History Assignment... escrita por Daughter of Athena


Capítulo 29
Nos entendendo...


Notas iniciais do capítulo

Valeu a demora viu galera? Um grande p vcs!
POV ANNIE



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Ele não podia chegar, me roubar um beijo, sair e complicar minha vida desse jeito!

"Sabe onde me encontrar..."

Aquelas palavras ecoaram nos meus ouvidos pelo resto do dia e a visão de Percy saindo de meu escritório sorrindo vagava na frente dos meus olhos toda vez que eu os fechava, como se tivesse tatuado o olhar penetrante dele nas minhas pálpebras. Com isso, atrasei vários projetos importantes e desenhei os piores edifícios de toda a minha carreira, o que me fez encerrar o expediente quase três horas mais cedo e ir pra casa pensar numa desculpa para dar a Charles.

"Olha, meu antigo namorado voltou, então agora não quero mais me casar. Te adoro, mas você não passa da friendzone, sinto muito."

Não parecia uma boa ideia.

Estacionei o Audi A3 que ganhei dos meus pais quando completei a faculdade na entrada da garagem da casa de praia que eu dividia com Charlie. Escolhemos ficar em Long Island, devido ao caos e o preço de um apartamento em Manhattan, além de que nós mesmos projetamos todo o lugar.

Joguei a mochila cheia de projetos inacabados na bancada que dividia a sala de estar da cozinha acoplada a sala de jantar. O fogo da lareira crepitava baixinho junto ao farfalhar das folhas das plantas que mantínhamos no pequeno jardim de inverno próximo a escada que levava até a suíte enorme e á biblioteca aconchegante.

A casa era toda acabada á porcelanato e madeira, os lustres em cristais proporcionavam um ambiente á meia luz e, atendendo á obsessão de arquiteto contemporâneo de Chazz, tínhamos uma vista incrível da colina e da praia, graças ás paredes trocadas por janelas imensas e límpidas.

–Ah... -Suspirei.

Todos os pensamentos que borbulhavam em minha mente e todo aquele inquietante "Percy problema" sumiram assim que a água quente da banheira tocara meu corpo gelado pelo vento de outono que soprava lá fora.

Pensei em tudo o que Charles representava pra mim desde o dia que Percy me deixara e isso não ajudou muito a me decidir quanto á abandoná-lo ou não. Amadureci muito ao lado dele e crescemos muito profissionalmente. Juntos. Ele não hesitou em me acolher em seus braços e me dizer o quanto eu era especial quando eu chorei pelo dono das orbes verdes, não hesitou em me namorar, em morar comigo em Nova York invés de voltar pra Ohio, onde cresceu e não hesitou em me pedir em casamento, mesmo depois de todas as vezes que eu disse estar tentando, que nossa relação não podia ser real enquanto eu não tirasse Perseu da minha cabeça e que todo aquele sonho um dia teria que chegar ao fim.

Charles me respeitou em todas as inúmeras vezes em que pedi um tempo e me esperou quando eu disse que precisava resolver o que queria da minha vida. Charles me amava como eu nunca conseguiria amá-lo, como eu amava Percy. E me doía muito todas as noites que ele me aconchegava em seu abraço, me protegia de pesadelos e repetia baixinho em meus ouvidos um “Eu amo você, Annabeth” com a voz embargada do sono que ele perdia por estar me consolando.

Eu vestia seu conjunto de moletom quando Charlie chegou em casa. Tentei parecer calma, como se aquele fosse só mais um fim de tarde, em que eu fico sentada em algum canto da casa lendo e ele desenha projetos enquanto prepara o jantar. E então quando termina ele me encontra semi-adormecida com o livro cobrindo o rosto, me cutuca para que eu acorde e beija meu rosto sorrindo, me chamando para comer.

–Annie? –Ele grita ao fechar a porta atrás de si. –Cheguei! Será que podemos pedir uma pizza hoje? Estou exausto!

–Claro, querido. –Direcionei um sorriso caloroso á ele.

Ele desabotoou a camisa social e jogou o blaser no guarda casacos próximo á porta de entrada. Tirou os sapatos ao pular o encosto do sofá e sentar-se na almofada próxima á mim.

–Ei, quantos anos você tem?

–Sete! –Ele fez uma careta e colocou língua pra mim.

–É, estou vendo. –Ri e retribuí o gesto.

Ele se aproximou, roçou a barba rala em meu rosto, murmurando alguma coisa, manhoso. Beijou meu pescoço e depois demorou-se em meus lábios. Me separei dele antes que aquela brincadeira se tornasse alguma outra coisa.

–O que foi? –Ele arqueou as sobrancelhas.

–Charlie... Será que podíamos conversar?

–Anh... Claro, por que não?

Eu quis voltar atrás e esquecer que Percy um dia me procurou, quis murmurar um “pode deixar” e beijá-lo, aninhar-me no seu peito nu e passar a noite assistindo as antigas temporadas de Friends, enquanto ouvia a risada gostosa dele. Mas a frase e a voz rouca de Percy invadiram minha mente, impedindo que eu continuasse com todo aquele fingimento:

–Percy veio me procurar hoje a tarde.

A expressão de Chazz me fez desejar bater em mim mesma, chorar e implorar pra que esquecesse que eu disse aquilo.

–Eu...

–Não aconteceu nada demais, eu juro! –O cortei. –E eu não sabia que ele voltaria á Nova York, ele só chegou e foi me procurar, eu disse á Héstia que eu estava ocupada, mas mesmo com ela impedindo ele de entrar Percy não foi embora e então eu...

