– Respira, cara. - Coloco a mão no ombro de Finnick. - Vamos, devagar. Inspira, expira. - Repito o movimento e ele me imita. - Se você está assim, hiperventilando, imagino como está Annie. - Resmungo.
– Isso é tão difícil! - Ele choraminga.
– Se casar? - pergunto franzindo o cenho.
– Não! Colocar essa gravata. - Me mostra o nó mal feito. Rio do seu desespero. - Pare com isso! - Repreende. Levanto as mãos em rendição.
– E aí, caras. - Gale entra na minha sala.
– Gale! Deus, como você conseguiu fazer isso? - Finnick apontou para a gravata com nó perfeito em seu pescoço.
– Ah, isso? Madge. - Deu de ombros. Finnick suspirou.
– Que merda! Nem um nó de gravata eu consigo fazer! - explodiu zangado consigo mesmo.
– Não era a noiva que tinha que ficar estressada nesse dia? - Gale pergunta sussurrando do meu lado, meio assustado, meio zombeteiro. Rio de sua brincadeira.
– Calem a boca! - Finnick aponta para nós e congelamos.
– Ei, pessoal, o que tá acontecendo aqui? Acho que a vizinhança inteira está ouvindo seus gritos, Finn.
– Katniss! - Finnick suspirou aliviado e deu um abraço de urso na morena. Ela estava estonteante. Seu vestido era longo e leve, na cor laranja. Seu cabelo se encontrava com alguns fios soltos propositalmente, por causa do coque meio desarrumado. A maquiagem estava leve como sempre e ela estava mais alta por causa dos saltos nudes. - Me diga, por favor, que você sabe fazer um nó de gravata. - Pediu ele se desesperando de novo.
– É óbvio, grandão. Agora se acalme, vai dar tudo certo, tudo bem? - O olhou nos olhos.
– Mas, Katniss... - ele começou a falar, mas foi impedido, porque Katniss lhe deu um tapa no rosto. Olhei Gale, e cobrimos a boca para tentar sufocar uma risada.
– Mas nada! Finnick Odair, se controle! - Gritou na sua cara. - Você e Annie se amam e vão casar hoje, não importa o que aconteça! Então pare com esse mimimi! Olhe nos meus olhos! - mandou e o segurou pelos ombros. - Repita. - Ordenou. - Vai. Dar. Tudo. Certo. - Disse entre dentes pausadamente. Finnick mudou seu olhar de inseguro para determinado.
– Vai. Dar. Tudo. Certo. - Repetiu assentindo para si mesmo. - Vai dar tudo certo. É claro que vai dar tudo certo. Obrigado, Katniss.
– Não precisa agradecer. - Assentiu para ele juntando as sobrancelhas. - Agora vamos arrumar essa gravata, porque tem um casamento daqui quarenta minutos, sendo que vocês terão que chegar em vinte. - Finnick inclinou a cabeça para trás, deixando Katniss livre para fazer o nó. Em menos de dois minutos estava perfeito.
– Só isso? - ele a olhou incrédulo, e ela deu de ombros. - Eu preciso de um suco de maracujá. - Caminhou para a cozinha.
– Tem na geladeira. - Digo.
– Tá.
Katniss parou na minha frente e colocou a gravata em volta do meu pescoço e fiz o mesmo que Finnick.
– Annie te mandou aqui? - sorrio olhando o teto.
– Sim. Acho que ela sentiu o desespero de Finnick a alguns quarteirões. - Riu.
– Como ela está?
– Totalmente o contrário de Finnick. Quando saí do apartamento, ela tinha acabado de colocar o vestido e estava sentada na cadeira comendo morangos com chocolate.
– É, minha teoria de que Annie é o macho da relação está certa. - Abaixo a cabeça quando ela murmura "pronto". Niss ri.
– Concordo.
– Você tá linda. - Pego sua mão e a giro.
– Obrigada. Você também.
– Gente, vocês tão com tanto calor quanto eu? - Finnick aparece na sala quase pingando de suor.
– Não. - Responde Gale mudando os canais e passando a mão em Coronel distraidamente.
– Não. - Diz Katniss. - Ah, Finn, você não pode ir se casar todo suado, vai lavar o rosto. - Pede.
– Tá bem. - Ele sobe para o segundo andar. Depois de descer, agora com a aparência melhor, Gale levanta.
– Acho que já podemos ir. Kat, você ainda tem que voltar para o apartamento.
– Sim, é melhor irmos. - Abre a porta. - Tchau, Coronel. - Diz para o cão e vai em direção ao carro preto estacionado na frente de casa.
Quando nós quatro já estávamos dentro do carro, Gale dirigiu para o parque.
– Bem, garotos, agora eu tenho que correr para o apartamento, e, Finn, vai dar tudo certo. Voltamos já. - Deixou um beijo na bochecha de cada e pegou a chave com Gale, entrando e acelerando para chegar logo.
