você só vai ter que responder algumas perguntas.

– Ai ó, já está dando trabalho.

–Sam!

–Estou brincando - dou uma risadinha - Mas do que se trata?

– É um projeto que eu e Freddie estamos fazendo pras olimpíadas. É um aparelho detector de mentiras. Ele detecta de acordo com os batimentos cardíacos. Ai a gente te faz as perguntas e o aparelho mostra como você reagiu àquelas perguntas e então podemos ver se está mentindo ou não.

– Saquei. Serei a cobaia então?

– Exatamente. E ai, topa?

– Está bem.

– Bom já vou indo, nos encontramos então na biblioteca depois da aula. - ele me abraça - Se cuida loira nervosinha.

– Olha a provocação hein cara, você conhece o tamanho da minha força. – Dou uma piscadinha e ele sorri.

Ele saiu e eu resolvi entrar pra dentro de casa, afinal, eu não posso passar a noite aqui né? Vou direto pro meu quarto, tomo um banho e deito. Estou tão cansada que a noite passou como se tivesse fugindo do tempo.

Bom aqui estou eu, mas uma manhã indo para escola, na qual, ultimamente nem me importo mais em ir... Passo por todas as aulas e vou direto para a biblioteca, onde tinha combinado com Griffin para testar o tal aparelho detector de mentiras. Entro na sala e me deparo com Freddie mexendo em suas coisas de nerd, Griffin não havia chegado. Não sei por que mais estou nervosa em ficar sozinha com ele, eu já fiquei várias vezes e nem senti nada. Aff era só o que me faltava, eu ficar assim por causa desse mané. Griffin chega logo, por favor.

–Ah, oi Sam. - Freddie diz, assim que me vê.

–Então esse é o tal aparelho? - apontei para a mesa onde estava um notebook que ligava um negócio que mais parecia um rádio velho com uma tela.

–É sim, você gostou?

–Pra mim, não passa de mais uma das suas nerdisses.

–Ah, claro, você não poderia pensar diferente né?

–Ah, tanto faz! Não me importo.

–Se você não se importa por que esta aqui?

–Pra ajudar o Griffin.

–Ajudar o Griffin, claro, não podia ser outra pessoa.

–Olha aqui, nerd, eu não estou a fim de ficar escutando suas insinuações.

–E não precisa, a porta é a serventia da casa.

–Esta me mandando embora?

–Não, só estou dizendo que se for pra ficar aqui dizendo só coisas ignorantes é melhor você ir fazer outra coisa e deixar outra pessoa, que realmente tem prazer de ajudar, fazer o teste.

–E quem disse que não tenho prazer em ajudar?

–E tem?

–Claro.

–Nossa seus comentários mostram muito isso.

–Olha aqui, Freddie... - Chego perto dele.

–O que foi Sam? - Ele chega mais perto de mim, fazendo nossas respirações se misturarem.

–Eu não...

–Olá pessoal! -Griffin chega antes que eu e Freddie nos atacássemos com palavras - E ai prontos para o teste?

–Estamos - eu e Freddie falamos juntos.

–Bom então vamos lá, Sam, por favor, sente-se aqui - ele aponta pra cadeira de frente ao aparelho - Agora vai aparecer algumas perguntas aqui na tela e você vai responder sim ou não. Não vale responder outra coisa, além de sim ou não. Entendido?

–Sim. - Dou uma risadinha.

–Isso mesmo, pronto ai Freddie?

–Pronto.

–Vou começar.

Respondi várias perguntas, confesso que algumas me deixaram na dúvida e meio nervosa, principalmente uma. Na última pergunta o aparelho começou a apitar sem parar e uma luz vermelha a piscar. Deve ter dado defeito. Freddie olhou para o note e fez uma cara de assustado, ficou olhando para mim, depois para o Griffin.

–E ai, o que aconteceu?

– Ah... Nada não, preciso achar uma tomada - Freddie disse gaguejando - Ah... Eu já volto ta?

–Como assim? Aqui tem um monte - Griffin ficou sem entender.

– O que aconteceu?

– Acho que seus batimentos se alteraram um pouco. Qual foi a última pergunta?

– Se eu estava apaixonada por alguém daqui da sala, vê se pode? Absurdo esse tipo de pergunta.

– Você respondeu não né?

– Claro! Pra que eu iria mentir?

– Hum – Ele faz cara de pensamento - Tá explicado.

– Então me explica ué.

– Não é nada não. Vou lá ver o que aconteceu.

Era só que me faltava. Vou até meu armário guardar minhas coisas e me deparo com Carly toda animadinha.