–Annabeth. –Ele colocou as mãos nos meus ombros e me fez parar de falar e gaguejar desculpas. –Tudo bem.

–Tudo... Bem?

–É, tudo bem. Eu sabia que esse dia chegaria. O dia que ele finalmente perceberia a burrice que tinha feito em deixar você e voltaria correndo. E eu sabia disso quando á pedi em casamento. Sabia quando aceitei tentar.

Ele falava tudo aquilo tão calmamente que parecia que ela já esperava que eu o deixasse um dia ou outro, como se não se importasse em ser chutado ou deixado plantado no altar. E isso me incomodava bastante: Que tipo de noivo era tão conformado assim?

E então comecei a compará-lo á Percy enquanto o encarava. Jackson nunca deixaria outro cara chegar da noite pro dia reivindicando a garota que era dele por direito. A garota que ele amava e que deu duro pra conquistar. E Percy era confiante demais pra esperar que eu o deixasse, iria lutar todos os dias para que eu ficasse cada vez mais viciada no sorriso dele, nos olhos dele, no beijo dele. Charles sabia que era o perdedor desde o dia que começamos com toda aquela loucura.

Eu detestava dizer isso, mas Charlie não era o cara certo pra mim. Ele era bonito demais, inteligente demais. Mas seguro de menos. Era conformado e limitado a sua zona de conforto, não era o homem que lutaria por mim, mas o homem que recuaria diante de qualquer um que chegasse e me quisesse. E por mais sem noção que isso soe, Percy Jackson era mais homem que o moleque bem educado que sentava em minha frente.

–Vou entender se quiser largar tudo e cair nos braços daquele que te traiu, te esqueceu e te deixou com outro cara. –Ele concluiu um monólogo que dizia enquanto eu me perdia em devaneios.

–Ele me traiu, me esqueceu e me deixou com outro cara, mas ele está aqui, não é? –Falei me decidindo. –Ele voltou e voltou por mim. Ele pode ter me traído, mas eu também o traí. Não me incomoda o fato dele ter beijado outra garota, me incomoda o fato de você ter uma chance e desistir tão fácil!

–Espera, agora é de mim que estamos falando?! –Ele se afastou de mim, ficando de pé. –Pensei que estivéssemos discutindo sobre você e essa sua mania de “Percy isso”, “Percy aquilo”.

–PERCY É O HOMEM DA MINHA VIDA E VOCÊ! NÃO! PASSA! DE! UM! MOLEQUE! FINGINDO QUE TUDO É PERFEITO E QUE O MUNDO É LINDO. –Parei de gritar quando percebi expressão dele. –O lugar que você vive ai dentro, o seu mundinho particular, deixa eu te contar: Ele desmoronou, Charles.

Ele me olhava perplexo e eu ofegava com as últimas palavras ditas. Acho que aquele imenso bolo formado em minha garganta há anos se resumia em apenas aquelas palavras. E eu me sentia incrível depois de dizer tudo aquilo.

E então Charles riu.

Mas não uma risada sarcástica como eu pensei que fora. Mas algo realmente espontâneo, verdadeiro.

–O que foi agora? –Bufei, cansada, caindo no sofá.

–Me desculpe. –Ele balançou a cabeça ainda sorrindo amarelo, olhando pro chão. –Eu não reagi muito bem, não foi?

Silêncio.

Ele continuou:

–Sei o que deve pensar de mim: O príncipe encantado, de família rica, educação perfeita. O cavalheiro inteligente, engraçado, de bem com a vida. –Ele voltou a se sentar ao meu lado, passando um dos braços ao redor dos meus ombros. –Ah, Annie, você não sabe o quanto está certa.

Charlie olhou pra mim, mas nos olhos agora esverdeados, eu não via um cara como aquele que ele descrevera, eu via um cara triste, muito triste, porque a namorada o botou pra escanteio. E me veio uma extrema culpa por ter jogado tudo aquilo na cara dele.

Ele já estava sendo forte o suficiente agüentando a realidade de que falhara em me conquistar e apesar de todos esses anos juntos, com sucessos, medos, conquistas e falhas eu ainda preferia um cara que me fez sofrer tanto no colégio e me fez chorar na universidade.

E então eu digo o que ele já sabia, que o conto de fadas tinha terminado, que ele não passava de um cara bem sucedido e que na vida, pra se ter alguém, não adianta ser perfeito, você tem que correr atrás e mostrar que você está disposto a abrir mão da sua perfeição pela felicidade de outra pessoas, se adequar aos defeitos do outro, para que então, juntos, vocês possam ser mais que perfeitos.

–E olha... –Ele continuou, aos prantos –Eu sinto muito por ser assim. Eu te amo muito, Annabeth Chase, e sei que você não me ama e eu sinto mesmo por isso, de verdade!

–Charlie... –Eu comecei, limpando as lágrimas dele.

–Olha, eu vou continuar a te amar. Sempre, okay? Eu espero que você seja feliz. –Ele sorriu e aquela frase acabou comigo.

Depois de alguns instantes eu sorri e balancei a cabeça em resposta. Beijei a testa dele com carinho e me levantei, caminhei até porta, peguei as chaves e ia saindo quando ouvi:

–Annabeth?

–Sim?

–Se aquele Jackson te magoar, pode ter certeza que eu vou atrás dele até no quinto dos infernos.

–Eu sei que vai. –Eu ri. –Obrigada, Chazz.

–Você é uma garota incrível.

–Você também é demais. Charles?

–Oi.

–Eu te amo.

Ele sorriu, acenou como um militar e eu bati a porta atrás de mim.


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