– Vamos, Finn. - O empurro para a área central do parque, onde fica o coreto e onde seria o casamento. Havia algumas cadeiras decoradas e postas organizadamente ali, numa posição em que o pequeno lago ficasse logo atrás. Uns cinco convidados já tinham chegado, e o padre também.
– Falta quanto? - pergunta Finnick.
– Hm, dez minutos. - Gale olha o relógio de pulso.
– Ok. É melhor ficarmos nos nossos lugares, não é? - Nos olha.
– Tá bom. - Gale dá de ombros e o segue. Os primos de Annie já estavam sentados com os instrumentos. Eles tocariam a marcha nupcial.
Os dez minutos se passaram, mas Annie não tinha chegado. Vinte minutos também haviam se passado, mas nem sinal do carro de Gale com as meninas.
– Onde será que elas estão? - Finnick pergunta ao meu lado.
– Fica frio, Finn. Noivas sempre se atrasam. Acho que é charme. - Sorrio torto e volto a atenção para meu celular.
– Você tá jogando Piano Tiles? - diz incrédulo.
– É uma distração pra passar o tempo, ué. - Dou de ombros.
– Acredita nisso, Gale? - se vira para o moreno. Ele também estava jogando no celular.
– O quê? - diz distraído. Finn bufa e cruza os braços.
– Noivas se atrasam tanto assim?
– Foram só dez minutos, cara. - Diz Gale.
– Pra mim já é muito.
– Quando me casei com Mad, ela se atrasou meia hora. - Se lembra.
– Uau. - eles começam a discutir sobre atrasos de noivas, enquanto continuo jogando no meu celular.
"Peeta, avisa os primos da Annie para começarem a música em exatamente um minuto. Beijos."
A mensagem era de Katniss. Saí do meu lugar por um segundo. Fui falar com os primos de Annie e os avisei do tempo que poderiam começar a tocar. No minuto seguinte, eles começaram e as três já estavam no início do longo tapete que havia sido colocado. Madge era uma loira muito bonita. O vestido era do mesmo modelo que de Katniss, mas na cor azul. As duas entravam lado a lado, com buquês de lírios amarelos em mãos.
Katniss parou ao meu lado e Madge ao de Gale.
– Finnick estava quase surtando. - Sussurro discretamente. Ela sorri.
– Bem, agora ele pode ficar tranquilo. A noiva chegou e está maravilhosa.
Annie entrou de braços dados com seu pai, e realmente estava linda. Seu vestido era simples, mas bonito. O cabelo estava arrumado em uma trança que se comparava a uma coroa. Mesmo a maquiagem não sendo forte, destacava seus olhos verdes. Ela entrou com um grande sorriso, olhando diretamente para Finnick. E ele devolvia o olhar.
O pai de Annie, Phillip ou apenas Phil, deixou um beijo na testa da filha e entregou sua mão para o genro depois de abraçá-lo brevemente.
Finnick e Annie ficaram diante do padre, e o mesmo começou a cerimônia.
Annie chorou nos votos, mas não mais que Finnick. Na hora do "aceito", ele colocou a aliança em seu dedo e a beijou sorrindo.
– Eu os declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva. - o padre declarou e permitiu. Finn não esperou por mais nada, apenas avançou e beijou Annie delicadamente. Foi um momento longo e só deles. Ele pegou sua mão e saiu do coreto, enquanto recebiam uma chuva de arroz dos convidados. Eles ainda trocaram vários beijos e comemoraram.
Kat me puxou para jogar arroz também.
Do lado oposto, mesas estavam organizadas com toalhas azuis claras as cobrindo. O bolo tinha dois andares, e os bonequinhos no topo eram engraçados. O boneco puxava a boneca pelo pé para o casamento.
Os noivos tiraram fotos tomando champanhe, melando o rosto um do outro com o bolo, sorrindo e, claro, com nós padrinhos.
Depois das fotos e do bolo, Finnick e Annie começaram a passar de mesa em mesa conversando com os convidados, enquanto tocava algumas músicas.
Eu conversei com os pais deles. Eles eram muito legais e bem simpáticos. Pareciam estar felizes pelos filhos.
Em algum momento da festa, Finnick e Annie foram para o meio do gramado, quando a música All of Me saiu de uma das caixas de sons que os primos de Annie tinham arrumado.
Alguns outros casais também se juntaram em sua volta e começaram a dançar. Meus amigos se olhavam apaixonadamente e pareciam estar em uma bolha que os isolava de todo o resto.
– Eles são tão bonitos juntos, né? Estão transbordando amor e felicidade. - Niss suspirou e encostou a cabeça em meu ombro, levando a taça de champanhe aos lábios.
– Sim. Sentimentos contagiantes. - Ela riu. - Quer dançar? - A olho.