–Oi Sam!

–Oi Carly!

–E ai, como foi no teste?

–Foi bem, mas no final, não sei por que, o Freddie saiu correndo todo nervoso com aquela coisa apitando, nem falou o resultado. Mas também nem me importa.

–Ah... Tah, e... Você e o Griffin?

–O que tem eu e o Griffin?

–Tipo vocês ficaram sozinhos lá na biblioteca...

–Carly, aonde você esta querendo chegar?

–Ah, Sam confessa, você está afim do Griffin!

– Hã? Claro que não, da onde você tirou isso?

–Ah, não precisa ficar assim, amiga, o que mal tem? Ele é lindo, legal... Perfeito pra você!

–O que? Carls eu nunca...

–Sam, se é por causa de que eu sou a ex dele, não se preocupe, ele agora pra mim é passado e o Gibby é meu futuro... Então bola pra frente... Vai amiga pega ele logo, antes que outra chegue na frente.

–Carly, eu não estou afim do Griffin. Ele é como um irmão pra mim.

–Sam, para não precisa mentir, o Freddie me mostrou o resultado do tal aparelho lá.

–E?

–E que na última pergunta dele, que foi se você gostava de alguém que estava perto de você naquele momento, deu mentira, quando você disse não. E seus batimentos aceleraram muito.

Aquele nerd safado se aproveitou da ocasião pra me tirar informações. Ah ele me paga.

–E dai? Pode ter dado errado.

–Errado? Ai amiga me poupe né? O Freddie me disse que outro dia viu vocês dois abraçadinhos lá em frente do seu apartamento.

–Abraço de amigos?

–Sam, confie em mim...

–Carly, olha escuta, eu não estou afim do Griffin e pronto sem mais perguntas e respostas ok?

–Ok amiga, não vou insistir mais, se você não quer aproveitar as oportunidades, você é quem sabe... Bom eu vou indo... Tenho que descansar pra amanhã eu estar bem disposta pra festa, que inclusive você vai arrasar com vestido que eu encomendei pra você.

–Tanto faz. Até amanhã.

–Até! Beijinhos...

Era só que me faltava, pensarem que estou afim do Griffin. Então por isso que o Freddie saiu todo nervoso, e a culpa é daquele aparelho idiota lá. Não faz sentindo, eu não menti. Disse a verdade. Não havia ninguém na sala que eu pudesse estar afim. Ou será que tinha um super gatinho e eu não o vi? Ah foda-se! Não estou nem ai. Preciso me concentrar agora em como provar que não estou apaixonada pelo Griffin. Mas no momento meu cérebro não responde a mais nada. Vou fazer que nem a Carly: descansar, por que amanhã vai ser um longo dia, ou melhor, vai ter uma longa noite.

Acordo morrendo de preguiça, olho no relógio que marca exatamente 13h00min da tarde. Dormi demais, minha barriga já está roncando pedindo comida. Vou para cozinha e preparo um daqueles sanduiches bem gordo e tomo uma garrafinha de suco natural de laranja. Agora sim, estou satisfeita, até demais, sem contar que me bateu agora um desanimo mortal, acho que vou tirar um cochilo até a hora de começar a me "bonecar" para a festa.

Estou flutuando num lugar onde tudo é feito de doce, até a água é feita de chocolate quente, quando começo a me sufocar com algo gelado cobrindo meu rosto... cof, cof, cof...

–Sam, Sam acorda menina! Você vai se atrasar! - Pam começa a gritar após me jogar um balde de água gelada.

–Qual é Pam? - grito - Precisava me jogar água?

–Uai você não acordava! Foi o único jeito de fazer você levantar.

–Tá, mas o que foi?

–Como o que foi? Você precisa se arrumar pro tal baile.

–Que horas são?

–Já são sete horas, anda depressa, o Griffin passa aqui para te pegar às oito!

–Hã? Como assim o Griffin?

–É ele ligou mais cedo dizendo que vem te buscar.

Que ótimo. Agora sim que vão pensar que estou afim dele e que estamos juntos! Tipo eu nem me importo, até acho legal, que o Griffin me leve ao baile, mas justo hoje com todas essas fofocas rolando?! Tudo por culpa daquele nerd idiota! Mas enfim não dá pra reverter o que já foi feito, acho melhor ir me arrumar tenho exatamente cinquenta minutos pra ficar pronta. Vou direto para o banheiro, tomo um belo banho, lavo meu cabelo e faço uma limpeza de pele.

