O Acordo escrita por Bel Russeal


Capítulo 20
Todos mentem pra mim.


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente bonita.
Estava tão desanimada esses dias que me faltava inspiração para escrever por isso demorei. Mas hoje eu até que acordei disposta, espero que gostem.



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Narração Dylan

Meu pai estava no banco de carona do carro insatisfeito, ele não queria estar ali e não acreditava em nenhuma palavra minha, ele achava que Sara era uma amante mais neurótica que o normal, meu pai nunca confiaria em Sara se ela não nos mostrasse as provas, na verdade, eu poderia desconfiar também, mas eu sabia que ela contava verdade.

_Essa jornalista odeia a família de João Pedro, ela vai fazer de tudo para colocar todos contra ele, ela é só uma amante aborrecida. Você não sabe o que as mulheres do tipo dela fazem quando levam um pé na bunda.

­_ Eu sei que ela já mostrou muitas vezes ser intrometida em nossas famílias, mas pai ela me contou a historia toda e eu olhei em seus olhos e sei que não tava mentindo. O irmão dela ta preso..

_ Ta aí outro motivo dela ser revoltada, o irmão dela envolvido com tráfico de drogas e...

_ Pai, foi um golpe de João Pedro. – Falei indignado, desde quando meu pai se tornou tão cego.

_ Dylan, eu já vi várias pessoas terem problemas com seus sogros, mas os seus estão passando do limite. – Ele disse rindo e revirei os olhos- Veja, como você descobriu,eu e ele nos conhecemos desde a faculdade, quando ele se viu falido, engoliu o orgulho e pediu a ajuda, eu ofereci o acordo, ele ficou muito triste e não obrigou a filha a fazer isso, mas Bia, como uma boa filha, quis ajudar o pai.

_ Que se aproveitou da bondade e da compaixão dela, ele sabia que Bianca faria tudo para ajudar a família e usou isso para se livrar das acusações.

_ Olha filho, não que toda essa sua historia não faça sentido, só que é meio improvável de ver João Pedro metido nisso tudo.

_ Sara tem provas... você vai ver. – Disse estacionando o carro.

...

Bati na porta do escritório e ouvi a voz abafada de Sara dizer um “entra”, abri a porta, Sara estava com os olhos vermelhos, sentada no sofá, seu escritório estava devastado, ela nos olhou com um olhar pesado.

_ O que aconteceu? – perguntei e meu pai entrou no escritório, ele observava todo local quebrado.

_ As provas foram roubadas, meu computador ele levou. Deve ter entrado ontem aqui. – Ela disse nervosa e arfando – Eu não tenho mais como provar nada, Dylan. E pior ele já deve saber que eu.. – Ela começou a chorar.

_ Belo truque, Sara. Conseguiu enganar meu filho, não a mim...- Meu pai disse com deboche e tinha seu olhar superior e arrogante de sempre.

_ Eu não estou mentido e não preciso provar isso pra você. Eu queria provas para libertar meu irmão – Ela disse enxugando as lágrimas.

_ Lindo conto de fadas. – Meu pai disse ameaçando sair.

_ Use suas influencias, saberá que a investigação da federal contra a Pedro é real. – Ela disse e meu pai a observou pensativo – Talvez terá mais chances que eu de colocar ele na cadeia, assim que descobrirá que ele enganou todo a família e até mesmo você, o grande empresário José Alfredo Sherman. – Ela disse a ultima parte com deboche e meu pai saiu do escritório desconfiado.

Sara se jogou no sofá de novo, chorosa e a olhei com piedade, então aconselhei:

_Não há mais nada que possa fazer, sinto muito pelo seu irmão. Mas o melhor é você viajar se esconder, se tudo isso for concreto, é perigoso continuar aqui. – Disse e depois saí do escritório atrás de meu pai.

...

Ele estava no estacionamento, estava em uma conversa concentrado em seu celular. O esperei terminar a ligação, estava encostado na lateral do carro com o braços cruzados, uma postura confortável, até ele me fitar:

_ Uma simples ligação e... Descubro que o desgraçado estava mentindo. – Meu pai disse furioso.

_ Liguei pro meu advogado pessoal investigar pra mim se tinha alguma investigação da policia sobre Pedro e ele me contou que sim, mas o caso foi encerrado por falta de provas.