– Claro. - Ela deixou a taça e uma das mesas e aceitou minha mão. - Posso te contar um segredo?
– Pode. - sorrio. Ela se inclinou até sua boca alcançar minha orelha.
– Vou dar uma lua-de-mel para Finn e Ann como presente de casamento. - Sussurra.
– Uau. Isso é incrível da sua parte. - Sorri.
– Obrigada.
– Para onde? - pergunto também sussurrando.
– Hm... Havaí. 6 dias. - se aproximou de novo.
– Caramba. Como conseguiu isso? Suponho que não seja nada barato. - Faço uma careta.
– Ah, isso não importa. Tive uma ajuda. - Deu de ombros. - O que realmente importa é que eles terão um tempo só pra eles e ficarão felizes. - Niss sorri.
– De novo, você é alguém incrível. - Digo. Ela riu um pouco.
– Você não disse que eu sou incrível antes. Disse que o que eu fiz é incrível. - aponta.
– Ok. Não precisamos do "de novo", então.
– Obrigada. - Ela mordeu o lábio.
– Posso te contar outro segredo? - pergunto. Ela riu novamente.
– Pode. - Cheguei perto dela.
– Já tenho nosso segundo encontro planejado. - Sussurro. Sorrimos um para o outro.
– Isso é bom. Desde que ele seja tão divertido quanto o primeiro, eu topo. - Pisca.
– Hm, está ocupada segunda à noite?
– Agora estou. - Sorrio mais uma vez.
– Às oito? - Ela assentiu.
– O táxi já chegou. - Olha por cima do meu ombro. - Me ajuda a colocar as malas lá? Estão no carro de Gale.
– Claro. Você pensou em tudo mesmo. - A sigo para o outro lado do parque.
– Claro. Madge me ajudou a planejar.
– Ah, então ela sabe. Por isso Finnick não achou a cueca da sorte dele! - me lembro.
– E nem Annie achou os jeans favoritos. Os pais dele também nos ajudaram nessa parte. - Ela abriu o porta-malas. Peguei as duas que estavam ali dentro, e ela pegou a menor.
O táxi estava estacionado um pouco a frente.
– Obrigada mesmo, Adam. - Diz Kat ao senhor que estava encostado no carro. Ele tinha um bigode branco grosso e usava uma boina xadrez.
– Sem problemas, menina. - Ele nos ajudou a colocar as malas atrás e entrou no motorista.
– Aqui está o dinheiro para levá-los. Pode parar mais pra frente, por favor? - Ele assente. - Vem, Peeta, temos que buscar Finn e Annie. - Ela acenou e a segui de novo.
– Kat, Peeta. Onde vocês tavam? Quer saber, não interessa, tá na hora de jogar o buquê. - Annie puxa Kat, enquanto Finnick nos olha maliciosamente. Reviro os olhos.
Todas as mulheres se juntaram para Annie jogar o buquê. Katniss ficou no meio, estendendo o braço como todas as outras.
Annie jogou o arranjo de flores azuis, e caiu nas mãos de alguém que não vi de primeira, mas depois percebi ser a própria Katniss. Todas comemoraram, e a morena saiu do meio.
– Agora tá na hora de mostrar o presente de vocês! Venham! - pede ela.
Quando paramos do lado do táxi, os pais dos noivos também já estavam nos acompanhando, seguidos dos convidados movidos pela curiosidade.
– O que, foi, Kat? - Annie a olha confusa.
– Bem, esse é meu presente pra vocês. - Entregou um envelope branco que a tinha visto pegar no carro.
Annie rasgou o lacre, e arfou quando viu o que era.
– Katniss Everdeen, isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto. - A repreendeu. Finnick pegou o pacote de sua mão.
– Não me diga que é uma brincadeira. - pede ele.
– Não, não é brincadeira. - Diz a morena relaxada e sorrindo.
– Oh, meu Deus! - Annie se atirou em um abraço. - Você é a melhor amiga que alguém pode ter no mundo!
– Eu sei. - Ela brincou. Finnick também lhe deu um abraço de urso. - Mas agora, vocês vão se despedir de todos e pular no carro. O vôo sairá em uma hora e meia. Coloquei uma muda de roupas pra cada um na bolsa.
– Você é a vadia mais incrível do mundo! - Annie brincou e a abraçou de novo. - Nós vamos para o Havaí! - comemorou e todos os convidados a acompanharam.
Depois de se despedirem de todos, os dois entraram no carro, acenando quando estavam cada vez mais distantes. Todos nós acenamos de volta.
Gale e Madge levaram Kat e eu embora, nos deixando na calçada em frente nossas casas.
– Bem, boa noite, Peeta. - Niss beijou minha bochecha e fez o caminho pelas pedras para sua casa. Fiz o mesmo, pois já sentia meu corpo protestar com qualquer movimento meu.
Foi um dia cansativo, mas que valeu a pena.