Abro meu guarda roupas e pego o cabide em que está embrulhado o tal vestido vindo de Paris. Ainda não tinha visto, mas quando abro o pacote tenho uma grande surpresa. O vestido é lindo. Lindo até demais para uma festa onde eu estou indo sem a menor vontade. Me visto, coloco uma sandália de salto, seco meu cabelo, ajeito meus definidos cachos e faço uma leve, mas formal, maquiagem e fim já estou pronta, e bem em cima da hora pois já escutei a campainha tocar.

Desço as escadas e Griffin está lá parado perto da escada me esperando descer. Estou me sentindo como um daqueles filmes em que a princesa desce as escadas e seu príncipe esta a sua espera para ajudá-la pegando em sua mão.

–Nossa você esta linda Sam!

–É eu sei. – Me exibo.

– Humilde nem um pouco né?

– Uai, eu tenho espelho. – Ele ri.

–Então, espero que não tenha achado ruim eu vir te buscar, eu liguei pro seu celular, mas foi sua mãe que atendeu.

–Que isso, por que eu acharia ruim meu irmãozinho vir me buscar?

–Ah, sei lá... Então, vamos?

– Sim, mas antes eu preciso falar urgentemente com você.

– Meu Deus, o que foi?

– O fato é que a Carly e o Freddie acham que estou apaixonada por você. Prontofalei.

– Ahh então é isso.

– O que? Por que?

– Ontem o Freddie chegou em mim e começou a jogar umas indiretas sobre você.

– Que tipo de indireta?

– Do tipo, querendo me convencer de investir em você. Acredita? – Ele diz em meio a risos.

– Ele e a Carly devem ter combinado.

–Como assim? Eles querem juntar nós dois? Por que?

– Foi o seguinte, lembra a hora que o Freddie saiu correndo com o aparelho lá de vocês apitando?

– Sei.

– Então. Parece que por alguma razão a última pergunta que me fizeram deu...

– Mentira. – Ele terminou antes mesmo de eu dizer.

– É, como sabe?

– Perguntaram se você gosta de alguém que estava na sala, você disse que não. Simples. – Ele me olha como se tudo estivesse normal.

– Pois é. E por isso, eles pensam que estou afim de você. Pois você estava na sala.

– Mas não tinha só eu lá. O Freddie também estava. Então, tudo isso confirma minha suspeita. Você gosta do Freddie.

– Um simples aparelho idiota não pode dizer quem eu gosto ou não.

– Não foi o aparelho foi você. Ele apenas capta suas emoções.

– Cara! Eu não gosto do Freddie. Quantas vezes vou ter que repetir isso?

– Não tudo bem. Você não deve satisfação pra mim, nem pra ninguém. Apenas pra você mesmo. Pode se enganar a vontade Sam, porque no fundo eu sei que você sabe que estou certo. Só não quer admitir isso pra si.

– Tá chega. Vamos logo pra essa coisa de baile.

Por alguma razão meu coração aperta de uma forma quase que impossível de caber uma célula se quer. Não consigo encontrar argumentos contra as palavras de Griffin, o que está tão claro e eu não consigo enxergar? Passei tantos anos brigando, provocando e pegando no pé do Freddie que tudo já virou rotina, não me vejo tratando ele de outra forma. Ele, por sua vez, mesmo as vezes revidando, sempre demonstrou o quanto se importa comigo e sempre me ofereceu amizade sincera. E como reajo? Ignoro e não percebo. É claro que ele é um mané, idiota nerd e paçoca e sempre encontrarei motivos para partir pra cima, mas isso não o faz uma pessoa desprezível. Ah tantas coisas nele que nunca parei pra reparar, tantas atitudes que nunca levei em consideração. Ele mudou muito. Eu também. Meus sentimentos começaram a me sufocar e nunca me dei liberdade para entendê-los e compreende-los.

Talvez o motivo de várias vezes me surpreender com um nervosismo inexplicável quando estou perto dele ou por não achar sua aparência de se jogar fora e por ficar extremamente perdida em seu olhar, que me pego muitas vezes tentando decifrar, seja algum sentimento bom. Um começo de uma paixão. Paixão. Não acredito que estou pensando nisso. Eu, Sam Puckett apaixonada por Freddie Beson. “Sam Puckett nunca namoraria Freddie Benson”. Talvez eu estivesse errada. Ou não. A questão é mesmo se eu pensasse nesta possibilidade de ter algo com ele, quem disse que seus sentimentos seriam os mesmo? Não sou do tipo que se apaixonaria por um Romeu, nem tenho os encantos de Julieta, mas não posso me dar ao luxo de viver como o amor entre eles.

Nem prestei atenção no caminho que fizemos de casa até a escola.