_ Talvez Sara não seja uma amante tão louca assim e eu não seja um paranoico. – Disse irônico e meu pai revirou os olhos.

_ Vamos pra casa.

_ E o que vamos fazer? – Disse entrando no carro.

_ Nada, vamos continuar nossas vidas com mais segredos. – Meu pai disse sério.

_ O quê? Pai ele foi responsável pela morte e uma prisão de pessoas inocentes. Ele não pode ficar por aí enganando toda a família e..

_ E o quê, Dylan? O caso foi fechado, nem a policia tem como provar algo. Vamos deixar como esta. E parece que as provas de Saras foram destruídas. – Ele disse irritado – Já pensou se isso é divulgado? O mais novo sócio e integrante das insdustrias Sherman é um traficante e fraudador – Ele disse gesticulando com as mãos – Mais um escândalos e as nossas ações caem.

_ Ta preocupado com suas empresas, é claro; - Disse rindo.

_ E não devia? E você já pensou o sofrimento que isso seria para Bianca? – Ele perguntou.

_ Já,pai. Mas ela merece saber. – Disse estressado.

_ Eu vou ver o que tem que ser feito, até lá , você não falará disso pra ninguém , ok ? – Ele perguntou e eu fiquei calado.

_ Me prometa ,Dylan. – ele disse autoritário.

_ Tudo bem, pai , eu prometo.

...

Narração Bianca:

Estava em casa, distraída com algum noticiário na TV, até que Dylan e o pai entraram discutindo na sala, mas calaram constrangidos ao me ver no sofá.

_O que houve? – perguntei desligando a TV e os fitando.

_ Nada demais. – Dylan disse olhando sério para o pai.

_ Nunca vou me acostumar com essas brigas de vocês. – Disse bufando, achava ridículo, eles eram pai e filho, se amavam, tinham que parar com aquilo.

_ Quer alguma bebida? – Dylan ofereceu ao pai enquanto caminhava para cozinha.

_ uma cerveja, por favor. – Alfredo disse se sentando ao meu lado no sofá.

_ Alfredo Sherman bebe cerveja? – perguntei chocada e ele riu.

Dylan logo chegou com a cerveja do pai e outra em sua mão, os dois abriram a garrafa e bebiam, nunca havia parado para observar, mas os dois tinham traços tão parecidos. Alfredo e eu conversávamos sobre a esposa Sandra, Dylan parecia esta perdido em algum pensamento e nem prestava muita atenção em nossa conversa.

***

Alfredo já tinha ido embora e a casa estava um barulho ensurdecedor, Dylan havia ligado o som ao máximo e ouvia Calvin Harris enquanto cozinhava algo na cozinha, o observei antes de subir no quarto e sorrir ao vê-lo dançar enquanto picava cebolas..

Tomei um banho rápido e vesti algo confortável, me desanimei ao ver a bagunça no quarto e claro que era de Dylan, suas roupas estavam todas jogadas por ali, juntei todas sujas e coloquei na lavanderia e peguei as roupas limpas dele para guardar em seu closet. Por incrível que pareça esse estava mais arrumado a não ser por um terno fora do lugar.

_ Amor, fiz o almoço, você não vem ? – Dylan disse/gritando do quarto.

_ Já estou indo. –falei enquanto desamarrotava o terno.

_ Vem, você vai ficar mais apaixonada por mim quando experimentar aquela lasanha. – Ele disse convencido como sempre.

Sorri do seu enorme ego e coloquei o terno no cabide, vi alguns papeis caírem de dentro do bolso do mesmo, suspirei me abaixando para pegá-los, mas tive a pior visão, entre os papéis, tinha uma foto, era de meu pai e Sara Cooper se beijando, como se fossem um casal feliz tirando uma selfie para o instagram.

Me engasguei com o seco em minha garganta e vi o meu mundo ficar extremamente bagunçado, aquilo não fazia sentido. E por que aquilo estava no terno de Dylan? Ele sabia daquilo, ele tinha aquela foto e não havia me contado nada.

_ E então você vem? Ou ta com medo de saber que cozinho melhor que você? – Dylan apareceu na porta com o seu sorriso mais tranquilo e bonito.

O sorriso dele logo se desmanchou ao ver meu rosto devastado enquanto eu segurava a foto em minha mão.

_ Bia.. – Ele arfou levando a mão até a testa.

_ Me diz que não sabia disso e não me contou nada? – Falei com o choro engatado em minha garganta e com os olhos marejados.

_Eu.. eu ...

_ Como pode ta lá embaixo cozinhando, cantando animado e continuando a nossa vida de casal normalmente como se não escondesse nada de mim? – perguntei/gritei com ele.

_ Eu não sabia como contar, sabia que isso te magoaria muito. Na verdade, eu não queria que te ver magoada.

_ E então resolveu esconder algo bastante relevante em minha vida? – Gritei com ele novamente.

_ Eu não sabia o que fazer, você e seu pai são tão amigos e..

_ Você podia ter escolhido ser fiel a mim e ter me contado, podia ficar ao meu lado e fazer isso doer menos.

_ Se fosse só isso Bia, quero dizer que tem muito mais e não sei se pode suportar.

_ Dylan nos casamos sem nos conhecer e já se passaram meses, mas mesmo assim você ainda não me conhece, não sabe o quanto eu posso ser forte, posso parecer uma patricinha frágil, mas eu posso lhe dar com a verdade. – Disse saindo do closet com as fotos em mãos e indo pro quarto.

Dylan me acompanhou com o olhar baixo, mas atento sobre cada movimento meu, sentei na cama ainda com a foto na mão.

_ Eles não estão mais juntos. –Dylan falou cabisbaixo – Na verdade...

_ Isso faz sentido agora, aquelas matérias dela sobre a nossa família, era provocando meu pai . – Disse cortando o que Dylan diria.

_Bianca...

_ Dylan, eu preciso ficar sozinha. – Disse chorando e ele se ajoelhou perto de mim na cama.

_Perdão por não te contar nada. – Ele disse acariciando o meu rosto – Eu brigo muito com meu pai hoje, mas um dia eu já o tive como um grande amigo e um herói, mas um dia descobri que ele não era, ele cometia erros também. – Ele disse e me deixando confusa.

_ Por que ta me dizendo tudo isso? – perguntei entre choro.

_ Porque talvez seja hora de você descobrir que seu pai não é o herói que imaginava. – Ele disse beijando minha testa e saindo do quarto.

Deitei na cama e comecei a libertar todo o choro engatado, não era só descobrir o caso do meu pai com a jornalista que doía, era descobrir que de alguma forma todos me escondiam a verdade, até mesmo Dylan.

“_ Se fosse só isso Bia, quero dizer que tem muito mais e não sei se pode suportar.”

Eles tinham a imagem de mim como uma pessoa fraca, mas eu poderia suportar a verdade, e eu sabia que tinha mais a descobrir, e confesso que tentei adiar essa verdade.

Levantei e peguei o pendrive escondido na gaveta de joias, lá tinha todos os arquivos do computador de Sara, eu tinha invadido o seu computador há alguns dias e já poderia ta sabendo de tudo, mas eu adiei isso. Mas já estava na hora de encarar isso de frente.

Peguei o objeto e minha bolsa, enxuguei as lágrimas, peguei a chave do carro e desci rapidamente as escadas, Dylan logo apareceu em minha frente:

_ Onde vai? – ele perguntou aflito.

_ Vou ver Isa, preciso encontrar pessoas que não mentem para mim. – disse fria e saindo da mansão.

***

Estava no meu bar favorito e com o pendrive na mão, olhava aquele pequeno objeto e procurava coragem em mim.

_ Bebe, isso vai te ajudar de alguma forma. Pessoas se sentem mais corajosas quando bebem. – Isabelle disse me dando um copo de uísque bem forte.

_ O que acha disso tudo? – perguntei.

_ Que sua vida é um eterno drama. – Ela disse bebendo o uísque também. – Mas acho que ta na hora de enfrentar isso de frente.

_ Tudo está tão confuso. – Falei e ela segurou minhas mãos.

_Acho que Dylan queria te proteger e...

_ Não, não... Eu não quero falar dele agora. – Disse irritada.

_ Ei aquele não é Gabriel? – Isabelle disse apontando para o balcão.

Gabriel me parecia irritado, ele estava em uma mesa com o parceiro de trabalho Eduardo que tinha conhecido na delegacia. A conversa deles estavam entrando em um nível tão elevado que chamava atenção de todos, até Eduardo se irritar e sair do bar, deixando Gabriel sozinho na mesa.

_ Me diz que você não vai lá? – Isabelle me olhou reprovadora.

_ Ele me parece abatido.

_ Não é da sua conta, Gabriel está evitando você, e é um problema de policia. E você já não acha que já tem problemas demais para ouvir o dos outros.

Gabriel levantou e saiu do bar também, muito irritado, olhei para Isabelle e levantei o seguindo :

_ Gabriel. – Gritei pelo nome dele antes que ele entrasse no carro e ele me olhou surpreso.

_ Agora não Bianca.

_ Aconteceu algo? Vi você e seu parceiro brigando.

_ Ex parceiro. – Ele disse irritado.

_ O que houve?

_ Fomos afastados de um caso, quer dizer o caso foi fechado novamente por falta de provas e acho que ele tem a ver com isso.

_ O que como assim?

_ Não quero falar isso com você, sinceramente é a ultima pessoa com quem posso falar disso. – Ele disse se virando pro carro.

_ Eu não to entendendo. – Falei me aproximando e pondo as mãos em seus ombros e ele virou me olhando nos olhos.

_ Acho que Eduardo foi subornado ou algo do tipo para fazer com que o caso não fosse à frente, eu estava investigando junto com ele, mas ele que faz parte da promotoria e tem mais autoridade que eu nesse ... nesse caso. – ele disse fugindo dos meus olhos.

_ E porque eu sou a ultima pessoa com quem você pode falar isso? – Perguntei com uma leve risada não entendendo nada.

_Porque... esquece Bia. – Ele disse abrindo a porta do carro.

_ Por que é tão difícil das pessoas falarem a verdade pra mim? Sempre com segredos, estou cansada disso.- Disse em um toma mais elevado e ele me olhou culpado.

_ Porque a investigação era sobre seu pai Bia. – Gabriel disse curto e grosso.

_ O que? – Disse zonza e assustada dando dois passos pra trás.

_ Eu me aproximei de você porque estava investigando sua família, e você era a parte mais vulnerável para recolher informações. – Ele continuava explicar, senti uma lágrima escorrendo do meu rosto.

_ Eu entendo se não me quiser me ver nunca mais, afinal a investigação já era não preciso mais ver você mesmo. – Ele disse frio, mas seus olhos estavam marejados.

_ Porque ta me dizendo isso? – Falei chorando – Por que ta falando assim?

_Eu sou um policial que investiga o seu pai. E é por isso que eu preciso me recusar de estar apaixonado por você.

_ Deve ter um engano, meu pai... – Eu completaria a frase, mas ele continuou dar uma risada.

_ Seu pai é o seu ídolo? Não é isso? Eu sei o quão difícil é aceitar isso, mas não seja boba Bia, se você se concentrar mais e ir mais fundo nessa historia descobrirá provas que eu não fui capaz de recolher.

_ Para, Cala boca. – Disse alto e chorando. – A única coisa que vou provar é a inocência dele e seja lá do que ele esta sendo acusado.

_ Ele não vai ser mais acusado, porque ele já se livrou como sempre conseguiu. Mas não importa esse caso não é mais meu. – Ele gritou de volta.

_ Por que é tão importante pra você provar algo contra o meu pai? – perguntei.

_ Porque ele foi responsável pela morte de alguém, e eu me recuso a deixar alguém não ser punido por matar alguém. – Ele disse gritando novamente.

_ O que? – Disse boquiaberta- Ah meu Deus, você é um daqueles paranoicos não é? Você ta maluco. – Disse chorando.

_ Quando meu pai foi assassinado, ninguém achou o assassino dele, e provavelmente até hoje ele estar por aí impune, então quando me tornei policial foi pra honrar a minha profissão e não posso, faz parte de mim, eu não posso deixar seu pai impune.. –Ele disse me puxando forte pelos braços.

_ Para, por favor, para. – Gritei chorando – Por que ta fazendo isso? – Disse chorando e ele me abraçou;

_A verdade dói, Bia. Você sabe que tem algo de errado, para de se enganar e deixarem te esconderem coisas. – Ele disse segurando o meu rosto e eu chorava involuntariamente – Coragem, eu sei que você é forte... E me desculpa por tudo. – Ele disse me largando e entrando no carro.


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Notas finais do capítulo

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Beijooox